Falam de
masmorras, torturas, barbaridades, fogueiras, extermínios em massa de judeus e
mouros.
Depois da
invasão dos visigodos e de seu estabelecimento na Espanha, seguiu-se a
conquista muçulmana que ocupou quase toda península. Nas regiões africanas e
asiáticas, onde se instalou o islamismo, praticamente o cristianismo foi
exterminado e o povo espanhol resistiu a abraçar o Alcorão.
A fidelidade
religiosa junto com a invencível tenacidade na luta permitiu ao povo espanhol
livrar-se do tirano opressor de maneira única na história. A luta durou sete
séculos e deixou vestígios no caráter espanhol. Ficou impresso o espírito
guerreiro e indômito, proto para qualquer sacrifício. A cavalaria espanhola acompanhou os
conquistadores do novo mundo e abismou os povos do Extremo Oriente, da África e
da América. Os latinos das Américas devem se ufanar de ser descendentes de
heróis.
A opressão de
séculos tinha ferido o ânimo do povo espanhol. Existia um ressentimento pelos
invasores, manifestada em violentes insurreições. O povo sofria em ver em sua terra, adeptos de outra fé –
mouros e judeus – enriquecendo-se às custas dos cristãos. O passado glorioso
enchia o espanhol de orgulho, trazendo consciência do seu valor.
Nova Inquisição
Desde o fim
do século XIV existia, principalmente em Castela, a questão dos Judeus. Muitas
vezes o povo tomado por furor antissemítico cometeu grandes
massacres. As razões era, sobretudo, o enriquecimento pela usura à custa dos
cristãos.
Por medo,
muitos judeus fingiam conversão; no entanto continuavam o proselitismo e a dar
prejuízo para a fé cristã. Essa desordem atrapalhava a unificação dos reis
católicos que desejavam ter unidade política. Os reis católicos pediram ao Papa
Sisto IV a fundação de uma nova inquisição em Castela e que o próprio rei
nomeasse os inquisidores e essa concessão feita em 1 de Novembro de 1948 teve
consequências imprevisíveis.
Em 27 de
Setembro de 1480, os reis nomearam dois inquisidores estabelecidos em Sevilha e
começa a Inquisição espanhola. O prototribunal procedia de forma arbitrária sem
ação judicial, prendendo e confiscando e cometendo violências e torturas,
provocando protesto do Papa Sisto IV. Percebendo as injustiças cometidas, o
Papa tentava concertar a situação.
É
notável que, ao contrário do que contam os caluniadores comunistas de
universidade, a perseguição era mais uma vez cometida pelo braço secular e nada
teve a ver com a Igreja.
Aí começou a
luta entre o Papa e o rei Fernando que abusivamente tinha estendido a nova
Inquisição ao reino de Aragão.
Em 18 de Abril de 1482 o Papa (Sisto IV foto ao lado) envia uma bula à Espanha. Nomeou inquisidores, indicando que deviam atuar sob amparo dos bispos, os processos tinha q ser levado ao conhecimento do acusado, o réu poderia apelar para Roma, os bispos gerais e inquisidores tinham poder de absolver todos os judeus que arrependidos confessassem suas culpas.
Procedimentos da Inquisição Espanhola
Em 18 de Abril de 1482 o Papa (Sisto IV foto ao lado) envia uma bula à Espanha. Nomeou inquisidores, indicando que deviam atuar sob amparo dos bispos, os processos tinha q ser levado ao conhecimento do acusado, o réu poderia apelar para Roma, os bispos gerais e inquisidores tinham poder de absolver todos os judeus que arrependidos confessassem suas culpas.
O rei
Fernando sentiu a unificação do reino ameaçada e ameaçou desobediência formal
em caso de decisões inoportunas por parte de Roma, a rainha também sentiu-se
ofendida e o Papa Sisto IV foi obrigado a retroceder.
Ao contrário do que conta os detratores
da fé, a Igreja não tina poderes ilimitados, ao contrário, os reis seguiam
recomendações dos Papas até onde convinha.
É bom lembrar
que os muçulmanos repelidos na Espanha, irrompiam na Europa pelos Bálcãs,
ameaçando toda a cultura ocidental. Hoje nos beneficiamos da atitude salvadora
dos Papas, quem não concorda, pode experimentar viver num país muçulmano e
desfrutar da “liberdade” concedida nestes países.
Sisto IV
escolheu o mal menor. A história está repleta de usurpações pelo poder secular.
Aqueles que acusam a Igreja de indiferença em face dos abusos cometidos na
Espanha, ou não conhecem a verdade ou estão mal intencionados. Os Papas sempre
foram a favor dos oprimidos, mas, muitas vezes tinham que se comedir para não
piorar ainda mais a situação.
OBS: Pio XII durante a segunda guerra
mundial, sabia que qualquer atitude chamativa atrairia mais perseguições contra
os judeus e com prudência conseguiu salvar milhares de judeus. Enquanto os
inimigos o acusam de omissão, o povo judeu de Roma mandou gravar uma placa de
agradecimento, que se encontra no Museu da Resistência em Roma.(Rei Fernando, foto ao lado).
Expulsão dos judeus e mouros
A Espanha tinha
entre cinco milhões de habitantes cerca de 180.000 judeus não convertidos. A
presença dos judeus era considerada ameaçadora para unificação política e
religiosa. Em 1492 baixaram um decreto expulsando todos os judeus de Castela e
Aragão no prazo de três meses sem direito a levar nada de seus bens nem
vendê-los. A grande maioria, cerca de 120.000 teve a infeliz escolha de ir para
Portugal.
O arcebispo
de Granada, Frei Fernando de Tavalera, mesmo de Idade avançada entregou-se na
evangelização dos mouros aprendendo até árabe e imprimiu manuais nessa língua.
Muitos se converteram com sincera e espontânea vontade.
Muitos
aceitaram o batismo sem nenhuma sinceridade da mesma forma que os judeus o que
ocasionou desconfiança das autoridades. Um inquisidor chamado Diogo Rodrigues
de Lucero, chegou até abrir um processo contra o arcebispo Tavalera por
conivência com os mouriscos (como eram chamados os mouros convertidos ou novos
cristãos).
Em nome da
verdade, devemos defender os Papas, a Igreja e a própria Inquisição da
caluniosa acusação de terem provocado a conversão dos judeus e mouros, como
também sua expulsões. Foram atos despóticos de reis, consumados em oposição às
admoestações de homens sensatos, principalmente prelados eclesiásticos.
A Inquisição
Espanhola era dominada pelo poder secular, inclusive chegando a afrontar Roma e
o Papa , sendo usada como instrumento de perseguição política.
Em 1586, o Cardeal
Quiroga, encarcerou quatro jesuítas e confiscou as bulas Papais de Sisto V e
deu um parecer sobre os escritos como “manifestações de heresias”, portanto o
próprio Papa era acusado de herege.
Lembrando que
nos ambientes anticlericais não se interessam nas orientações políticas nos
detalhes desse assunto, pois apenas desejam acusar a Igreja, tanto que nas
Universidades, colégios e cursinhos ninguém ouve dos professores acusadores, os
detalhes, nomes de personagens, apenas acusam repetidamente.
N o essencial o
procedimento era o mesmo da Inquisição Medieval já relatadas aqui.
Fala-se das
condições de prisões como: recintos miseráveis, úmidos, escuros, fétidos,
alimentação a pão e água, sem acomodações. O protestante Schafer, insuspeito de
parcialidade contesta: “Os cárceres da Inquisição eram melhores do seu tempo,
eram locias espaçosos, limpos, providos de luz suficiente para ler e escrever;
os presos só traziam cama e vestimentas.. Quanto à alimentação, o inquisidor de
Valladolid enumera: pão, água, carne, vinho e frutas. Podia-se receber visitas
e em ocasiões de doença na família, recebiam recebiam liberdade provisória pelo
tempo necessário.
Os
denunciados esperavam semanas e até meses para serem chamados para a primeira
audiência, depois das primeiras audiências, o fiscal formulava a acusação que
era comunicada ao réu, para que ele montasse sua defesa. Neste trabalho o
acusado não usava seus próprios recursos; recebia ajuda do advogado e do
letrado, também podia apresentar testemunha de abono além de receber com seu
advogado, cópia do processo e até podia propor novas testemunhas. A
extraordinária abundância de detalhes demonstra que a Inquisição realmente
esmerou por fazer justiça ao acusado.
Em alguns
casos, a culpabilidade ou a inocência não ficava resolvida depois de esgotados
todos os meios, então os inquisidores recorriam à tortura com a finalidade de
resolver o processo, porém, após tempos subsequentes se compreendeu a
inutilidade e foi abolida a tortura. Todos os tribunais civis usavam a tortura,
herança do direito romano. A Inquisição Medieval não usava a tortura no início,
ela foi introduzida em 1252 e aceita com naturalidade por todos. Por mais
incrível que pareça, a tão difamada Inquisição Espanhola foi o tribunal que
usou com mais parcimônia a tortura.
Os tribunais
da Inquisição procuravam induzir o réu a se converter e ser libertado das penas de lei civil, em que fatalmente
seria condenado à morte. Muitos dos acusados se convertiam, sendo absolvidos e
reintegrados à sociedade: A realidade difere imensamente das invenções
maliciosas.
Os autos de
fé correspondiam á última fase dos processos inquisitoriais. Também este ato
não era o espetáculo degradante, inventado e difundido pelos adversários da
Igreja, em que magistrados e povo se deleitavam em contemplar os condenados
sendo queimados vivos.
Na realidade
os autos de fé eram grandes manifestações de fé. Na praça principal
levantavam-se os grandes tribunais, onde os convidados de honra tomavam seus
lugares e em volta ficava o povo. Os penitentes eram estrangulados e os corpos
lançados à fogueira, junto com os poucos impenitentes que eram queimados vivos.
O poder civil, ao contrário, gostava do
espetáculo porque incutia medo e intimidava. Os horrores descritos em livros e
filmes não eram cometidos pela Inquisição e sim pelo Estado.
A exposição
histórica da Inquisição Espanhola revelou um grande defeito: a dependência dos
reis, que dela abusavam com finalidades alheias às da religião.
Inquisição: história, mito e verdade / Joseph Bernard.
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