quarta-feira, 20 de abril de 2016

Margaret Sanger e a origem esotérica, gnóstica, teosófica e racista da teoria de gênero



Na La Nuova Bussola quotidiana, Renzo Puccetti explicou com uma infinidade de argumentos porque é absurdo comparar o julgamento do Supremo Tribunal dos EUA que obriga os estados deste país a introduzir o “casamento” homossexual com decisões anteriores contra a discriminação racial, declarou restrições ilegítimas sobre casamentos entre negros e brancos americanos.


Gostaria de ir mais longe e voltar a acusação de racismo ao remetente. Na verdade, a informação foi completamente escondida e censurada, mas precisamente a teoria de gênero nasce e se desenvolve em ambientes racistas; Está ainda envolvida na organização racista por excelência nos Estados Unidos, a Ku Klux Klan.


Matriarcas da ideologia de gênero

A primeira é a filósofa francesa Simone de Beauvoir, para a qual “não nasce mulher; se vem a ser” e cada um - mas ela pensava especialmente nas mulheres - têm o direito de escolher o gênero, masculino ou feminino, independentemente do sexo biológico.

Na segunda versão, teorizada por Judith Butler, o gênero absorve completamente o sexo e todo mundo pode decidir o que quer ser em um intervalo que já não prevê apenas duas possibilidades, masculino ou feminino, mas três, cinco, cinquenta ou infinitas.
Se pode desenhar também um outro caminho, que a partir de Beauvoir e Butler não vai para a frente, mas para trás. A teoria de gênero não teria nascido sem uma série de precursores que formularam, muitos anos antes, versões que podemos chamar versões prototípicas; certamente, elas não são tão sofisticadas e radicais como as de Butler.


Margaret Sanger, mãe do feminismo abortista

A principal destas teóricas do gênero foi a americana Margaret Sanger (1879-1966).
Em comparação com as teorias sucessivas, as ideias de Sanger parecem ainda moderadas. Mas sem elas não haveria teorias sucessivas de gênero.

As biografias oficiais de Sanger apresentam-na  como uma heroína feminista que, movida pela compaixão com as mulheres que morreram no parto depois de dez ou mais filhos ou que recorreram a abortos ilegais perigosos, dedicou sua vida à publicidade de contraceptivos, aceitando também a prisão e exílio. Sua verdadeira história é um pouco diferente.

Você não pode entender Margaret Sanger, sem os seus interesses esotéricos. Sanger parte das ideias da Sociedade Teosófica. Em 1936 foi convidada para falar na sede mundial da organização em Adyar, Índia. Seu discurso foi publicado em duas partes no órgão da Sociedade Teosófica, The Theosophist, e explica com grande detalhe a relação entre as suas teorias sobre o feminismo e o gênero e sua interpretação das doutrinas teosóficas.


O esoterismo da Sociedade Teosófica

Hoje é amplamente estudada, especialmente a influência crucial que teve sobre a arte moderna através de pintores do calibre de Kandinsky e Mondrian, pode ser necessário fazer uma breve apresentação da Sociedade Teosófica para aqueles que não sabem.
Foi fundada em 1875 em Nova York pelo coronel e advogado norte-americano Henry Steel Olcott e uma das figuras mais importante da história do esoterismo, Helena Petrovna Blavatsky, pertencente à nobreza russa.

Seu princípio central é que, com a ajuda dos Mestres, que não são particularmente espíritos e sim, homens evoluídos, que vivem por centenas de anos e residem em um centro misterioso entre a Índia e o Tibet, a humanidade – que em seu estado atual é o resultado de um processo cósmico de decadência descrito com claras referências claras gnósticas - é chamado a um processo de evolução.

Isto se cumpre através da emergência progressiva na Terra, de sete raças, cada uma dividida em sete sub-raças. De acordo com Blavatsky, na sua época estava na vigília de emergência  da sexta sub-raça da quinta raça original, espiritualmente superior a anterior, que teria se manifestado nos Estados Unidos.

Esclarecemos imediatamente um mal-entendido divulgado na literatura não especializada. A teoria de raças-raízes de Blavatsky é susceptível de várias interpretações, mas, a Sociedade Teosófica condenou qualquer interpretação racista, considerando que as “raças” devem colaborar em harmonia umas com as outras.

No entanto, as interpretações racistas têm acontecido, embora a Sociedade Teosófica tem denunciado como erradas.


A variante racista da Teosofia

Na Alemanha, foi desenvolvida no início do século XX, uma corrente chamada “Ariosofia”, que interpreta a teoria teosófica de raças com base em uma primazia racista da raça ariana. Um ávido leitor das publicações “ariosóficas”na Áustria foi um menino chamado Adolf Hitler.

A mesma Sanger, como resultado da leitura dos diários de personalidades Teosóficas da época, não foi particularmente bem recebida em Adyar, embora seu discurso fôra publicado no Jornal da Sociedade Teosófica. Tão pouco sua interpretação da “nova raça” correspondem, de fato, com a da direção teosófica oficial.

O fato é que, com base em especulações esotéricas, Sanger pensou que ele estava prestes a surgir uma nova raça superior às precedentes e que se manifestaria nos Estados Unidos.

"Nós queremos um mundo mais livre, mais feliz, mais limpo - nós queremos uma raça de sangue puro" - Margaret Sanger, 1923, Fundadora da Planned Parenthood



A gnose de Sanger: fomentar o andrógino

O que tudo isso tem a ver com o gênero? Sanger explica-se. Suas ideias do tipo gnósticas tinham levado à conclusão de que a diferença sexual entre homem e mulher era uma coisa ruim, como também a forma como as mulheres trazem seus filhos ao mundo. São consequências de um processo de degeneração que não existia na época de ouro original, o andrógino, ou seja, uma pessoa humana que coexistiam com características masculinas e femininas e com forma de gerações diferentes do parto.

Liberar as mulheres com anticoncepcionais de seu papel de mãe é o primeiro passo para permitir que as mulheres, em consequência, também os homens, escolher o próprio gênero, que  eles queriam ser iniciando o processo de volta para o andrógino originário. Não é ainda ao a teoria de gênero como a que conhecemos hoje, mas, o seu núcleo.
A nova raça em marcha precisa superar o gênero biológico para poder emergir, continuava Sanger, apenas onde a humanidade seja intelectual e culturalmente mais avançada: nos EUA e entre os americanos brancos de origem europeia do Norte.

Sanger não tinha uma boa opinião de emigrantes italianos: “os negros e europeus do sul – escrevia - são intelectualmente inferiores em relação aos nativos americanos”, uma expressão que o movimento “nativista” utilizava para excluir do número de “verdadeiros americanos ” os migrantes que chegavam da Itália.

Em uma famosa citação, Sanger  compara os afro-americanos como “erva daninha que deve ser removida” através de uma política de eugenia que deve incluir a esterilização forçada.

Enquanto aos aborígines australianos, foram considerados “apenas um degrau acima dos chimpanzés.”


A raça branca superior abolirá os sexos

Na verdade, os defensores da teoria de raças e eugenia eram muitos. Mas só Margaret Sanger vinculava a eugenia ao gênero: uma vez removida a erva daninha, a “nova raça” poderia finalmente surgir em sua marcha em direção a androginia, capaz de superar a escravidão biológica e a diferenciação sexual.

Muito mal recebida na Sociedade Teosófica, Sanger encontrou um terreno fértil para suas ideias na Ku Klux Klan, a organização norte-americana fundada para perpetuar a discriminação racial contra os afro-americanos e, ao mesmo tempo -  isso é algo que muitas vezes é esquecido - para espalhar um anticatolicismo feroz baseado no mito de uma América “branca, anglo-saxônica e protestante”.

Muitos filmes têm nos mostrado a Ku Klux Klan como uma organização masculina. Os historiadores - a a partir da obra fundamental de Kathleen Blee, Woman of the Klan (Mulheres da Klan, ndt) - sublinharam que na Ku Klux Klan “histórica”, do período do entre guerras, as mulheres tiveram um papel realmente essencial.

Margaret Sanger colaborou com a Ku Klux Klan, ela aperfeiçoou suas ideias sobre raça e gênero no diálogo com as mulheres da Klan e, muitas vezes falou a um público entusiasmado de ativista da organização racista encapuzada que aplaudia.


Para confirmar a ligação entre Sanger e a Klan, incluindo palestras a mulheres encapuzadas, não há necessidade de abordar os que criticam ela sua  teoria de gênero. Ela mesma diz  em sua autobiografia, minimizando e justificando, certamente, mas admitindo a relação e falando sobre “dezenas” de convites da Ku Klux Klan.

Alguém pode levantar objecções citando atitudes muito hostis aos homossexuais por parte da Ku Klux Klan. Outros replicariam citando nomes de um número de líderes da Klan e organizações ligadas, que eles eram gays ou bissexuais. Mas é um debate que não levaria muito longe.

O assunto deste artigo, na verdade, é outro. É mostrar como a formulação arquetípica da teoria do gênero, a de Margaret Sanger, nasceu da  interpretação desviada - que não é partilhada pela grande maioria dos teósofos - de ideias sobre raça da Sociedade Teosófica e nasce em diálogo com o racismo americano representado pela Ku Klux Klan.

A ideia central é que você pode optar por ser um homem ou mulher é uma nova humanidade, uma “raça nova” que poderá nascer apenas entre as elites iluminadas, “brancas, anglo-saxões e protestante” e não entre os negros, os europeus do sul e católicos, intelectualmente inferiores e, destina-se a serem removidos como ervas daninhas. Essas ideias desapareceram entre os que defendem o gênero?

Olhando o sentimento de superioridade como atacam manifestações contra a ideologia de gênero como “medieval”, eu não estaria tão certo.


OBS: A Teosofia é uma falsa doutrina, portanto, produz consequências nocivas. O fato de não apresentar racismo explícito, a ideia de “raça superior” é um princípio racista, ou seja, admite a superioridade de uma ou mias raças, consequentemente leva ao orgulho e este, pode se desenrolar em dominação e até extermínio de povos por outros.


Fonte: Religion en Libertad - Margaret Sanger y el origen esotérico, gnóstico, teosófico y racista de la ideología de género

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