sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A Renúncia de Bento XVI

Raio que atingiu a cúpula da Basílica de São Pedro horas após renúncia do Papa registrado pelo fotógrafo Felippo Monteforte







Na Segunda-feira, 11/02/2013, o mundo foi pego de surpresa com a renúncia do Papa Bento XVI. Para mim, lógico, não foi diferente, não ia escrever nada sobre esse assunto, já tratado exaustivamente pela imprensa católica e secular, porém, a renúncia de um Papa não é uma notícia qualquer ainda mais por ser uma situação fora da normalidade.
Atônito diante desta notícia foi inevitável lembrar o pedido de Bento XVI em abril/2005 numa homilia: "Queridos amigos, neste momento eu posso dizer apenas: rezai por mim, para que eu aprenda cada vez mais a amar o Senhor. Rezai por mim, para que eu aprenda a amar cada vez mais o seu rebanho, a Santa Igreja, cada um de vós singularmente e todos vós juntos. Rezai por mim,para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos."

Bento XVI não era dono de uma ortodoxia formidável, tinha uma formação modernista, mas não dar para esconder a fúria que ele despertou nos inimigos internos e externos da Igreja com o rumo que ele estava dando à barca de Pedro, colocando em discussão tabus estabelecidos como inquestionáveis pelo último Concílio.

O ministério de Bento XVI sem dúvida foi o mais fecundo no período pós-Concílio Vaticano II, ele suspendeu as injustas excomunhões feitas por João Paulo II aos bispos sagrados por Dom Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, maior grupo de defesa da tradição católica e resistência contra as inovações feitas por esse Concílio, excomunhões que serviam para o clero modernista e apóstata (os lobos) intimidar qualquer iniciativa favorável à tradição apostólica.

Outros grandes feitos deste pontificado foram a publicação do Motu Proprio Summorum Pontificum, onde o Santo Padre autoriza a celebração da Missa Tridentina por qualquer padre sem precisar de autorização dos bispos, pois esta nunca fora abolida, mas sim misteriosamente silenciada por Paulo VI, e graças a esse documento, eu e muitos católicos podemos assistir a Missa Tridentina em Salvador, e esta, continua a se espalhar por todo o mundo apesar das perseguições; o interesse de fazer a Igreja voltar para ao caminho dos dogmas ainda que custasse perda de fiéis.

A Igreja aos poucos parecia ser reconduzida para a tradição e esses fatos foram o suficiente para os lobos, discretos até então, declararem guerra explícita ao Papa - basta lembrar-se da convocação pública à desobediência feita por trezentos padres na Áustria; fiéis leigos, em todo o mundo, também puderam observar o boicote feito por bispos e padres para não celebrar a Missa Tridentina; a traição do seu próprio mordomo no caso vatileaks, enfim, são inumeráveis as punhaladas contra a estabilidade deste Pontífice, que começou o seu governo pedindo orações contra os tais lobos.

Os canais de TV católicos modernistas repetem exaustivamente que a renuncia do Papa foi um ato de coragem, humildade, grandeza etc. Parecem estarem aliviados e satisfeitos com a notícia, afinal, dogmas, Missa Tridentina, doutrina imutável, música sacra, silêncio contemplativo, combate à heresia são coisas do passado que devem ser esquecidos. O bom mesmo é barulho, é missas-shows, missas sertanejas, rock “cristão”, cristoteca, cristofolia, carnaval “cristão” e demais aberrações.

Diante desses acontecimentos fica difícil acreditar que a renúncia foi apenas por motivo de idade, afinal, Leão XIII reinou até a morte aos 93 anos, o próprio João Paulo II que foi heroicamente até o fim com toda sua debilidade. Particularmente não creio nos motivos oficiais da renúncia nem que foi por medo de pressões dos modernistas, todo Papa sabe do desafio do cargo e isso nunca foi motivo de desistência, creio sim, que ele sabe perfeitamente o que está fazendo e com certeza fez pelo bem da Igreja, resta agora aguardar o curso da história para entendermos esse evento e rezar muito nesse período sombrio.


Durval Cardoso.

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