sábado, 3 de agosto de 2013

Inquisição Espanhola

A inquisição nos países Ibéricos é a mais utilizada pelos inimigos da Igreja, devido a ter sido mais rigorosa do que em outros países católicos por circunstâncias peculiares.

Falam de masmorras, torturas, barbaridades, fogueiras, extermínios em massa de judeus e mouros.
Depois da invasão dos visigodos e de seu estabelecimento na Espanha, seguiu-se a conquista muçulmana que ocupou quase toda península. Nas regiões africanas e asiáticas, onde se instalou o islamismo, praticamente o cristianismo foi exterminado e o povo espanhol resistiu a abraçar o Alcorão.

A fidelidade religiosa junto com a invencível tenacidade na luta permitiu ao povo espanhol livrar-se do tirano opressor de maneira única na história. A luta durou sete séculos e deixou vestígios no caráter espanhol. Ficou impresso o espírito guerreiro e indômito, proto para qualquer sacrifício.  A cavalaria espanhola acompanhou os conquistadores do novo mundo e abismou os povos do Extremo Oriente, da África e da América. Os latinos das Américas devem se ufanar de ser descendentes de heróis.
A opressão de séculos tinha ferido o ânimo do povo espanhol. Existia um ressentimento pelos invasores, manifestada em violentes insurreições. O povo sofria em  ver em sua terra, adeptos de outra fé – mouros e judeus – enriquecendo-se às custas dos cristãos. O passado glorioso enchia o espanhol de orgulho, trazendo consciência do seu valor.

Nova Inquisição
Desde o fim do século XIV existia, principalmente em Castela, a questão dos Judeus. Muitas vezes o povo tomado por  furor antissemítico cometeu grandes massacres. As razões era, sobretudo, o enriquecimento pela usura à custa dos cristãos.

Por medo, muitos judeus fingiam conversão; no entanto continuavam o proselitismo e a dar prejuízo para a fé cristã. Essa desordem atrapalhava a unificação dos reis católicos que desejavam ter unidade política. Os reis católicos pediram ao Papa Sisto IV a fundação de uma nova inquisição em Castela e que o próprio rei nomeasse os inquisidores e essa concessão feita em 1 de Novembro de 1948 teve consequências imprevisíveis.
Em 27 de Setembro de 1480, os reis nomearam dois inquisidores estabelecidos em Sevilha e começa a Inquisição espanhola. O prototribunal procedia de forma arbitrária sem ação judicial, prendendo e confiscando e cometendo violências e torturas, provocando protesto do Papa Sisto IV. Percebendo as injustiças cometidas, o Papa tentava concertar a situação.

 É notável que, ao contrário do que contam os caluniadores comunistas de universidade, a perseguição era mais uma vez cometida pelo braço secular e nada teve a ver com a Igreja.

Aí começou a luta entre o Papa e o rei Fernando que abusivamente tinha estendido a nova Inquisição ao reino de Aragão.

Em 18 de Abril de 1482 o Papa (Sisto IV foto ao lado) envia uma bula à Espanha. Nomeou inquisidores, indicando que deviam atuar sob amparo dos bispos, os processos tinha q ser levado ao conhecimento do acusado, o réu poderia apelar para Roma, os bispos gerais e inquisidores tinham poder de absolver todos os judeus que arrependidos confessassem suas culpas.

O rei Fernando sentiu a unificação do reino ameaçada e ameaçou desobediência formal em caso de decisões inoportunas por parte de Roma, a rainha também sentiu-se ofendida e o Papa Sisto IV foi obrigado a retroceder.

Ao contrário do que conta os detratores da fé, a Igreja não tina poderes ilimitados, ao contrário, os reis seguiam recomendações dos Papas até onde convinha.
É bom lembrar que os muçulmanos repelidos na Espanha, irrompiam na Europa pelos Bálcãs, ameaçando toda a cultura ocidental. Hoje nos beneficiamos da atitude salvadora dos Papas, quem não concorda, pode experimentar viver num país muçulmano e desfrutar da “liberdade” concedida nestes países.
Sisto IV escolheu o mal menor. A história está repleta de usurpações pelo poder secular. Aqueles que acusam a Igreja de indiferença em face dos abusos cometidos na Espanha, ou não conhecem a verdade ou estão mal intencionados. Os Papas sempre foram a favor dos oprimidos, mas, muitas vezes tinham que se comedir para não piorar ainda mais a situação.
OBS: Pio XII durante a segunda guerra mundial, sabia que qualquer atitude chamativa atrairia mais perseguições contra os judeus e com prudência conseguiu salvar milhares de judeus. Enquanto os inimigos o acusam de omissão, o povo judeu de Roma mandou gravar uma placa de agradecimento, que se encontra no Museu da Resistência em Roma.(Rei Fernando, foto ao lado).
Expulsão dos judeus e mouros
A Espanha tinha entre cinco milhões de habitantes cerca de 180.000 judeus não convertidos. A presença dos judeus era considerada ameaçadora para unificação política e religiosa. Em 1492 baixaram um decreto expulsando todos os judeus de Castela e Aragão no prazo de três meses sem direito a levar nada de seus bens nem vendê-los. A grande maioria, cerca de 120.000 teve a infeliz escolha de ir para Portugal.
O arcebispo de Granada, Frei Fernando de Tavalera, mesmo de Idade avançada entregou-se na evangelização dos mouros aprendendo até árabe e imprimiu manuais nessa língua. Muitos se converteram com sincera e espontânea vontade.
Muitos aceitaram o batismo sem nenhuma sinceridade da mesma forma que os judeus o que ocasionou desconfiança das autoridades. Um inquisidor chamado Diogo Rodrigues de Lucero, chegou até abrir um processo contra o arcebispo Tavalera por conivência com os mouriscos (como eram chamados os mouros convertidos ou novos cristãos).
Em nome da verdade, devemos defender os Papas, a Igreja e a própria Inquisição da caluniosa acusação de terem provocado a conversão dos judeus e mouros, como também sua expulsões. Foram atos despóticos de reis, consumados em oposição às admoestações de homens sensatos, principalmente prelados eclesiásticos.
A Inquisição Espanhola era dominada pelo poder secular, inclusive chegando a afrontar Roma e o Papa , sendo usada como instrumento de perseguição política.
Em 1586, o Cardeal Quiroga, encarcerou quatro jesuítas e confiscou as bulas Papais de Sisto V e deu um parecer sobre os escritos como “manifestações de heresias”, portanto o próprio Papa era acusado de herege.
 Procedimentos da Inquisição Espanhola
Lembrando que nos ambientes anticlericais não se interessam nas orientações políticas nos detalhes desse assunto, pois apenas desejam acusar a Igreja, tanto que nas Universidades, colégios e cursinhos ninguém ouve dos professores acusadores, os detalhes, nomes de personagens, apenas acusam repetidamente.
N o essencial o procedimento era o mesmo da Inquisição Medieval já relatadas aqui.
Fala-se das condições de prisões como: recintos miseráveis, úmidos, escuros, fétidos, alimentação a pão e água, sem acomodações. O protestante Schafer, insuspeito de parcialidade contesta: “Os cárceres da Inquisição eram melhores do seu tempo, eram locias espaçosos, limpos, providos de luz suficiente para ler e escrever; os presos só traziam cama e vestimentas.. Quanto à alimentação, o inquisidor de Valladolid enumera: pão, água, carne, vinho e frutas. Podia-se receber visitas e em ocasiões de doença na família, recebiam recebiam liberdade provisória pelo tempo necessário.
Os denunciados esperavam semanas e até meses para serem chamados para a primeira audiência, depois das primeiras audiências, o fiscal formulava a acusação que era comunicada ao réu, para que ele montasse sua defesa. Neste trabalho o acusado não usava seus próprios recursos; recebia ajuda do advogado e do letrado, também podia apresentar testemunha de abono além de receber com seu advogado, cópia do processo e até podia propor novas testemunhas. A extraordinária abundância de detalhes demonstra que a Inquisição realmente esmerou por fazer justiça ao acusado.
Em alguns casos, a culpabilidade ou a inocência não ficava resolvida depois de esgotados todos os meios, então os inquisidores recorriam à tortura com a finalidade de resolver o processo, porém, após tempos subsequentes se compreendeu a inutilidade e foi abolida a tortura. Todos os tribunais civis usavam a tortura, herança do direito romano. A Inquisição Medieval não usava a tortura no início, ela foi introduzida em 1252 e aceita com naturalidade por todos. Por mais incrível que pareça, a tão difamada Inquisição Espanhola foi o tribunal que usou com mais parcimônia a tortura.
Os tribunais da Inquisição procuravam induzir o réu a se converter e ser libertado das penas de lei civil, em que fatalmente seria condenado à morte. Muitos dos acusados se convertiam, sendo absolvidos e reintegrados à sociedade: A realidade difere imensamente das invenções maliciosas.
Os autos de fé correspondiam á última fase dos processos inquisitoriais. Também este ato não era o espetáculo degradante, inventado e difundido pelos adversários da Igreja, em que magistrados e povo se deleitavam em contemplar os condenados sendo queimados vivos.
Na realidade os autos de fé eram grandes manifestações de fé. Na praça principal levantavam-se os grandes tribunais, onde os convidados de honra tomavam seus lugares e em volta ficava o povo. Os penitentes eram estrangulados e os corpos lançados à fogueira, junto com os poucos impenitentes que eram queimados vivos.
O poder civil, ao contrário, gostava do espetáculo porque incutia medo e intimidava. Os horrores descritos em livros e filmes não eram cometidos pela Inquisição e sim pelo Estado.
A exposição histórica da Inquisição Espanhola revelou um grande defeito: a dependência dos reis, que dela abusavam com finalidades alheias às da religião.
Inquisição: história, mito e verdade / Joseph Bernard.



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