Os Neomodernistas
aclamam a
“nova” Igreja do
Vaticano II
Foi, pois,
com fortes motivos para tal, que os progressistas - como o Cardeal
Suenens,
Küng, Louis Bouyer e Yves Congar - celebraram o Concílio Vaticano II como uma
Revolução, como a morte de uma era e o começo de outra:
O Cardeal
Suenens, que gozava de grande influência sobre o Papa Paulo VI e
que é o ídolo
dos que se auto-denominam Carismáticos‖ dentro da
Igreja,
alegrou-se
pelo facto de o Vaticano II ter marcado o fim tanto da Época Tridentina como da
era do Vaticano I26.
Hans Küng
vangloriou-se porque, «Comparado com a época Post-Tridentina da
Contra-Reforma,
o Concílio Vaticano II representa, nas suas características
fundamentais,
uma reviravolta de 180 graus (…) É
uma nova Igreja, a que
nasceu depois do Concílio Vaticano II».
O Padre
francês Bouyer, que foi peritus no Concílio, exclamou com alegria que
o aspecto
anti-protestante e anti-modernista da Igreja Católica «mais valia
morrer».
Da mesma
maneira, La
Civiltà Cattolica - revista jesuíta com sede em
Roma -
exclamou com
alegria: «Com o Concílio Vaticano II, a Era Tridentina ficou
encerrada
para a Igreja».
Maçons e Comunistas
exultam
Juntamente
com os neo-modernistas, tanto Maçons como Comunistas exultaram com o resultado
do Concílio. Tal como os autores da The Permanent Instruction of the Alta
Vendita tinham desejado, tal como os infiltrados comunistas a que Bella
Dodd se referiu tinham desejado, as noções da cultura liberal tinham finalmente
ganho apoiantes ao mais alto nível da Hierarquia Católica. Maçons e Comunistas
celebraram a espantosa reviravolta trazida pelo Concílio. Alegram-se ao ver
que, finalmente, os Católicos viram a luz, pois que muitos dos seus princípios
maçônicos foram aceites pela Igreja.
Por exemplo,
Yves Marsaudon, do Rito Escocês, no seu livro Ecumenism Viewed by a
Traditional Freemason, louvou o ecumenismo nascido do Concílio Vaticano II.
Escrevia ele:
Os Católicos (…) não devem esquecer que todos os caminhos levam a Deus. E vão ter
de aceitar que esta corajosa ideia do livre pensamento, a que podemos realmente
chamar uma revolução, difundida através das nossas lojas maçônicas, se espalhou
de forma magnífica por sobre a cúpula de S. Pedro.
Yves
Marsaudon deleitava-se ao acrescentar que «Pode-se dizer que o ecumenismo é o
filho legítimo da Maçonaria».
O espírito de
dúvida e de revolução característico do Post-Vaticano II alegrou,
obviamente, o
coração do maçon francês Jacques Mitterand, que escreveu com aprovação:
Alguma coisa
mudou dentro da Igreja, e as respostas dadas pelo Papa às questões mais
urgentes, como o celibato dos Padres e o controlo da natalidade, são debatidas vigorosamente
no seio da própria Igreja; a palavra do Sumo Pontífice é questionada pelos
Bispos, pelos Padres, pelos fieis.
Para um maçon, um homem que questiona o dogma já é um maçon sem avental.
Os Comunistas
ficaram igualmente deliciados com os resultados do Concílio.
Como declarou
o Partido Comunista Italiano no seu 11º Congresso, em 1964: «O extraordinário
despertar‘ do Concílio, que pode comparar-se com exatidão aos Estados Gerais
de 1789, mostrou a todo o mundo que a velha Bastilha político-religiosa foi
abalada até aos alicerces»35. L'Unità, jornal oficial do Partido
Comunista Italiano, teve o descaramento de, a respeito do Arcebispo Marcel
Lefebvre - que chefiava a oposição tradicionalista contra os liberais
conciliares e tinha proposto que o Concílio condenasse o Comunismo -,
aconselhar o Papa Paulo VI: «Tende consciência do perigo que Lefebvre
representa. E continuai o magnífico movimento de aproximação começado com o
ecumenismo do Vaticano II».
O Papa Paulo VI admite
que a Igreja
foi invadida pelo
pensamento mundano
Como até o
Papa Paulo VI admitiu oito anos após o Concílio, «a abertura ao mundo tornou-se
uma verdadeira invasão da Igreja pelo pensamento mundano. Fomos talvez demasiado
fraco e imprudente.» Mas já três anos depois do Concílio o Papa Paulo VI tinha
admitido que «A Igreja está num período agitado de autocrítica, que poderia
antes chamar-se autodemolição». E em 1972, talvez no mais espantoso comentário
jamais feito por um Pontífice Romano, Paulo VI lamentou que «Por alguma fresta
o fumo de Satanás entrou no Templo de Deus». Consideremos algumas das razões
manifestas para as confissões estarrecedoras do Papa Paulo VI.
A Igreja “reconcilia-se”
com o Liberalismo
Os conservadores‖
que negam que o Vaticano II constitui uma quebra da tradição, ou que contradiz
ensinamentos anteriores, certamente não escutaram os promotores e agitadores do
Concílio, que confessam desavergonhadamente a verdade. Yves Congar, um dos
peritos do Concílio e o principal dos
artesãos das reformas conciliares, confessou com uma satisfação discreta que «A
Igreja teve pacificamente a sua Revolução de Outubro». Congar admitiu também,
como se fosse algo de que devesse orgulhar-se, que a Declaração sobre a
Liberdade Religiosa do Vaticano II é contrária ao Syllabus do Papa
Pio IX. E acrescentou:
Não pode
negar-se que a afirmação da liberdade religiosa pelo Vaticano II diz
materialmente
uma coisa muito diferente da que o Syllabus de 1864 disse, e até mesmo o
oposto das proposições 16, 17 e 19 deste documento.
O próprio
Cardeal Ratzinger, aparentemente não perturbado por
tais
afirmações, acrescentou-lhes uma da sua lavra. Segundo ele, o texto do Vaticano
II Gaudium et Spes não é senão um contra Syllabus. Escreveu:
Se é
desejável apresentar um diagnóstico do texto (Gaudium et Spes), no seu
todo, podemos dizer que (de conjunção com os textos da liberdade religiosa e
com as religiões do mundo) é uma revisão do Syllabus de Pio IX, uma
espécie de contra Syllabus ...
Além do mais,
na opinião do Cardeal Ratzinger, não só as condenações do
liberalismo
no Syllabus do Bem-Aventurado Pio IX, mas também os ensinamentos anti- modernistas
de S. Pio X na Pascendi devem agora ser considerados ultrapassados.
É abandonado o
ensinamento de que a Igreja Católica Romana é exclusivamente a única e
verdadeira Igreja de Cristo
Ao mesmo
tempo que o Concílio adoptava o movimento ecuménico - apenas
anos depois
de o Papa Pio XI o ter condenado na sua encíclica Mortalium Animos - o documento
conciliar Lumen Gentium confundiu por completo a doutrina da Igreja Católica
como sendo a única Igreja verdadeira. Segundo a Lumen Gentium, «a Igreja
de Cristo... subsiste na Igreja Católica».
A Igreja
de Jesus Cristo não é exclusivamente idêntica à Igreja Católica
Romana. Subsiste realmente no Catolicismo
Romano, mas também está presente de vários modos e graus noutras comunidades
cristãs, de tal modo que estas são também o que Deus iniciou em Jesus e
são obedientes às inspirações do Espírito de Cristo.
A Igreja já não procura
a
conversão e o regresso
dos hereges e cismáticos
Com esta nova
visão da Igreja de Cristo‖ como qualquer coisa muito maior do
que a Igreja Católica Romana, não admira que hoje, depois de 40 anos de atividade
ecumênica, até os prelados do Vaticano repudiem abertamente o regresso dos protestantes
e cismáticos a Roma.
Um exemplo
proeminente deste afastamento do ensino tradicional é a declaração recente do
Cardeal Walter Kasper, antigo secretário do mais conhecido herege post conciliar
na Igreja, Hans Küng. Kasper, cujas ideias modernistas são bem conhecidas em
toda a Igreja, foi elevado a Cardeal pelo Papa João Paulo II em Fevereiro de
2001, e atualmente é, no Vaticano, Prefeito do Conselho Pontifício para a
Promoção da Unidade dos Cristãos. Disse Kasper:
… hoje já não
compreendemos o ecumenismo no sentido de um regresso, pelo qual os outros se converteriam‘
e voltariam a ser Católicos‘. Isto foi expressamente abandonado no Vaticano II.
A verdade é
que a declaração de Kasper menospreza o dogma infalível, três vezes definido,
de que «fora da Igreja não há salvação» (extra ecclesia nulla salus). A
própria linguagem destas três definições solenes e infalíveis (e, portanto,
impossíveis de serem mudadas), que são impostas a todos os Católicos (sem exceção
alguma, incluindo Cardeais e Papas) sob pena de serem automaticamente
excomungados (isto é: de serem, por si próprios, expulsos da Igreja Católica) é
o seguinte:
Só há uma
Igreja universal dos fiéis, fora da qual ninguém poderá salvar-se (Papa Inocêncio
III, IV Concílio de Latrão, 1215; D.S. 802; Dz.-Hünermann 802).
Declaramos,
dizemos, definimos e pronunciamos que é absolutamente necessário para a
salvação de toda a criatura humana estar sujeita ao Pontífice Romano (Papa Bonifácio
VIII, Bula Unam Sanctam, 1302; D.S. 875; Dz.-Hünermann 875).
A Santíssima
Igreja Romana crê firmemente, professa e prega que nenhum dos que existem fora
da Igreja Católica, não só pagãos como também judeus, heréticos e cismáticos,
poderá ter parte na vida eterna; mas que irão para o fogo eterno que foi preparado
para o demônio e os seus anjos, a não ser que a ela se unam antes de morrer.
Há relatórios
de casos em que Cardeais
do Vaticano desencorajam ativamente os não Católicos de quererem
converter-se ao Catolicismo concordando, evidentemente, com esta mesma
interpretação falsa do Concílio. O Catholic Family News publicou a história
do Padre Linus Dragu Popian, que tinha crescido sob a influência da Igreja Ortodoxa
romena. Em 1975 arriscou a vida para deixar a Roménia comunista e apresentou-se
como seminarista ao Vaticano, exprimindo o seu desejo de se converter ao
Catolicismo. O então Secretário de Estado, Cardeal Villot, e outros Cardeais do
Vaticano ficaram horrorizados. Disseram ao jovem Popian que ele não devia fugir
ao Comunismo, nem devia converter-se ao Catolicismo, o que prejudicaria as
relações do Vaticano com a Romênia comunista e com a Igreja Ortodoxa romena.
O Reinado Social de
Cristo foi abandonado
Em
consequência da nova orientação da Igreja, em curso desde o Vaticano II,
houve um
abandono de facto dos ensinamentos constantes da Igreja sobre o Reinado Social
de Cristo. Segundo estes ensinamentos, não só os indivíduos como também todas as
nações são obrigados a submeter-se a Cristo e conformar-se com o Seu ensino.
Serão os ensinamentos de Cristo, e não o diálogo com os não crentes, que trarão
a paz ao mundo; é a Sua Igreja que deve servir como o instrumento principal da
paz mundial.
Falando dos
esforços para obter a paz mundial através de uma Liga de Nações, o Papa Pio XI
declarou:
Neste intuito
muitos esforços foram até aqui tentados, mas nada ou quase nada lograram de
êxito, principalmente com referência aos pontos em que são mais vivas as divergências
internacionais. E' que não há
instituição humana capaz de impor a todas as nações uma espécie de Código
Internacional adaptado à nossa época, análogo ao que regia na Idade Média esta
verdadeira Liga das Nações que se chamava a cristandade. Ela também viu se
cometerem muitas injustiças, mas ao menos conseguiu sempre conservar inconteste
o valor sagrado do direito, regra segura segundo a qual tinham as nações de
prestar suas contas.
A “Civilização do Amor”
substitui a conversão
dos pagãos
Todavia,
depois do Vaticano II o Reinado Social de Cristo foi substituído por uma coisa
chamada civilização do amor - uma expressão inventada pelo Papa Paulo VI para
descrever a noção utópica de que o diálogo com o mundo levaria a uma fraternidade
universal de religiões que não seria, de modo algum, explicitamente cristã.
Desde então,
o slogan da civilização do amor tem sido incessantemente repetido.
Até o João
Paulo II foi levado a pensar que os encontros inter-religiosos de oração, tais
como os de Assis em 1986 e 2002, são parte dos meios pelos quais se supõe que esta
noção utópica virá a ser realizada. Todavia, uma visão de tais espetáculos
chegaria para horrorizar o Papa Pio XI e qualquer dos seus antecessores.
Entretanto, o Reinado Social de Cristo numa ordem social católica está excluído
de facto da nova orientação.
Os Católicos são
obrigados
a aceitar a nova
orientação da Igreja?
Os Católicos
são obrigados a submeterem-se ao ensino estabelecido pela Igreja quanto à Fé e
à Moral; mas não são obrigados a submeterem-se às novas atitudes e às novas
orientações de homens da Igreja liberais que, agora, dizem e fazem coisas que nunca
se ouviram nem viram ao longo da História da Igreja. Portanto, os Católicos têm
o direito, e até o dever, de resistir a esta nova orientação, nascida das
ambiguidades do Concílio e das opiniões da nova teologia, que divergem do
Magistério perene e infalível. Há anos que os Católicos têm a falsa ideia de
que devem aceitar o Concílio pastoral do Vaticano II com o mesmo
assentimento de fé que devem aos Concílios
dogmáticos.
Mas isto não é assim. Os Padres Conciliares referiram-se várias vezes ao Vaticano
II como sendo um Concílio pastoral.
O facto de o
Vaticano II ser inferior em autoridade a um concílio dogmático é
confirmado
pelo testemunho do Bispo Thomas Morris, um Padre Conciliar. A seu pedido, esta
declaração só foi aberta após a sua morte:
Fiquei
aliviado quando nos disseram que este Concílio não pretendia definir ou fazer
declarações finais sobre a doutrina, porque uma declaração em matéria de
doutrina tem que ser formulada muito cuidadosamente, e eu considerava os
documentos do Concílio como tentativas de proposta, abertas a uma revisão75.
Temos ainda o
testemunho importante do Secretário do Concílio, o Arcebispo (mais tarde
Cardeal) Pericle Felici. Por altura do encerramento do Vaticano II, os Bispos pediram
ao Arcebispo Felici aquilo a que os teólogos chamam a nota teológica do Concílio
- por outras palavras, o peso doutrinal dos seus ensinamentos. Felici respondeu:
Em vista da
prática conciliar e da finalidade pastoral do presente Concílio, o
sagrado
Sínodo define assuntos da fé e da moral como de aceitação obrigatória por parte
da Igreja apenas quando o próprio Sínodo o declara abertamente.
E disse mais:
Devemos
distinguir, segundo os schemas e os capítulos, os que já foram sujeitos
a definições dogmáticas no passado; quanto às declarações que têm
características de novidade, devemos fazer reservas.
Encerra-se
aqui essa série de publicações baseado no livro “O Derradeiro Combate do
Demônio” do Padre Paul Kramer, para que o leitor desinformado entenda a crise
que a Igreja e se motive a viver uma vida verdadeiramente católica e militante
das causas celestes e rezar muito para que o Terceiro Segredo de Fátima seja
revelado e que o mundo tenha a verdadeira paz com o prometido triunfo do
Imaculado Coração de Maria.
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