Tradução: Gercione Lima
Quando o sacerdote celebra a Santa Missa, ele o faz in persona Christi - na pessoa de Cristo.
Como disse São João Crisóstomo, ele "não faz nada de seu próprio poder"; ao contrário, é o próprio Senhor que está presente e ativo oferecendo o Santo Sacrifício (Homilia na Festa de Pentecostes).
Como tal, Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, é exclusivamente presente e visível para os fiéis na pessoa do ministro ordenado na Santa Missa. Esta é uma realidade que obriga, ou pelo menos deveria obrigar, o padre a se render pessoalmente a Cristo, a exemplo de São João Batista, que disse: "Ele deve crescer e eu diminuir" (João 3:30).
O clérigo que está sobrecarregado com a desordem conhecida como homossexualidade, todavia achará necessariamente esta submissão litúrgica de si próprio como uma das propostas mais desafiadoras.
Em 2012, ao escrever um artigo sobre este tópico para o Catholic News Agency, conversei com o psiquiatra Dr. Richard Fitzgibbons, consultor da Congregação Vaticana para o Clero e um dos principais especialistas com quase quarenta anos de experiência clínica no tratamento de padres e outras pessoas que sofrem de "atração sexual pelo mesmo sexo" (SSA).
Segundo o Dr. Fitzgibbons, "Narcisismo - um transtorno de personalidade caracterizado por uma necessidade insaciável de admiração e que frequentemente leva a um comportamento doentio de busca por atenção - é prevalente entre os homens que lutam com a homossexualidade. Este conflito resulta em uma necessidade compulsiva de chamar a atenção para sua própria personalidade na liturgia, em vez de render sua identidade pessoal em favor de Cristo".
A propósito deste conflito sacerdotal, Dr. Fitzgibbons chama atenção para a reflexão do Cardeal Ratzinger oferecida durante a Via Sacra na Sexta-feira Santa de 2005: "Quantas vezes nós celebramos apenas nós mesmos, sem sequer perceber que Ele está lá!"
Embora o comportamento narcisista certamente não é prerrogativa exclusiva de homossexuais, as observações do Dr. Fitzgibbons falam diretamente do motivo pelo qual os homens homossexuais são particularmente inadequados para o sacerdócio - uma verdade que adquire um foco cada vez mais nítido quando é visto através da lente da sagrada liturgia.
Considere que além do fato de ser verdadeiramente Deus, Cristo não é tão somente verdadeiro homem, mas também verdadeiramente masculino. Ele nos provê a perfeita imagem da autêntica masculinidade em ação - uma realidade expressamente manifestada na Santa Missa onde o Sacrifício é oferecido voluntariamente por Jesus, por amor à sua esposa, a Igreja, e a seus filhos amados.
"O homem que sofre com uma homossexualidade profundamente arraigada, tem dificuldade em ser Cristo visível no Santo Sacrifício da Missa por uma série de razões", disse Fitzgibbons.
"Por exemplo, uma série de estudos bem elaborados documentam que o homem com tendência homossexual luta com deficiências na área da confiança masculina, o que torna difícil para ele doar-se plenamente nas funções ministeriais como um esposo para a Igreja e como um pai espiritual para os filhos da Igreja, na medida em que ele é chamado a desempenhar esse ofício in persona Christi durante o Sacrifício da missa", continuou ele.
Observem bem esse cenário!
O sacerdote na Santa Missa é chamado a ser um modelo visível, disposto a cooperar com a graça, o pai por excelência e esposo que protege e sustenta aqueles que dele dependem para sua própria sobrevivência.
A fim de fazê-lo, o ordenado deverá ter uma apreciação saudável pela própria masculinidade que lhe foi dada por Deus. Quando esse nível de autoconsciência masculina é deficiente, todavia, a capacidade do sacerdote em desempenhar a devida função paterna à sua família espiritual, necessariamente será diminuída.
Isso nos leva à tensão que inerentemente existe entre a homossexualidade clerical e o culto ad orientem.
"A insegurança inerente àqueles que sofrem de atração pelo mesmo sexo pode também predispor o clérigo homossexual a buscar a aprovação dos leigos, tratando a liturgia como uma performance ou de outra forma, tentando chamar atenção para si próprio", disse Fitzgibbons. "Além disso, a raiva subjacente e o desdém pela autoridade que também é endêmica na homossexualidade, geralmente levam à rebeldia e uma determinação de" fazer as coisas ao seu modo "com a liturgia."
Para colocar isso em uma perspectiva espiritual, considere que quando o ministro ordenado que é chamado a servir como "pai", escolhe usar a missa (e, por extensão, a assembléia) como uma ocasião para satisfazer suas próprias necessidades (por exemplo, por aprovação e adulação ), ele se torna culpado não apenas de abuso litúrgico, mas também de abuso contra seus próprios filhos espirituais.
Tal busca de auto-realização por parte do sacerdote é, naturalmente, a antítese do espírito da liturgia. Segundo o Dr. Fitzgibbons, no entanto, aqueles que sofrem com a homossexualidade frequentemente "veêm e tratam o seu próprio prazer como o fim mais alto."
Como tal, existe um elevado grau de tensão entre o clérigo homossexual e a liturgia adequadamente celebrada; na verdade, os dois são praticamente incompatíveis.
Dr. Fitzgibbons chegou a dizer, todavia, que essa tensão pode ser quebrada desde que o clérigo com tal tendência se submeta à terapia intensiva e oração, com firmeza e determinação. Mas mesmo assim, com um grande grau de dificuldade.
Tendo dito tudo isso, parece-me que o aparente (ou melhor, evidente) aumento do número de sacerdotes que sofrem com a homossexualidade, juntamente com a crise litúrgica que surgiu em toda a sua plenitude nas décadas após o Concílio, acabou por criar uma tempestade perfeita.
No Rito Romano tradicional, celebrado como é na língua latina e nas posturas ad orientem, é relativamente fácil para o sacerdote "perder-se" a fim de abrir espaço para Cristo; sua personalidade (e sua saúde emocional subjacente) permanecem em grande parte ocultas e de muito pouca consequência.
Já no Novus Ordo, mais comumente chamado, quando o padre oferece a missa na língua vernácula e nas posturas versus populum (de frente para o povo), ao invés, a sua personalidade (e, por vezes, sua saúde emocional) está inevitavelmente em exibição.
Consciente do impacto que a sua persona litúrgica pode ter sobre a experiência da assembleia dos fiéis, o sacerdote que celebra a Missa sob essas condições não pode deixar de fazer uso de seus recursos pessoais, a fim de "executar" as suas funções de uma forma convincente.
Mesmo na melhor das circunstâncias, é bastante natural para o sacerdote sentir-se tentado a desempenhar suas funções como se os olhos expectantes e os ouvidos dos fiéis estivessem sempre lançados sobre ele.
Tudo isso representa um genuíno fardo para o padre que não é sobrecarregado com o peso da homossexualidade. Já para o padre com tendência homossexual isso não é necessariamente o caso.
Para ele, a missa celebrada versus populum (com os holofotes que, necessariamente, vem com ela ) representa não tanto um fardo mas uma oportunidade; um palco onde ele poderá saciar seus desejos desordenados de atenção, afirmação e autogratificação.
Como tal, é razoável imaginar que os clérigos homossexuais estão entre os oponentes mais virulentos de um retorno generalizado do culto ad orientem. Poderíamos até dizer que a homossexualidade é o inimigo do culto ad orientem.
Tudo isso nos leva a indagar o que teria feito com que a postura versus populum fosse adotada na missa, em primeiro lugar?
Os Padres conciliares não encorajaram explicitamente esta mudança dramática na postura do sacerdote em direção ao povo, nem incentivaram a construção de altares-mesa para acomodar tal prática.
Até mesmo a atual edição do Missal Romano para o Novus Ordo não deixa claro que a posição do padre é de frente para o povo.
Como tal, é razoável se perguntar que tipo de influências e pressões dentro do presbiterado e do próprio episcopado podem ter permitido que uma inovação litúrgica tão radical se estabelecesse tão rapidamente.
Poderia ser que um aumento no número de sacerdotes que sofrem com a homossexualidade deu uma mãozinha para que fosse estabelecida as posturas versus populum?
Para melhor compreensão, considere o seguinte extraído do infame relatório John Jay que foi encomendado pela Conferência Americana de Bispos Católicos.
Este gráfico representa "incidentes de abuso sexual por ano de ocorrência. Dado que estes casos de abuso sexual clerical são de natureza predominantemente homossexual, é razoável inferir uma correlação direta com o número de sacerdotes que sofrem com atração pelo mesmo sexo.
Numa inspeção bem de perto, encontramos um aumento acentuado em tais abusos a partir de meados da década de 1950; justamente quando a experimentação litúrgica foi ganhando impulso na Igreja em todo o mundo.
A partir daí, vemos um salto em tal atividade ao longo de um período de mais 10 anos, tendo início no final dos anos 1960, com níveis imprevistos sendo mantidos a partir de 1970 e na maior parte da década de 1980.
Isto sugere ser o ponto no tempo durante o qual o impulso para se criar uma liturgia com o "padre-como- peça central" (celebrando versus populum) atingiu massa crítica e tornou-se o novo internacional "normal".
Coincidência? Talvez, mas, novamente talvez não.
Agora, certamente que não quero dar a entender que o movimento para se criar uma liturgia versus populum é melhor entendida como um simples caso de ativismo homossexual. Certamente, que isso foi impulsionado em grande parte por aqueles que desejavam tornar a Missa mais '”simpática aos hereges”.
Mesmo assim, seria ingênuo dar por descontado o papel que a homossexualidade clerical (semelhante ao fermento) pode ter desempenhado na promoção de uma agenda litúrgica que se casa confortavelmente com a carência emocional que vem com o território.
Da mesma forma, eu não estou sugerindo que cada sacerdote que se opõe a um retorno à postura ad orientem na missa está vivendo um conflito com o narcisismo, e muito menos com a homossexualidade. Muitos, eu presumo, simplesmente foram apanhados pela dinâmica dos tempos.
Dito isto, há pouca dúvida em minha mente que o “cisto litúrgico” versus populum que ganhou proeminência no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 foi "fermentado" em grande parte, pelo aumento correspondente no número de homossexuais no clero.
Afinal, estes são os homens que, de acordo com Dr. Fitzgibbons, estão predispostos a "buscar a aprovação dos leigos tratando a liturgia como um show, ou de outra forma, buscando chamar a atenção sobre eles próprios."
Fonte: akacatholic.com - Homosexual clerics: Enemies of ad orientem
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