“Após os trabalhos históricos destes
últimos anos, diz Monsenhor Freppel, não é
mais permitido ignorar a perfeita identidade das fórmulas de 1789 com os
planos elaborados pela seita dos iluministas,
dos quais Weishaupt e Knigge eram promotores, e muito particularmente
do congresso geral das lojas maçônicas reunido em Wilhelmsbad em 1781.
Os deputados das lojas,
após terem recebido o batismo do Iluminismo, retornam a seus países e trabalham
por toda a parte a franco-maçonaria no sentido que lhes foi indicado: na Áustria, na
França, na Itália, na Bélgica, na Holanda, na Inglaterra, na Polônia. “O contágio é tão rápido que
logo o universo estará cheio de iluministas”.
Seu centro é doravante
Frankfurt, pelo menos no que diz respeito à organização da ação revolucionária.
Veremos o que aí foi resolvido contra a dinastia capetíngea cume da ordem social
européia. Knigge estabeleceu nessa cidade sua sede. Dali ele estende suas conspirações
do Oriente ao Ocidente e do Norte ao Sul, ele faz iniciações nos seus mistérios
e recruta essa multidão de cabeças e de braços dos quais a seita tem
necessidade para as revoluções que cogita.
“A propósito da França, diz Barruel, a
seita tem desígnios mais profundos”. Segundo o plano de
Weishaupt e de Knigge, os franceses deveriam ser os primeiros a agir, mas os últimos a serem instruídos. Contava-se com o temperamento
deles.
As circunstâncias, com
efeito, não podiam ser mais favoráveis à sua propaganda. Como diz Barruel, “os discípulos de
Voltaire e de Jean-Jacques tinham preparado nas lojas o reino dessa igualdade
e dessa liberdade cujos
últimos mistérios transformavam-se, segundo o que se conhece de Weishaupt,
naqueles da impiedade e da mais absoluta
anarquia.
“A igualdade e a liberdade, dizia ele,
são os direitos essenciais que o homem, na sua perfeição originária e
primitiva, recebe da natureza; a primeira agressão a essa igualdade foi desferida
pela propriedade; a primeira agressão à liberdade foi desferida pelas sociedades políticas
e pelos governos; os únicos sustentáculos da propriedade e dos governos são as leis
religiosas e civis: assim, para restabelecer o homem nos seus direitos primitivos
de igualdade e de liberdade, é preciso começar pela destruição de toda religião, toda
sociedade civil e acabar pela abolição de toda propriedade”.4
Nesses mesmos discursos,
Weishaupt traçava aos iniciados esta linha de conduta para chegarem à liquidação
da propriedade, da sociedade civil e da religião, objetivo de sua instituição.
“A
grande arte de tornar infalível uma Revolução qualquer, é a de esclarecer os povos Esclarecê-los é, insensivelmente, conduzir a opinião pública para o desejo das mudanças que constituem o
objeto da Revolução meditada.
“Quando o objeto desse desejo não puder
aflorar sem expor aquele que o concebeu à vingança
pública, é nas intimidades das sociedades secretas que é preciso saber propagar a opinião.
“Quando o objeto desse desejo é uma
Revolução universal, todos os membros dessas sociedades que tendem
ao mesmo objetivo, apoiando-se uns nos outros, devem procurar dominar invisivelmente e sem aparência de meios violentos, não somente a parte mais eminente ou a mais distinta de um só povo, mas os
homens de toda condição, de toda nação, de toda religião.
Soprar por toda parte um mesmo espírito, no maior silêncio e com toda atividade
possível, dirigir todos os homens dispersos pela superfície da terra em direção
ao mesmo objetivo.
“Eis
aí sobre o que se estabelece o domínio das sociedades secretas, aquilo a que deve levar o império do Iluminismo.