Não houve
nenhum concílio ecumênico na história, exceto o Vaticano II, que tenha alegado
ter um espírito próprio. Não há espírito de Nicéia, do Segundo Latrão ou do
Concílio Vaticano I. O espírito do Concílio Vaticano II foi inventado e
endossado por teólogos, liturgistas e sacerdotes que acreditavam, ou pelo menos
declaravam, que o texto real dos documentos do Concílio Vaticano II nada mais
foi do que o ponto de partida para uma releitura radical da fé e da prática
católica para acomodar as necessidades do homem moderno.
A iconoclastia
que caracterizou a década após o Concílio, em que tantos templos foram
saqueados – altares desmontados e substituídos por mesas, estátuas removidas ou
destruídas, tabernáculos movidos para cantos onde passavam despercebidos, canto
gregoriano e polifonia substituídos por cantos sentimentais que imitavam
algumas das piores canções populares dos anos setenta, a aparição surpresa de
coroinhas e ministros da Eucaristia – não podem ser atribuídas diretamente à
Sacrosanctum Concilium, a constituição sobre a liturgia promulgada pelo
Concílio Vaticano II. A verdade é que a revolução litúrgica que se seguiu ao
Concílio é filha daqueles que tiraram o espírito conciliar das mangas para
impor seu conceito de aggionarmento
ou atualização da Igreja. O ruim do aggionarmento é que seu aplicativo sempre
chega atrasado. Quando os frutos do espírito do Concílio foram postos em
prática, os anos sessenta já haviam passado.