São
Zay'ā foi um místico e pregador itinerante que viajava realizando
curas e convertendo o povo. Saído da Palestina, fez o percurso até as
montanhas do norte da Mesopotâmia e da Assíria para difundir o
Cristianismo juntamente com o seu discípulo St. Tāwor. A Igreja Católica
Caldeia venera tanto São Zay'ā como São Tāwor por seus esforços
missionários no norte do Iraque e na região da Alta Dasen (província de
Hakkari moderna, Turquia) durante o final do século IV e início do
século V. Ele é considerado pelos cristãos assírios e caldeus como o
santo padroeiro dos viajantes e na localidade chamada Jilu, onde ele
está enterrado é invocado como protetor contra granizo, a fome, a peste,
a raiva, doença e principalmente contra o Anjo da Morte.
Recentemente,
São Zay'ā foi protagonista de outro grande milagre. Segundo relato de
um cristão assírio à Agência de Notícias AINA, é um milagre que ele
esteja vivo para contar a história e que deve sua vida a Deus Todo
Poderoso e a intervenção de São Zay'ā.
(AINA)
– No dia 23 de fevereiro, o ISIS atacou 35 aldeias assírias na região
do rio Khabur, na província de Hasaka na Síria, capturando entre 262 e
373 assírios. A maioria dos cristãos assírios foram capturados a partir
de Tel Shamiran, Tel Hurmiz, Tel Goran e Tel Jazira. Só em Tel Goran
ISIS capturou 21 assírios. No dia 1 de março eles soltaram 19 deles e em
3 de março, os dois restantes, incluindo uma menina de 6 anos de idade
chamada Mariana Mirza.
AINA
falou por telefone hoje com um dos assírios, que foi capturado em Tel
Goran e posteriormente liberado. Seu nome é Robert (nome mudado por
questões de segurança) e ele forneceu um relato completo de sua
provação, desde o momento em que foram capturados até o momento em que
eles chegaram em Hasaka depois de terem sido soltos.
AINA: Conte-nos como se deu o ataque e como você foi capturado.
Robert:
Normalmente existem sentinelas na aldeia. Mas no dia em que os guardas
partiram para Hasaka as 04:00 da manhã, ISIS invadiu a aldeia por volta
das 05:00 da manhã, batendo em nossas portas e nos acordando. Eles nos
cercaram a todos na aldeia, e nos colocou em uma pequena sala. Do outro
lado [norte] do rio haviam combatentes assírios e curdos, e nós podíamos
ouvir a troca de tiros entre eles e os militantes do ISIS.
AINA: Qual é a proximidade entre sua casa e o rio?
Robert:
A nossa casa é bem ao lado do rio. Nós permanecemos ali por cerca de
três horas até que os combates cessaram. Tudo ficou em silêncio e o sino
da Igreja de São. Zaya em nossa aldeia repicou três vezes. Isso fez com
que os homens do ISIS ficassem furiosos e agitados. Eles nos
perguntavam se havia mais alguém na aldeia. Nós dissemos que todos nós
estamos ali e a aldeia estava deserta. Eles então nos perguntavam como
era possível que o sino repicasse e nós respondemos que não sabíamos.
ISIS então trouxe um carro e nos transportou para a montanha de Abdul Aziz.
AINA: Quantos de vocês estavam lá?
Robert: 21. 17 homens e 4 mulheres.
AINA: O que aconteceu quando vocês chegaram à montanha de Abdul Aziz?
Robert: Eles nos colocaram em duas pequenas salas. Nós passamos a noite lá.
AINA: O que eles disseram para você?
Robert: Pediram-nos para converter ao islamismo.
AINA: Essa foi a primeira coisa que eles disseram?
Robert: Sim, essa era a idéia deles, de que deveríamos converter ao islamismo.
AINA: Quem estava falando com vocês?
Robert: Muitos homens barbudos falavam com a gente e todos eles nos mandavam converter ao islamismo.
AINA: Quantos?
Robert: Muitos, muitos. Todo mundo que falava com a gente, todos que vinham nos ver.
AINA: O que aconteceu depois?
Robert: Nós passamos a noite lá. Pela manhã eles trouxeram carros e dirigiram-nos por cerca de 4 horas para as montanhas.
AINA: Que montanhas?
Robert: Em direção a Tur Abdin [norte; Tur Abdin é uma cidade assíria na Turquia]. Eles nos puseram em duas casas.
AINA: Quanto tempo você ficou lá?
Robert: Durante cinco dias, até que fomos liberados.
AINA: Quando você chegou lá o que o ISIS falou ou fez?
Robert: Eles continuavam a pressionar-nos para converter ao Islã, esse era o foco constante. Mas não fomos maltratados.
AINA: ISIS Quando eles pressionavam para você se converter ao Islã, qual era a sua resposta?
Robert:
Nós dissemos que não iríamos nos converter. Então eles disseram que
teríamos então que pagar a jizya [imposto cobrado dos cristãos] ou
teríamos que deixar o país. Essa foi a opção dada para nós. Nós dissemos
que poderíamos pagar a jizya mas não nos converteríamos.
AINA: Quanto era o valor da jizya?
Robert:
Eles disseram que desta vez eles não iriam recolher a jizya porque não
havíamos combatido contra eles. Eles disseram que iriam nos libertar com
a condição de que não voltássemos para a nossa aldeia. Eles disseram
que se voltássemos e eles nos capturassem novamente, eles iriam nos
matar sem dar qualquer outra opção, disseram que eles iriam nos
decapitar e escravizar nossas mulheres.
AINA: Aconteceu mais alguma coisa enquanto você estava lá?
Robert: Não. Eles proveram todas as nossas necessidades - alimentos, água, banheiros. Eles providenciaram tudo.
AINA: O que eles disseram no dia da sua libertação?
Robert:
Eles novamente disseram que não deveríamos permanecer no país, que se
eles nos capturassem novamente eles iriam nos matar.
AINA: Vocês retornaram diretamente para Hasaka?
Robert:
Sim. Eles contrataram um carro que nos levou de volta para Hasaka, era
um carro muito comprido. Nós fomos levados direto para Hasaka.
AINA: Quem estava dirigindo o carro? Um membro ISIS?
Robert: Não, alguém contratado.
ANA: O que você sentiu assim que chegou a Hasaka?
Robert:
Francamente, nós não acreditávamos que iríamos escapar vivos, nós
estávamos aterrorizados. Quando chegamos em Hasaka, ficamos muito
felizes ao ver a Igreja de Santa Maria lotada e todas as pessoas lá.
AINA: Durante o seu cativeiro, o que você e os outros a pensavam?
Robert:
Nós estávamos em constante medo, nós não acreditávamos que eles nos
libertariam. Foi pela graça de Deus e a intervenção de São Zay'ā que
fomos salvos.
AINA: Agora que você está em segurança em Hasaka, o que você vai fazer?
Robert: Não podemos mais voltar à nossa aldeia. Tão cedo possível iremos para o Líbano.
AINA: Todos os 21 de vocês?
Robert: Não apenas nós, todos os Assírios. Khabur está vazia agora. Todo mundo está fazendo planos para partir.
AINA: O que sua família vai fazer?
Robert:
Nós estamos indo para o Líbano. Não podemos mais voltar a Tel Goran já
que o ISIS está ocupando a aldeia, roubando e saqueando as nossas casas.
AINA: Somente em Tel Goran ou em outras aldeias também?
Robert: Todas as aldeias: Tel Goran, Tel Shamiran, Tel Tawal, Tel Hurmiz e todas as outras.
AINA: ISIS está situado na margem sul do rio, e os combatentes assírios e curdos no norte?
Robert: Sim. Não sobrou mais civis assírios vivendo na área inteira.
Fonte: Aina - Tradução: Gercione Lima
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