quinta-feira, 6 de abril de 2017

Os males de Amoris Laetitia: A Igreja e Asmodeus - Parte IV

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Como duvidar que esta encíclica, questionada publicamente pelo mesmo Cardeal Caffarra (entre outros) a quem a Irmã Lúcia escreveu, não faz parte do choque entre a Igreja e Satanás que mencionamos acima?


 Neste breve olhar sobre Amoris Laetitia, consideramos o casamento, o adultério e a “educação sexual”.


    1. MATRIMÔNIO


A Exortação Amoris Laetitia afirma no § 80: “O casamento é, em primeiro lugar, uma parceria íntima de vida e de amor”, que é um bem para os próprios cônjuges, enquanto a sexualidade é “ordenada ao amor conjugal do homem e da mulher”... No entanto, a união conjugal é ordenada à procriação por sua própria natureza.

Nas notas de rodapé, são fornecidas quatro referências para este texto: Gaudium et Spes § 48 no que diz respeito à “parceria íntima”; O Código de Direito Canônico (1983) c.1055 no que diz respeito ao “bem dos cônjuges”; O Catecismo da Igreja Católica § 2360 no que diz respeito à ordenação da sexualidade ao amor conjugal; Gaudium et Spes § 48 novamente em relação à ordenação do casamento à procriação.

Há duas coisas a serem observadas ao comparar esta passagem da Exortação com o Magistério recente:

1) Representa um passo em frente, na medida em que agora apresenta explicitamente o amor conjugal como o fim primário do casamento (“Matrimônio é primeiro lugar ... amor conjugal”);

2) Essa doutrina é mais um exemplo da tendência erotizante do Magistério recente, manifestada aqui também na reiteração de três doutrinas (que tratamos acima) descrevendo o casamento como uma “parceria íntima de vida e amor” e um “bem para os cônjuges”, e sobre a “ordenação da sexualidade ao amor conjugal”. A sugestão de que o amor conjugal é essencialmente sexual em conteúdo será, de fato, posteriormente elaborada em termos exclusivamente seculares no § 150 intitulado “A Dimensão Erótica do Amor”.

O Papa Francisco segue o Papa João Paulo II em não mais tratando o casamento como inferior à virgindade e ao celibato (Exortação § 159 citando a citada passagem do Papa João Paulo II). Isso certamente corresponde à importância que ele também concede ao amor conjugal.


A) Advocacia do adultério

 No documento Amoris Laetitia § 298, o Papa fala dos casais “divorciados e recasados” nos seguintes termos: “A Igreja reconhece situações onde, por razões sérias, como a educação das crianças, um homem e uma mulher não podem cumprir a obrigação separados (Familiaris Consortio § 84), e acrescenta na nota 329: “Em tais situações, muitas pessoas, conhecendo e aceitando a possibilidade de viver como ‘irmãos e irmãs’ que a Igreja oferece-lhes, indicam que, se certas expressões de intimidade estão faltando, muitas vezes acontece que a fidelidade está em perigo e o bem dos filhos abalados”(Gaudium et Spes, 51).

Comentário

“Expressões de intimidade” refere-se às relações sexuais, como resulta da leitura da passagem completa de Gaudium et Spes, e do fato de as referidas “expressões de intimidade” serem contrastadas com a coabitação “como irmão e irmã”. 

Consequentemente, o texto pode ser resumido da seguinte forma: “Muitos casais divorciados e casados ​​novamente ou que vivem juntos pelo bem de seus filhos, descobrem que as relações sexuais (ou seja, o adultério) são proveitosas para o seu relacionamento e para o bem de seus filhos”.

Vemos então que:

  I) O adultério é justificado; isso é:

  II) como um meio para um fim: a fidelidade do casal e o bem de sua progênie;

  III) numa situação particular, na verdade numa situação vivida por “muitos”;

  IV) em suposta continuidade com o anterior Magistério da Igreja.

Podemos responder a cada um dos pontos da seguinte forma:

 I) O adultério é condenado expressis verbis no Antigo Testamento no VI Mandamento e por Nosso Senhor Jesus Cristo no Novo (Mt 19.9; Mc 10.11-12). Além disso, Nosso Senhor Bendito especifica como um dos pecados que excluem o pecador da vida eterna (Mt.19.17-18), em outras palavras, como um pecado mortal. Sendo, portanto, um mal intrínseco, ele não pode de modo algum ser justificado.

II) São Paulo (Rm 3.8) declara explicitamente que um mal não pode ser feito como um meio para um bem;

III) Aqui está em funcionamento a “Ética da Situação”, com o princípio de que a consciência cria uma norma de acordo com a situação em que o indivíduo se encontra. Em contraste, a Igreja condenou a ética da situação e entende a consciência como um juízo que aplica princípios morais objetivos a ações particulares;

 IV) O Papa (ou seus colaboradores) suprime partes essenciais das passagens das quais ele cita. Na primeira passagem, o Papa João Paulo II, quando fala dos “divorciados e casados ​​de novo” que vivem juntos por motivos que incluem o bem de seus filhos, declara que devem viver em perfeita castidade: se não o fizerem, não poderão receber a Santa Comunhão. Na segunda passagem, o Conselho recomenda relações sexuais por razões de fidelidade e do bem das crianças, mas apenas entre aqueles que são sacramentalmente casados.

Em outras palavras, o Papa João Paulo II afirma que um casal “divorciado e casado novamente” pode viver juntos para o bem de seus filhos, mas em perfeita castidade; O Conselho afirma que as relações sexuais podem promover a fidelidade de um casal e o bem de seus filhos no casamento. Ao combinar as duas passagens ao cortar as referências à castidade e ao casamento, o Papa Francisco pretende justificar o adultério com base no Magistério precedente.

B) O Status Eclesial dos Adúlteros

A Exortação afirma no § 299 que os “divorciados e casados ​​de novo” são “como membros vivos, capazes de viver e crescer na Igreja” e propõe que eles sejam integrados na vida pública da Igreja, como deus-pais, por exemplo. A Tradição da Igreja, juntamente com São Tomás de Aquino, por outro lado, os considera como membros mortos da Igreja, como ramos mortos de uma árvore viva. Por esta razão, e por causa de seu mau exemplo, não é claramente apropriado que os adúlteros assumam posições na vida pública da Igreja, nem lhes foi permitido fazê-lo.

C) Admissão de Adúlteros à Santa Comunhão

Podemos concluir, a partir do § 298 e da nota 329 acima analisada, que se o adultério não é mais considerado como um pecado mortal, segue-se que os adúlteros têm o direito de ser integrados na vida da Igreja, mesmo no que diz respeito à comunhão. Examinemos agora uma das passagens do documento que diz bem explicitamente: “[...] as consequências ou os efeitos de uma regra não precisam necessariamente ser sempre os mesmos [...]. É também o caso da disciplina sacramental, já que o discernimento pode reconhecer que em uma situação particular não existe culpa grave”. (§ 300 com nota de rodapé 336).

Que tipo de justificativa para o acesso à Santa Comunhão o Papa tem aqui em mente? 'Ética da situação'? Mas, como já explicamos, essa ética é nula e nula. Ou é talvez a ignorância por parte do casal que o adultério é um pecado mortal, ou que a Sagrada Comunhão em estado de pecado mortal é um pecado mortal? É verdade que um pecado mortal não é imputado a um pecador que não sabia que era mortal; No entanto, o pecado em questão é mortal objetivamente e é uma ofensa grave contra Deus. Por esta razão, qualquer forma de assistência espiritual, de discernimento, de declaração ou de intervenção por parte da Igreja deve orientar-se para instruir o casal sobre a lei natural e divina objetiva e levá-los a viver na Graça de Deus: não deixando-os na ignorância e no pecado por medo de ofender sua sensibilidade. Em suma, a tarefa da Igreja aqui não é evitar ofender os fiéis, mas evitar ofender a Deus.


3. “EDUCAÇÃO SEXUAL”


Agora que as escolas europeias foram inundadas com programas de “educação sexual” de ordem imoral e puramente hedonista (e tememos que ainda o pior esteja por vir), uma intervenção da Santa Madre Igreja torna-se cada vez mais oportuna e urgente a cada dia que passa. Com a publicação de Amoris Laetitia, alguém poderia ter esperado que a hierarquia teria adotado uma postura verdadeiramente católica em relação à questão, por exemplo:

 I) Uma proposta para fundar novas e autenticamente escolas católicas, ou pelo menos para fundar novos institutos para ensinar a doutrina católica nas escolas existentes;

 II) Um apelo aos pais para que eles possam educar ou, pelo menos, supervisionar a educação dos próprios filhos, como eles são realmente obrigados a fazer de acordo com o fim primário do casamento (isto é, a procriação e a educação das crianças);

  III) Uma exposição clara da doutrina católica sobre o casamento, sobre os atos contrários a ela; sobre a pureza, sobre a impureza e sobre o fato de que todos os pecados contra a pureza são mortais.

Em vez disso, o período § 280-286 intitulado “A Necessidade de Educação Sexual” está singularmente faltando todas essas coisas.

I) Longe de propor alternativas aos atuais programas de “educação sexual”, o documento se limita a sugerir certas modificações ou mudanças de acento sobre delas;

II) O papel educativo dos pais nem sequer é mencionado, em marcado contraste com o documento “A Verdade e o Significado da Sexualidade Humana”, promulgado pelo Vaticano cerca de 20 anos antes (em 1995), que, tendo em conta os perigos de tratar tais questões na escola, firmemente colocar a “educação sexual” dentro da família. Na passagem em questão, Amoris Laetitia de fato ignora completamente o fim primário do casamento, concentrando-se (exceto por uma única referência ao “fim procriativo natural da sexualidade”) no fim secundário do casamento, isto é, no amor: na verdade sobre um amor entendido exclusivamente num sentido emocional, e sobretudo num sentido sexual. Lê-se, por exemplo, sobre a “educação para o amor, para a doação mútua” (§ 280); Sobre a “capacidade de amar” (§ 281-2) e a forma como os “jovens mostram amor” (§ 284).

 III) Em relação à doutrina católica sobre o casamento e a pureza, nada é dito. A sexualidade é, de fato, tratada de maneira exclusivamente psicológica, sem sequer aludir à moralidade. O mal a ser evitado não é mais pecado, mas sim problemas sociológicos ou psicológicos como: “banalização e empobrecimento” (§ 280); “A inundação da pornografia”, a deformação da sexualidade, a incapacitação e a “distorção” da capacidade de amar (§ 281-2); “Narcisismo e agressividade”, “brincar” com corpos e desejos (§ 283); Imaturidade (§ 284); Isolamento (§284-5), não aceitando o próprio corpo, medo do outro (§ 285).

Vemos que a sexualidade fora do casamento não é condenada. Em vez disso, parece ativamente encorajada, de modo que a seção na análise final é inteiramente compatível com esses programas de “educação sexual” já em vigor e os que ainda não foram impostos às crianças: “O impulso sexual pode ser dirigido através de um processo de crescimento no autoconhecimento e autocontrole capaz de alimentar valiosas capacidades de alegria e de encontro amoroso”(§ 280). “O importante é ensinar-lhes a sensibilidade a diferentes expressões de amor, preocupação e cuidado mútuos, respeito amoroso e comunicação profundamente significativa”, em preparação “para a união sexual no casamento como um sinal de um compromisso inclusivo e enriquecido por tudo o que a precedeu”(§ 283, isto é, também § 284).

De fato, a seção é compatível com a ideologia de gênero, na medida em que seu autor contempla a educação sexual não apenas para os adolescentes, mas também para os “filhos” (§ 280 e 281); E tem o prazer de afirmar: “Também não podemos ignorar o fato de que a configuração de nosso próprio modo de ser, seja como homem ou mulher, não é simplesmente o resultado de fatores biológicos ou genéticos, mas de múltiplos elementos tem que formam o temperamento, história familiar, cultura etc. [...]; Mas também é verdade que a masculinidade e a feminilidade não são categorias rígidas”. A seção termina com uma advertência contra “a condição da liberdade legítima que dificulta o desenvolvimento autêntico da identidade e do potencial específico das crianças” (§ 286).


Rorate Caeli - The evils of Amoris Laetitia: The Church and Asmodeus - Part IV

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