sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Linguagem inclusiva e aberrante



A última moda no câmbio cultural que desejam impor é a chamada "linguagem inclusiva". Bandeira do feminismo extremo, já circula pelos âmbitos acadêmicos, pretende-se aplicá-la por lei em alguns países (a mui progressista Canadá, por exemplo) e começou a infiltrar-se em alguns meios de comunicação massivos nacionais em programas de horário central, os mesmos que baixam linha com a "ideologia de gênero".

Os professores Jorge N. Ferro e María Delia Buisel dão aqui sua opinião sobre o experimento e tratam de avaliar as intenções detrás do estranho e obstinado ímpeto de impô-la.
-Buisel: É uma aberração para coagir. Lembro de uma observação de Theodore Dalrymple, pseudônimo de Anthony Daniels, um médico inglês, viajante muito agudo, sobre a propaganda comunista, que se expressava mais ou menos assim e se pode aplicar à pergunta: "O propósito da propaganda comunista não era persuadir ou convencer ou informar, mas humilhar; e portanto, quanto menos correspondia à realidade, melhor". Quando as pessoas se veem obrigadas a permanecer em silêncio quando a elas são ditas as mentiras mais óbvias, ou pior ainda, quando se veem obrigados a repetir as mentiras, perdem seu sentido de probidade. A aquiescência às mentiras mais óbvias é de certo modo uma maneira de ser ele mesmo parte do mal. A capacidade da pessoa para resistir é assim espoliada, e incluso destruída. Uma sociedade de mentirosos e castrados é fácil de controlar.


-Ferro: A linguagem inclusiva é uma aberração. É uma bestialidade que não resiste à menor análise. Toda a espontaneidade, toda a nuance (para o idioma) é subtraída. E além disso, por que está mal que exista masculino e feminino? Por exemplo, o uso da "e". Já existem em castelhano[1] os adjetivos terminados em "e", que são para os dois gêneros. E isso vem do latim. Se diz "homem alto", "mulher alta", "homem grande", "mulher grande". Dizer "presidenta" é uma aberração porque a "e" de "presidente" já é neutra. Agora vejo que também se usa no verbo: "cantemes" ou "cantames".
Outra aberração, porque o verbo não tem gênero. O verbo é a palavra que tem mais acidentes: pessoa, número, tempo, modo e voz, mas não tem gênero. Um homem diz "eu canto" e uma mulher também diz "eu canto".
-E que pensam em geral da estratégia linguística ou de difusão dos que impulsam estas mudanças?
-Ferro: É fundamental. Sempre se soube que a língua era companheira do império, uma vez que alguém cunha um conceito... Há muitos anos uma grande vitória deles foi impor a palavra casal[2]. Por quê? Por várias razões. Antes havia um léxico enorme para distinguir com todos seus matizes as relações entre homens e mulheres. "Minha esposa", "minha concubina", "minha amante", "minha noiva", "um fato", "um temazinho". Em troca, "casal" não discrimina. Por exemplo não faz alusão à transmissão da vida. Tampouco à durabilidade. Nem sequer se relaciona ao sexo. Isso foi genial. Uma vitória linguística tremenda.
-Buisel: Os promotores desta "New Order" parecem contar com tudo: dinheiro, os meios e "média", operam a informática, submetem países endividando-os, criam miséria, deslocam grandes massas populacionais, pressionam com dinheiro, ideologias, mentiras, chantagens, e vá se saber quantas coisas mais. Não obstante não controlam todos os blogs por onde há resquícios para uma informação não dirigida, e espero que não possam com os politicamente incorretos.
JM e ADB

Fonte: http://www.laprensa.com.ar/467930-Linguagem-inclusivo-y-disparatado.note.aspx


[1] Os mesmos exemplos servem à língua portuguesa brasileira. [NdT]
[2] No original: pareja. [id]

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