terça-feira, 14 de junho de 2022

O significado e as consequências da consagração do 25 de março

 



Qual é o significado e quais serão as consequências da consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria feito pelo Papa Francisco em São Pedro em 25 de março de 2022?

Na aparição de 13 de julho de 1917 em Fátima, a Virgem anunciou aos três pastorinhos: "Vim pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora dos primeiros sábados”. Em uma revelação privada depois da Irmã Lúcia, que aconteceu em 13 de junho de 1929 no mosteiro de Tuy, Nossa Senhora disse que "chegou a hora em que Deus pede ao Santo Padre para fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Coração Imaculado prometendo salvá-la por este meio.

Nem Pio XI nem seus sucessores cumpriram este pedido, apenas parcialmente. Em 1952 Pio XII consagrou a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, mas sem unir os Bispos do mundo ao seu ato. João Paulo II usou em 1984 o neologismo "nós confiamos" em vez do termo consagração e não mencionou especificamente a Rússia. O modo requerido pela Virgem, porém, está todo presente no ato do Papa Francisco que pronunciou as seguintes palavras: "Solenemente confiamos e consagramos ao teu Imaculado Coração o nosso povo, a Igreja e toda a humanidade, especialmente a Rússia e a Ucrânia. Acolhe esse ato nosso que realizamos com confiança e amor, para cessar a guerra, e proporcione paz ao mundo. O "sim" que brotou do seu Coração abriu as portas da história para o Príncipe da Paz; nós confiamos que, através do seu Coração, a paz virá. À Senhora, então, Consagramos-te o futuro de toda a família humana, as necessidades e aspirações dos povos, as ansiedades e as esperanças do mundo.” A incorporação da Ucrânia à Rússia é perfeitamente legítima, entre outras coisas porque Kiev é o berço da civilização russa e a Ucrânia fazia parte da Rússia em 1917. O uso da palavra "solenemente" atribui especial importância ao ato do Santo Padre, que se realizou em São Pedro, numa austera cerimônia penitencial. No centro da basílica não era o Papa, mas a imagem de Nossa Senhora de Fátima, com a coroa na cabeça e um terço nas mãos, em frente ao altar da confissão iluminado como um dia ensolarado. Quem temia momentos de profanação ou distanciamento dos costumes e tradições da Igreja tiveram que reconsiderar. O Papa Francisco realizou este ato cercado por cardeais, bispos, representantes do mundo diplomático, sacerdotes, religiosos e religiosas e simples fiéis: uma parte qualificada, quase um microcosmo do mundo católico. Nesse mesmo momento, em todo o mundo, milhares de bispos e padres se uniram às palavras de consagração. Os guardas suíços imóveis ao redor do trono papal pareciam captar o eco de uma memória distante, mas nunca removida da história.