quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A virtude da modéstia

"Que a vossa modéstia seja conhecida de todos".

(Filipenses 4, 5)

Em nome do Pai e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Ave Maria...

Santo Tomás explica que a modéstia é a virtude que nos faz observar o modo devido nas nossas ações exteriores, sejam gestos ou palavras ou em nossas vestes, acomodando tudo isso ao nosso estado de vida, a nossa classe social, a nossa profissão. Vê-se que, neste sentido, é uma virtude que abraça mais coisas do que o sentido moderno de "modéstia" envolve. Atualmente, vê-se a modéstia como sendo uma virtude que se ocupa somente dos vestidos e das roupas, e do modo de se relacionar com as pessoas do sexo oposto. A verdade é que nossos atos exteriores se relacionam a muitas outras coisas além daquelas ligadas ao 6o. e ao 9o. mandamentos e isso pode ser notado, por exemplo, quando São Paulo diz que "aqueles que resistem à verdade devem ser corrigidos com modéstia" (II Tim. 2, 24), com o modo devido.

Tudo na vida do homem precisa de moderação e, por isso, precisamos de uma outra virtude que se encarregue de moderar coisas menos difíceis do que os prazeres do tato. Essa virtude é a modéstia. A modéstia nos faz observar o modo devido nos nossos gestos e palavras, e os teólogos citam quais são as coisas que devem ser moderadas: como andamos, sentamos, ficamos de pé, os movimentos da cabeça, como contraímos e relaxamos o rosto, como expandimos os braços, o tom que damos à voz, nossos risos e nosso aspecto. Em tudo isso é necessário guardar equilíbrio, para que nada seja efeminado ou mole, e para que não haja nada de duro e de rude.


Para observar a modéstia nos nossos gestos e movimentos corporais devemos levar em conta três coisas, principalmente: a nossa dignidade específica, as pessoas que estão a nossa volta, o lugar em que nos encontramos. Normalmente, é no comportamento exterior que vemos o interior de uma pessoa. Santo Tomás observa que a inquietação dos movimentos externos indica agitação em nosso interior. A causa é que nossos movimentos exteriores, antes de seres feitos por nós, são esboçados na imaginação, que é afetada pelas paixões. Se as paixões não estão bem controladas teremos uma imaginação inquieta e movimentos imodestos. Gestos bruscos e impulsivos, gargalhadas barulhentas, olhares indiscretos, movimentos efeminados, falas desagradavelmente delicadas, excessiva atenção dada aos enfeites (sobretudo quando isso vem da parte dos homens) e outras mil inconveniências são, geralmente, indício de um interior desordenado. A verdade é que tudo isso pode ser resumido no seguinte princípio: todos os atos que fazemos devem receber sua medida da inteligência iluminada pela fé e todas estas desordens, maiores ou menores, indicam uma falta de controle da inteligência iluminada pela fé sobre nossos atos. Isto basta para compreendermos as consequências práticas que tiraremos agora.

Primeiramente, nossa roupa deve estar acomodada ao nosso estado de vida. Assim, devemos vir na missa com roupas que sejam dignas da reatualização do sacrifício da Cruz. Camisetas e calças com estampas banais, frases sem sentido, com imagens de bandas, tudo isso não se acomoda à circunstância de estarmos na igreja e na santa missa (considerado o modo como os cantores de rock agem, as coisas que falam e cantam, usar camisetas de bandas é cooperar com essas coisas, que podem ser graves, como imoralidades e blasfêmias, e não nos devemos aproximar da santa comunhão com elas). Se é possível, deve-se vestir uma camisa ao invés de uma camiseta, calças sociais ao invés de jeans. Evidentemente, são coisas pequenas, mas que mostram modéstia na circunstância em que nos encontramos (vestir uma camiseta de uma banda é algo mais importante).

Nosso exterior deve manifestar o que somos. Devemos ser atentos ao modelo de roupa que compramos e usamos. Muitas das pessoas que confeccionam as roupas vendidas no mercado são homossexuais e as desenham com um estilo efeminado. Os homens devem ser atentos para não adquirir e usar roupas cujo estilo seja efeminado. As mulheres devem dar preferência a roupas mais acomodadas a elas, isto é, saias e vestidos, evitando roupas mais próprias do sexo masculino.

O uso de enfeites e adornos deve ser compatível com nosso estado e as circunstâncias. Assim, o fenômeno moderno de homens usando brincos, pulseiras, colares, de pintar os cabelos e de penteá-los com grande cuidado, vai contra a modéstia e são coisas que efeminam os homens. Os homens devem usar adornos somente quando se trata de indicar a autoridade que têm. Bispos e cardeais usam um anel e uma cruz peitoral, ou alguma outra insígnia para indicar a autoridade que têm, mas não o fazem para agradar e chamar a atenção. É um mau sinal que um homem use enfeites, indicando uma vaidade estranha aos homens por um comportamento próprio das mulheres.

As mulheres podem usar jóias e enfeites, que devem ser governados pela inteligência iluminada pela fé. Jóias, enfeites, esmalte e maquiagem devem estar acomodados às circunstâncias, às pessoas que as usam e devem estar orientados a uma finalidade honesta. Usá-los de modo equilibrado em vista do casamento é lícito, jamais usando-os de um modo ou em uma quantidade que seja ocasião de pecado aos homens. As mães devem orientar as filhas com relação a isso. Quem não tem idade ainda para contrair matrimônio deve usar de maior freio nessas coisas do que aquelas que têm idade e condição de casar. Muitas coisas devem ser levadas em conta: ir em uma festa importante sem qualquer maquiagem é muitas vezes visto como falta de consideração pela pessoa que a organiza, ou pela coisa que se comemora. Ao mesmo tempo, uma adolescente que ainda não tem condições de casar deve ser mais reservada no modo de se maquiar, pois deve considerar sua condição pessoal. Ambas as coisas devem ser unidas com equilíbrio. Evidentemente, usar adornos e maquiagens com uma intenção gravemente imoral é pecado grave. Quanto à moda há considerações interessantíssimas que podem ser feitas sobre os princípios que a regem e a mentalidade que causam, e o faremos em um sermão futuro.

Nos últimos anos aumentou enormemente o número de pessoas que têm tatuagens e piercings. Copio aqui boa parte do artigo escrito pelo Pe. Daniel Pinheiro, IBP, no site scutumfidei.org . Hoje é relativamente claro que as circunstâncias militam fortemente contra a tatuagem, pois está muito associada a uma revolta contra o real, contra a ordem estabelecida, contra os superiores, para afirmar uma autonomia total do indivíduo sobre seu corpo, portanto contra Deus. Ela está associada a uma mentalidade neo-pagã, sendo fruto dela e conduzindo a ela.

Além disso, e independente das circunstâncias, a tatuagem marca o corpo praticamente de forma indelével, o que constitui um tipo de mutilação. Ora, a mutilação só é lícita se há causa proporcionalmente grave. Assim, só podemos mutilar uma parte de nosso corpo em vista do bem do todo, pois o homem não tem um domínio completo sobre o seu próprio corpo. É importante compreender que o homem não tem um domínio completo sobre o seu corpo: o homem só pode dispor de seu corpo para os usos determinados por Deus através da própria natureza do homem. A finalidade proposta pela tatuagem não é, evidentemente, o bem do todo, nem outro bem proporcional à mutilação causada pela tatuagem. Quem se tatua, normalmente o faz por vaidade, para ser visto pelos outros, para chocar, para mostrar uma pretensa força, etc., motivos todos opostos à virtude da modéstia. Todos esses motivos são motivos desordenados, o que torna a tatuagem pecaminosa (gravemente ou venialmente, dependendo do tamanho, do tema, do local em que é feita, do grau de malícia da intenção). O mesmo, porém, não se pode dizer de brincos usados segundo o costume recebido, pois eles são usados como adereço feminino, que distingue a mulher do homem e corresponde à inclinação natural da mulher de se ornar, desde que com moderação. Na prática:

(a) Se a tatuagem é uma imagem ou frase diabólica, esotérica, ou que envolve símbolos de falsas religiões, vai contra o 1º mandamento, contra a virtude de religião. Se a tatuagem é simplesmente feia ou de mau gosto, ela é uma exaltação da feiura, se opondo a Deus, infinitamente belo. Promover e se alegrar com o feio se opõe à ordem natural e é promover o reino do demônio.

(b) Se a tatuagem for de um símbolo religioso, como uma Cruz ou Nossa Senhora, por exemplo, é um pecado de irreverência, contrário, portanto, ao 2º mandamento, à virtude de religião.

(c) Se o objetivo for repelir, intimidar, chocar os outros, ela se opõe à caridade fraterna, ao 5º mandamento.

(d) Se o objetivo for se opor aos superiores, ao pais, à ordem, etc., se opõe ao 4º mandamento, isto é, à virtude de piedade.

(e) Se for por vaidade, isto é, para chamar a atenção dos outros, para exaltar alguma qualidade, é contra a humildade. Opõe-se também à modéstia chamando demasiadamente atenção ao exterior da pessoa.

(f) Se a tatuagem for de algo indecente ou impuro, ou de uma frase indecente ou impura, se opõe ao sexto mandamento. Ela pode se opor ao 6º mandamento também pela sua localização ou por dirigir olhares para partes menos honestas.

Em suma, é quase impossível haver uma causa proporcional para justificar uma tatuagem em nossa civilização. A pele humana não é uma tela. Foi criada com outra finalidade: servir a Deus sendo ordenado pela alma. Raciocínio análogo se aplica a piercings, alargadores e coisas semelhantes.
Se uma tatuagem é gravemente pecaminosa, por exemplo, opondo-se ao primeiro mandamento ou ao sexto, a obrigação de tirá-la é grave. Também a sua visibilidade pelas outras pessoas aumenta a necessidade de tirá-la. Se ela for levemente pecaminosa, a obrigação é leve.


Fonte: IBP-SP

2 comentários:

  1. A VIRTUDE DA MODÉSTIA está sob um relaxamento geral de católicos, mesmo na S Missa e até se aproximando da S Comunhão, seria devido ao silencio quase geral dos sacerdotes em seriamente interpelarem as pessoas, comparecendo às celebrações em trajes inadequados.
    Aliás, as mulheres estão muitíssimas nas vias públicas em matéria de nudismo desafiando até as prostitutas aguardando clientes nas portas e dentro dos bordeis: quase, em nada se diferenciam, em especial moças, com roupas collants, decotadas, blusas de alcinhas, apertadas, as costas desnudas só cobertas por cabelos, mini-shorts, roupas transparentes, tomara-que-caia, etc., e mesmo senhoras mais idosas se apresentado semelhantes a mocinhas comportando-se como alienadas à fé,cairam no modernismo!
    Muitas não distinguem a Casa de Deus de ambientes profanos, clubes, ruas de lazer, etc., e a prática integral da fé, refletindo na deplorável imodéstia cristã; alguns homens idem comparecem de forma parecida como as mulheres, esculhambados: de chinelões, bermudões, camisas de clubes etc., em similares condições.
    O pior é que as mulheres, em especial, não imaginam que todos os maus pensamentos e ações provenientes dessas graves atitudes lascivas e provocantes ao se vestirem de formas exibicionistas e sedutoras, mesmo em qualquer lugar, em especial nos templos, darão contas de si e compartilhamento de todos os outros nos quais gerarem maus pensamentos e ações, por terem pecado em público, de terem induzido a outrem ao pecado; é o totalmente esquecido pecado do escândalo!
    Quanto às tatuagens, o acima e mais certas como de lagartos, escorpiões, serpentes e algumas com mensagens esotéricas indicam suspeitas de possíveis pertenças a Satã, comuns nos rockeiros Heavy Metal e associados a eles.

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    1. Prezado Henoc

      Sua observação foi fantástica, antes, quando existia uma civilização católica, era possível diferenciar pela roupa as mulheres que eram das que não eram prostitutas, hoje, não mais.

      Mas, devemos lembrar também a culpabilidade do homem. Se as mulheres estão assim, é porque os homens estão valorizando tais comportamentos das mulheres o que antes não acontecia.

      Infelizmente, o homem se entregou aos seus instintos baixos e isso faz com que ele não exija mais decência das mulheres, qualquer mulher vulgar e despudorada hoje é cortejada como rainha. Antes da metade do decadente século XX, os homens repudiavam todo esse espírito luxurioso das mulheres, hoje, eles aplaudem.

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