É próprio de
todo ser humano prudente estudar e investigar com seriedade qualquer problema
que se apresente. Mas, se para esse estudo exige-se crítica e seriedade, mais
seriedade e crítica deve ser exigida deve ser exigida do problema religioso.
É próprio da
criatura consciente de seus atos não se deixar levar por cargas afetivas
próprias do psiquismo inferior, mas sim utilizar a qualidade essencial do
homem, a inteligência, aplicando-a com seriedade crítica e científica na
investigação da verdade.
“Padre... ” e
reformula uma pergunta de religião.
Após dez
minutos de conversa, eis que ele se despede: “O senhor não me convence...”
Fico
pensando: o que diria um professor da Faculdade de Medicina se algum ignorante
das coisas da Medicina lhe pedisse: “ Queria que o senhor, em dez minutos, me
esclarecesse sobre Medicina...”
“ Em dez
minutos?! Após muitos anos de estudos sérios, chegamos à conclusão de que pouco
ou nada sabemos de Medicina. E em dez minutos?”
Será possível
julgar com seriedade um homem que pretende entender questões de tal
transcendência em dez minutos?
Mas onde está
a verdade no problema religioso?
Poderemos,
com segurança, navegando pelo mar da vida, revolvido pelo furacão das paixões e
cruzado por múltiplas correntes de doutrinas encontrar o porto da Verdade?
Quantos que
agora leem está a navegar à deriva das paixões e ao ulular do furacão das
doutrinas!
Reiteradas
observações feitas pelos técnicos, bússola, carta de marear à frente e mão
firme no leme são indispensáveis para evitar a rota incerta.
Na carta de
marear com duas coordenada – longitude e latitude, paralelos e meridianos -,
localiza-se matematicamente a situação do porto.
Se alguém,
navegando pelo porto da Verdade, deparar com coordenadas que mostram, com
precisão, as balizas de um porto; se reconhecer as cintilações precisas
peculiares do farol indicando-o não há por que duvidar, navegue nessa direção;
ancore nesse porto. É o porto da verdade.
A EXISTÊNCIA DESSE PLANO
Se esse plano
fosse posterior à vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, não teria o valor
demonstrativo que possui.
Se o plano
fosse de data desconhecida, poder-se-ia falar em falsificação.
Séculos
anteriores à vinda de Jesus Cristo, encontrava-se esse plano total e
detalhadamente delineado. E estava ele custodiado precisamente pelos inimigos
originário do Cristianismo.
Fato
criticamente certo. Tinham os judeus, em suas Escrituras, uma série de
vaticínios concretos, de características específicas, concernentes ao Messias
que eles aguardavam – o Legado Divino – o
Filho de Deus.
A versão do
Antigo Testamento, elaborada pelos 70, do hebreu ao grego, terminou
aproximadamente dois séculos antes de Jesus Cristo, pois já em 130 antes de
Cristo era encontrada no Egito. Nessa versão dos 70 encontram-se os vaticínios
messiânicos íntegros tal como lemos atualmente.
Durante onze
séculos, século a século, foram vaticinadas as peculiaridades do Legado Divino,
por meio de profetas.
Cinco séculos
(no final do século V) antes de sua vinda, terminada se encontrava a descrição
dos traços do Messias.
Como comenta
Santo Agostinho! “ Não nós, mas os judeus, são os conservadores desses livros
que são nossos. Quando queremos mostrar que Jesus Cristo foi profetizado,
apresentamos esses livros aos pagãos. E afim de que os obstinados em não crer
não viessem a dizer que foi composto por nós e adaptados ao acontecido, como
falsificadores, precisamente por isso podemos convencê-los, com evidência, de
que tal não é assim, porque todos esses livros em que Jesus Cristo está
profetizado, todos estavam séculos antes da vinda de Cristo, em poder dos
judeus: eles são seus guardiões.”
Eles, os
judeus, conservaram para nós os escritos que durante onze séculos consecutivos
iam enfeixando as predições do futuro Messias. Todas as predições – feito
histórico inegável em ciência – estavam já publicadas séculos antes da vinda de
Cristo.
CONTEÚDO DO PLANO
Alguns
vaticínios são de um profeta; outros, de outro.
Cada profeta
descreve um traço ou uma circunstância do Messias vindouro.
E todos esses
fragmentos separados convergem para um ponto concreto: A Pessoa Íntegra do
Messias.
Foi
anunciado: virá o Messias e nascerá da estirpe de Adão (Gn 22,18; 26,4).
E descenderá
de Isaac (Gn 26,4) e, dentre os filhos de Isaac outra predição anuncia que
descenderá de Jacó (Gn 28,14) e outra nova predição determina que das doze
tribos procedentes dos filhos de Jacó (Gn 49,8); e, finalmente, outra profecia
indica, concretamente, que, dentre as numerosas famílias da tribo de Judá,
nascerá o Messias da família de Davi (Sl 88).
Daniel, em
termos concretos de tempo, predisse que, ao findar setenta semanas (de anos)
dar-se-ia a prevaricação do povo judeu, sobrevindo a morte do Messias. “ Será
morto o Cristo, e o povo que o há de negar não será mais seu. E um povo, com
seu capitão, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário; e o seu fim será
uma ruína total e, depois do fim da guerra, ali se implantará a desolação. E o
Cristo confirmará sua Nova Aliança... com muitos”(Dn 24,27).
Malaquias
confirmou a predição dizendo que o Messias viria para o segundo templo e, após
sua vinda, permaneceria para sempre destruído o templo (Ml 3,1).
Miquéias
(5,2) observou que o local em que nasceria o Messias chama-se Belém.
Isaías
(9,1-2; 42,1) predisse que o Messias doutrinaria especialmente na Galileia,
tratando os pecadores com benignidade e mansidão.
Zacarias
(11,12) predisse a venda do Messias por 30 moedas e que o traidor as lançaria
no templo, e com elas se compraria uma olaria.
Isaías,
contrariando a crença do povo judeu sobre o Messias predisse:
- O Messias iria ser apontado como malfeitor e entre eles colocado (Is 53,2);
- que haveria de ser condenado à morte (53,8);
- que haveriam de açoitá-lo, esbofeteá-lo e nele escarrar (50,6).
E as cenas da
Paixão do Messias estão exposta com tanto detalhe que inundam a alma de luz.
O Messias
será despojado de sua túnica, dividida, por sorteio, entre os soldados (Sl
21,19).
No suplício
da cruz, sofreria ele o tormento da sede, a língua ressecada como uma telha,
colada ao paladar (Sl 21,16). Para aliviá-lo da sede, apresentar-lhe-iam uma
esponja embebida em vinagre (Sl 68,22).
Todos quantos
o viam cravado na cruz iam escarnecer dele e arreganhando os lábios e meneando
a cabeça a cabeça, diriam: “Esperou no Senhor: livre-o, salve-o, se é que o
ama” (Sl 21,7).
Completando a
cena, disse Zacarias “ que permaneceriam a olhar o cadáver aqueles mesmos que o
haviam atravessado com suas lanças” (Zc 12,10).
Predições, senhores,
concretas, concretas no tempo,
concretas no espaço, concretas no fato.
Não são meras
conjecturas nem enunciados equívocos, vagos e imprecisos.
São predições
à distância de séculos. A duração histórica da instituição pré-profetismo em
Israel abrangeu o espaço de muitos séculos, e todos os traços da figura estavam
concluídos antes da finalização do século V antes do Messias.
Não são
previsões a curto prazo, em que talvez se pudesse prever alguma probabilidade.
Predições
sobre complicadíssimos e múltiplos acontecimentos, em cuja realização teriam de
intervir um sem número de vontades humanas, ainda inexistentes, que só haveriam
de intervir na História após o fluir de muitos séculos.
Predições
contra todo o pensar e sentir dos judeus, tais como a destruição do templo, o
fim de sua religião, a vocação dos gentios, as ignomínias que o Messias sofreria
e a maneira pela qual se verificaria a esperada redenção.
Predições
que, se houvessem sido fruto da mente dos profetas, jamais teriam sido
cumpridas, muito menos todas as predições de todos os profetas no mesmo e único
personagem a que se referiam.
REALIZAÇÃO DO PLANO
E da estirpe
de Abraão descendeu Isaac, e da estirpe de Isaac descendeu Jacó, e da estirpe
de Jacó descendeu a tribo de Judá, e da família de Davi... tudo exatamente como
previsto por Daniel cinco séculos antes... Deixou de existir o cetro de Judá,
como anunciara Jacó, e na insignificante povoação de Belém, como predissera
Miquéias, nasceu Nosso Senhor Jesus Cristo, numa precisão de cronologia e local
absoluta.
E... Jesus
Cristo entrou no segundo templo, como o predisse Ageu, templo esse que, após a
vinda de Jesus Cristo, permaneceu arruinado e destruído, como profetizou
Malaquias.
E... a Galileia
transformou-se no lugar principal de suas pregações com a mesma benignidade por
Ele descrita no Pai do Filho pródigo e no Bom Pastor, tal como predissera
Isaías oito séculos atrás.
E tal
multiplicidade, e tal minuciosidade de pormenores tiveram, em Nosso Senhor
Jesus Cristo fidelíssimo cumprimento na semana 70 de anos, segundo profetizara
Daniel; após haver sido vendido por 30 moedas, como predissera Zacarias;
apontado como malfeitor, condenado à morte a pedido do povo... como fora
previsto, minuciosamente ponto a ponto, nos Salmos, morria Nosso Senhor Jesus
Cristo cujo corpo lanceado, já cadáver, como Zacarias o vaticinara, foi
enterrado no sepulcro de um homem opulento, José de Arimateia, como Isaías o
consignara.
Tão
categóricas, tão afirmativas, tão abundantes, tão ricas nos mínimos detalhes,
cumpridas côa a mais fiel exatidão no fluir dos séculos após séculos e no
momento preciso por elas assinalados, tais predições jamais poderiam ser fruto
da inteligência humana, nem qualquer homem sério e de crítica científica
atrever-se-ia a assim supor.
Predizer,
onde a vontade humana intervém!
As chamadas estatísticas jamais predisseram fatos
concretos, determinando o local, o tempo e as pessoas. Expressam apenas,
segundo o cálculo das probabilidades – nada
mais que probabilidades - , alguns acontecimentos humanos.
Com
antecedência de anos, quanto mais de séculos como é árduo predizer com exatidão
fenômenos dependente da vontade humana ( e sobretudo quando entra em jogo um
sem -número de vontades) e predizê-los com pormenores precisos, concretos e
múltiplos; escusado é intentar provar, que, em ciência pura, tudo isso é
absurdo.
Ninguém que
possua seriedade científica atrever-se-á a supor que a inteligência humana
possa vaticinar, com absoluta exatidão, através dos séculos, acontecimentos que
dependam do múltiplo concurso de vontades humanas.
Essas
previsões, com as notas de afirmação categórica, determinação concreta e exata,
cumprimento de precisão absoluta são próprias somente daquele entendimento que, por ser Infinito, está presente em todos os tempos e
perscruta o futuro livre, ainda inexistente, mas que terá realidade física
em seu tempo.
E se Deus é o
autor dessas profecias contidas nas Escrituras, bem podemos guiar-nos por elas
na obtenção da verdade.
Mais de 30
coordenadas, que coincidem, com a mais exata das precisões, com a Pessoa de
Jesus Cristo podem deixar-nos mais que convictos da que Jesus Cristo é a Verdade.
Duas
coordenadas.latitude e longitude, cintilações de luz do farol, assinalam o
porto para o qual o barco navega, servido de guia fidelíssimo para que nele e
com segurança a âncora seja lançada.
Cintilações
de luz divina, emitidas durante onze séculos, assinalando Jesus Cristo – Legado
Divino e Filho de Deus – com segurança podem conduzir-nos a Ele, porto da
Verdade Religiosa.
Quando a Ele
chegarmos, ouçamos de seus divinos lábios: “Ego sum veritas”, “ Eu sou a
Verdade”.
As
credenciais entregues por Deus a seu Filho são de tal natureza, por sua
multiplicidade e clarividência, que acalma a curiosidade mais escrupulosa.
Além do mais,
elas evidenciam a má-fé dos que, cegos por vontade própria, obstinam-se a não
considerá-las nem admiti-las.
Jesus Cristo é Deus? – José Antônio de
Laburu,SJ
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