O Apóstolo não tolerou que alguns dos Efésios ignorassem a Pessoa do Espírito
Santo. Quando lhes perguntou se tinham recebido o Espírito Santo, eles
responderam que nem sabiam sequer da existência do Espírito Santo. Então logo
se informou: “Em que Batismo, pois, fostes vós batizados (At 19,2)”?
O nome de “Espírito Santo” indica a Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade, conforme o sentido que ocorre nas Sagradas Escrituras,
algumas vezes no Antigo, e com frequência no Novo Testamento.
Assim rezava Davi: “E não tireis de mim o vosso Espírito
Santo (Sl 50,13)!” No livro da Sabedoria lemos: “quem conhecerá
os Vossos desígnios, se Vós lhe não derdes a sabedoria, e das maiores alturas
lhe não enviardes o Vosso Santo Espírito?” (Sb 9,17) E noutro lugar: “Ele
próprio a criou (a sabedoria) no Espírito Santo”. (Ecl 1,9)
No Novo Testamento, recebemos ordem de sermos batizados “em
nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo”(Mt
29,19). São João Batista envia-nos a Cristo, que “nos batiza no Espírito
Santo”(Jo 1,29).
Ninguém deve estranhar que à Terceira Pessoa se não
conferisse nome próprio, como foi dado à Primeira e à Segunda Pessoa.
Tem nome próprio a Segunda Pessoa, e chama-se Filho, porque
Sua eterna origem do Pai se diz propriamente “geração”. Como aquela origem é
designada pelo nome de geração, assim damos o nome próprio de Filho à Pessoa
que descende, e de Pai à Pessoa da qual descende.
Como não se pôs designação particular à origem da Terceira
Pessoa, mas veio a chamar-se sopro ou pocessão, segue-se que a Pessoa assim
produzida não leva nome próprio.
Como nas criaturas não conhecemos outra maneira de comunicar
natureza e essência, senão a que se opera e virtude de geração. Daí nos falta a
possibilidade de exprimir, em termo adequado, como Deus Se comunica inteiramente
a Si próprio pela força do amor. Este é o motivo de chamarmos a Terceira Pessoa
pelo nome comum de “Espírito Santo”.
Reconhecemos que o nome Lhe vai como propriedade; porque é o
Espírito Santo que nos infunde a vida espiritual, e, sem o sopro de Seu poder
santíssimo, nada logramos fazer que seja digno da vida eterna.
Verdedeiro Deus igual
ao Pai e ao Filho. O Espírito Santo
é Deus, como o Pai e o Filho, igual a Eles, da mesma onipotência, da mesma
eternidade, de suma bondade, de infinita sabedoria, da mesma natureza que a do
Pai e do Filho.
Essa doutrina é corroborada por evidentes testemunhos da
Sagrada Escritura. São Pedro disse, nos Atos dos Apóstolos: “Ananias, que
tentou Satanás o teu coração para mentires ao Espírito Santo? Não mentistes aos
homens, mas a Deus”(At 5,3-4). Sem demora designou, como Deus, Aquele que antes
chamara “Espírito Santo”.
Isaías havia declarado: “ Ouvi a voz do Senhor que
dizia: Quem hei de enviar? E falou-me:
Vai, e dirás a este povo: Obceca o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos,
e cerra-lhes os olhos, para que não aconteça verem com os próprios olhos, e
ouvirem com os próprios ouvidos” (Is 6, 8 a 6,10).
São Paulo cita estas palavras, e comenta: “ Bem falou o
Espírito Santo pela boca do profeta Isaías” (At 28,25).
Quando se ordena, por exemplo, empregar no Batismo o nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28,19). Realmente, força nos confessar
que o Espírito Santo também é Deus, pois que Lhes fica ligado pelo mesmo grau
de dignidade.
Esta justaposição das três Pessoas podemos averiguá-la. Na
epístola de são João: “São três os que no céu dão testemunho: o Pai, o Filho, e
o Espírito santo, e estes três são um só” (1 Jo 5,7).
Terceira Pessoa da
Trindade. O espírito Santo é Deus,
mas que devemos confessá-l’O como Terceira Passoa da Santíssima Trindade,
distinta do Pai, e do Filho, dentro da natureza divina, e produzida pela
vontade de um e de outro.
Assim declara o Apóstolo na saudação: “ A graça de Nosso
Senhor Jesus Cristo, e a caridade de Deus, e a caridade de Deus, e a comunhão
com o Espírito Santo, seja com todos vós, Amém (2 Cor 13,13)!
Chamam-Lhe, porém, “Vivificador”, porque a alma tira da
união com Deus uma vida mais intensa, do que o sustento e a conservação, que o
corpo aufere de sua união com a alma. Como a Escritura atribui ao Espírito
Santo esta união da alma com Deus (Rm 8,9), é claro que de pleno direito seja
chamado de “Vivificador”.
Prcedente do Pai e do
Filho. A mesma verdade se releva do
fato de que, Nas Escrituras, o Espírirto Santo é chamado ora “ Espírito de
Cristo” (At 16,7), ora “Espírito do Pai” (Rm 8,9; 8,39). Ora se diz que é
enviado pelo Pai (At 2,17; Mt 2,10), ora pelo Filho (Jo 15,26), para mostrar,
com bastante clareza, que tanto procede do Pai quanto do Filho.
Vivificação
espiritual e distribuição de dons. Há
várias ooperações do Espírito santo. Sem realçar aqui a criação do mundo, a
propagação e a direção dos seres criados, acabamos de ver, que ao Espírito
Santo se atribui de modo peculiar a vivificação, conforme atesta o vidente
Ezequiel: “Dar-vos-ei o Espírito, e vós vivereis” (Ez 37,6).
Os efeitos principais e mais próprios do Espírito Santo, o
Profeta Isaías os enumera: “ O Espírito de sabedoria e inteligência, o Espírito
de conselho e de fortaleza, o Espírito de ciência e de piedade, e o Espírito do
temor de Deus” (Is 11,2-3).
OBS de Santo
Agostinho. Com muita prudência,
Santo Agostinho nos manda averiguar, se quando se fala no Espírito Santo, está
se tratando da terceira Pessoa da Trindade, ou apenas Seus dons e operações.
Estes dois sentidos diferem entre si, como cremos que o Criador difere das
coisas criadas.
Infusão da graça
santificante. Entre todos os mais dons de Sua liberalidade, devemos
enaltecer a graça de justificação, porquanto nos assinala com o “prometido
Espírito Santo, que é o penhor de nossa herança” (Ef 1,13-14).
Esta é a graça que, num elo íntimo de amor, une nossa alma a
Deus. Tem por efeito que, movidos por intenso ardor de piedade, começamos vida
nova; que, “participando da natureza divina” (2Pd 1,4), “recebemos o nome de
filhos de Deus, e o somos na realidade”(1 Jo 3,1).
Catecismo Romano I parte - 8 artigo - cap 9.
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