quarta-feira, 5 de julho de 2017

Divorciados recasados: Viver como irmãos?

 





Carta de um leitor do site Adelante la fé. Tradução: Airton Vieira 

Senhor Diretor,
 
Vejo com muita surpresa que quando se fala dos chamados “divorciados recasados” se incorre com frequência em dois erros.
Por um lado, seguindo as pautas do marxismo cultural jogamos o seu jogo chamando-os de divorciados. O divórcio NÃO EXISTE. O matrimônio sacramental é indissolúvel e não há lei humana que possa desfazê-lo. Portanto, estas pessoas são em realidade adúlteros e se formalizaram o “matrimônio” são ademais bígamos, tal como afirmava o antigo Direito canônico penalizando-o com a excomunhão – sanção por certo eliminada por João Paulo II-. É importante não adoçar o fato gravíssimo. A vitória no terreno do léxico é o primeiro passo para impor a vitória nas ideias.
  

Por outro lado, e nisto incorrem muitos autores “conservadores”, parece que se insinua ou reduz a dimensão matrimonial à puramente sexual, quando se repete com insistência que enquanto não mantenham relações sexuais ditos adúlteros poderiam conviver juntos e incluso comungar por motivos de caridade se vivem “como irmãos”, fórmula inventada por João Paulo II em Familiaris consortio. Se bem é certo que viver “como irmãos” poderia interpretar-se muito amplamente, creio que não me equivoco se afirmo rotundamente que a interpretação generalizada de exegetas, párocos e a própria autoridade circunscreve o “como irmãos” a evitar ter relações sexuais. O matrimônio é muito mais que sexo! A família é inerente ao matrimônio, portanto o lar da mesma, a intimidade afetiva (não sexual) e tantos e tantos detalhes que formam em conjunto uma família.
Não se trata de conviver com uma mulher que não se conhece, mas que se convive com alguém de que se esteja supostamente enamorado, e isto não é controlável à vontade, com a que enganamos nosso cônjuge legítimo e que se apropriou de toda a dimensão completa do matrimônio fundando uma ficção de lar.

É muito doloroso ler continuamente que enquanto não haja relações sexuais ditas pessoas poderiam seguir convivendo. Como por Deus isto pode estar bem? Essa convivência é intrinsecamente adúltera, ainda que não haja sexo entre eles. Se peca por pensamento, palavra, obra e omissão, não só por obra. Não o esqueçamos.
Quando a pessoa segue convivendo com quem ama, e como temos dito esse sentimento não se pode apagar voluntariamente, peca por várias vias:

  • ·         Se expõe de forma permanente a cair em pecado carnal, e viver deliberadamente em uma forma de vida que expõe ao pecado, é já em si um pecado.
  • ·         Se vive em uma situação de bigamia, e nisso dá igual que haja ou não relações sexuais, uma vez que assim se vive porquanto se criou outro núcleo familiar “artificial” alheio ao autêntico.
  • ·         Ainda que não haja relações sexuais, a expressão afetiva é igualmente adúltera, e o querer conviver com a pessoa que amamos é expressar-lhe nossa afetividade. E esta expressão da afetividade se potencializa com mil detalhes de convivência tratando de simular ser uma “família”, quando não se é. Para dar um exemplo claro disto, imaginemos que se um esposo(a) se apaixona por alguém, sua obrigação é rejeitar esse sentimento e não fazer NADA que não faria com outra pessoa, se se é mais delicado com essa pessoa pelo que sente por ela, se se trata de aproximar-se, de falar mais do que o normal.. se está pecando porque há já um pecado de pensamento, independentemente de que haja sexo ou não, ou sequer de que a outra pessoa saiba de suas intenções. Como se pode dizer que conviver deliberadamente com essa pessoa buscando a afetividade não é pecado?
  • ·         Se leva ao escândalo, ou ao erro, a filhos, conhecidos e familiares, que não têm que estar inteirados do que o par faz ou deixa de fazer na cama, mantendo uma ficção de família e fazendo profissão pública de que conviver afetivamente –note-se que excluo o sexo aqui- duas pessoas casadas com outros pares é algo normal.

Queridos amigos, é preciso dizer as coisas por seu nome. Sei que há muita gente que possa escandalizar-se, mas é a verdade.

Fonte: Adelante la fé - Divorciados vueltos a casar: ¿Vivir como hermanos?


 

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