Kirchensteuer- Outro clássico exemplo de "coa-se um mosquito e engole um camelo". Mateus 23:24 ( tradução do novo artigo de Socci com citação do seu livro)
21 de novembro de 2014 / Antonio Socci. Tradução: Gercione Lima.
A denúncia de hoje do Papa Bergoglio contra "o escândalo do comércio" no templo suscitou clamor:
"Eu
penso no escândalo que podemos provocar nas pessoas com o nosso
comportamento - enfatizou o Papa Francisco - com os nossos hábitos não
sacerdotais no templo: quantas vezes ao entrarmos numa igreja, ainda
hoje, deparamos ali com uma lista de preços, "para batismo, para a
bênção, para as intenções da missa. "E o povo fica escandalizado."
Eu não sei se isso existe na Argentina, mas francamente na Itália eu nunca vi uma igreja com uma lista de preços.
E
o cardeal Bagnasco rebateu com propriedade durante a tarde, que os
sacramentos não são vendidos, que nas igrejas italianas não existem
tabelas de preços e que as ofertas livres dos fiéis são utilizadas para
sustentar materialmente a igreja, como é justo que se faça.
É
claro que a denúncia do Papa sublinha uma questão verdadeira (a da
gratuidade da graça e portanto, dos sacramentos), mas nos termos que
foram usados, corre o risco de soar como uma difamação dos pobres
párocos ...
Ao
invés disso, eu gostaria de indicar ao Papa Bergoglio um caso muito
mais desconcertante de mau relacionamento entre dinheiro e sacramentos
que diz respeito à Igreja na Alemanha.
Na
época de Bento XVI, a Santa Sé se opôs às decisões dos bispos alemães.
Creio que seria o caso do Papa Bergoglio se ocupar desse problema, ao
invés de expor ao constrangimento nossos pobres párocos.
Além
disso, ele conhece bem o Episcopado alemão, porque foram exatamente
esses bispos muito progressistas, seus principais aliados no Conclave e
os maiores defensores das teses de Kasper durante o Sínodo.
Eis aqui, em uma página do meu livro "“NON E’ FRANCESCO", um relato do que acontece na Alemanha:
Com
todo o respeito à tão aclamada "Igreja dos pobres", eu diria que a
Igreja na Alemanha é uma verdadeira potência econômica, pois usufrui de
enormes receitas do governo, devidas à Kirchensteuer, ou seja, o imposto
ou taxa eclesiástica, que só no ano de 2012 canalizou 5,9 milhões de
Euros para os seus cofres.
Para
entender melhor isso, é uma cifra seis vezes maior do que os "oito para
cada mil" que recebe a Igreja italiana, muito embora a Igreja alemã
seja composta apenas por 24,3 milhões católicos (menos da metade da Itália).
Até
o o mecanismo é diferente. Na Alemanha – apesar da tão decantada
separação entre igreja e estado pelos progressistas- a Kirchensteuer é
uma taxa real que é imposta àqueles que se declaram como Católicos
(como ocorre também com os Protestantes em benefício da Igreja
Evangélica).
Justiça
e respeito pela liberdade aconteceria se fosse um imposto ao qual o
fiel livremente se propõe a pagar, mas ao contrário, se tornou quase
uma espécie de "supersacramento", superior até mesmo ao batismo, porque o
imposto e a pertença à Igreja se tornaram sinônimos e só é possível se
eximir do imposto se a pessoa decidir sair da Igreja com a gravíssima
consequência de ser declarado como apóstata e ser excluído dos
sacramentos (incluindo até mesmo o funeral na igreja).
"Um
decreto da Conferência dos Bispos da Alemanha estabeleceu que a recusa
em pagar a Kirchensteuer implica para o fiel em sua diminuição na
pertença à Igreja”.
Esta
posição inédita foi contestada pela Santa Sé (pelo menos nos tempos de
Ratzinger) e é particularmente desconcertante, porque isso ocorre "ao
mesmo tempo que a maioria do Episcopado alemão está pressionando por
uma igreja "misericordiosa" e "aberta ao mundo", reinvindicando comunhão
para divorciados novamente casados, abolição do celibato sacerdotal,
afrouxamento das "restrições" com relação à ética sexual etc ... "
O
filósofo Robert Spaemann, amigo de Joseph Ratzinger, observou que na
Alemanha "homens que negam a ressurreição de Cristo permanecem como
professores de teologia católica e podem pregar como Católicos durante
as missas. Já aqueles fiéis que se recusam a pagar a taxa para o culto
são expulsos da Igreja. Há algo de muito errado com isso".
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