segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Superpopulação? Um mito pseudocientífico
Os antioxidantes sempre ajudam o organismo; o cérebro dos seres humanos é maior que o de outros animais; uma pessoa aprende mais facilmente quando se utiliza o método de aprendizagem da sua preferência; o crescimento da população aumenta a fome e a pobreza. Qual é o denominador comum entre estas declarações? O fato de que todas elas são mitos falsamente científicos.
Após o Wall Street Journal, outro célebre e respeitado meio de comunicação norte-americano desmascara a teoria de que a superpopulação mundial produziria fome e pobreza: desta vez, a renomada revista Nature, em artigo do último mês, oferece um breve histórico desse mito teorizado em 1798 por Thomas Malthus, abraçado com amplo consenso pelo mundo acadêmico no século XX e resumido em textos famosos, como “A bomba demográfica”, de Paul Ehrlich (1968), e “Os limites do desenvolvimento”, publicado em 1972 pelo Clube de Roma, organização formada por economistas, cientistas, filantropos e homens de negócios do mundo inteiro.
A ideia de que a população humana estava crescendo rápido demais penetrou a opinião pública a ponto de se tornar uma crença generalizada. Hoje, no entanto, essa ideia tropeça diante da realidade da crise demográfica, que afeta em especial os países economicamente mais desenvolvidos.
Joel Cohen, pesquisador demográfico da Universidade Rockefeller, de Nova York, explica à Nature que não é verdade que a população esteja crescendo exponencialmente. Sua real taxa de aumento é cerca de metade da registrada até 1965.
Existem hoje cerca de 7,3 bilhões de pessoas no mundo; serão 9,7 bilhões em 2050. Esses números, de acordo com a revista científica, não propiciam os "cenários apocalípticos" previstos por muitos estudiosos do passado. A Nature cita, por exemplo, o físico Albert Bartlett, que, a partir de 1969, deu mais de 1.742 palestras para “explicar” que o crescimento da população humana teria "consequências terríveis".
Bastaria, no entanto, ater-se a dados da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas para perceber que tais cenários não são plausíveis. Já foi demonstrado que a produção global de alimentos excede o crescimento da população. As calorias dos cereais produzidos hoje são suficientes para alimentar de 10 a 12 bilhões de pessoas.
Então por que a fome e a desnutrição persistem em tantas partes do planeta? De acordo com Cohen, o problema se deve às desigualdades sociais e econômicas e não ao nascimento de um suposto “excesso” de crianças.
"Não é questão de superpopulação, mas de pobreza", ressalta Nicholas Eberstadt, demógrafo do American Enterprise Institute, um think tank rotulado de "conservador" pela Nature. Eberstadt acusa os muitos sociólogos e biólogos que, em vez de estudar seriamente as causas da pobreza, continuam vociferando o mito falsamente científico da superpopulação.
Cohen observa que "até as pessoas que conhecem os fatos usam o mito da superpopulação como desculpa para não lidar com os problemas de agora", tais como o sistema econômico injusto que continua favorecendo os ricos à custa dos pobres.
O pesquisador da Universidade Rockefeller espera que haja uma reviravolta nesta questão, embora se mostre um pouco pessimista. Ele é consciente de que os mitos são muito difíceis de dissipar. Concorda com ele Paul Kirschner, psicólogo da Universidade Aberta dos Países Baixos: "Quanto mais os mitos são desmentidos, mais duro se torna o seu núcleo". E o núcleo do mito da superpopulação parece realmente granítico.
OBS: A eugenia é uma técnica usada largamente por nazistas e comunistas para eliminar da sociedade pessoas indesejadas ou "inferior". Muita gente, sem perceber ou de forma nazi-comunista voluntária e proposital, defendem a erradicação não da pobreza ou da desigualdade, mas sim, a eliminação dos pobres. A eugenia na sociedade atual é apresentada com o nome simpático de "planejamento familiar", que, no fundo, não passa de métodos para evitar a proliferação dos pobres.
Fonte: Zenit/Pt
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