terça-feira, 9 de abril de 2013

Fátima e o Vaticano II (Maçóns e Comunistas)


O aparecimento do Catolicismo liberal como já notamos, o objetivo da Maçonaria não era destruir a Igreja, o que os Maçons sabiam ser impossível, mas antes neutralizar e instrumentalizar a Igreja - isto é, transformar o elemento humano da Igreja num instrumento de promoção dos objetivos maçônicos, induzindo os membros da Igreja a abraçar as ideias liberais. Uma Hierarquia liberalizada prestar-se-ia facilmente a colaborar no estabelecimento do ideal maçônico  de uma nova ordem mundial (novus ordo seclorum) - uma falsa fraternidade pan- religiosa na qual a Igreja abandona o Seu título de ser a única arca de salvação e cessa a Sua oposição às forças do Mundo. A primeira fase deste processo manifestou-se no século XIX, altura em que a sociedade estava cada vez mais permeada com os princípios liberais da Revolução Francesa. Este programa já causava grande detrimento à Fé católica e ao Estado católico em meados daquele século. As supostamente mais amáveis e mais suaves noções de pluralismo, de indiferentismo religioso, de uma democracia que acredita que toda a autoridade vem do povo, de falsas noções de liberdade, de reuniões inter-religiosas, da separação entre a Igreja e o Estado, e de outras novidades estavam a apertar as mentalidades da Europa do pós-Iluminismo, infectando tanto estadistas como eclesiásticos.


Os Papas do século XIX e do início do século XX fizeram guerra aberta contra estas tendências perigosas. Com uma presença de espírito assente na certeza sem compromissos da Fé, estes Papas não se deixaram arrastar. Sabiam que os maus princípios, por mais honrosos que possam parecer, não podem dar bom fruto; e que estavam perante maus princípios na sua forma pior, porque não estavam assentes só na heresia, mas na apostasia.

O ataque mais devastador veio sob a forma do monumental Syllabus de Erros do Bem-Aventurado Papa Pio IX, por ele acrescentado à sua encíclica Quanta Cura (1864). Quando o fumo se dissipou, não restavam dúvidas a nenhum dos implicados na batalha sobre quem estava de cada lado. A linha de demarcação fora traçada claramente.

O número dos Católicos liberais continuou a aumentar. A crise atingiu o cúmulo pelo final do século XIX, altura em que o liberalismo de 1789 que circulava com o vento se converteu no tornado do modernismo. O seu antepassado religioso é a Reforma protestante (…) o seu progenitor filosófico é o Iluminismo (…) a sua linhagem política vem da Revolução Francesa.

A que chamamos nós modernismo? O modernismo não é, nem mais nem menos, do que uma síntese ou combinação de todos os erros do Catolicismo liberal num sistema filosófico e teológico completo, cujo efeito é enfraquecer insidiosamente a integridade de toda a Fé Católica.

São Pio X sufoca a rebelião modernista

O Papa S. Pio X, que ascendeu ao Sólio Pontifício em 1903, reconheceu no modernismo uma praga altamente mortífera que devia ser detida. S. Pio X combateu o modernismo, isolando, definindo e condenando sistematicamente as suas muitas proposições errôneas. Em particular, S. Pio X lançou uma encíclica monumental contra o modernismo (Pascendi Dominici Gregis) e um Syllabus dos erros modernistas (Lamentabili). Na Sua encíclica Pascendi, este grande Papa escreveu: «(...) continuam a derramar o vírus por toda a árvore, de sorte que coisa alguma poupam da verdade católica, nenhuma verdade há que não intentem contaminar». Na mesma encíclica chamava ao modernismo o destilado de todos os erros, declarando que a obrigação mais importante do Papa era assegurar a pureza e a integridade da Doutrina Católica, e que, se nada fizesse, faltaria ao Seu dever essencial.

Mas S. Pio X não se deteve aqui. Alguns anos depois da Pascendi, reconhecendo que os Modernistas deviam ser esmagados antes que se erguessem e causassem uma devastação na Igreja, este santo Papa apresentou a sua carta Sacrorum antistitum, que ordenava que todos os sacerdotes e professores fizessem o Juramento Anti-Modernista.

Supervisou o afastamento dos modernistas de Seminários e Universidades, e excomungou os obstinados e os impenitentes. S. Pio X sabia que os modernistas atacavam a própria natureza da Igreja e que, na sua audácia, estavam já a tentar destruir o Dogma e a Tradição da Igreja:
A gravidade do mal cresce de dia para dia, e deve conter-se a todo o custo. Já não nos defrontamos, como no princípio, com adversários em pele de cordeiro, mas com inimigos aberta e desavergonhadamente assumidos na nossa própria casa, os quais, tendo feito um pacto com os maiores inimigos da Igreja [isto é, os maçons, liberais, protestantes, judeus, muçulmanos, etc.], estão decididos a arrasar a Fé.

S. Pio X conseguiu efetivamente deter o avanço do modernismo na sua época. Diz- se, todavia, que, quando o felicitaram por ter erradicado este grave erro, o Papa S. Pio X respondeu imediatamente que, apesar de todos os seus esforços, não conseguira matar a fera - mas apenas forçá-lo a esconder-se. E avisou ainda que, se os responsáveis da Igreja não se mantivessem vigilantes, a fera voltaria no futuro, mais virulento do que nunca. Como veremos a predição de S. Pio X realizou-se - e com violência.

Talvez estivessem também preocupados com os escritos do iluminado notório, o excomungado Cônego Roca (1830-1893), que pregou a revolução e a reforma da Igreja, e que predisse, em pormenores espantosamente precisos, a subversão da Igreja que seria ocasionada por um Concílio.

Roca vaticinou que, através desse concílio, surgiria «um acordo perfeito entre os ideais da civilização moderna e o ideal de Cristo e do Seu Evangelho e isto será a consagração da Nova Ordem Social e o batismo solene da civilização moderna». Por outras palavras, este concílio abriria caminho ao triunfo do plano maçônico para a subversão da Igreja. Roca também se referiu ao futuro do Papado. Escreveu o seguinte:

Há um sacrifício iminente que representa um ato solene de expiação. O Papado cairá; morrerá sob a faca santificada que os Padres do último concílio fabricarão.

A aliança entre a Maçonaria e o Comunismo

Note-se que, ao combater por estes objetivos, os maçons eram camaradas de luta dos comunistas, que conspiravam com eles para derrubar a Igreja e o Estado. Como o Papa Leão XIII observou na Humanum Genus (1884), a sua encíclica monumental sobre a ameaça que representavam as sociedades maçônicas:
«Sim, esta mudança, esta subversão, é planeada deliberadamente e apresentada por muitas associações de comunistas e socialistas; e a estas manobras a seita dos maçons não é hostil, mas, pelo contrário, favorece muito os seus desígnios, e partilha com elas as suas opiniões principais».

Douglas Hyde, ex-comunista e célebre convertido, revelou há muito tempo que nos anos 30 as chefias comunistas enviaram uma diretiva à escala mundial sobre a infiltração da Igreja Católica.

E no início da década de 50, a Srª Bella Dodd também deu informações pormenorizadas sobre a subversão comunista da Igreja. Falando como antiga funcionária de destaque do Partido Comunista Americano, a Srª Dodd disse:
Nos anos 30 pusemos mil e cem homens no sacerdócio para destruir a Igreja a partir do seu interior. A ideia era que estes homens se ordenassem e subissem até ocupar posições de influência e autoridade como Monsenhores e Bispos. Uma dúzia de anos antes do Vaticano II, ela declarou o seguinte: ―Neste momento estão nos cargos mais altos da Igreja - onde estavam a trabalhar para conseguir mudanças que enfraquecessem a eficácia da Igreja na sua luta contra o Comunismo. Acrescentou que estas mudanças seriam tão drásticas que não reconhecerão a Igreja Católica.

A Christian Order recorda o testemunho de um frade que assistiu a uma dessas conferências no início da década de 50:

Ouvi aquela mulher durante quatro horas e ela pôs-me os cabelos em pé. Tudo o que ela disse cumpriu-se à letra. Pensar-se-ia que ela era a maior profetisa do Mundo, mas ela não era profetisa. Estava apenas a expor, passo a passo, o plano de combate da subversão comunista da Igreja Católica. Ela explicou que, de todas as religiões do Mundo, a Igreja Católica era a única temida pelos Comunistas, porque era o seu único adversário eficaz. A ideia geral era destruir, não a Igreja como instituição, mas antes a Fé do povo, e usar mesmo a instituição da Igreja, se possível, para destruir a Fé por meio da promoção de uma pseudo-religião, qualquer coisa parecida com o Catolicismo mas que não era a autêntica doutrina. Logo que a Fé fosse destruída - explicou ela - introduzir-se-ia na Igreja um complexo de culpa. (…) para classificar a Igreja do passado‘ como opressiva, autoritária, cheia de preconceitos, arrogante ao afirmar-se como única possuidora da verdade, e responsável pelas divisões das comunidades religiosas através dos séculos. Isto seria necessário para que os responsáveis da Igreja, envergonhados, adotassem uma abertura ao Mundo‘ e uma atitude mais flexível para com todas as religiões e filosofias. Os comunistas explorariam então esta abertura para enfraquecer insidiosamente a Igreja.

E chegamos agora ao ano crítico do nosso caso. Chegamos a 1958, dois anos antes de 1960 - o ano em que devia revelar-se o Terceiro Segredo, de acordo com o desejo de Nossa Senhora de Fátima, como declarou a Irmã Lúcia. Durante o pontificado do Papa Pio XII, o Santo Ofício, sob a competente direção do Cardeal Ottaviani, manteve o Catolicismo em terreno seguro, mantendo sob freio os cavalos selvagens do modernismo.

Todavia, nem o Cardeal Ottaviani pôde prever o que ia acontecer em 1958. Iria subir à Cadeira Pontifícia um novo gênero de Papa «que, segundo os progressistas acreditavam, iria favorecer-lhes a causa», e este Papa forçaria um relutante Ottaviani a destrancar e a abrir o curral, forçando-se a si próprio a aguentar a debandada. E nem se podia dizer que esta situação não tivesse sido prevista. Ao receber a notícia da morte do Papa Pio XII, o velho D. Lambert Beauduin, amigo de Roncalli (o futuro Papa João XXIII), confessou ao Padre Bouyer: «Se elegerem Roncalli, é a salvação: ele seria capaz de convocar um concílio e de consagrar o ecumenismo».


E aconteceu tal como D. Lambert vaticinou. Roncalli foi eleito, tomou o nome de João XXIII, convocou um Concílio e consagrou o ecumenismo. A revolução de tiara e capa, prevista pela Alta Vendita, estava em marcha.

Um dos primeiros atos da revolução foi pôr de lado o Terceiro Segredo de Fátima. Contrariando as expectativas do mundo inteiro, a 8 de Fevereiro de 1960 (pouco mais de um ano após a convocação do Concílio), o Vaticano divulgava a seguinte notícia anônima, através da agência noticiosa A.N.I.:

Cidade do Vaticano, 8 de Fevereiro de 1960 (A.N.I.) -«Acaba de ser declarado em círculos altamente fidedignos do Vaticano que é muito possível que nunca venha a ser aberta a carta em que a Irmã Lúcia escreveu as palavras que Nossa Senhora confiou aos três pastorinhos, como segredo, na Cova da Iria (...) É muito provável que o Segredo de Fátima fique para sempre sob absoluto sigilo.»

Primeiro, e ainda antes da abertura do Concílio, houve mais uma traição à Mensagem de Fátima - sinal de muitas coisas sem precedentes que iriam acontecer. Na primavera de 1962, em Metz, França, o Cardeal Eugène Tisserant encontrou-se, nada mais nada menos, com o Metropolita Nikodim, da Igreja Ortodoxa Russa - um agente da KGB, tal como o eram os outros prelados ortodoxos. Nesse encontro, Tisserant e Nikodim negociaram o que viria a ser conhecido como o Pacto de Metz, ou, mais popularmente, o Acordo Vaticano-Moscou.

O acordo era substancialmente o seguinte: o Papa João XXIII, de acordo com o seu ardente desejo, seria favorecido com a presença de dois observadores ortodoxos russos no Concílio; em troca, a Igreja Católica concordava que o Concílio Vaticano II não condenaria o Comunismo soviético nem a Rússia soviética. Significava isto, em essência, que o Concílio iria comprometer a liberdade moral da Igreja Católica ao fingir que aquela forma mais sistemática do Mal humano na História da Humanidade (o Comunismo) não existia - apesar de, na mesma altura em que o Concílio iniciava os seus trabalhos, os Soviéticos perseguirem, prenderem e assassinarem milhões de Católicos.

Os próprios chefes da Igreja tinham descido a ponte levadiça para os Comunistas entrarem e, entretanto, Comunistas e Maçons faziam tudo por tudo para destruírem a Igreja a partir do Seu interior (recordem-se as predições de Bella Dodd):  encorajando «a promoção de uma pseudo-religião: qualquer coisa que se parecesse com o Catolicismo mas que na verdade o não era»; acusando «a Igreja do passado‘ de ser opressiva, autoritária, cheia de preconceitos, arrogante ao afirmar que era a única possuidora da Verdade, e responsável pelas divisões das comunidades religiosas através dos séculos»; envergonhando os dirigentes da Igreja, para que adotassem «uma abertura ao mundo‘ e uma atitude mais flexível para com todas as religiões e filosofias». E finalmente - como Dodd predisse - «Os Comunistas explorariam então esta abertura para subverterem a Igreja».

Este esforço imenso de subversão implicaria, em primeiríssimo lugar, a implantação da teologia modernista num concílio ecumênico - tal como o Cônego Roca e os outros iluminados da Maçonaria já se tinham gabado de vir a suceder.

O Derradeiro Combate do Demônio - Pe Paul Kramer.

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