terça-feira, 10 de junho de 2014

O demônio quer confundir a razão e destruir assim a nossa liberdade, diz o exorcista Sante Babolin



Junto à distorção da realidade para mudar o bem pelo mal, profanar e destruir o matrimônio são objetivos prioritários do Maligno, como testemunha e afirma nesta entrevista o Monsenhor  Sante Babolin. "Somente a filosofia que proclama a verdade santifica razão." É uma máxima que assumiu Monsenhor Babolin e também fala sobre seus 30 anos como estudioso de filosofia na Universidade Gregoriana, que ele deixou para trás para seguir uma nova "emergência pastoral."

Tinha setenta anos de idade, quando foi nomeado exorcista da diocese de Pádua pelo Bispo Dom Antonio de Padua Mattiazzo. Depois de sete anos e mais de 1.300 casos visto, seu livro "O Exorcismo. Ministério da Consolação " sem sensacionalismo  tenta chegar à raiz do bem e do mal no nosso tempo. Esta semana, em uma entrevista transmitida na Tempi revista italiana, Babolin vai para o ringue hoje denunciando a formação espiritual em uma sociedade cega pela matéria.

Convida usar a razão para distinguir o certo do errado, num tempo em que o argumento falacioso de "todos iguais" procura, em última instância dissolver as fronteiras entre o que é certo e o que não é. Diante da tentativa do demônio causar confusão, diz Babolin, é necessário defender a "santidade da razão" ...

Você poderia explicar essa afirmação?

A razão é santa quando afirma a razão. Parece uma tautologia, mas o que é afirmado é que a razão só é tal, quando respeita a realidade, isto é, quando se respeita o estatuto ontológico do homem, que é uma síntese extraordinária, maravilhosa de espírito e matéria. A razão é a ferramenta que temos para discernir, para usar corretamente os sentidos. O próprio São Tomás diz: "
Et sensus ratio quaedam est." A razão respeita a realidade porque deve partir sempre dos dados de experiência, caso contrário, torna-se uma interpretação errônea, enganosa e distorcida... Resumindo em uma palavra; ideologia.

Você diz que é justamente essa capacidade de lutar contra o Mal, o que ajuda a distinguir o certo do errado. Porque só então seremos “livres para amar.”

Veja, o diabo, como está escrito nos Evangelhos, é constitutivamente mentiroso. Engana quando distorce a realidade, mas também quando ele diz algo de verdade. Mesmo quando o diabo fala a verdade, faz  com um motivo, com uma intencionalidade que não é a do Criador. O diabo quer confundir a razão para assim destruir a nossa liberdade. Como escreveu  Blondel : "a liberdade da liberdade é uma farsa." A verdadeira liberdade é o amor, não há nenhuma outra. A liberdade se realiza no amor, um amor que pode até mesmo ser  sacrifício e serviço ao outro. Liberdade sem amor se autoaniquila.

Mas hoje vivemos em uma sociedade que não coloca em primeiro lugar a razão, mas a espontaneidade, o “meu sentir”, o instinto.

Pode-se evitar viver dessa maneira. Em certo sentido, os animais são mais afortunados do que nós, porque seus instintos nunca falham. Sua vida não depende da razão, mas, do uso dos sentidos e instintos. Para um cordeiro, embora ninguém lhe ensinasse que o lobo é perigoso, ainda assim, quando o vê, foge. Mas para nós não. Se a nossa sensibilidade não vier da razão, a mesma sensibilidade está inacabada.
  
Em sua obra "O Exorcismo. Ministério da Consolação” adverte contra o perigo da destruição da família...

Sim, pelas razões que acabei de mencionar, mas também por razões de fé. O Maligno - e isso é evidente revelado durante os exorcismos – assim como deseja profanar a Eucaristia, busca profanar e destruir o Matrimônio. O sacramento do matrimônio é o mais próximo ao sacramento eucarístico. Não é por acaso que Jesus, depois de seu batismo no Jordão, foi particiar das bodas de Caná e instituia o matrimônio, que é o sacramento que consagra a origem da vida.

Você poderia explicar com mais detalhes?

Uma vez, durante um exorcismo, eu perguntei ao Maligno porque tanto ódio contra o amor entre marido e mulher unidos pelo sacramento na Igreja. E ele me respondeu: "Eu odeio que se amem!" O Maligno pode oferecer sexo, mas não amor! Quando os cônjuges reciprocamente se oferecem com selo (sacramento) do matrimônio, também dão um ao outro o Espírito Santo. E o diabo sabe disso, então ele tenta destruí-lo. Quando uma relação amorosa tem como finalidade o matrimônio, esse propósito flui como um refluxo de proteção durante todo o caminho. Quando o casal sobe ao altar declarando a sua decisão, o sacerdote oferece a Deus invocando sobre eles o Espírito Santo. No momento em que o Espírito Santo é invocado pela Igreja, desce e transforma a sua relação, ocorre o casamento. Logo, o sacramento nasce no tálamo. Por esta razão, eu chamo de "tálamo" o leito conjugal, porque esse é o altar dos que crêem em Cristo.

Voltando ao tema família...

Nela vemos a trindade humana. Pelos pais, chega um terceiro, o filho, e assim, vemos na família o reflexo do mistério de Deus Uno e Trino. O homem não é dois, mas três, porque nele se encontra o gérmen da trindade de Deus.

Em um incidente relatado por outro exorcista, Padre Matteo La Grua, disse que depois de um exorcismo, indagandou ao diabo: "Quem é você", e ele respondeu: "Eu não sou ninguém. Eu perdi o meu nome. " E ele foi embora, deixando-me atordoado (...). Palavras escandalosas, pois, na cultura bíblica, o nome é identificado com a pessoa, era como se o diabo estivesse me dizendo que depois de ter se rebelado contra Deus, ele era um ninguém, porque ao se rebelar contra o seu Criador, perdeu a sua própria identidade e sua própria verdade.

Quando durante os exorcismos digo ao diabo que ele é "nada" é uma verdade duríssima. Eu digo: “Você desejaria aniquilar-se, mas não pode porque você é uma criatura.” A criatura não pode criar-se, nem aniquilar-se. Ele desejairia desaparecer para não sofrer, mas não pode. É um pensamento assustador. Em certo sentido, é uma tentativa em curso de destruição e de autodestruição, que não pode ser realizado. O Maligno sofre por sua condição, mas não pode se libertar.

Deus realmente  dar a liberdade aos espíritos puros e aos seres humanos. É um dom fundamental que Deus nunca priva. Mas a liberdade significa ser livre para dizer 'sim' ou para dizer 'não'. Se alguém está trancado em seu "não", este "não" torna-se irreversível. Para nós, seres humanos, o Senhor tem mais misericórdia, porque nós também somos carne, mas, para os espíritos puros ... Há irreversibilidade.

O que significa para a misericórdia por sermos carne?

 
Significa que enquanto estamos vivos podemos ser salvos. É a carne que nos salva. Na verdade, Ele (Jesus) se fez carne só para nos salvar, pois estamos na carne. É o grande mistério da Encarnação de Deus.



Infocatólica - <<El diablo quiere confundir la razón porque así aplasta nuestra libertad>> dice el exorcista Babolín


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