quarta-feira, 10 de abril de 2013

Fátima e o Vaticano II (final)

Os Neomodernistas aclamam a
“nova” Igreja do Vaticano II
 
Foi, pois, com fortes motivos para tal, que os progressistas - como o Cardeal
Suenens, Küng, Louis Bouyer e Yves Congar - celebraram o Concílio Vaticano II como uma Revolução, como a morte de uma era e o começo de outra:
 
O Cardeal Suenens, que gozava de grande influência sobre o Papa Paulo VI e
que é o ídolo dos que se auto-denominam Carismáticos dentro da Igreja,
alegrou-se pelo facto de o Vaticano II ter marcado o fim tanto da Época Tridentina como da era do Vaticano I26.
 
Hans Küng vangloriou-se porque, «Comparado com a época Post-Tridentina da
Contra-Reforma, o Concílio Vaticano II representa, nas suas características
fundamentais, uma reviravolta de 180 graus (…) É uma nova Igreja, a que
nasceu depois do Concílio Vaticano II».
 

O Padre francês Bouyer, que foi peritus no Concílio, exclamou com alegria que
o aspecto anti-protestante e anti-modernista da Igreja Católica «mais valia
morrer».
 
Da mesma maneira, La Civiltà Cattolica - revista jesuíta com sede em Roma -
exclamou com alegria: «Com o Concílio Vaticano II, a Era Tridentina ficou
encerrada para a Igreja».
 
Maçons e Comunistas exultam
 
Juntamente com os neo-modernistas, tanto Maçons como Comunistas exultaram com o resultado do Concílio. Tal como os autores da The Permanent Instruction of the Alta Vendita tinham desejado, tal como os infiltrados comunistas a que Bella Dodd se referiu tinham desejado, as noções da cultura liberal tinham finalmente ganho apoiantes ao mais alto nível da Hierarquia Católica. Maçons e Comunistas celebraram a espantosa reviravolta trazida pelo Concílio. Alegram-se ao ver que, finalmente, os Católicos viram a luz, pois que muitos dos seus princípios maçônicos foram aceites pela Igreja.
 
Por exemplo, Yves Marsaudon, do Rito Escocês, no seu livro Ecumenism Viewed by a Traditional Freemason, louvou o ecumenismo nascido do Concílio Vaticano II.
 
Escrevia ele: Os Católicos (…) não devem esquecer que todos os caminhos levam a Deus. E vão ter de aceitar que esta corajosa ideia do livre pensamento, a que podemos realmente chamar uma revolução, difundida através das nossas lojas maçônicas, se espalhou de forma magnífica por sobre a cúpula de S. Pedro.
 
Yves Marsaudon deleitava-se ao acrescentar que «Pode-se dizer que o ecumenismo é o filho legítimo da Maçonaria».
 
 
O espírito de dúvida e de revolução característico do Post-Vaticano II alegrou,
obviamente, o coração do maçon francês Jacques Mitterand, que escreveu com aprovação:
 
Alguma coisa mudou dentro da Igreja, e as respostas dadas pelo Papa às questões mais urgentes, como o celibato dos Padres e o controlo da natalidade, são debatidas vigorosamente no seio da própria Igreja; a palavra do Sumo Pontífice é questionada pelos Bispos, pelos Padres, pelos fieis. Para um maçon, um homem que questiona o dogma já é um maçon sem avental.
 
Os Comunistas ficaram igualmente deliciados com os resultados do Concílio.
Como declarou o Partido Comunista Italiano no seu 11º Congresso, em 1964: «O extraordinário despertar‘ do Concílio, que pode comparar-se com exatidão aos Estados Gerais de 1789, mostrou a todo o mundo que a velha Bastilha político-religiosa foi abalada até aos alicerces»35. L'Unità, jornal oficial do Partido Comunista Italiano, teve o descaramento de, a respeito do Arcebispo Marcel Lefebvre - que chefiava a oposição tradicionalista contra os liberais conciliares e tinha proposto que o Concílio condenasse o Comunismo -, aconselhar o Papa Paulo VI: «Tende consciência do perigo que Lefebvre representa. E continuai o magnífico movimento de aproximação começado com o ecumenismo do Vaticano II».
 
O Papa Paulo VI admite que a Igreja
foi invadida pelo pensamento mundano
 
Como até o Papa Paulo VI admitiu oito anos após o Concílio, «a abertura ao mundo tornou-se uma verdadeira invasão da Igreja pelo pensamento mundano. Fomos talvez demasiado fraco e imprudente.» Mas já três anos depois do Concílio o Papa Paulo VI tinha admitido que «A Igreja está num período agitado de autocrítica, que poderia antes chamar-se autodemolição». E em 1972, talvez no mais espantoso comentário jamais feito por um Pontífice Romano, Paulo VI lamentou que «Por alguma fresta o fumo de Satanás entrou no Templo de Deus». Consideremos algumas das razões manifestas para as confissões estarrecedoras do Papa Paulo VI.
 
A Igreja “reconcilia-se” com o Liberalismo
 
Os conservadores que negam que o Vaticano II constitui uma quebra da tradição, ou que contradiz ensinamentos anteriores, certamente não escutaram os promotores e agitadores do Concílio, que confessam desavergonhadamente a verdade. Yves Congar, um dos peritos do Concílio e o principal dos artesãos das reformas conciliares, confessou com uma satisfação discreta que «A Igreja teve pacificamente a sua Revolução de Outubro». Congar admitiu também, como se fosse algo de que devesse orgulhar-se, que a Declaração sobre a Liberdade Religiosa do Vaticano II é contrária ao Syllabus do Papa Pio IX. E acrescentou:
 
Não pode negar-se que a afirmação da liberdade religiosa pelo Vaticano II diz
materialmente uma coisa muito diferente da que o Syllabus de 1864 disse, e até mesmo o oposto das proposições 16, 17 e 19 deste documento.
 
O próprio Cardeal Ratzinger, aparentemente não perturbado por
tais afirmações, acrescentou-lhes uma da sua lavra. Segundo ele, o texto do Vaticano II Gaudium et Spes não é senão um contra Syllabus. Escreveu:
 
Se é desejável apresentar um diagnóstico do texto (Gaudium et Spes), no seu todo, podemos dizer que (de conjunção com os textos da liberdade religiosa e com as religiões do mundo) é uma revisão do Syllabus de Pio IX, uma espécie de contra Syllabus ...
 
Além do mais, na opinião do Cardeal Ratzinger, não só as condenações do
liberalismo no Syllabus do Bem-Aventurado Pio IX, mas também os ensinamentos anti- modernistas de S. Pio X na Pascendi devem agora ser considerados ultrapassados.
 
É abandonado o ensinamento de que a Igreja Católica Romana é exclusivamente a única e verdadeira Igreja de Cristo
 
Ao mesmo tempo que o Concílio adoptava o movimento ecuménico - apenas
anos depois de o Papa Pio XI o ter condenado na sua encíclica Mortalium Animos - o documento conciliar Lumen Gentium confundiu por completo a doutrina da Igreja Católica como sendo a única Igreja verdadeira. Segundo a Lumen Gentium, «a Igreja de Cristo... subsiste na Igreja Católica».
 
A Igreja de Jesus Cristo não é exclusivamente idêntica à Igreja Católica
Romana. Subsiste realmente no Catolicismo Romano, mas também está presente de vários modos e graus noutras comunidades cristãs, de tal modo que estas são também o que Deus iniciou em Jesus e são obedientes às inspirações do Espírito de Cristo.
 
A Igreja já não procura a
conversão e o regresso dos hereges e cismáticos
 
Com esta nova visão da Igreja de Cristo como qualquer coisa muito maior do que a Igreja Católica Romana, não admira que hoje, depois de 40 anos de atividade ecumênica, até os prelados do Vaticano repudiem abertamente o regresso dos protestantes e cismáticos a Roma.
 
Um exemplo proeminente deste afastamento do ensino tradicional é a declaração recente do Cardeal Walter Kasper, antigo secretário do mais conhecido herege post conciliar na Igreja, Hans Küng. Kasper, cujas ideias modernistas são bem conhecidas em toda a Igreja, foi elevado a Cardeal pelo Papa João Paulo II em Fevereiro de 2001, e atualmente é, no Vaticano, Prefeito do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Disse Kasper:
 
… hoje já não compreendemos o ecumenismo no sentido de um regresso, pelo qual os outros se converteriam‘ e voltariam a ser Católicos‘. Isto foi expressamente abandonado no Vaticano II.
 
A verdade é que a declaração de Kasper menospreza o dogma infalível, três vezes definido, de que «fora da Igreja não há salvação» (extra ecclesia nulla salus). A própria linguagem destas três definições solenes e infalíveis (e, portanto, impossíveis de serem mudadas), que são impostas a todos os Católicos (sem exceção alguma, incluindo Cardeais e Papas) sob pena de serem automaticamente excomungados (isto é: de serem, por si próprios, expulsos da Igreja Católica) é o seguinte:
 
Só há uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual ninguém poderá salvar-se (Papa Inocêncio III, IV Concílio de Latrão, 1215; D.S. 802; Dz.-Hünermann 802).
 
Declaramos, dizemos, definimos e pronunciamos que é absolutamente necessário para a salvação de toda a criatura humana estar sujeita ao Pontífice Romano (Papa Bonifácio VIII, Bula Unam Sanctam, 1302; D.S. 875; Dz.-Hünermann 875).
 
A Santíssima Igreja Romana crê firmemente, professa e prega que nenhum dos que existem fora da Igreja Católica, não só pagãos como também judeus, heréticos e cismáticos, poderá ter parte na vida eterna; mas que irão para o fogo eterno que foi preparado para o demônio e os seus anjos, a não ser que a ela se unam antes de morrer.
 
Há relatórios de casos em que Cardeais do Vaticano desencorajam ativamente os não Católicos de quererem converter-se ao Catolicismo concordando, evidentemente, com esta mesma interpretação falsa do Concílio. O Catholic Family News publicou a história do Padre Linus Dragu Popian, que tinha crescido sob a influência da Igreja Ortodoxa romena. Em 1975 arriscou a vida para deixar a Roménia comunista e apresentou-se como seminarista ao Vaticano, exprimindo o seu desejo de se converter ao Catolicismo. O então Secretário de Estado, Cardeal Villot, e outros Cardeais do Vaticano ficaram horrorizados. Disseram ao jovem Popian que ele não devia fugir ao Comunismo, nem devia converter-se ao Catolicismo, o que prejudicaria as relações do Vaticano com a Romênia comunista e com a Igreja Ortodoxa romena.
 
O Reinado Social de Cristo foi abandonado
 
Em consequência da nova orientação da Igreja, em curso desde o Vaticano II,
houve um abandono de facto dos ensinamentos constantes da Igreja sobre o Reinado Social de Cristo. Segundo estes ensinamentos, não só os indivíduos como também todas as nações são obrigados a submeter-se a Cristo e conformar-se com o Seu ensino. Serão os ensinamentos de Cristo, e não o diálogo com os não crentes, que trarão a paz ao mundo; é a Sua Igreja que deve servir como o instrumento principal da paz mundial.
 
Falando dos esforços para obter a paz mundial através de uma Liga de Nações, o Papa Pio XI declarou:
 
Neste intuito muitos esforços foram até aqui tentados, mas nada ou quase nada lograram de êxito, principalmente com referência aos pontos em que são mais vivas as divergências internacionais.  E' que não há instituição humana capaz de impor a todas as nações uma espécie de Código Internacional adaptado à nossa época, análogo ao que regia na Idade Média esta verdadeira Liga das Nações que se chamava a cristandade. Ela também viu se cometerem muitas injustiças, mas ao menos conseguiu sempre conservar inconteste o valor sagrado do direito, regra segura segundo a qual tinham as nações de prestar suas contas.
 
A “Civilização do Amor”
substitui a conversão dos pagãos
 
Todavia, depois do Vaticano II o Reinado Social de Cristo foi substituído por uma coisa chamada civilização do amor - uma expressão inventada pelo Papa Paulo VI para descrever a noção utópica de que o diálogo com o mundo levaria a uma fraternidade universal de religiões que não seria, de modo algum, explicitamente cristã.
 
Desde então, o slogan da civilização do amor tem sido incessantemente repetido.
 
Até o João Paulo II foi levado a pensar que os encontros inter-religiosos de oração, tais como os de Assis em 1986 e 2002, são parte dos meios pelos quais se supõe que esta noção utópica virá a ser realizada. Todavia, uma visão de tais espetáculos chegaria para horrorizar o Papa Pio XI e qualquer dos seus antecessores. Entretanto, o Reinado Social de Cristo numa ordem social católica está excluído de facto da nova orientação.
 
Os Católicos são obrigados
a aceitar a nova orientação da Igreja?
 
Os Católicos são obrigados a submeterem-se ao ensino estabelecido pela Igreja quanto à Fé e à Moral; mas não são obrigados a submeterem-se às novas atitudes e às novas orientações de homens da Igreja liberais que, agora, dizem e fazem coisas que nunca se ouviram nem viram ao longo da História da Igreja. Portanto, os Católicos têm o direito, e até o dever, de resistir a esta nova orientação, nascida das ambiguidades do Concílio e das opiniões da nova teologia, que divergem do Magistério perene e infalível. Há anos que os Católicos têm a falsa ideia de que devem aceitar o Concílio pastoral do Vaticano II com o mesmo assentimento de fé que devem aos Concílios
dogmáticos. Mas isto não é assim. Os Padres Conciliares referiram-se várias vezes ao Vaticano II como sendo um Concílio pastoral.
 
O facto de o Vaticano II ser inferior em autoridade a um concílio dogmático é
confirmado pelo testemunho do Bispo Thomas Morris, um Padre Conciliar. A seu pedido, esta declaração só foi aberta após a sua morte:
 
Fiquei aliviado quando nos disseram que este Concílio não pretendia definir ou fazer declarações finais sobre a doutrina, porque uma declaração em matéria de doutrina tem que ser formulada muito cuidadosamente, e eu considerava os documentos do Concílio como tentativas de proposta, abertas a uma revisão75.
 
Temos ainda o testemunho importante do Secretário do Concílio, o Arcebispo (mais tarde Cardeal) Pericle Felici. Por altura do encerramento do Vaticano II, os Bispos pediram ao Arcebispo Felici aquilo a que os teólogos chamam a nota teológica do Concílio - por outras palavras, o peso doutrinal dos seus ensinamentos. Felici respondeu:
 
Em vista da prática conciliar e da finalidade pastoral do presente Concílio, o

sagrado Sínodo define assuntos da fé e da moral como de aceitação obrigatória por parte
 
da Igreja apenas quando o próprio Sínodo o declara abertamente.
 
E disse mais:
 
Devemos distinguir, segundo os schemas e os capítulos, os que já foram sujeitos a definições dogmáticas no passado; quanto às declarações que têm características de novidade, devemos fazer reservas.
 
Encerra-se aqui essa série de publicações baseado no livro “O Derradeiro Combate do Demônio” do Padre Paul Kramer, para que o leitor desinformado entenda a crise que a Igreja e se motive a viver uma vida verdadeiramente católica e militante das causas celestes e rezar muito para que o Terceiro Segredo de Fátima seja revelado e que o mundo tenha a verdadeira paz com o prometido triunfo do Imaculado Coração de Maria.

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