"Davi tomava sua harpa e tocava com sua mão, e Saul se acalmava".
(I Samuel 18, 23)
Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.
Ave Maria...
Uma
vez que as festas de Natal e da Epifania passaram, convém retomarmos as
catequeses que fazíamos sobre as virtudes. Um sábio ditado nos diz que,
se queremos fazer algo durante muito tempo, então devemos parar de vez
em quando, e para isso ajudou esta pausa do tempo natalino. Agora,
continuemos com nossa consideração sobre a virtude da temperança, e mais
exatamente de uma virtude anexada a ela: a modéstia.
Falávamos que a modéstia nos faz observar o modo devido
nos nosso gestos e palavras, e os teólogos citam quais são as coisas
que devem ser moderadas: como andamos, sentamos, ficamos de pé, os
movimentos da cabeça, como contraímos e relaxamos o rosto, como
expandimos os braços, o tom que damos à voz, nossos risos e nosso
aspecto. Em tudo isso é necessário guardar equilíbrio, para que nada
seja efeminado ou mole, e para que não haja nada de duro e de rude.
Hoje
falaremos sobre a influência da música na virtude da modéstia. A
relação entre o estilo de música que se ouve e o comportamento que se
tem é algo extremamente negligenciado. Entretanto, o versículo que
citamos na introdução deste sermão mostra que há uma relação. Uma pessoa
disposta de um certo modo, por exemplo pela ira, pode ser disposta em
direção oposta, pela paixão do amor, por meio do agrado que a música
produz. É no ensinamento geral de Santo Tomás que iremos buscar as
respostas, pois é um ensinamento considerado pela Igreja como seguro e
livre de erro. No Gênesis lemos que, aos egípcios, era dito "Ide a
José", quando precisavam de trigo nos tempos de fome. Nos tempos atuais,
de penúria intelectual e, consequentemente, moral, a Igreja nos diz:
"Ide a Santo Tomás". Seus princípios não são o privilégio de uns poucos
aristocratas do pensamento, mas devem alimentar a vida de cada um de
nós, sem que precisemos ser professores universitários de filosofia.