sexta-feira, 16 de junho de 2017

Fátima, requalificada





 Tradução de Airton Vieira – Requalificar um terreno, se converteu há anos em uma ocasião estupenda para enriquecimento de políticos de todo naipe. Uma zona que estava tendo um uso rural, se requalificava convenientemente para ter uso turístico; subia o preço da terra e nesse trajeto, nada por aqui, nada por ali… saíam alguns milhõezinhos a distribuir entre os pixulecos de turno, comissionistas, prefeitos ou mediadores vários. Isso passou na Espanha durante todo o tempo do boom turístico, ainda que há que reconhecer que hoje em dia este tipo de ações se fazem com mais descaro, mais estilo e resultados de mais volume. Em todo caso, a requalificação permitia dar um uso distinto ao que se estava dando até o momento, para lucrar todo e cada qual.
Hoje em dia, na Igreja de Francisco (parece que ele é o proprietário), se está requalificando tudo, sem pressa mas sem pausa. Seguindo o calendário bergogliano e os estatutos da máfia de São Galo, que é a que parece ser que montou o negócio, provavelmente com capital judeu e outras aquiescências multicores. O caso é que a desmitologização proposta por Bultmann foi um jogo de crianças comparado com  isto. O protestante Bultmann deslumbrou a todos os teólogos e hierarcas católicos da época, ao propor desmitologizar os milagres e todo o conteúdo do Evangelho que se presumisse mito, ou seja, não exatamente histórico. Com este método, se carregou os Evangelhos em sua totalidade, pois, se comprovou cientificamente que tudo era mito. Graças a Bultmann e seus católicos coroinhas, babosos e corifeus vários, podemos interpretar existencialmente o que não era mais que uma pura crença mitológica, exagerada pelo panfletismo intelectual da época e mantida pelos centro de poder interessados.


Agora estamos em outros tempos. Passado o velho Bultmann, há que desmitificar de outra maneira. Há que requalificar, redefinir, redirigir, reordenar… isso que um pós-moderno chamaria mudar de paradigma. Só desta forma se pode despertar o povo fiel de seu sonho dogmático e fazer-lhe ver que as coisas não são como se as haviam contado antes do Concílio. E como ainda restam certos resquícios, atavismos e crenças no tinteiro, pois se requalificam, se reinterpretam e se destroem.

Há que ter em conta que as aparições de Fátima tiveram lugar há cem anos, nada menos. Naquela época, a Igreja era bem mais madrasta. Ainda não se havia determinado a Igreja a pôr a venda da misericórdia antes que o castigo da intolerância, e por isso não é de estranhar que estas crianças falaram de visões do inferno, de almas que iam caindo ao abismo de fogo, ou de castigos a este mundo ateu e desacreditado. Eram umas crianças boas, sem dúvida. E por isso as canonizamos aproveitando a viagem. Mas haviam estudado o catecismo no Astete, seguramente, e não conheceram os Catecismos das Conferências Episcopais de agora. Seguro que a catequese da Primeira Comunhão a fizeram com algum cura reacionário que só pensava no castigo pelo pecado e não na misericórdia. E ademais, seguro que lhes ensinaram a ser rígidos com estas pobres crianças. De fato, parece que sim, que o eram, a julgar por suas obsessões pelo inferno, por salvar-se e por rezar pela conversão dos pecadores. Vamos canonizá-los, mas nada de pensar que a Virgem veio trazer mensagens de castiguinhos e labaredas de fogo do inferno ou de guerras para este mundo. E muito menos de que na cúpula da Igreja se fosse perder a fé.
A mensagem de Fátima, foi sistematicamente olvidada e desprezada pelos Papas, de uma ou outra forma. Assim, João XXIII não fez caso da Virgem e se negou a publicar o terceiro segredo na data que Ela havia mandado às crianças videntes. Roncalli compreendeu que a Virgem não estava inteirada dos problemas de nosso Mundo e que não se havia percebido de que era altamente conveniente não publicá-lo. A pobrezinha da Virgem exagerava um pouco e era conveniente esperar.
O mesmo fizeram seus sucessores. Ainda que se desse um passo adiante ao tornar público a terceira mensagem que, como demostraram suficientes especialistas no tema, foi uma espécie de golpes do colchão. Uma mensagem forjada, recortada, torcida e censurada. Porque uma vez mais, havia que reinterpretar a Virgem, que não podia compreender que resultava inadequado, inconveniente e altamente desaconselhável publicá-la tal e qual. Assim, João Paulo II, com a ajuda de Bertone, Ratzinger e outros, elaboraram esta peculiar desdramatização, fazendo crer que tudo se centrava na pessoa de João Paulo II e seu atentado. Muito haveria que falar de tudo isto, mas a internet está povoada de informações sobre o tema.

Francisco, dando um passo além e em seu mais puro estilo destrutor, requalificou e mudou o paradigma de tudo o que Fátima representa. Não só se mantém na linha de seus predecessores - a quem interessa o terceiro segredo, ou se a segunda irmã Lúcia era autêntica ou falsa? -, foi além; reinterpretou e requalificou o resto de mensagens de Fátima. Inclusive as que não são segredo. A Virgem Maria, - disse Francisco -, não pode vir dar-nos mensagens de avisos de castigos ou de perigos, porque Ela é uma Mãe que nos ama.
Peregrinos com Maria… QueMaria? Uma mestra de vida espiritual, a primeira que seguiu a Cristo pelo «caminho estreito» da cruz dando-nos exemplo, ou melhor uma Senhora «inalcançável» e portanto inimitável? A «Bem-aventurada porque há crido» sempre e em todo momento na palavra divina, ou melhor uma «santinha», à que se acode para conseguir graças baratas? A Virgem Maria do Evangelho, venerada pela Igreja orante, ou melhor uma Maria retratada por sensibilidades subjetivas, como detendo o braço justiceiro de Deus pronto para castigar: uma Maria melhor que Cristo, considerado como juiz implacável; mais misericordiosa que o Cordeiro que se há imolado por nós?

Veja-se com cuidado as expressões disjuntivas. Nada de uma Maria retratada por sensibilidades subjetivas. Pobres pastorzinhos de Fátima que contaram as mensagens da Virgem sob sua própria sensibilidade subjetiva de inferno, castigo e penitência.

Eu cria que uma verdadeira Mãe também dá avisos de perigos a seus filhos.  Inclusive às vezes os castiga diretamente e sem intermediários. Quanto maior é operigo, maior é o aviso. Quanto mais insistente é o aviso deve ser porque é maior o perigo. Não me imagino uma Mãe dando palmadinhas na bochecha de seu filhinho enquanto vê que se está afundando em um pântano. Mas bom, já se sabe que as comparações de Bergoglio não são exatamente as de um intelectual de altura. Mas sim, que levam sua carga destrutora. Se trata neste caso de que as visões do inferno das crianças videntes foram provocadas por um catolicismo que hoje em dia está superado. Nada de infernos, nada de castigos.
Se acaso, o inferno estaria povoado dos hipócritas rígidos, dos que se opõem à imigração, dos que vendem armas, dos que não crêem na mudança climática, dos que desejam o poder a qualquer preço, dos que promovem a cultura do descarte. E um longo etecetera.
Por certo, agora que o penso, a Virgem de Fátima também praticou a cultura do descarte. Enquanto permitiu que Lúcia e Jacinta escutassem suas mensagens, descartou Francisco, a quem somente lhe permitiu vê-la, mas não escutá-la. Como isso foi em 1917, se pode perdoar. Hoje em dia não faria isso a Virgem. Se teria aparecido a um menino branco português de Lisboa, uma menina negra portuguesa de Moçambique e  a um@ imigrant@ muçulman@. Ao fim e ao cabo, Fátima é um nome muito maometano.
A imagem de Francisco requalificando Fátima, e a imagem do altar maçônico (dentro de um templo maçônico) com uma custódia que mais bem parece tirada de algum Gugenhein maçônico, foi suficiente para celebrar com um novo paradigma este centenário. Por isso mesmo quis estar ali Francisco.
Fray Gerundio

Adelante la Fé - Fátima, recalificada

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