Estamos
 diante de um dos maiores exemplos de truque de publicidade de toda a 
História: um regime que durante décadas foi a ponta de lança de 
revoluções sangrentas na América Latina e na África, e que hoje continua
 tecendo cordões umbilicais ideológicos nas três Américas, de uma 
merecida imagem de agressor passou a ter a imagem mais mentirosa de 
vítima.
São
 inúmeros os casos de ajuda internacional ao regime cubano, que 
permitiram e permitem a sua sobrevivência. Depois do gigantesco respaldo
 financeiro da União Soviética até o seu colapso; da Venezuela Chavista 
até sua atual desintegração e do Brasil lulista-dilmista, agora com os 
cofres mais vazios, surge a partir da América o inesperado "eixo" 
Obama–Francisco. Um eixo político e espiritual sui generis que, 
independentemente das intenções dessas altas personalidades, passará a 
abastecer com rios de dinheiro e prestígio publicitário o aparelho 
repressivo do regime.
No
 dia 19 de dezembro, dois dias depois que em Roma, Washington e Havana 
foi anunciado simultaneamente o restabelecimento das relações 
diplomáticas entre o governo dos Estados Unidos e a ditadura cubana, uma
 embarcação da Guarda Costeira castrista, presumivelmente, em águas 
internacionais, começou a investir contra uma lancha na qual fugiam 32 
pessoas, incluindo sete mulheres e duas crianças, até conseguir afundar a
 frágil embarcação. Esses cubanos simplesmente buscavam a liberdade e 
tentavam romper o ignominioso "embargo interno" que a tirania de Castro 
impõe aos seus habitantes.
ATAQUE À LANCHA DE REFUGIADOS POR CASTRISTAS.
Masiel
 castelhano González, uma sobrevivente, esposa de Leosbel Beoto Diaz, 
que morreu afogado, narrou  por telefone mais tarde: "Nós estávamos 
gritando, pedíamos auxílio, que nos ajudassem porque o barco estava 
afundando. Mas eles não faziam caso. O que faziam era partir pra cima da
 lancha. Algumas pessoas se jogavam na água e outros ficaram ali 
enquanto a lancha ia se afundando. Eles sabiam que haviam crianças e 
mesmo assim continuavam se jogando pra cima de nós. Pouco lhes 
importava”.
Foi
 uma ação brutal por parte de um regime que se sente com as costas 
largas, protegidos por poderosos aliados. O fato criminoso que tanto 
comprometia o regime de Fidel Castro, teria merecido um clamor global de
 repúdio, todavia passou quase despercebido pela imprensa internacional,
 pelos governos ocidentais, organizações de defesa de "direitos humanos"
 e, oh dor! por eclesiásticos que deveriam imitar o Bom Pastor, 
dispostos a dar a vida por suas ovelhas.
No
 dia 31 de dezembro em Havana, coincidindo com os 56 anos de revolução, 
se desencadeou uma onda de repressão contra opositores que estavam 
tentando apenas se reunir na Praça da Revolução, ilustrando, como se não
 houvesse qualquer dúvida, quais são as reais disposições do regime.
Nos
 Estados Unidos, diversos especialistas têm demonstrado de maneira 
documentada como a aproximação quase incondicional do governo dos EUA 
favorece o regime cubano e prejudica a causa da liberdade na ilha, cujos
 habitantes ficarão muito mais à mercê dos tiranos; e criticaram 
duramente o Presidente Obama (cf. "Dissidentes cubanos acusam Obama de 
traição", Marc A. Thiessen, Washington Post, 29 de dezembro de 2014. 
"Obama dá ao regime de Fidel Castro em Cuba um resgate desmerecido" 
Editorial em Espanhol e Inglês, Washington Post, 17 de Dezembro., 2014).
No
 entanto, poucos são os analistas que destacam o aspecto mais grave e 
trágico deste acordo: a responsabilidade que cabe ao seu artífice e 
mediador mais eminente, o  Pontífice Francisco. No dia 17 de dezembro 
passado, no mesmo dia do anúncio do restabelecimento das relações 
diplomáticas, Francisco, juntamente com a reafirmação do seu papel como 
mediador, saudou a libertação de alguns "presos" sem sequer insinuar que
 em Cuba o regime comunista continua mantendo subjugados não apenas 
alguns", mas 12 milhões de cubanos. É extremamente doloroso dizer, mas a
 bota com que Castro continua a esmagar os meus irmãos da ilha, agora 
conta com um altíssimo aval.  
É
 preciso recordar que do lado castrista, os "prisioneiros" eram, na 
verdade, espiões processados e condenados pela Justiça americana por 
cumplicidade no assassinato dos jovens da organização "Irmãos para o 
Resgate" e por planejarem transportar explosivos em Miami para realizar 
atos terroristas. Por tal motivo o líder dos "presos castristas" tinha 
duas penas de prisão perpétua.
PAPA FRANCISCO
Não
 é a primeira vez que Francisco, independentemente de suas intenções, 
adota atitudes que objetivamente favorecem às esquerdas continentais 
políticas e eclesiásticas. Por exemplo, foi realizado em Roma de 27 a 29
 de outubro do ano passado, o Encontro Mundial dos Movimentos Populares Revolucionários que reuniu 100 líderes revolucionários mundiais, 
incluindo conhecidos agitadores profissionais latino-americanos, e que 
contou com a participação do próprio Francisco. É como se tivessem 
realizado uma espécie de "beatificação" publicitária , em vida, dessas 
figuras revolucionárias de inspiração marxista, beatos sui generis de 
uma "igreja de cabeça para baixo", tudo ao contrário da doutrina social 
da Igreja, defendida por predecessores de Francisco (cf. "O Papa saúda e
 abençoa" L'Osservatore Romano, 28 de outubro de 2014; "Francisco," 
beatificação "publicitária dos revolucionários e 'vendaval" social 
"Destaque Internacional, 02 de novembro de 2014).
Tive
 a oportunidade de comentar sobre outros eventos no mesmo sentido, como 
quando Francisco revogou a "suspensão a divinis" do sacerdote 
nicaraguense Miguel D'Escoto da infame ordem Maryknoll, ex-chanceler 
sandinista e uma das figuras mais pró-castrista da teologia da 
libertação. O padre D'Escoto tinha sido disciplinado pelo Vaticano em 
1984 por seu envolvimento na perseguição dos católicos nicaraguenses 
durante o primeiro governo sandinista da Nicarágua (cf. "Francisco, 
pró-castristas e confusão", Armando Valladares, 6 de agosto de 2014).
Infelizmente,
 no que diz respeito a Cuba e à América Latina, esses dizeres, atos e 
gestos do Pontífice Francisco estão direta ou indiretamente favorecendo a
 opressão do povo cubano e a esquerdização do continente. Paira no ar a 
sensação de que, sob esses pontos, estaríamos na presença de um 
pontificado marcado pela confusão e até mesmo o caos, com consequências 
preocupantes para o futuro político, social e cristão das Américas.
Como
 Católico e ex preso político cubano que passou 22 anos nas prisões de 
Castro, e que viu sua fé fortalecida ao ouvir os gritos dos jovens 
católicos que morriam no "paredão de fuzilamento" gritando "Viva Cristo 
Rey, abaixo o comunismo "devo manifestar  as perplexidades, angústias e 
dramas interiores que suscitam os fatos descritos acima. Se trata de uma
 situação das mais dolorosas que se pode existir, porque dizem respeito 
aos vínculos com a Santa Sé. Não obstante, como já tive ocasião de 
manifestar, a fé dos católicos deve permanecer intacta e até mesmo 
fortalecida diante destes dilemas, porque em questões políticas e 
diplomáticas nem mesmo os papas são assistidos pela infalibilidade. E 
não há nenhuma obrigação para os católicos de aceitar essas palavras e 
ações, na medida em que diferem da linha tradicional adotada pela Igreja
 em relação ao comunismo.
*
 Armando Valladares, escritor, pintor e poeta. Ele passou 22 anos como 
prisioneiro político em Cuba. Ele é o autor do best-seller "Contra toda 
esperança", que narra o horror das prisões de Castro. Ele foi embaixador
 dos Estados Unidos diante da Comissão de Direitos Humanos da ONU sob as
 administrações Reagan e Bush. Ele recebeu a Medalha Presidencial do 
Cidadão e Prêmio Superior do Departamento de Estado. Ele tem escrito 
numerosos artigos sobre a colaboração eclesiástica com o comunismo 
cubano e sobre a "Ostpolitik" do Vaticano em relação a Cuba.
Fonte: Nuevo Accion - Tradução: Gercione Lima
VIGIAI E ORAI, ORAI E VIGIAI POIS NÃO SABEIS NEM O DIA E NEM A
ResponderExcluirHORA. VINDE, ESPÍRITO SANTO, SEDE NOSSA FORÇA E NOSSO EN-
TENDIMENTO. ARCANJOS DE DEUS ASSISTAM-NOS, AMÉM.