terça-feira, 12 de agosto de 2014

Efeito Francisco: Nova forma de fazer igreja?




Um professor de religião, "casado" com outro homem, continua em seu posto com consentimento do Bispo.




(Luis Alberto González) .- contraícasamento” civil com outro homem em  2012, o assunto não teria maior significado se eu não fosse um professor do ensino médio da religião católica, portanto, julguei ser oportuno enviar uma carta a Francisco Cases, bispo das Canárias, ao término desse ano escolar expondo minha situação e entendendo seria removido do meu trabalho com base nas disposições do Código de Direito Canônico.

Além disso, a doutrina da Igreja é o que é, e demonstra que os atos homossexuais são "intrinsecamente desordenados" e "não pode ser aprovado em qualquer circunstância" (Catecismo a Igreja Católica, n º 2357).

O comentário  do Papa Francisco em que ele diz  não ser ninguém para "julgar um gay que busca o Senhor" não significa que a Igreja possa olhar favoravelmente uma relação homossexual . Para a Igreja não é o mesmo ser gay e ter relacionamento gay, mas isso passa despercebido para muitas pessoas que não estão familiarizados com a linguagem eclesiástica.

Continuando meu caso, no dia do envio da carta ao Bispo entrei em contato com Hipólito Cabrera, diretor executivo de Ensino e Vigário Geral da Diocese, que me agradeceu por minha sinceridade, e ao mesmo tempo, me convencendo também que escreveria  ao Bispo solicitando a retirada de minha aptidão como professor de religião.


Eu fui o primeiro a pensar que este não era o meu lugar e fui logo antes buscar a  instituição eclesiástica. Mas o tempo foi passando  e fui agradavelmente surpreendido com a aceitação da minha situação: Depois de mais de um ano sem nenhuma resposta à carta ou ao requerimento dirigido ao prelado.

Manter-me na minha posição de professor de religião, nestas circunstâncias, é um avanço sem precedentes. Irá tornar-se a Diocese de Canárias, em cuja terra é realizada uma das paradas do "Orgulho Gay" mais famosa da Europa, como pioneira na aceitação pela Igreja de relações homossexuais? Talvez eu esteja sendo muito otimista ... mas os fatos não deixam dúvida: ou Francisco (não o bispo de Roma, mas de Canárias) não dá a devida importância ao assunto, ou está testando uma nova forma de fazer igreja.

Em ambos os casos há uma boa notícia! Não que ele tem "mãos atadas". A legislação vigente tem perfeitamente articulado o procedimento para demitir um professor de religião que já não satisfaz as exigências da Igreja (aprovado em 2007 pelo Tribunal Constitucional).

O meu caso é uma pequena brasa que pode ser apagada a qualquer momento. Então tudo o que faço é  partilhar a minha experiência. Como disse um colega de trabalho na conclusão do último ano letivo: Seu caso gera debate e é um exemplo da nova realidade social para a Igreja”. Quanto ao meu futuro, tanto se eu for demitido como se eu continuar como professor de religião  vou encarar como uma oportunidade.

A verdade é que me aliviei de um peso colocando as cartas na mesa (inclusive a do bispo). A fidelidade à minha consciência me liberdade, não medo. Aconteça o que acontecer, é um fato inegável que depois de celebrar umcasamento” seguirei ajudando muitos jovens a buscar a essência da mensagem cristã, contribuindo para a renovação da sociedade e da Igreja.



Luis Alberto González Delgado, professor de religião na IES Las Salinas e EA Pancho Lasso de Lanzarote.





Fonte: Periodista Digital

Nenhum comentário:

Postar um comentário