A Santa Missa
O padre chega ao altar, faz a reverência devida, fazendo uma
leve inclinação ou uma genuflexão, caso o Santíssimo Sacramento esteja
presente.
SALMO JUDICA ME
Após o sinal da cruz o padre diz a antífona: Introibo ad altare Dei, que precede o
Salmo 42, e em seguida começa o salmo. Este salmo foi escolhido por causa do
versículo Introibo ad altare Dei – Eu me
aproximo do altar de Deus, salmo muito conveniente para abrir o Santo
Sacrifício.
O versículo que serve de antífona mostra que Davi ainda era
muito jovem quando compôs este canto à glória do Senhor, pois, ao dizer que
avança ao altar de Deus, acrescenta: Ad
Deum qui laetificat juventutem meam – Ao Deus que é a felicidade de minha
juventude. A santa Igreja não quer que diga esse salmo na missa dos
defuntos, porque estamos suplicando pelo o sufrágio de uma alma, cuja partida
deixa tristeza e saudades. Também no tempo da Paixão a Santa Igreja está ornada
com os sofrimentos de seu Esposo, e não pensa em se alegrar.
CONFITEOR
É uma recitação que a Igreja faz para apagar os pecados
veniais quando se tem a contrição. Deus, em sua bondade, quis que outros meios,
além do sacramento da Penitência, pudesse apagar os pecados veniais e, para
isso, inspirou à Sua Igreja o uso dos sacramentais.
O padre começa e se acusa primeiramente diante de Deus. Mas
parece dizer: “ Não apenas quero me confessar a Deus, mas também à Virgem Maria
e a tudo que é santo, a fim de que todos aqueles aos quais me confesso peçam
perdão por mim e comigo”. Ele não pecou contra Nossa senhora, mas pecou diante
dela. Passa em seguida ao Arcanjo são Miguel, preposto à guarda de nossas almas, principalmente na
hora da morte. Igualmente a são João Batista, que Nosso Senhor tanto amou e que
foi seu precurssor, depois a São Pedro e São Paulo, os príncipes dos Apóstolos.
Enfim, o padre se dirige também, nessa confissão, a todos
aqueles que estão à sua volta, acrescentando: ... et vobis, fratres ... – e a
vós irmãos; porque, humilhando-se como pecador, não somente se acusa diante
daqueles que já são glorificados, mas também diante de todos os que estão
presentes.
Para exprimir que caiu porque quis, por três vezes dita
estas palavras: mea culpa; e para
testemunhar como o publicano do Evangelho seus sentimentos de penitência, bate
no peito três vezes, ao mesmo tempo em que diz que pecou por sua culpa.
Sentindo a necessidade de receber o perdão, volta-se para as criaturas
glorificadas diante das quais é acusado, invoca-as e lhes pede, assim como a
todos os presentes, que roguem por ele.
Os ministros respondem ao padre acrescentando: Amém.Este desejo é uma súplica à
misericórdia de Deus pelo celebrante.
Mas os ministros tem necessidade de perdão; por sua vez,
eles fazem, com a mesma fórmula, a confissão de suas faltas: não aos seus
irmãos, et vobis fratres, mas ao
padre, Et tibi, Pater.
INCENSAÇÃO
O altar representa Jesus Cristo. As relíquias dos Santos que
se encontram sobre o altar nos lembram que os santos são membros de Jesus
Cristo. Porque, depois de ter tomado nossa natureza humana, não somente Nosso
Senhor sofreu sua paixão, triunfou na Ressurreição e entro na glória pela
ascenção, mas também findou sua Igreja, sendo a cabeça do Corpo Mistico, e
todos os santos são seus membros, sendo assim, Nosso Senhor só está completo se
for acompanahdo pelos seus santos, que estão com Ele na Glória, devem estar
unidos a Ele no altar que O representa.
Duas incensações terão lugar durante o Santo Sacrifício. Na
primeira o padre fará a incensação sem acompanhamento de oração; primeiro incensa o altar para perfumá-lo por inteiro.
Vemos, no Levítico, que o incenso serviu ao culto ao Senhor. A benção que o
incenso recebe do padre, na missa, eleva esse produto da natureza à ordem
sobrenatural.
A
Santa Igreja toma essa cerimônia do próprio Céu, onde São João a contemplou. Em
Apocalipse ele vê um anjo com o turíbulo de ouro junto ao altar do Cordeiro,
cercado pelos 24 anciãos. Mostra-nos
este anjooferecendo a Deus as preces dos santos representadas pelo
incenso.
Neste
momento da missa, só o altar e o padre são incensados: a incensação dos fiéis
e´reservada para a segunda vez. È costume a Santa Igreja expor sobre o altar
imagens de santos e relíquias, que também recebem o incenso.
INTRÓITO
Terminada
a cerimônia da incensação, o padre diz o Intróito.
O
padre, assim como o coro, faz o sinal da cruz começando o Intróito, porque esta
peça é considerada o começo das leituras. Nas missas de defuntos, ele se
contenta em fazer o sinal da cruz sobre o livro.
KYRIE
Em seguida, vem o Kyrie,
esta prece é um brado pelo qual a Santa Igreja implora às Pessoas da Santíssima
Trindade. As três primeiras invocações se dirigem ao Pai, que é o Senhor: kyrie, eleison; as três dirigem-se ao
Filho encarnado, ao Cristo, e dizemos:
Criste, eleison; enfim, as três ultimas dirigem-se ao Espírito Santo,
senhor com o Pai e o Filho, e por isso repetimos: kyrie, eleison – Senhor com o Pai e o Espirito Santo, mas a Santa
Igreja emprega para ele a palavra Cristo,
Criste, por causa relação desta palavra com a encarnação.
GLORIA IN EXCELSIS
Este canto é dos mais antigos da Santa Igreja, remonta
certamente ao começo da Santa Igreja, e é encontrado em todos os missais da Igreja no Oriente. Os próprios
anjos o entoam, a Santa Igreja continua as palavras dos anjos, conduzidas pelo
mesmo Espírito.
Gloria in excelsis
Deo, et in pax hominibus bonae voluntatis – Glória a Deus nas alturas e paz
na terra aos homens de boa vontade. Tais são as palavras dos anjos: para Deus a
glória, para os homens, que eram outrora filhos da cólera, paz e bênçãos de
Deus.
A Igreja acrescenta: laudamos
te, nós Vos Louvamos. Benedicimus te,
nós Vos bendizemos. Glorificamus te, nós Vos rendemos glória por nos terdes criado e
resgatado.
Gratias agimus tibi
propter magnam glória tuam, nós vos damos graças por causa de Vossa grande glória. Deus
encontra sua glória em nos fazer o bem (a Encarnação é o maior bem que fez ao
homem).
Domine Deus, Rex
caelestes, Deus Pater omnipotens. A Santa Igreja aqui primeiramente teve em
vista a unidade em Deus; agora considera a Trindade, vendo antes de tudo, a
Pessoa que é o princípio, fonte das outras duas, exclama: Deus Pater omnipotentens – Deus Pai todo poderoso.
Em seguida volta para
o seu Esposo, chama-O Senhor: Domine,
Fili unigenite – Senhor, Filho único; acrescenta o nome humano: Jesu Christe.. Mas não esquece que ele é
Deus, confirmando expressamente: Domine Deus, Agnus Dei, Filius Patris.
Seu Esposo é Deus, é também o Cordeiro de Deus.
Qui tolis peccata
mundi. E exclama: Filius Patris;
lembra que seu Esposo carrega os pecados do mundo. Miserere nobis, tende piedade de nós. Suscipe deprecationem nostram, recebei, pois, agora, nossa prece.
Qui sedes ad dexteram
Patris. Após carregar os pecados do mundo; agora se lança e penetra até a
direita do Pai, onde vê Aquele que é o objeto de seus louvores. E acrescenta: Tu solus Sanctus, Tu solus Dominus, Tu
solus Altissimus, Jusu Christe – Ó Jesus Cristo, só vós sois Santo, só vós
o Senhor, só vós o Altissimo.
Cum Sancto Spiritu, in
glória Dei Patris – com o Espírito Santo, na glória do Pai.
COLETA
Coleta vem do
latim colligere, recolher, reunir.
Aqui a Santa Igreja reclama atenção, porque o padre vai pronunciar a Coleta,
esta oração onde recolhe os votos da assistência e apresenta a Deus seus
pedidos.
Além disso, o padre se volta nesse momento para o povo, o
que não fez antes de subir para o altar. Depois de ter tomado a paz do Senhor
beijando o altar, anuncia à assistência, tomando-a toda inteira nos braços
estendidos.
O padre deve ter os braços estendidos para dizer a coleta,
observando nisto o modo antigo de rezar dos primeiros cristãos. Da mesma for ma
que Nosso Senhor rezou na cruz, com os
braços estendidos, os primeiros cristãos se dirigiam a Deus estandendo os braços.
EPÍSTOLA
Depois da Coleta e das outras orações que, muitas vezes, são
acrescentadas com o nome de memórias, vem a Epístola, que é sempre uma passagem
das Epístolas dos Apóstolos, e algumas vezes de outro livro da Sagrada
Escritura.
GRADUAL
Entre a Epístola e o Evangelho canta-se o Gradual. Compõe-se de um responsório com
seu versículo, é a parte mais musical do ofício e, como o canto era muito
delicado, nunca era admitidos mais de dois cantores que subiam no púlpito para
cantá-lo. Púlpito é um tipo de cátedra de mármore colocada na Igreja. E,
precisamente por causa dos degraus que é preciso subir, esta peça recebeu o
nome de Gradual, assim como são
chamados salmos graduais os que os
judeus cantavam subindo os degraus do templo.
Ao gradual sucede o Aleluia ou o Trato, conforme o tempo do
ano. O Aleluia é um canto de louvor a Deus por excelência, devia ter seu lugar
na Santa Missa. Ele tem qualquer coisa de tão alegre e, ao mesmo tempo, de tão
misterioso, que nos tempos de penitência não é cantado, é substituído pelo
Trato.
O Trato se compõe algumas vezes de algum salmo inteiro;
ordinariamente, só contem alguns versículos.
SEQUÊNCIA
Em algumas solenidades, acrescenta-se ao Aleluia ou ao Trato
o que se chama Sequentia, que
significa continuação.
Consistia primitivamente em um texto que acrescentava às
notas melódicas que seguiam à palavra
Aleluia e que já chamavam de Sequentia, antes da invensão desta parte da missa.
EVANGELHO
Enquanto os diferentes cantos são entoados, o diácono toma o
livro dos Evangelhos e o põe sobre o altar, porque o altar representa Nosso
Senhor, marcando assim a identidade que existe entre o Verbo de Deus, que se
escuta no Evangelho e Nosso Senhor.
CREDO
OFERTÓRIO
Depois do Símbolo da Fé que foi cantado por todos os fiéis,
o padre beija o altar antes de se voltar para o povo, porque antes de se voltar
para os fiéis ele quer lhes enviar o ósculo do Cristo, e o Cristo é
representado pelo altar.
Vem então a leitura do ofertório, o padre, recebendo a
patena e oferecendo a hóstia diz a oração: Suscipe,
sacte Pater – recebei, Pai Santo.
INCENSAÇÃO
Já vimos que o altar representa Nosso Senhor. Isso explica
porque é tratado com tantas honrarias. Oresto do templo representa os membros
do Corpo de Místico, quer dizer, os fiéis, cuja reunião compõe a Santa Igreja,
esposa de Jesus Cristo, da qual Nosso Senhor é a cabeça.
LAVABO
GUÉRENGUER, Prosper, A Missa Tridentina: explicações das orações e das cerimônias da Santa Missa; (tradução Anna Luíza Fleichman): Permanência, 2010.