segunda-feira, 22 de julho de 2019

Revolução nos conventos - mudaremos seu modo de rezar





(Luisella Scrosati, La Nuova Bussola Quotidiana - 19 de julho de 2019) "Feita a Itália, é preciso fazer os italianos": esta é a famosa declaração atribuída ao marquês Massimo d'Azeglio. Não se sabe se ele realmente pronunciou esse ditado, mas o que é certo é que correspondia ao seu pensamento. E – o que é ainda mais preocupante - foi o programa idealizado para o renascimento dos Sabóias. A nação Italiana já existia há séculos, ligada por uma identidade profunda, mas aquele senso de italianidade era inadequada para as novas necessidades do novo Estado. Assim, os novos italianos tiveram que ser refeitos, em primeiro lugar, convencendo-os de que antes deles, sequer existiam italianos! Um enorme aparato de leis foi estabelecido, apenas para deixar claro que o que tinha sido lícito até então, não valia mais, e que as antigas liberdades eram na realidade escravidão e tinham que ser suprimidas para abrir caminho para o novo, muito novo e muito italiano.

Não há necessidade de ir além: toda revolução deve fazer um novo homem e eliminar aqueles que resistem. Se você der uma olhada no que está tramando a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA), você entenderá a razão da longa introdução.

O cardeal João Braz de Aviz, presidente daquela Congregação com um nome muito longo, explicou em uma recente entrevista seu programa para "fazer os italianos": "Estamos trabalhando muito para a transformação da formação.


Devemos pensar em formação desde o ventre até o último alento [...]. Tudo conta na formação, não se pode dizer que uma coisa é formação e a outra não é [...] é necessário mudar muito”. Se é necessário mudar muito na formação e a formação é um processo contínuo que diz respeito a todos os aspectos da vida, podemos dizer que o Prefeito pretende mudar tudo. Exatamente, deve "fazer os italianos" do zero.

O Cardeal continua: "Muitas coisas da tradição, muitas das quais pertencem à cultura de um tempo passado, não funcionam mais". E como sempre acontece, se alguma vez houve alguém um pouco preocupado com essa incursão na vida das comunidades, Braz de Aviz imediatamente quer tranquilizar que não é uma questão de tocar na substância, mas apenas nas coisas, que em sua opinião, não são essenciais: "Temos formas de vida que estão ligadas aos nossos fundadores mas que não são essenciais". Exemplo? "Uma certa maneira de rezar, uma certa maneira de se vestir, dando mais importância a certas coisas que não são tão importantes e dando pouca a outras que são importantes. Essa visão global do conjunto, nós não há tínhamos antes, mas agora temos”. Nós sim que temos a visão geral, não os fundadores! Nós sim que sabemos discernir as coisas essenciais das secundárias; portanto, "todas as coisas secundárias podem entrar em colapso, mas o carisma especial dos fundadores não entrará em colapso".

É necessário estar sempre de alerta quando ouvimos falar essas pessoas, prontas a demolir aquilo que consideram secundário, em nome de preservar o essencial. Pegue uma cebola: nenhuma camada é essencial, mas depois de removê-las todas, uma por uma, você simplesmente não terá mais a cebola. O exemplo não é muito peregrino. Se você for ver o que aconteceu com as Pequenas Irmãs de Maria, Mãe do Redentor, você entenderá o porquê. "Nós não tocaremos em seu carisma, mas em seu modo de vivê-lo", parece ter sido o que disse uma das "kommissarie" designadas pela CIVCSVA. E parece também que as freiras tenham sido muito teimosas em acreditar que o carisma se encarna no modo de vivê-lo e que o modo de vivê-lo não as desagradava de maneira alguma. E então, por orar demais, por não querer mudar, elas receberam o ultimato de Braz de Aviz: ou vocês aceitam o comissariamento sem reservas ou podem sair do Instituto. Resultado? Quase todas as irmãs foram embora. Bela maneira de salvar o essencial!

A Congregação agora impõe quais são as coisas as quais se devem "dar mais importância" e quais de agora em diante são as de menos. E se formos ver o que produz a CIVCSVA, entenderemos que a situação é séria, extremamente séria. Em carta datada de 5 de maio de 2015, assinada pela dupla Braz de Aviz-Carballo (Secretário da Congregação), foi dado a conhecer aos Superiores Gerais que o acolhimento dos refugiados se tornou uma prioridade: "Parece-nos que é precisamente o Espírito Santo, a voz do Santo Padre e o grito desta humanidade sofredora, a questionar-nos e mostrar-nos a urgência de fazermos algo juntos". E que algo seria esse? "A dinamização das estruturas, a reutilização de grandes casas em prol de obras mais sensíveis às necessidades atuais de evangelização e caridade, a adaptação das obras às novas necessidades". Então todos rumo à exortação de "sair de nós mesmos e ir com coragem para esta "periferia existencial."  É pois o roteiro indicado por Carballo, ou seja, as dez palavras inspiradas no "magistério" do Papa Francisco sobre a vida consagrada. O novo decálogo faz uso extensivo da nova linguagem e dos slogans para esconder o nada que está por baixo: 


"Alimentem o relacionamento com Jesus na ansiedade da busca", "Saiam do ninho", "Sejam ousados! A profecia não é negociável para a vida consagrada ", e assim por diante. Não se pergunte onde estão as pedras angulares da vida consagrada, como o primado da oração e da adoração, a negação de si e o auto-sacrifício, a penitência, etc. Se a Itália foi feita, agora temos que fazer os italianos.

Fonte: Corrispondenza Romana - Rivoluzione in convento: “Cambieremo come pregate”


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