Introdução
O trabalho em pauta, publicado em 2016 inicialmente sob o título
de Evangélico, graças a Deus!(?), em uma pequena tiragem de 300 exemplares (já esgotada), foi realizado
no intuito de dar meu “óbolo da viúva” a um tema que este ano adquire todo um significado,
porque todo um programa contra a Igreja de Cristo. Consciente de minha estatura,
não pretendi nem pretendo, nesta versão digital, se sobrepor às vozes mais
credenciadas que antes, durante e depois de mim se pronunciam sobre o tema, mas
tão somente ecoá-las e mesmo difundi-las para que a ignorância vencível possa,
aos de boa vontade, ser de uma vez superada, pois disso dependerá a salvação de
muitos e mesmo a boa ordem social humana.
Entretanto, o fato de se escolher uma forma de abordagem mais
informal e direta para tratar do assunto, o que aqui é o caso, não dispensará o
raciocínio lógico e o bom senso, ao contrário, serão eles fundamentais para a
compreensão das questões propostas ao longo da leitura. No ensejo, alerto que a
ironia será parte integrante do trabalho, mas como figura de linguagem, não
gratuita, pois que será utilizada para combater ideias, pensamentos, doutrinas
e práticas, não pessoas, ainda que algumas sejam citadas. Ao contrário do vulgo
pensamento moderno, tão antigo quanto o homem, a melhor maneira de respeitarmos
alguém é não respeitar os seus erros uma vez que se manter no erro é reduzir ou
mesmo abolir a dignidade de filhos de Deus, preferindo a lavagem dos porcos ao
banquete oferecido pelo Pai celestial. De onde vem o propósito desta obra: não
se respeitar os erros para se respeitar a quem erra.
Agradeço à Santíssima Trindade e sua Filha, Esposa e Mãe a
concessão de tão precioso tesouro, que graças à generosidade do Roma de Sempre o reparto com os que a
Providência porá em nossos caminhos, recordando algo fundamental que servirá de
auxílio à compreensão de uma das principais razões deste livro: “... se algum
de vós se extraviar da verdade, e algum outro o converter, saiba que aquêle que
reconduzir (à verdade) um pecador do erro do seu caminho, salvará a alma
dêle da morte, e cobrirá uma multidão de pecados” (Tg V, 19s). E como muito há
o que restituir, sigamos em frente.
O Autor
NOTAS
(1) Ao presente trabalho será adotada
prioritariamente uma das traduções bíblicas feitas direto da Vulgata em língua
portuguesa, a do Pe. Matos Soares, em sua edição de 1973 (o que fará com que a
acentuação em alguns casos seja distinta da atual). A Vulgata foi a primeira
tradução latina utilizada oficialmente pela Igreja em todo o mundo. São
Jerônimo (331?-420), monge, doutor e santo, foi seu principal responsável,
traduzindo os textos sagrados a partir dos originais hebraico e grego, assim
como cópias já existentes do aramaico e do latim.
(2) Para os capítulos bíblicos será adotada a
numeração romana. Para os versículos e números de livros (quando houver duas
partes de um mesmo livro), a arábica. Por exemplo: Mt V, 10 (Mateus, capítulo
cinco, versículo 10); 1 Tim III, 12 (Primeira carta de São Paulo a Timóteo,
capítulo três, versículo 12); Ap IX, 10s (Apocalipse capítulo nove, versículos
dez e onze). A letra “s” após a numeração de alguns versículos significa o
seguinte ou o próximo; “ss”, os dois seguintes ou os dois próximos. As palavras
e termos em itálico dentro de parênteses (xxx) representam a intervenção
do Pe. M. Soares para melhor compreensão do texto. As sem itálico (xxx) serão
minhas intervenções.
(3) Todas as notas são de minha
responsabilidade, bem como os destaques (negrito e itálico), salvo as citações
e fontes.
(4) A expressão latina “sic” utilizada entre
parênteses, em minúscula ou maiúscula, significa isso mesmo!, foi isto que
disseram ou é assim que foi escrito;
pode representar esclarecimento, espanto ou indignação.
(5) Exegese e Hermenêutica são duas disciplinas
ligadas à Teologia que permitem estudar as palavras e os termos bíblicos
dentro de seu contexto linguístico e histórico, para possibilitar uma correta e
precisa interpretação do texto sagrado. Sem estas e outras ciências caímos no
“achismo” e no subjetivismo do “Deus me disse”, “a Bíblia diz” ou “Deus me
revelou”, isto é, no livre exame luterano.
(6) Por fim anexo aqui, adaptado, o que no livro
figurava como post scriptum: “Ciente
da condição de filho e servo, me ponho, livre e espontaneamente, sob a
legítima autoridade eclesiástica estabelecida por Cristo, Deus, Rei e Mestre,
na figura de Seu vigário, o Papa. E nas pegadas de S. Tomás de Aquino, a quem
rogo sua intercessão a esta humilde iniciativa, digo: ‘... Se, por ignorância,
fiz o contrário (do que pretendia), revogo tudo e submeto todos os meus
escritos ao julgamento da Santa Igreja Romana’.”
Que o Espírito Santo os
iluminem na leitura destas linhas. E de forma especial após elas.
HERESIA[1]
Não há como falar em protestantismo sem falar em heresia. A
heresia, em resumo, é a distorção ou o desvirtuamento da doutrina de Cristo (a
“sã doutrina”), feito por homens que se julgaram inspirados por Deus (cf. 2 Pe
II, 1ss). Quem as elabora e ensina e quem as aprende e põe em prática são
denominados hereges. As heresias, por isso, são tumores que nascem do e no
corpo. E de forma similar a um tumor, têm de ser retiradas, caso contrário
infeccionarão o todo. Todas as heresias são inoculadas por homens que se
consideram deuses, arrastando maiores ou menores multidões de acordo com seu grau
de inteligência e poder de manipulação, valendo-se do maior ou menor nível de
vulnerabilidade que possua o adepto. A Igreja, como boa mãe e médica, tenta
tratar a ferida, medicar para que a parte enferma seja restituída por completo.
Caso o tumor se alastre e ameace gangrenar terá então de ser extirpado
(anatematizado – cf. Gal I, 6-9). Vale lembrar que tal medida poderá ser
revertida caso o enfermo aceite a medicação oferecida e resolva “voltar à casa
paterna”.
Como abordarei adiante, bastará conhecer um pouco de História
Cristã para verificar que as heresias existem desde o tempo dos Apóstolos,
motivo que os levou a imitar Nosso Senhor no alerta aos discípulos contra
“estes tais” – os hereges. Com o decorrer do tempo não seria diferente; daí a
Igreja ter sido desde o início prevenida de que teria de conviver até o fim com
o joio (a cizânia), cumprindo o papel que a ela foi dado por seu Fundador: o
de combater os erros para manter sua doutrina sã.
Alguns nomes se tornaram notórios na história das heresias: Ário,
Pelágio, Jansênio, Donato, que foram bispos, sacerdotes ou leigos influentes e
que acabaram por originar os erros hoje conhecidos como arianismo, pelagianismo,
jansenismo, donatismo etc; cada um distorcendo determinados pontos da fé
católica, que se defendeu de forma oficial e perene através de Concílios e
documentos papais que originaram, entre outros, os dogmas e os anátemas. A
última delas foi denominada modernismo,
junção de várias heresias do passado, que mereceu a certeira encíclica Pascendi,
de S. Pio X, aqui citada. Há exatos 500 anos a Igreja enfrenta um dos mais
perniciosos e infectados “tumores” saídos de seu seio. Em 1517, graças a um
monge e sacerdote alemão apóstata, Martinho Lutero, o mundo viu surgir o
Protestantismo. Dele vieram subinfecções como o “puritanismo”, o “evangelismo”,
o “pentecostalismo” e o “neopentecostalismo”, entre outras. Neste livro
pretendo tratar alguns dos pontos da sã doutrina católica distorcidos pelo
Protestantismo, fazendo sua refutação (contra argumentação) de maneira a
auxiliar a compreensão dos problemas e falsos argumentos desta heresia. Embora
árdua, a tarefa será de fundamental importância a quem desejar manter-se são, aos
que quiserem (re)ingressar no Corpo de Cristo de “corpo e alma”. A eles, os
remédios ofertados pela Santa Mãe (e médica) Igreja.
Um detalhe: ao chamar o protestantismo de heresia e os
protestantes de hereges não estou em absoluto cometendo crimes ou pecados. Não
estou caluniando, difamando, discriminando, exercendo preconceitos, cometendo bullyings, ou correlatos. Usando – com o respeito devido às pessoas – o
jargão popular, estou “dando nome aos bois”, ou não “vendendo gato por lebre”.
E, creiam-me, não o faço com o mínimo prazer. Por isso um dos maiores objetivos
deste trabalho será o de auxiliar no entendimento de uma questão realmente
crucial. Para todos.
[1] Do site protestante http://biblia.com.br/dicionario-biblico/h/heresia/: Este nome deriva-se de uma palavra grega, que primeiramente queria
dizer o ato de tomar (uma cidade, por exemplo) – depois teve o sentido de
escolha ou eleição, de inclinação ou preferência – e a significação da própria
coisa escolhida – e por fim veio a significar um princípio filosófico ou
sistema, as pessoas que seguem esses princípios, e uma seita ou escola de
pensamento. Nos Atos dos Apóstolos a palavra grega equivalente a heresia é
traduzida por ‘seita’, com aplicação aos saduceus (At 5.17), aos fariseus (At
15.5 – 26.5), aos nazarenos (At 24.5), e aos cristãos (At 28.22). o seu uso,
como aplicado à igreja cristã, vê-se também em At 24.14. S. Paulo e S. Pedro, escrevendo a respeito de heresias, qualificaram-nas
de divisões, ou de doutrinas que dividem
a igreja (1 Co 11.19 – Gl 5.20 – 2 Pe 2.1). os escritores eclesiásticos
empregam a palavra heresia para designar aquelas opiniões que se apartam da
verdadeira fé. Santo Agostinho sustentou (De Haeret.) que era ‘inteiramente
impossível, ou em todo o caso a coisa mais difícil’, dar uma definição de
heresia. Segundo Filastrius, bispo de Bréscia, eram vinte e oito as heresias
que existiam entre os judeus antes de Jesus Cristo, elevando-se o número delas
a 128 depois desse tempo (destaques meus).
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