quarta-feira, 16 de março de 2022

Matrimônio e divorcismo (teoria divorcista, instituição matrimonial e tese sociológica)

 





A Igreja combate o divórcio, porque é um atentado contra a lei natural, social e religiosa, embora o atentado não alcance diretamente os católicos (os católicos formados).

Estes últimos não se contentam com o contrato civil, que tem apenas efeitos civis, mas recebem o sacramento do matrimônio. Ora, este sacramento é indissolúvel, e não é alçada do poder civil, de modo que o católico considera sempre o casamento indissolúvel, qualquer que seja a atitude dos legisladores civis.

Entretanto, é certo que o sacramento recebe do contrato civil uma nova segurança, um apoio, embora não tenha nada de comum com ele no terreno da religião. Um católico não pode contentar-se com o contrato civil; tem de casar-se perante Deus.

Sendo assim, o contrato civil exclusivo é apenas o casamento dos que não são católicos, e nada faz à instituição divina do sacramento.

A Igreja deve, entretanto, combater o divórcio, como devem combater os homens honrados, porque a Igreja deve defender para todos a lei natural e a lei social, indiretamente ligadas à lei divina.

Os próprios protestantes, que não tem o sacramento do matrimônio, são obrigados a reconhecer a indissolubilidade do casamento; de modo que o divórcio é, como sempre foi, o ideal, a grande aspirações dos gozadores, dos boêmios, dos libertinos. Esta sim, é a verdade inegável.

Analisemos aqui as diversas teses, para, do meio da confusão, salientar a única tese da verdade.

 

I. A teoria divorcista

 

No fundo, apesar de todo palavrório paradoxal dos divorcistas o divórcio resume-se na seguinte teoria: A finalidade do matrimônio é procurar sensações, é p prazer e o gozo.

No dia em que, por uma razão qualquer, tais sensações deixarem de existir, o matrimônio não terá mais razão de ser. A ruptura absoluta e definitiva entre os cônjuges será a coisa mais lógica do mundo.

E os filhos? Sua educação? O escândalo? São uns tantos preconceitos! Procuro outro companheiro ou companheira e tenho razão.

A lama?... A lama não suja mais, visto que o divórcio foi inventado para que agente se deleite na lama sem se sujar.

A sua esposa deixou de agradar-lhe? Não se incomode; o legislador  reserva-lhe todos os meios de separação: é só escolher.

Incompatibilidade de gênio... rusgas precoces... adultério comprovado, estão a alçada de todas as fraquezas, de todas as covardias, de todas a covardias, de todas as traições.

Entre os romanos pagãos, isto era costume, era lei como os divorcistas fizeram hoje na sociedade. Agente casa-se na esperança de divorciar; o divórcio é como fruto do matrimônio. Mudam a lei e não podem fazer outra coisa senão a lei do adultério.

Com a religião nupcial o pudor desaparece; e os mesmos homens, as mesmas mulheres que excitavam a admiração do mundo pela sua pureza, excitam agora o espanto pela luxúria: estes fantasmas de uniões passageiras, todas baseadas em prazer e interesse, desgostam-se do matrimônio e esgotam a fonte da vida. A população diminuiu, e Roma não teve mais soldados para defender-se das invasões dos bárbaros.

A santidade do matrimônio é sacrificada à paixão, diante da qual todo joelho deve dobrar-se.

A luz, a civilização, o progresso, a própria ciência, parecem demonstrar que a solidez das instituições sociais está subordinada aos caprichos, às fantasias, aos apetites baixos dos homens.

Outrora pensava-se o contrário. Ensinava-se que a salvação e a estabilidade da sociedade deviam dominar os impulsos da natureza, e que o matrimônio, em particular, era destinado a meter um freio ao furor das ondas.

Mas tudo isto, grita o divorcista moderno, é preconceito, idiotice e escravidão. Seja tudo submergido, engolfado; esta é a lei do divórcio.

O divorcista, para legitimar a sujeira do divórcio, raciocina como segue: A lama só pode sujar quem estiver limpo; volvendo-se na lama... não há mais sujeira: é sujo sobre sujo, lama sobre lama; tudo fica sujo... e, o contraste entre o limpo e o sujo não existindo mais, permanece apenas uma questão de palavras; o sujo não existindo  mais, tudo é limpeza: a própria lama é a limpeza.