Uma “Prática
Pastoral” em Guerra com a Doutrina
O
senhor aprovou como a única interpretação correta da Amoris uma moral calculada
que minaria, na prática toda a ordem
moral, não apenas as normas da moral sexual que o senhor obviamente busca
subverter. Para a aplicação prática, qualquer norma moral pode ser considerada
“inviável” por uma invocação talismânica das “circunstâncias complexas” “percebida”
por um sacerdote ou bispo em “prática pastoral”, enquanto a norma é piamente
defendida como inalterada e imutável como uma “regra geral.”
O
critério nebuloso de “limitações que diminuem a responsabilidade e
culpabilidade” poderia ser aplicada a todos os tipos de pecado mortal habitual,
incluindo a coabitação -que o senhor já comparou com a “verdadeira união” – “uniões
homossexuais” – a qual à legalização o senhor se recusou se opor- e a contracepção, que, incrivelmente,
tem declarado como moralmente permissível a fim de evitar a transmissão de
doença, que o Vaticano confirmou mais tarde como, de facto, o seu ponto de
vista.
Assim,
a Igreja estaria “em certos casos” contradizendo, na prática o que ela ensina,
em princípio, a respeito da moralidade, o que significa que o princípio moral
está praticamente derrubado. No meio da farsa sinodal, mas sem mencioná-lo, o
cardeal Robert Sarah, com razão, condenou uma disjunção entre os preceitos
morais e sua “aplicação pastoral”: “A ideia de que consistiria em colocar o
Magistério em uma bela caixa e separá-lo da prática pastoral que pode evoluir de acordo com as
circunstâncias, modismos e paixões -é uma forma de heresia, uma patologia
esquizofrênica perigosa”.
No
entanto, como seria tê-lo, com base no “discernimento” por padres ou Ordinários
locais, certas pessoas que vivem em uma condição objetiva de adultério poder
serem consideradas subjetivamente inculpável e admitidos à Santa Comunhão sem
qualquer compromisso com uma emenda de vida, mesmo eles sabendo que a Igreja
ensina que a sua relação é adúltera. Em uma recente entrevista o renomado
filósofo austríaco Josef Seifert, um amigo do Papa João Paulo II e um dos
muitos críticos da Amoris, cujas súplicas privadas para correção ou retração do
documento o senhor tem ignorado, observou publicamente o absurdo moral e
pastoral que o senhor agora aprova explicitamente:
“Como
isso deve ser aplicado? O padre diz ao adúltero: “Você é um bom adúltero Você
está em estado de graça. Você é uma pessoa muito piedosa de modo a obter a
minha absolvição sem mudar sua vida e pode ir.. para Sagrada Comunhão. ' E vem
outro, e ele [o sacerdote] diz: “.... Oh, você é um verdadeiro adúltero. Você
deve primeiro confessar. Você deve revogar a sua vida, você deve mudar a sua
vida e então você pode ir para a Comunhão”
“Quero
dizer, como é que isso funciona? .... Como pode um padre ser um juiz da alma
[e] dizer que é um verdadeiro pecador e o outro que é apenas um bom homem
inocente,? Quero dizer que parece completamente impossível . Apenas um padre como
padre Pio, com visão das almas, poderia dizer isso, e ele [padre Pio] não diria
isso ...”.
Com
o seu louvor e aprovação, os bispos de Buenos Aires até sugerem que as crianças
vão ser prejudicadas se o seus pais divorciados e “recasados” não fossem autorizados
a continuar em relações sexuais fora do casamento, enquanto profanam o
Santíssimo Sacramento. Um defensor casuístico de seu afastamento da sã doutrina
supõe que isso significa que adultério só é um pecado venial se um parceiro em
adultério está sob “coação” para continuar a relação sexual adúltera, porque o
outro parceiro ameaça deixar as crianças. De acordo com essa lógica moral,
qualquer pecado mortal, incluindo o aborto, se tornaria venial apenas pela
ameaça de uma das partes em terminar um relacionamento adúltero se o pecado não
estiver comprometido.
Pior
ainda, que fosse possível, os bispos de Buenos Aires, dependendo exclusivamente
de suas novidades, se atrevem a sugerir que as pessoas que continuam
habitualmente em relações adúlteras vai crescer em graça enquanto,
sacrilegamente, receberem a Sagrada Comunhão.
Assim,
o senhor não tem planejado nenhuma mera “mudança de disciplina”, mas sim, uma
mudança radical da doutrina moral subjacente de forma que se institucionalize
uma forma de ética da situação na Igreja, reduzindo preceitos morais objetivos
e universalmente vinculativos a meras regras gerais a partir das quais haveria
inumeráveis “exceções” subjetivas baseadas em “circunstâncias complexas” e
“limitações” que supostamente reduzem pecados mortais habituais em pecados
veniais ou mesmo meras falhas que não colocam nenhum impedimento para a Sagrada
Comunhão.
Mas
Deus encarnado não admitia essas “exceções” quando Ele decretou em Sua
autoridade divina: “Todo aquele que
repudia sua mulher, e casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que
foi repudiada pelo marido, comete adultério ( Lc 16:18).”
Além
disso, como a Congregação para a Doutrina da Fé, sob João Paulo II declarou a
rejeição da “proposta Kasper” que tem sido claramente a sua proposta: “Essa
norma [excluir os adúlteros públicos dos sacramentos] não é de todo uma punição
ou a discriminação contra os divorciados que voltaram a casar, mas exprime uma
situação objetiva que, por si, torna impossível a recepção da Sagrada Comunhão.”
Ou
seja, a Igreja nunca pode permitir que aqueles que vivem em adultério serem
tratados como se as suas uniões imorais fossem casamentos válidos, mesmo que os
parceiros de adultério efusivamente afirmem inculpabilidade subjetiva, enquanto
conscientemente estão vivendo em violação do ensino infalível da Igreja. O
escândalo resultante seria corroer e, finalmente, arruinar a fé do povo, tanto na
indissolubilidade do matrimônio como na presença real de Cristo na Eucaristia.
Com a sua aprovação total, a admoestação dos bispos de Buenos Aires rejeitaram a
Familiaris Consortio de João Paulo II que diz “se se admitissem estas pessoas à
Eucaristia, os fiéis seriam induzidos ao erro e confusão acerca da doutrina da
Igreja sobre a indissolubilidade do matrimónio.”
Neste
exato momento na história da Igreja, portanto, o senhor está levando os fiéis
“ao erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do
matrimônio.” De fato, assim determinado, é o senhor que impõe sua vontade
errante sobre a Igreja que, em Amoris (n . 303) o senhor se atreveu a sugerir
que o próprio Deus perdoa as relações sexuais dos divorciados e “recasados” se
eles não podem fazer melhor em suas circunstâncias “complexas”:
“No
entanto, essa consciência pode reconhecer não só que uma situação não
corresponde objetivamente às exigências gerais do Evangelho. Também pode
reconhecer com sinceridade e honestidade aquilo que, por agora, é a respost
generosa que pode ser dada a Deus, e descobrir com certa segurança moral que essa
é a entrega que Deus mesmo está reclamando em meio à complexidade concreta dos
limites, embora, todavia, não seja plenamente o ideal objetivo”.
Em
sua carta a Buenos Aires, ao aprovar explícitamente a Sagrada Comunhão para
alguns adúlteros públicos o senhor também prejudicava a capacidade dos bispos
mais conservadores manterem o ensino tradicional da Igreja. Como pode bispos
dos Estados Unidos, Canadá e Polónia, por exemplo, continuarem a insistir na
disciplina bimilenar da Igreja, intrinsecamente ligado à verdade revelada,
depois do senhor tê-la dispensado em Buenos Aires sob a autoridade de sua “exortação
apostólica”? Com que base eles vão enfrentar uma multidões de objeções, agora
que o senhor sacudiu o solo da Tradição sob seus pés?
Em
suma, depois de sua astuta ambiguidade artística em relação aos adúlteros
públicos com relação à Confissão e da Santa Comunhão, o senhor declara agora
com igual astúcia a derrubada da doutrina e prática da Igreja, empregando uma
carta “confidencial” que o senhor sabia que vazaria, enviada em resposta a um
documento de Buenos Aires que o senhor pode muito bem ter solicitado como parte
do processo que vem conduzindo desde que foi anunciada a farsa do “Sínodo sobre
a Família”.
Tal
como escreveu o intelectual e autor católico Antonio Socci: “É a primeira vez
na história da Igreja que um Papa colocou sua assinatura numa anulação de lei
moral.” Nenhum Papa anterior jamais perpetrou tal ultraje.