terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Sacramento da Confirmação

A começar pela explicação do nome, deve ensinar-se que  a Igreja lhe chama “Confirmação”, por que no momento em que o Bispo unge com o santo Crisma, pronunciando a fórmula solene, o batizado torna-se mais firme pela virtude da nova graça, e começa a ser perfeito soldado de Cristo, se não puser nunhum obstáculo à eficácia do Sacramento.
A Igreja Católica sempre reconheceu que a confirmação tem o caráter próprio de verdadeiro Sacramento. Atestam-no O Papa Melcíades e muitos outros dos mais santos Pontífices da mais remota antiguidade.
São Clemente não poderia asseverar essa verdade de maneira ,mais energética e positiva, quando declarou: “Todos devem empenhar-se em renascer em Deus, sem mais demora, para serem no final assinalados pelo Bispo, isto é, para receberem os sete dons do Espírito Santo; em hipótese alguma, poderia ser feito cristão quem deixasse de receber este Sacramento, não por motivos imperiosos, mas por voluntária negligência. Esta é a tradição que recebemos de São Pedro, e assim ensinaram os outros Apóstolos, por órdem de Nosso Senhor”.

Da mesma doutrina, temos testemunos cabais que Santo Agostinho lançou contra as cartas do donatista Petiliano. Estava inteiramente convencido do caráter sacramental do Crisma, a ponto de o anunciar com palavras da Sagrada Escritura. Primeiro com a palavra do Apóstolo: “Não contristei o Espírito Santo, no qual fostes assinalados” (Ef 4,30). Também aplica a passagem do Salmo: “ Com o azeite derramado na cabeça, que desce sobre a barba da Aarão”(Sl 132,2).
O Batismo se une intimamente à Confirmação, mas, não se deve crer que ambos constituam um só Sacramento.
Pela graça do Batismo, são os homens gerados para uma vida nova. Pelo sacramento da Confirmação, os que foram gerados tornam-se varões, depois de deixarem o que tinham próprio de crianças (1 Cor 13,11).
Por conseguinte, quanto o nascer difere do crescer na vida natural, tanta é também a diferença entre o Batismo que nos gera espiritualmente, e a Confirmação, cuja virtude faz os cristãos crescerem até a perfeita robustez da alma.
O Papa Melcíades exprimiu aliás, em termos precisos, a diferença que existe entre ambos os Sacramentos. “Pelo Batismo, diz ele, o homem alista-se na milícia; pela Confirmação, equipa-se para a luta. No Batismo, somos ourificados; depois do Batismo, somos munidos de força. A regeneração garante per si a salvação aos que se batizam em tempos de paz; a Confirmação arma a e adestra para os embates da guerra”.
 Crisma é uma palavra tirada do grego, que os ecritores profanos empregaram para designar qualquer espécie de óleo para ungir, e a Santa Igreja e os Concílios sempre ensinaram que essa é a matéria do Sacramento. Atestam-no São Dionísio e muitos outros Padres de máxima autoridade, entre os quais sobressai o Papa Fabiano ( vigésimo Bispo de Roma), declarando que os Apóstolos receberam do Senhor a maneira de fazer o Crisma, e no-la transmitiram.
Azeite doce e bálsamo.
O azeite doce cuja natureza gordurosa tem a propriedade de fixar-se e difundir-se, exprime a plenitude da graça que o Espírito Santo, faz transbordar de Cristo, a Cabeça, sobre os outros (que são seus membros), e a derrama “como unguento que goteja pela barba de Aarão até a orla de sua veste”(Sl 132,2). Na verdade, “ Deus ungi-O com óleo da alegria, de preferência aos Seus companheiros” (Sl 44,8).
  Com o seu odor delicado, o bálsamo não simboliza outra coisa senão a fragrância de todas as virtudes, que os fiéis exalam de si, quando são aperfeiçoados pelo Sacramento da Confirmação, a ponto de poderem exclamar com o Apóstolo:  “ Somos para Deus um suave odor de Cristo (2 Cor 2,15).
Outra propriedade tem ainda o bálsamo. È a de preservar da corrupção todas as coisas que deles foram impregnadas. O fato é que, apercebidos da graça celestial da Confirmação, os ânimos dos fiéis podem defender-se facilmente do contágio do pecado.
A consagração do Crisma é feita pelo bispo com solenes cerimônias. O Papa Fabiano, muito insigne pela santidade de vida e pela glória do martírio, deixou-nos escrito que Nosso Senhor assim o ordenou na última Ceia, quando ensinou aos Apóstolos a maneira de preparar o Crisma.
A forma completa do Crisma resume-se nas seguintes palavras: “Eu marco-te com o sinal da Cruz, e confirmo-te com o Crisma da salvação, em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.
O Bispo. A doutrina é da Sagrada Escritura que só o Bispo tem poder ordinário de administrar este Sacramento. Lemos nos Atos dos Apóstolos que, tendo Samaria acolhido a palavra de Deus, foram enviados para lá Pedro e João, que oraram por eles, a fim de receberem o Espírito Santo; pois não baixara em nenhum deles, porquanto só tinham sido batizados (At 8,14).
Desta passagem inferimos que o ministro do Batismo, por ser apenas diácono (era o diácono Felipe, At 8,6), não tinha faculdade de crismar; que tal ofício era reservado a ministros superiores, quer dizer, os Apóstolos. Chega-se a mesma conclusão, onde quer que a Sagrada escritura venha a falar deste Sacramento (At 19,6).
O motivos de se reservar aos Bispos o exercício de tal ministério, podemos fazer uma analogia. Na construção de edifícios, os operários desempenham o papel de ajudantes inferiores. São eles que preparam a pedra, a argamassa, a madeira, e outros materiais, e assim erguem a construção. Mas a última demão do edifícil fica na responsabilidade do mestre de obras.
O mesmo se dá com este Sacramento. Como simboliza o “remate” do edifícil espiritual, era conveniente que por nenhum outro fosse administrado, senão por quem tivesse a plenitude do sacerdócio.
Sujeito de Crisma.  Todos os cristãos devem procurar, com maior fervor, os meios comuns que Deus lhes instituiu, para a própria santificação.
Ao relatar o milagre da primeira efusão do Espírito Santo, fez São Lucas a seguinte descrição: “de repente, veio de céu um bramir como de vento que passava impetuoso, e encheu a casa inteira”. E acrescentou: “ Ficaram todos eles cheios do Espírito Santo” (At 2 2-4).
Sendo aquela casa figura e imagem da Santa Igreja, tais palavras nos levam a concluir  que o Sacramento da Crisma, cuja origem datava daquele dia, fora instituído para todos os cristãos.
Desta doutrina se tira uma consequência prática. Os que se crismam em idade adulta, para receberem a graça e os dons deste Sacramento, devem não só apresentar-se com fé e devoção, mas arrepender-se de todos os pecados mais graves que tiverem cometido.
Por conseguinte, os pastores cuidarão que os fiéis confessem antes os seus pecados. Exortá-los-ão, paternalmente, à prática do jejum e outras obras de piedade.
Os sete dons do Espírito Santo que recebemos de modo especial na crisma são:
1 – Temor de Deus
2 – Piedade
3 – Fortaleza
4 – Conselho
5 – Ciência
6 – Inteligência
7 – Sabedoria.
O termo “confirmação” está no fato de que Deus, pela virtude do Sacramento, confirma em nós o que começou a operar pelo Batismo, conduzindo-nos a uma sólida perfeição da vida cristã.
Catecismo Romano II Parte; III da Confirmação (1-24)

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