quarta-feira, 28 de maio de 2014

Suportar os defeitos alheios


 Deve-se suportar com paciência, enquanto Deus não intervém, tudo que em nós mesmos e nos outros não se pode corrigir senão raramente.

Considera que tal situação seja talvez melhor para a tua provação e paciência, em vista de maiores méritos.

Pede, porém, a Deus, que te assista em meios a tais contrariedades, para que possas suportá-las.



Se alguém não aceita ser corrigido, uma ou dias vezes, não insiste. Entrega tudo a Deus que tem poder de converter todo mal em bem, para que em tudo se faça a sua vontade e se preserve sua honra.

Procura tolerar com paciência todos os defeitos e fraquezas alheias, pois tu também tens muitas coisas que os outros precisam suportar.

Se tu mesmo não consegues ser como gostarias, como exigir dos outros que façam o que te convém?

Desejamos a perfeição dos outros sem nos emendarmos de nossos defeitos.

Corrigimos os outros com rigor, mas não nos queremos corrigir.

Incomoda-nos a liberdade dos outros mas não aceitamos que se restrinja a nossa.

Queremos regras rígidas, mas não admitimos estar sob nenhuma restrição.

Na verdade, não aceitamos nunca a medida com que julgamos os demais.

Se todos fossem perfeitos, como sofreríamos por causa de Deus?

Deus determinou que carregássemos os fardos uns dos outros (Gl 6,2). Não há ninguém sem defeito, que se baste a si mesmo ou que possa dispensar a sabedoria alheia. Por isso nos devemos suportar uns aos outros.

A virtude se manifesta na adversidade, que, em lugar de nos enfraquecer, acaba mostrando o que somos.

A ocasião não causa a fragilidade, mas a manifesta.

Imitação de Cristo - Tomás de Kempis

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