quinta-feira, 11 de julho de 2013

A realidade da Inquisição


Uma mentirosa acusação que não cessa contra a Igreja Católica é que ela aterrorizava todos aqueles que ousavam a duvidar do que era ensinado através de  seu Magistério. É por repetição exaustiva que virou uma verdade absoluta que a Igreja mandava para a fogueira, torturava, massacrava, perseguia quem duvidava do que ela ensinava.

O que é interessante nesse assunto é o fato de que quando se pergunta a alguém se já leu sobre esse tema em livros de história medieval a resposta é sempre negativa. Então de onde vem essa lenda? De fato, todo estudante recorda que aprende isso em salas de aulas de colégios, cursos pré-vestibulares e universidades, contadas por professores geralmente ateus e/ou defensores do comunismo, doutrina ateia que desde a Revolução Russa em 1917 até o seu centenário em 1997, quando foi lançado "O Livro Negro do Comunismo", exterminou em torno de pelo menos 100 milhões de pessoas, mas,  “misteriosamente” nada disso é falado em sala de aula.

No Brasil o comunismo tem o PT como sua principal legenda, e, também, como partidos mais antigos, o PC do B e PCB e outros mais novos dissidentes do próprio PT como; PSOL, PSTU, PCO. Ao fazer uma análise de forma honesta na memória, lembra-se que essa ideologia tirana e genocida é bem defendida entre os acadêmicos que se indignam com a lendária Inquisição, confundindo e até fazendo perder a fé muitos católicos que se chocam com o espantalho que é apresentado como a Santa Igreja.


Os fundamentos da inquisição

A Inquisição foi o resultado da unificação de duas instituições: eclesiástica e civil. Para fortalecer e proteger a revelação divina, foi criado o Santo Ofício, e, antes já existia os tribunais dos imperadores romanos, que julgavam os crimes contra o Estado. O braço eclesiástico tinha o intento de investigar, corrigir e julgar os crimes de heresia, e, não de vingar e castigar, mas, de corrigir os relapsos. O braço secular, para onde eram levados os réus convictos, era que castigava segundo as leis vigentes.

Mesmo contra os hereges, a Igreja dos primeiros séculos, tratava a questão de heresia resumidamente como nas palavras de São João Crisóstomo: “é um crime imperdoável matar um herege”.

Pelo menos até o fim do primeiro milênio, a Igreja e os Romanos Pontífices se inclinaram mais para a benignidade com os não ortodoxos na fé repugnando o rigor da autoridade civil.

A experiência desfavorável causou uma lenta, porém segura mudança de opiniões. Santo Agostinho constatou o grande dano causado à religião pelos hereges obstinados, que pervertiam muitos católicos e começou a defender o emprego da força, excluindo a pena de morte. São João Crisóstomo chegou a mesma conclusão.

Como também não é ensinado nas aulinhas de história, é necessário compreender que toda organização da sociedade humana, a civil e religiosa, toda a civilização e cultura do Ocidente, o progresso, a paz e a unidade foram modelados pela Igreja e estavam ameaçados a desabar.

Diante desse quadro, obrigada a agir, a Igreja tentou combinar clemência e rigor. A finalidade do Santo Ofício seria converter e reintegrar os hereges, absolvendo os penitentes e condenando só os contumazes e incorrigíveis. Em nenhum governo, tribunal ou juiz, daquele tempo, ocorria a ideia de absolver criminosos só por se mostrarem arrependidos. Esse foi o espírito de caridade, que iluminou a atividade inquisitorial durante séculos de sua existência.

Se toda a harmonia e progresso social foi construído sob liderança da Igreja, dá para entender como todo o Ocidente cristão: homens eminentes, seculares e eclesiásticos, destacados por prudência, ciência, caridade e santidade, concordassem com a mesma causa de se ter um órgão no combate a heresia.

Ao contrário da sociedade moderna, que atingiu o apogeu da decadência moral e intelectual no século XX a ponto de negar a objetividade da verdade, a Cristandade medieval tinha a verdade eterna revelada por Deus em Nosso Senhor e continuada pela  Igreja por Ele fundada, como restauradora do mundo e o tesouro mais precioso. Essa fé viva que animou os exércitos Cruzados a sacrificar a vida pela defesa dos lugares santos.

Os medievais, ao contrário de hoje, não tinha a inteligência corrompida pelo relativismo, por isso sabiam que a propaganda herética não era condenada como produto de verdadeira convicção intelectual, e sim, como obstinado fanatismo religioso, ou má vontade e rebelião contra a ordem social. A tais mentalidades não se podia fazer frente com instrução, com argumentos da razão, senão com coação, tribunal e prisão. Julgava-se justo a aplicação da pena capital.


Exemplos práticos de desordens

Os maniqueus. No tempo do Império Romano, os maniqueus professavam uma doutrina dualista (sustentava a existência de duas divindades, uma má (o Deus do Antigo Testamento) e uma boa (o Deus do Novo Testamento)), eram tão perniciosos à ordem civil e religiosa que o Imperador pagão Diocleciano mandou que fossem eliminados como possível.

O maniqueísmo não foi extinto e no século X, a Imperatriz Teodora mandou massacrar centenas de neo-maniqueus, agora chamados Cátaros. No século XII são encontrados nos Países Baixos, na Alemanha, Lombardia, Espanha e na França onde eram chamados de Albigenses. As vezes os cátaros eram arrancados dos tribunais e lançados no fogo pelo povo enfurecido.

Os cátaros ameaçavam a sociedade de decomposição, ensinavam que o matrimônio era ilícito e a propagação do gênero humano era obra do diabo; uma mulher grávida possui um demônio em seu ventre. Exigiam pureza completa. Pregavam a defecção pela privação de alimentos, estendendo isso até às crianças, tais privações vitimaram mais cátaros do que a própria Inquisição.

A princípio a Igreja se mantinha afastada das perseguições e recomendava a compaixão, infelizmente a indulgencia aumentou o perigo e obrigou os Papas a mudar de atitude.

A magia, o sortilégio, a alquimia, o culto ao demônio tão em alta hoje, já era presente na Idade Média já estavam presentes. A justiça civil e a Inquisição combatiam magos e bruxas, porém as sentenças eram diferentes; com frequência, o tribunal eclesiástico impunha uma sentença branda, o tribunal civil sentenciava a morte.

Em 15 de outubro de 1346, a Inquisição de Exilles, França, sentenciou um mago por quatro delitos. Confesso e arrependido, recebeu como penitência: jejuns e peregrinações. Entretanto, também foi processado pelo tribunal civil por quinze delitos: relações com demônio, renegar a Deus, pisar na cruz, confeccionar pós mágicos, fazer malefícios, assassinar crianças, envenenar pessoas, participar do sabbat... Foi condenado à morte.

Ao contrário do que se acusa a Igreja, a Inquisição foi gerada pelo povo que possuía a fé ardente e não aceitava desrespeito pela sua crença. Toda dissensão ideológica suscitava violência. Os reis consideravam a unidade religiosa a base para paz e unidade e onde florescia a heresia, imediatamente havia distúrbios, rebeliões, violentas reações populares, guerras religiosas.

Os repetidos sacrilégios, as doutrinas que ameaçavam a propriedade, a honra e a paz nas famílias e dos povos, os incêndios e os assassinatos, as desordem e rebeliões chegaram a tal ponto que os reis viam a própria dinastia em perigo.

Por exemplo, os sequazes de Tanchelino, que se dizia a encarnação do Espírito Santo e se casou publicamente com uma imagem da Virgem Maria, cometendo atos imorais e roubando bens. Arnaldo de Bréscia com seu bando apoderou-se de Roma e a saqueou, provocando guerra civil. Pedro de Buis foi morto quando ia atear fogo em imagens sagradas, veneradas pelo povo.

A multiplicidade e avanço das heresias no século XII foi tão grande que colocou em risco a Igreja e o Estado, ameaçando a civilização ocidental com anarquias nas crenças, perversão de costumes com lutas e desordem sociais.

A Igreja e o Estado necessitavam agir; enquanto se tratava de heresias, o Estado precisava da cooperação da Igreja, única competência para questões de fé.

A história revela que mesmo diante da gravidade, a Igreja permaneceu indulgente, contudo a insistência e arrogância dos reis, finalmente determinou o modo de atuar.

Uma carta de Luís VII da França, enviada em 1162 ao Papa Alexandre III, ilustra a posição que tomavam Igreja e Estado:


“Peço que vossa Santidade coloque toda atenção contra esta peste (maniqueus em Frandes) e a suprima antes que se agrave a situação. Suplico pela honra da fé cristã, que forneça toda a liberdade de ação ao Arcebispo de Reims, ele acabará com aqueles que se levantam contra Deus, sua severidade justa será louvada por todos os que, nesse país, estão animados com genuína piedade; de outro modo, os murmúrios não se aquietarão e será desencadeada contra a Igreja Romana veementes censuras do povo”.


A carta deixa entrever que o Papa era contrário a medidas de coação. A iminência do perigo fez que mudasse de opinião; príncipes e o povo exigiam repressão suficiente, em muitas regiões o povo agia por conta própria.

Depois de um século de desenvolvimento, a Inquisição foi fundada pelo Papa Gregório IX em 1231. A razão foi a necessidade de criar uma arma de defesa contra as intrusões do Imperador Frederico II na esfera eclesiástica. Esse Imperador tinha a pretensão de dominar o papado. Frederico usava a repressão excessiva da heresia para ganhar prestígios na opinião dos fiéis e afirmar a própria autoridade, planejando lançar na fogueira os hereges e os inimigos políticos como mais tarde achou imitação nos reis da Espanha e Portugal.

A Inquisição foi instituída, não com caráter de perseguir os hereges com mais rigor, e si obstar à prática de crimes políticos cometidos em nome da Igreja.


A instituição

As desordens e inquietações causadas pelas heresias durante a Idade Média exigiam enérgica intervenção dos poderes. Na Alemanha, onde os bispos eram ao mesmo tempo príncipes, teve poucos casos registrados na região. Na França o perigo era maior e as experiências de usar meios persuasivos contra as heresias tinham sido pouco frutíferos no combate.

Em meados do século XII era desesperadora a causa da ortodoxia católica no Lanquedoc. Os albigenses propagavam suas crenças por meio de armas, de incêndios e de saques.

Em 1178 o Papa Alexandre III encarregou o Bispo de Meaux para que interviesse junto aos senhores feudais.

Em 1179 o III Concílio de Latrão elucidou as diferenças entre as penas espirituais da Igreja e as temporais infligidas pelo poder civil. Em 1184 o Concílio de Verona determinou que o juízo das heresias era de ossada papal.

Aqui aparece nitidamente distintas as duas competências: a Eclesiástica e a Secular, coordenadas, porém com procedimentos independentes. Rapidamente os dois tribunais foram reunidos em um só.

Depois do Concílio de Verona o Papa enviou missionários para converter os hereges, porém os albigenses se recusaram ao diálogo e ameaçavam os missionários. Pelas mãos dos hereges morreu o cisterciense Castronovo. Em 1208, o assassinado do legado papal, Pierre de Constelnau, desencadeou guerras atrozes com os albigenses, cujos excessos revelaram necessidade de refrear essa agressividade.

Em 1215, Domingos de Gusmão – fundador dos Frades Pregadores – participou dos infrutíferos esforços de reduzir os extraviados. São Domingos usou quase e unicamente a pregação, o exemplo de vida e o Santo Rosário; desse modo converteu milhares de pecadores públicos, em sua grande parte albigenses.

Como instituição permanente e oficial para toda Igreja, a Inquisição aparece só em 1231, pela bula do Papa Gregório IX.

Fundado com nome de Santo Ofício na França, rapidamente outros tribunais foram estabelecidos. O Imperador Frederico II “colaborando” com os legados papais capturou vários sicilianos e decretou a heresia como crime de lesa-majestade.

A respeito desta concepção fala o Cardeal Hergenrother : Segundo o direito imperial a heresia não se igualava, mas superava em culpabilidade o crime de lesa-majestade.A Igreja e o Estado consideravam a heresia como o pior crime: crimem maximum.

Em 1232 um decreto imperial estendeu a Inquisição para o Império inteiro, desta forma espalhou-se por toda Europa.

O Papa Gregório IX confiou os tribunais da Fé aos dominicanos e franciscanos. Os frades assumiram a tarefa em obediência a Santa Sé; a missão valeu principalmente aos dominicanos, muitas inimizades e até hoje injustas acusações. Vários inquisidores foram mortos pelos hereges.

A Inquisição funcionou com força até o século XV, depois perdeu a importância em muitos países, tendo, todavia uma renovação na Itália; outra de caráter bem diferente surgiria na península Ibérica.


OBS: Diante dessas fraudes intelectuais, é necessário informar a necessidade do católico, principalmente universitário e mais ainda da área de humanas, de estudar a Igreja para não ter sua fé minada pelos filhos dessa sociedade falsamente humanista e inimiga da verdade. O livro – Inquisição: História Mito e Verdade -  de Joseph Bernard, já serve de introdução para compreensão desse fato histórico distorcido em salas de aulas.

Um comentário:

  1. A Pena licita a um herege e de acordo com o o santo pé Evangelho é aquela que foi defendida por são Paulo. "quantos aos hereges não te comuniques com eles." Tito 3,10Infelizmente circunstâncias históricas e excesso de zelo, aliados a interesses políticas levaram hereges à pena cruel de morte na fogueira.

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