“O único fim, o único objetivo de
toda música é o louvor a Deus e a recreação da alma. Quando isso se perde de
vista, não pode haver mais verdadeira música, restam somente ruídos e gritos
infernais” (Johann Sebastian Bach)
Na atual idade das trevas, principalmente na época iniciada
na segunda metade do século XX, é impossível ignorar um fenômeno internacional,
que envolve milhões de pessoas e representa milhões de horas de audição.
Analisemos um pouco essa música inseparável da vida
quotidiana da juventude atual.
Designaremos
aquele tipo de música que os jovens escutam desde 1950 até nossos dias,
incluindo, logicamente, as variações dentro dos mesmos estilos. Incluímos o
velho “rock n’roll”, o blues, o jazz, o pop, o techno, o funk, o rap, reggae, axé, forró e demais
selvagerias. Todos esses diversos tipos
pertencem a uma mesma família - embora uns tentem se mostrar mais cultos,
inteligentes, politicamente engajados e até mais heroicos do que outros;
compartilham entre si características essenciais, utilizando os mesmos
princípios de composição e de interpretação. São estes princípios específicos
que chamam nossa atenção.
O objetivo é considerar esses estilos sob o prisma
musical, considerá-lo única e exclusivamente como música, composto de elementos
comuns a todo gênero de música: melodia, harmonia e ritmo.
Apesar de serem comuns a toda música, esses três
elementos não ficam dispostos da mesma forma, nem têm a mesma importância. Bach
e U2, Chopin e AC-DC, Dvorak e Black Sabbath, Haendel e Rolling Stones,
utilizam em suas composições melodia, harmonia e ritmo mas não do mesmo modo.
Como é que esses músicos utilizam tais elementos? Na prática, qual é a
diferença, musicalmente falando, entre o solo de um guitarrista de Pink Floyd e
uma Fuga de Bach?
Mas a diferença é evidente, pode objetar o leitor. Então,
porque tantas páginas para demonstrar algo tão claro como a água: “Bach é a
verdadeira música, o rock não é mais do que barulho”?
... Mas se o rock fosse apenas barulho sem dúvida não
teria tal êxito: grave o barulho de um engarrafamento em sua cidade, depois
divulgue-o, isso não seria suficiente para fazer de você um ídolo. Demonstrar
que o rock não é música e é só barulho não é tão simples.
Assim, limitar-se a acusar o rock – não sem razão – de
ser uma música para drogados, demoníacos e depravados, não é argumentação
suficiente para os jovens apaixonados por
essa música; ao contrário, isso reforçará seu apego a ela só pelo gosto de
desafiar e de ser “originais”. O resultado seria o contrário do esperado...
A palavra mousike, mousiké, designava o conjunto de artes
inspiradas pelas musas: a poesia, a música e a dança. Depois, mais
particularmente, foi aplicada à arte dos sons. As possibilidades de ordenação
dos sons são inúmeras, mas é possível definir os princípios que regem essas
possibilidades. Esses princípios se aplicam universalmente em qualquer época,
para qualquer instrumento, para qualquer gênero musical. Podemos encontrar três
elementos comuns a toda forma musical, seja romântica, medieval, barroca,
clássica, folclórica, sinfônica, polifônica, de câmara, sacra ou uma ópera. São
eles:
Melodia - Harmonia –
Ritmo
A Melodia:
A melodia é a sucessão de sons cuja escrita linear
constitui uma forma, é o arranjo particular das notas musicais. Além de ser uma
série de sons organizados e agradáveis ao ouvido, a melodia produz também um
efeito sobre a alma humana: ela exprime sentimentos, paixões; traduz um
pensamento, expressa uma realidade ou um ideal; com algumas notas, a melodia
evoca um ser querido,ou uma estação.
Desenvolve-se “horizontalmente” como um relato; cada uma
das notas engendra outra nota. Pode fazer-nos rir ou chorar, amar ou odiar,
crer ou desesperar, sonhar ou dançar. A melodia é a alma da música. Ela revela
a genialidade ou manifesta a pobreza de
um compositor.
A melodia se dirige ao que o ser humano tem de superior:
a inteligência, a nobreza da alma, o
desejo de infinito, de felicidade.
“A paciência ou o estudo bastam para reunir sons
agradáveis, mas a composição de uma bela melodia é obra de gênio. A verdade é
que uma melodia bonita não necessita de ornamentações nem de acompanhamentos
para agradar. Para saber se é realmente bonita, temos de cantar a melodia sem
acompanhamento”, afirmava Joseph Haydn, cujas sinfonias transbordam grande
riqueza melódica.
A música é a arte que exerce maior impressão sobre o ser
humano: ela sustém o soldado pronto a sacrificar a vida, eleva a Deus – o canto
dos salmos, essencialmente melódico, fazia chorar Santo Agostinho – consola os
aflitos, equilibra os temperamentos ou os abala violentamente. A música pode
ser constituída por uma simples melodia: é o caso do canto gregoriano, de uma partita
para violino de Bach, ou o toque de um clarim.
Em si, a melodia não necessita de um acompanhamento. Este
acompanhamento poderá valorizá-la e enriquecê-la, mas nunca substituí-la.
A Harmonia:
É o conjunto de princípios sobre os quais se baseia o
emprego de sons simultâneos, a combinação das partes instrumentais ou das
vozes; é a ciência, a teoria dos acordes e da simultaneidade dos sons. Um
acorde é um som composto por várias notas.
O canto polifônico (Palestrina, Vittoria, de Lassus...),
o contraponto (1), a arte da Fuga (J.S.Bach), aorquestração sinfônica
(Beethoven, Mahler...) supõem um perfeito conhecimento das leis da harmonia.
Ela oferece menos liberdade do que a melodia, da qual é serva. Se a harmonia
emancipa-se e é exacerbada, a pureza melódica ficará prejudicada.
Isso não significa que a harmonia seja algo elementar. Ao
contrário, pode ser muito complexa, mas em si não é absolutamente necessária à
melodia: o canto gregoriano, tão apreciado pelos grandes músicos5, é cantado em
princípio a capella, isto é, sem acompanhamento do órgão.
Etimologicamente, harmonia vem de uma palavra
grega que significa “conjunto”, “junção simultânea”: a harmonia é arte de
juntar, de combinar sons, em função de uma linha melódica. A melodia e a
harmonia se enriquecem reciprocamente, mas a primeira domina e a segunda se
apaga. A harmonia será tão melhor quanto menos se impor, ocupando seu lugar de
modo preciso e discreto.
Um orador que faça uso da arte do discurso apenas para
fazer-se notar e não para expressar ideias, torna-se pedante, seu discurso é
vazio. Ele canta mais do que fala, e faz de si mesmo o fim do discurso. Da
mesma forma, uma harmonia desmedida que queira atrair excessivamente a atenção
sobre si, transforma a música num
sentimentalismo vão ou uma fanfarronice. Uma harmonia pobre e repetitiva
também reduz a música numa série enjoativa de acordes que “giram em círculo”.
Nada mais desagradável, por exemplo, do que um organista
que utiliza uma composição gregoriana para fazer ouvir seu próprio
acompanhamento; é um contrassenso musical: a melodia não ocupa mais o 1o lugar,
é traída pela harmonia que deveria servi-la. Os sentimentos do organista,
insuflados por suas pretensões musicais, asfixiam a pureza melódica e tiram
dela seu conteúdo.
É esse mesmo erro que caracteriza as músicas da modernas,
cujas melodias, contrariamente ao exemplo precedente, são de extrema pobreza.
Para compensar tal pobreza, o acompanhamento dessas melodias é sobrecarregado
de todo tipo de efeitos, não só harmônicos, como também vocais, instrumentais,
rítmicos considerados “excepcionais” comercialmente, sem dúvida, musicalmente, não. A maior parte dos
êxitos da música moderna, por exemplo, ilustram isto. Além do mais, é sintomático que esses sucessos da moda
sejam passageiros, enquanto que as grandes obras musicais atravessam os
séculos, imutáveis. O tempo é também, a posteriori, um critério de
beleza.
O ritmo
O ritmo dá uma estrutura à melodia. Consideraremos aqui o
ritmo compassado regular, em dois tempos (marcha), três tempos (valsa), quatro
tempos, etc.
O caso do canto gregoriano, em que o ritmo não é
cadenciado, tem de ser considerado à parte: suas linhas melódicas se
desenvolvem por sucessões de “arsis” (impulsos) e de “tesis”
(descansos), em função do sentido do texto e do acento da palavra em latim.
Esse ritmo particular, que nenhum metrônomo pode medir, é a imagem da oração, “a
elevação da alma a Deus” seguida de seu descanso em Deus; a quironomia (A
arte de dirigir um coro com as mãos (“kiros”, em grego: mão)) do canto
gregoriano, sendo tão precisa como a regência clássica, não é menos “imaterial
e flexível”.
Mas, seja neste caso ou no da música clássica em amplo
sentido, aplica-se a afirmação de ritmo dada por Platão, “ordem do movimento”.
Evidentemente, o ritmo em si não é uma coisa má! A natureza que nos cerca está cheia de ritmos:
as estações, as batidas do coração, o golpe dos cavalos, o canto dos pássaros,
as ondas do mar, o sussurro do vento, a órbita dos planetas no espaço...
obedecem a ritmos presentes na criação. Embora esses ritmos não sejam estritamente
periódicos, mesmo quando muitos são de uma impressionante regularidade como as
batidas do coração (graças a Deus!), inscrevem-se, quaisquer que sejam, na
imensa “ordem dos movimentos” da qual o Criador é o 1o Motor. Constituem
um elemento importante na ordem e beleza da Criação.
Os ritmos da música participam de certa maneira dos da
Criação, assim como as cores das harmonias refletem sua beleza. A melodia,
ainda mais elevada, nasceu analogicamente do músico como a Criação nasceu do
pensamento de Deus. É o traço de um desenho, a linha de uma escultura.
O artista recebeu do criador o dom de produzir “beleza”.
Mas, diferentemente da harmonia, o ritmo dirige-se ao homem em sua parte inferior, na parte corporal de
seu ser. Seu corpo é movido pelo ritmo que o faz dançar, aplaudir, marchar,
vibrar ou ao menos mexer os pés compassadamente. Utilizado além da medida o
ritmo afogará a melodia e a harmonia. Se for violento, destruirá a melodia e a
harmonia.
Na boa música, o ouvinte se sente pacificado precisamente
porque esses três elementos – melodia, harmonia, ritmo – ocupam cada um seu
devido lugar em perfeita conformidade com a natureza humana: alma (inteligência
e vontade), coração (sensibilidade), corpo.
Assim, realiza-se o adágio: “A música suaviza os costumes”, eleva a alma, enobrece os
sentimentos e ordena as paixões.
A beleza na música
O grande mestre do coro do mosteiro beneditino de
Solesmes, Dom Joseph Gajard, enquanto celebrava uma missa rezada demorou mais
do que o costume na leitura do gradual, a ponto de o acólito perguntar se ele
havia se sentido mal. “Não - respondeu Dom Gajard – eu não estava
compreendendo bem o sentido do texto, então cantei comigo a melodia, e ela tudo me
explicou”.
“Não há mais que um problema, só um: voltar a dar aos
homens um significado espiritual, fazer chover sobre eles algo parecido ao
canto gregoriano... Não há mais que um só problema: redescobrir que há uma vida
ainda mais elevada do que a da inteligência, e ela é a única que satisfaz o
homem”.
A melodia gregoriana tem esse poder, como revela essa
obra inigualável, o introito “Ressurexi”.
Os conselhos que D. Gajard dá em seguida são
particularmente interessantes: mostram
como essa música é inconcebível sem a vida interior que a inspira e a anima.
É antes de tudo o canto da alma que dá uma forma ao que é somente uma sucessão aparentemente sem grande valor de algumas notas. Certamente a beleza musical
está ligada também a sua interpretação; esta interpretação terá tanto mais
êxito quanto mais se conformar à inspiração do compositor. A inspiração, etimologicamente,
é este sopro interior que guia o compositor.
A música não é só uma série de notas e de sons. Ela vai
muito além, traduz uma ideia, um quadro, um combate, um ideal, sentimentos e
paixões. Toda música, certamente, revela
o seu compositor.
O adágio escolástico: Agitur sequitur esse (a ação
segue o ser) também se aplica à música. Bach, Beethoven e Mozart ou o roqueiro,
axezeiro, forrozeiro, funkeiro, regueiro, pagodeiro, sambista e demais
selvagens cantam o que são, sua grandeza ou sua baixeza, sua paz, sua confiança
ou suas lutas interiores, sua inteligência ou sua animalidade. Eles cantam
aquilo que amam: Deus, a Virgem Maria, sua Pátria... ou o amor pervertido, a
sensualidade, seu ego, as forças do mal, etc.
Dom Gajard assinala aqui a importância do conhecimento do
catolicismo como fonte para uma boa interpretação. Façamos a transposição para
o mundo da música clássica. É claro que uma séria formação em Humanidades é uma
das grandes lacunas de nossa época de técnicos e computadores. O teclado que
nossos jovens contemporâneos utilizam febrilmente raramente é o de um órgão ou
de um piano. Ora, se a música é uma forma de expressão, é necessário que haja
algo para expressar por parte do músico e alguma coisa que possa ser
compreendida por quem escuta. Se este último cresce num mundo onde a formação
na área de ciências humanas (literatura, arte, filosofia, história, música...)
está ausente e ainda por cima, é substituída por uma formação excessiva em ciências exatas, naturais
e informática, é claro que o resultado será uma música feita de tecnologia e de
brutalidade, enquanto que a música clássica será para ele como um estrangeiro
porque se desenvolve num mundo real, humano, e não num mundo virtual e
desumano.
A compreensão e o amor da música e sobretudo sua criação,
necessitam de um mínimo de vida espiritual, a única que pode satisfazer e elevar o homem.
A
música rock
Sabemos como a sensibilidade pode ser fortemente
desestabilizada pelo emprego de ritmos devastadores ou de dissonâncias
sistemáticas, e isso não contribui evidentemente, para a santificação pessoal,
inconcebível sem o domínio das paixões.
Na verdade, o rock é um retrocesso musical. Por
princípio, os elementos essenciais da música no rock estão invertidos. O ritmo ocupa ampla e completamente o
primeiro lugar, a harmonia o segundo e a melodia o último. Essa inversão é
verificada em quase todas as peças do rock, difundidas continuamente nas
estações de rádio. É também o repertório musical mais vendido e, portanto, o
mais escutado.
A seguir analisaremos
estrutura da música rock e veremos as distinções que se impõem.
O Ritmo
É o elemento mais importante no rock, ninguém pode negar.
De fato, não se pode conceber a “música rock” sem o ritmo, que pode ser
classificado de tirânico. Vimos que a função do ritmo na música é dar uma
simples estrutura à melodia, que constitui a essência da música. Se não fosse
assim, a música seria a mais aborrecida de todas as artes, resumindo-se em
diversas cadências.
A palavra “ritmo” vem de “rima”, que distingue a poesia
da prosa, um texto “normal” sem cadência particular.
O “rock n’roll” nasceu dos requebros grosseiros de Elvis
Presley e do “beat” (batimentos, série de golpes rítmicos) agressivo de suas
canções. O nome dos “Beatles” é um jogo de palavras entre “beetle”, besouro e
“beat”, golpe. Não existe nenhum grupo de rock sem bateria. Esse instrumento de
percussão ocupa o lugar central do grupo e impõe um ritmo constante, muito
marcado e pesado. É obstinado, essencialmente repetitivo, apoiado e amplificado
por um baixo que o segue cegamente.
Dois fatos concretos darão uma ideia da absoluta
necessidade desse ritmo duro e lancinante:
· Durante um show do “The Who”, o baterista, Keith Moon,
colapsou repentinamente por causa do abuso de drogas e/ou álcool. O grupo parou
de tocar; o cantor e os guitarristas não eram suficientes para suprir a falta
do baterista. Foi preciso que o líder da banda perguntasse ao público se não
havia algum baterista de rock, mesmo que não fosse profissional. Sim, havia um,
e então foi possível continuar o show.
Isso é impensável na música clássica: se o percussionista
se ausentasse por algum motivo, a obra seria indubitavelmente tocada. O público
não seria mandado embora. A obra perderia um apoio rítmico, mas que não é
absolutamente indispensável, salvo algumas raras exceções que concernem só
algumas partes da partitura. A orquestra poderia realizar sua interpretação,
enriquecendo o auditório com suas melodias e harmonias, muito mais essenciais.
Durante os ensaios, na maioria das vezes, os roqueiros
buscam nervosamente, ao acaso, em suas guitarras, ou eventualmente no teclado,
as notas que “cairiam bem”, sem nenhuma consideração de tonalidades
(maior/menor) de escala de referência. Eles eventualmente escolhem uma tema que
seja o mais simples e percuciente possível. A bateria impõe seu tempo e nada
vai detê-la. Sua estrutura, de uma rigidez absoluta (tac-pum, tac-pum, tacpum,
tac-pum-pum) é a lei suprema que não deixa lugar nem a um mínimo de busca
melódica e harmônica com todas as nuances que implicam.
Certamente estou me referindo aqui ao rock básico, mas o
princípio é o mesmo no mais “evoluído”: o ritmo impõe sua lei aos cantores
da... liberdade sem freios, e não é qualquer ritmo: um golpear violento e
inexorável...
Toda a “arte” do rock se resume em dar o ritmo, e como
autômatos, o cantor e os outros integrantes devem contribuir para isso.
O ritmo se dirige, como já dissemos, à parte inferior,
animal, do homem. Não nos surpreendemos ao observar que a impureza sob todas as formas mina a juventude ligada ao rock. Não
precisa falar aos leitores de todas as
“estrelas” do rock sobre o assunto e a maior parte das letras de suas músicas.
Poderíamos igualmente lembrar os graves problemas
psicológicos que o ritmo obsessivo do rock acarreta, algumas vezes até
originando um transe. Os problemas mais frequentes são a incapacidade de
prestar atenção e uma certa forma de depressão. Os jovens suicidas são também
muito numerosos. O rock não apenas incita explicitamente o consumo de drogas,
mas é em si mesmo uma droga.
Os roqueiros não escondem seu objetivo: “Nossa
intenção é impedir que as pessoas pensem” (Paul Stanley, do grupo Kiss). “A
estratégia própria do rock n’roll é conquistar os corações e atacar as
inteligencias” (Bernardo Vilhena, roqueiro brasileiro).
Quantos jovens que ouvem rock são vítimas inconscientes
dessa música! Quantos jovens católicos (sim!) comprometem sua salvação,
desprezam os dons de Deus, são escravos do pecado, perdem uma possível vocação
unicamente porque seus pais deixam-nos
escutar a “música atual”!
Por que esse adolescente que, apesar de tudo, não é um
jovem mau, é insolente na escola, em casa, preguiçoso, desordenado, facilmente
colérico, instável, centrado em si mesmo? Analisem o tipo de música que ele
sempre escuta, e terão uma boa parte da explicação.
Quando o rock invade a juventude, desordena sua
sensibilidade, enfraquece sua vontade, apaga as aspirações de sua alma e a
desconecta do mundo real porque, musicalmente, o rock é uma aberração. Suprimam
seu ritmo, o ordenem, imponham que ele ocupe seu lugar subalterno, introduzam
uma bela linha melódica, deem-lhe um acompanhamento harmônico matizado e então
começarão a ter verdadeira música, a que faz a juventude desabrochar.
A Harmonia
No rock ela fica limitada, em geral, a três ou quatro
acordes que se repetem continuamente. A facilidade técnica é sempre constante
no rock. Por que se esforçar para estudar harmonia se o essencial é dado pelo
ritmo? O violão é um instrumento particularmente difícil, que exige um grande
esforço de aprendizado. A peça Asturias, de Albéniz, não se aprende de
um dia para outro, arranhando alguns acordes!
Quais são os acordes utilizados no rock?
Estes acordes, três, são exclusivamente acordes de
sétima, de mi com sétima, de lá com sétima e de si com sétima. Interessante, o
acorde de sétima é utilizado na música clássica como um acorde de transição,
resolvido por um acorde consonante segundo uma tonalidade pré-definida: si
menor, Ré Maior, etc. No caso do rock eles são os acordes fundamentais. Isso é uma aberração musical.
Obviamente todas as peças de rock não utilizam necessariamente o acorde de
sétima, mas esses acordes constituem a base do rock.
É claro que o efeito desses acordes dissonantes, desta
constante desarmonia, será uma atmosfera de tensão contínua, de mal estar, de
instabilidade, de vazio na alma, de frustração. A sensibilidade não terá um
instante de repouso, especialmente se o acorde final for um acorde de sétima,
como no caso do “blues”.
Outros tipos de acorde são aqueles compostos por duas
notas (por exemplo, mi-si),
alternados e repetidos com outra nota (fá #), tocada pelo
dedo mínimo da mão direita,
colados ao ritmo, chamados de shuffle rock,
extremamente utilizados por Chuk Berry em “Johnny be good”, “Roll
over Beethoven” etc.
Resumindo: a harmonia no rock consiste e se limita ao uso
de acordes essencialmente dissonantes ou empobrecidos, em número restrito e
repetidos constantemente.
A melodia
Em 99% dos casos é de pobreza alucinante. Esse elemento
essencial da arte musical não é importante no rock.
Aqui a rainha da música não passa de uma miserável serva.
Vejamos dois exemplos, que não são dos piores casos:
- O título da canção “Goin’ Down” dos Monkees” repete-se
85 vezes em dois minutos.
- O da canção “Cheap thrills” de “Rubens and the Jets” repete-se
36 vezes em 2,5 min.
Muitas vezes uma melodia de rock não chega a um termo; o
final não é preparado porque não há nada a preparar. A conclusão será feita
numa explosão ruidosa, ou em muitos casos, consistirá em repetir uma frase ou
uma série de notas.
Num disco, o final da música é a diminuição progressiva
do volume ou os gritos histéricos do público que acabam por interromper a peça
de rock.
No “rap” a melodia acaba por desaparecer completamente,
tragada pelo ritmo: o cantor pronuncia as palavras (não comentamos aqui a
qualidade e o vocabulário particularmente escolhido) seguindo o ritmo e suas
síncopes. O grupo “Eminem” é um dos principais representantes do “rap”, uma
nova forma do rock muito apreciada atualmente.
Essas “melodias” embrutecedoras, escutadas muitas vezes
pelos jovens, gritadas em seus ouvidos por seus MP3 e/ou i-pod,
terão o mesmo efeito que uma Serenata de Schubert, um coral de Bach ou um
moteto de Mozart?
Uma nobre melodia enobrece, uma melodia pacífica traz
paz, uma melodia pobre produz embrutecimento.
Efeitos especiais
São necessários para compensar um conhecimento
insuficiente da música e uma técnica limitada.
Esses efeitos especiais têm por objetivo aumentar o
impacto sonoro e exacerbar os sentidos. O leitor pode concluir que, com esses
efeitos, uma banda de rock fará o que quiser com seu público.
· A guitarra é provida de uma barra para distorção das
cordas.
· O guitarrista utiliza pedais de distorção, “fuzz”,
“wah-wah”, etc., conectando a guitarra ao amplificador. Eles permitem
metalizar, triturar o som, prolongá-lo, produzir eco, transformá-lo num ruído
de avião, de bombas (por exemplo na “interpretação” do Hino dos EUA por Jimmy
Hendrix), etc.
· Pode-se utilizar também um “bottle neck” que é um
cilindro de metal colocado no dedo indicador da mão esquerda que permite
deslizar sobre as cordas.
· O volume, nos show e boates, frequentemente está acima
do limite que o ouvido humano pode suportar. Os fãs de rock sofrem muitas vezes
de problemas auditivos irreversíveis. Quanto aos roqueiros, o volume dá-lhes
uma impressão de poder, de invencibilidade e lhes permite criar um ambiente de
violência extrema.
· O guitarrista utiliza simultaneamente uma palheta entre
o polegar e o indicador da mão direita para facilitar os golpes e os trinados
rápidos e prolongados.
· Uma guitarra elétrica compõe-se de um braço maior do
que o do violão, fixado sobre uma caixa muito recortada, que permite tocar
notas extremamente agudas. Além disso, para aumentar o “prazer”, pode também
produzir efeitos larsen (microfonia).
· O solista, geralmente, não passa diretamente de uma
nota a outra, e sim progressivamente, distorcendo a corda; o que lhe permite
tocar deliberadamente um pouco acima ou abaixo do acorde do acompanhamento.
· O baterista pode eletrificar sua bateria, assim como
sintetizá-la, isto é, tocar uma nota musical a cada golpe.
· O cantor necessita de um microfone colado a seus
lábios, e conectado a um sistema que permita dar eco ou profundidade e sua voz.
· Luzes deslumbrantes, sincronizadas com o ritmo, varrem
a multidão, ou decompõem os movimentos.
Citamos apenas alguns efeitos relacionados à música: são
eloquentes. Todos contribuem para o aumento da excitação dos sentidos até o
paroxismo.
As letras
É necessário falar sobre as letras, pois, como já vimos,
a música tem uma estreita relação com elas:
- Os temas mais frequentes são: droga, violência, sexo em
todas suas formas, rebeldia contra a ordem estabelecida.
- A qualidade, sem falar dos “yeah”, dos gritos, etc.,
oscila entre o horror e a nulidade,
quando não chegam à blasfêmia. Se nossa juventude
entendesse essas letras em inglês, talvez refletiria um pouco antes de ouvi-la
novamente.
A beleza de uma música é
proporcional à nobreza dos sentimentos que ela traduz e chega à altura dos textos sagrados,
obras literárias, ou simplesmente de bom gosto (canções folclóricas) que ela
ilustra. Não podemos então deduzir, a contrario, o rock e a vulgaridade
andam necessariamente de mãos dadas?
Vejamos alguns exemplos de inspiração dos roqueiros: “Sympathy
for the Devil” (“Simpatia pelo Demônio”, Rolling Stones), “Lucy in the
Sky with Diamonds” (L.S.D. – droga, Beatles), “Brown Sugar”
(droga, The Doors), a canção “We are the champions”, tão ouvida em 1998
por ocasião da vitória francesa na Copa, é na verdade o hino do movimento
homossexual dos EUA”.
“Dead Babies” (Bebês mortos, de Alice Cooper), “Hell’s
Bells” (Os sinos do inferno, do grupo AC/DC), “O álbum branco do demônio”
com a música “Revolution nº 9” (Beatles, 1968), “O sacrifício
mais agradável a Satanás é matar os bebês não batizados”, canta Black
Sabbath em seu disco “bloody sabbath”, “sabbath sangrento”, o grupo Prince canta:
“Façamos como se estivéssemos casados (amor livre), etc., etc.
Seria facílimo encher páginas e páginas de citações
repugnantes dos grupos mais ouvidos pela juventude.
Um tipo de música adapta-se perfeitamente a esses temas:
é o rock. A música clássica, durante o desenvolvimento de toda sua história,
jamais se viu submetida a tal depravação.
A beleza é o “esplendor da verdade” (Aristóteles).
Ora, o rock, em graus distintos, é o vínculo musical preferido da mentira.
Portanto...
O “Rock de qualidade”
Não é raro ouvir elogios às qualidades técnicas desse ou
daquele cantor ou músico de rock, ou às vezes às composições de determinado
grupo.
Os mais citados são: Pink Floyd, os Beatles, Carlos
Santana (guitarrista roqueiro latinoamericano), Emerson (do grupo
“E.L.&P.”), Eric Clapton (guitarrista). Ginger Baker (baterista) e alguns
outros.
O disco “The dark side of the moon”, do grupo Pink
Floyd, foi o fruto de um ano de
trabalho num estúdio de gravação. É verdade que esse
disco tem uma dimensão harmônica diferente dos rocks comuns.
Os Beatles
compuseram melodias agradáveis e bem acompanhadas (“Let it be”, “Hey
Jude”, etc.)
O guitarrista Santana pode tocar o que quiser em sua
guitarra. É um mestre em
improvisação. Assim é também o guitarrista do grupo
“Yes”, que executou, durante um
concerto, com um violão, uma peça extremamente difícil.
· Emerson (de formação clássica) é um excelente pianista
e organista. Certamente, não seriam tantos os fanáticos por rock se nesse
gênero de música só houvesse horrores.
Além disso, a música
atual não podia deixar de passar por uma transição do jazz para o pior e
mais decadente “hard rock”, de Louis Armstrong para AC/DC.
A música dos Beatles
constituiu uma etapa.
Quanto aos virtuoses dos rock, muito raros, e os mais raros ainda compositores
que possuem certa ciência musical mais elevada, distinguem-se todos
precisamente porque se afastam algumas vezes da pobreza habitual do rock, mas sem renegá-lo.
Eles conservam seus princípios fundamentais como a
extrema importância do ritmo e o emprego dos efeitos especiais já mencionados.
Do que estamos falando? Não da música, certamente, mas de
um elemento indispensável à música rock: a REVOLUÇÂO contra toda a ordem
estabelecida. Este é o elemento comum que domina todos os roqueiros em sentido
amplo.
Seria um erro considerar os Beatles somente no plano
musical. Seus cabelos longos, suas roupas, suas letras sobre o amor livre e a
droga converteram-se no símbolo de toda uma geração. Pink Floyd e todos os
demais grupos de rock mantêm esse mesmo objetivo. A extrema violência
engendrada pelos grupos musicalmente mais decadentes é também uma consequência
da imoralidade pregada tanto por eles quanto pelos grupos mais evoluídos
musicalmente. U2 ou Pink Floyd, os Beatles ou Rolling Stones, Elvis Presley ou
Carlos Santana, Janis Joplin ou Black Sabath, todos os grupos de rock, desde os
mais leve aos mais pesados perseguem um mesmo fim, manifestado em
suas músicas em diversos graus: destruir o homem e a sociedade tal como Deus
os concebeu. Não se pode esconder isto.
“We don’t need no education: (não precisamos de
educação): estas palavras são cantadas por um coro de crianças(!) no disco “The
Wall”, do grupo Pink Floyd.
- “O rock não é apenas música, é o centro nervoso de
uma nova cultura e de uma juventude revolucionária”.( Revista Rolling
Stones)
- “O rock marcou o início da verdadeira revolução”,
escreveu o anarquista Jerry Rubin
- “O rock é acima de tudo uma atitude, uma maneira de
afrontar a sociedade, que
transcende ritmos e melodias”, afirmou Luiz Antônio Melo, diretor
de uma rádio
brasileira.
- “Todo rock é revolucionário” (Revista “Times”)
- “A rebeldia é a base de nosso grupo, os jovens nos
consideram como heróis porque seus pais nos odeiam” (Alice Cooper)
- “O que nos interessa é a revolução e a desordem”
(Jim Morrison, do grupo “The Doors”).
O " Rock cristão”
Basta um pouco de senso comum para compreender que o
cristianismo e o rock são
incompatíveis: o cristianismo é a religião da ordem,
porque trabalha com a finalidade de restaurar todas as coisas em Nosso Senhor
Jesus Cristo. O rock é uma música desordenada, pois a hierarquia dos elementos
musicais (melodia – harmonia – ritmo) está invertida. É a revolução na música e
a música da revolução. Um “rock cristão” é algo tão contraditório quanto um
“inferno gelado”.
O rock é música porque se serve dos elementos musicais,
mas é uma música doente, na contramão e desequilibrada. É como um louco, que
perdeu o uso normal de suas faculdades, sem, entretanto, perder sua natureza
humana.
Há graus na loucura, como há graus na perversão musical
do rock.
A bela e verdadeira música é muito mais do que um
conjunto ordenado de sons agradáveis. Sua influência, como a educação, é de
ordem espiritual, moral40 e política - no rock acontece o contrário. A música
clássica ordena as paixões humanas sem destruí-las ou excitá-las. Não conduz a
sociedade à anarquia, finalidade do rock, mas favorece a paz da cidade como
muito bem expressa W.T.Walsh: “Na Espanha medieval, como na Grécia, a música
era considerada um elemento essencial a toda educação. A pessoa que não
soubesse cantar ou tocar vários instrumentos, não era considerada
educada. Ruy Sánchez de Arévalo dirige a Henrique IV a seguinte apologia
da música: “A qualidade por excelência
dessa nobre arte e seu digno exercício consistem em dispor e dirigir os
homens, não só às virtudes morais, mas também às políticas, que os
tornam capazes de reinar e governar. Devido a isso, este virtuoso exercício
deve ser recomendado aos reis e príncipes”.
“O homem que não tem música em si mesmo e não se
emociona com um concerto de suaves
acordes é capaz de traições, complôs e rapinas” (William Shakespeare, “O
mercador de Veneza”, V, 1, Lorenzo) e o que encontramos nos ambientes de
músicas libertinas? A destruição do ser humano é visível: adultérios,
homicídios,roubos, brigas, anarquia, pessoas alcoolizadas, toxicômanos, corpos
multilados com piercing e tatuagens. A
toda essa decadência dar-se o nome de liberdade.
OBS: Demos ênfase ao rock pois, é o estilo que mais
brutaliza o ser humano e não por acaso, é o mais difundido, quanto mais
animalizado e entregue aos vícios, mais fácil o homem fica de ser uma peça
manipulável, o mesmo se dar com outros estilos corrompidos em sua estrutura
como o rock (rap, samba, funk, axé, pagode, tecno, forró etc), são estilos
perfeito para fazer a política do pão e circo como no império romano.
Desgraçadamente, a igreja montada no Concílio Vaticano II,
convocado por João XXIII, com o propósito de se “arejar” com ventos do mundo
(que tem o demônio por príncipe), introduziu em sua “nova evangelização” todas
essas músicas corrompidas e que despertam vícios e pecados tudo com o aplauso
e bênção do clero modernista e apóstata. Muitos cristão dizem: “escuto e não
faço mal nenhum”; propagar o mal, não é ruim? Uns por ingenuidade outros por
cinismo querem adaptar esses lixos sonoros à fé, acham eles que se preservar o
ritmo e colocar letras religiosas ficou pronto o louvor, quanta insensatez. É sempre
bom lembrar São Paulo: “Que união pode haver entre luz e trevas ?”(2 Cor 6: 14)a
única coisa que ficou preservada foi a paixão dos jovens e o espírito de
concupiscência se faz presente nas paróquias mundo afora.
Infelizmente
pode-se evocar também os cânticos progressistas da liturgia moderna, cujos
efeitos são mais de contorcer-se do que rezar. “Nunca compreenderei porque o
clero, que possui este magnífico tesouro que é o canto gregoriano, tem o
mal gosto de utilizar outra coisa em suas Igrejas”. O Alleluia de Taizé,
por exemplo, grande êxito internacional da Igreja conciliar, não tem nada a ver,
musicalmente falando, com o Alleluia gregoriano. Certamente um estudo sobre
isso terminaria com conclusões que não honrariam a liturgia progressista...
Um dos efeitos da música, paradoxalmente, é dispor a alma
para o silêncio, deixar de lado as preocupações, silenciar o alvoroço do mundo
e “dar aos homens um significado espiritual”.
“Quando se toca música, não se digam bobagens, guarde-se
o silêncio”, recomenda a Sagrada Escritura (Eclesiástico 32,4). Os lixos
sonoros, ao contrário, faz parte dessa “conspiração
contra toda espécie de vida interior”, que é a vida moderna. Ele ensurdece
as almas; é sua principal perversão musicalmente falando.
Bach e Pink Floyd – Pe. Bertrand Labouche. Com adaptações do blog.
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