Bento XVI com Gotti Todeschi, presidente do IOR |
Tradução: Gercione Lima
"O que está acontecendo no Vaticano"? - Vários leitores me perguntam - por que agora Papa Bento sai com aquele livro-entrevista no qual parece ter só elogios para Bergoglio, humilhando-se a si mesmo e enfatizando que a decisão de se afastar foi totalmente pessoal e tomada de forma independente sem nenhuma coerção?
"É uma piada - diz um outro - Ratzinger foi novamente manipulado pelas forças pró-Bergoglio no Vaticano ou nós é que não entendemos nada e foi de fato Bento que escreveu de próprio punho todo o texto e ainda estimando Bergoglio?"
O livro se chama "Últimas Conversações" sob forma de entrevista, e foi apresentado triunfalmente pelo Vatican Insider (o site mais bajulador do Papa Francisco, e não por acaso encarte do La Stampa) como uma publicação que revela "o verdadeiro "Ratzinger”. Um teólogo e um Papa que foge do cliché promovido pelo partido "Ratzingeriano", ou seja, por aqueles que tentaram prendê-lo ao campo dos conservadores ou tradicionalistas". Acima de tudo, o Emérito nega que ele tenha renunciado sob pressão ( "não foi chantageado"). "Eu escrevi a renúncia" (o latim escrito de modo incorreto na carta de renúncia levava à suspeitar de que tinha sido escrito por outra mão), "eu estou contente e feliz com a escolha de Bergoglio”. Ou ainda endossa as reformas : " isso significa que a Igreja está em movimento, é dinâmica, aberta, tendo à frente as perspectivas de novos desenvolvimentos. Que não está congelada em padrões: ... a Igreja está viva e cheia de novas possibilidades. E se auto-acusa: " O governo prático não é o meu forte "...
Eu não li o livro, mas esperava por esse conteúdo. Eu sei, por fontes internas, que Ratzinger estava sofrendo há meses uma tremenda pressão para corrigir e dissipar a escandalosa impressão que seu secretário, monsenhor Georg Gänswein tinha causado, com aquele discurso durante a apresentação de um livro, no qual propôs o absurdo de um " papado colegial ", com um" ativo e outro contemplativo", dando a entender que Ratzinger ainda era pontífice, e lançando uma sombra profunda sobre a legitimidade de" Francisco" como Papa.
(Para o discurso Gänswein, consulte aqui: http://www.antoniosocci.com/discorso-integrale-mons-gaenswein-ancora-piu-esplosivo-quanto-si-immaginava-vera-svolta-papato-diventa-un -organo-escolar-inválido-the-renúncia /)
Estava claro para todos que o secretário Gänswein não falou aquilo por sua própria iniciativa, mas a mando do próprio Ratzinger, o qual enviava um sinal para Francisco, uma espécie de advertência. E agora sai o livro-entrevista de título anódino, onde finalmente, Ratzinger dissipa aquela fumaça negra que seu secretário havia espalhado sobre o papado do sul-americano.
Como eu havia dito, algumas fontes disseram-me que essa retração foi solicitada ao ex-Papa com forte pressão. Mas eram apenas vozes. Só que agora eu tenho a prova: a prova de que Bento mente em pelo menos um detalhe importante.
E essa prova quem o dá, mesmo involuntariamente é o próprio site do Vaticano Insider, assinado pelo vaticanista de La Stampa Andrea Tornielli, talvez o bajulador mais exaltado de "Francisco". Está no artigo que Tornielli publicou em 9 de setembro, intitulado "Ratzinger: foi minha a idéia de mudar os dirigentes do IOR em 2012".
Aqui está: "Um exemplo que até agora escapou dos revisores do livro refere-se ao Instituto para as Obras de Religião ou o Banco do Vaticano. Uma certa Vulgata fez passar a idéia de que a demissão retumbante do presidente Ettore Gotti Tedeschi (nomeado em 2009, e, portanto, em pleno pontificado de Ratzinger), ocorreu de uma forma, para dizer no mínimo questionável, como o resultado de um complô urdido pelo Cardeal Secretário de Estado Tarcisio Bertone. Uma decisão súbita contra a qual Bento XVI teria sido incapaz de reagir. Mas na página 209 do livro-entrevista, o Papa Emérito responde sem hesitação a Seewald, atribuindo a si a decisão: "Para mim, o IOR foi desde o início um grande ponto de interrogação, e tentei reformá-lo. Não são operações que se leva a termo rapidamente, porque é necessário se familiarizar. Foi importante ter removido a liderança anterior. Era necessário renovar os vértices e me parecia o certo, por muitas razões, não colocar mais um italiano no comando do banco. Posso dizer que a escolha do barão Freyberg provou ser uma excelente solução ". "Então foi sua idéia?", Pergunta o jornalista. "Sim", responde Ratzinger. "
Agora, acontece que o mesmíssimo Tornielli, no mesmo Vatican Insider há cerca de três anos atrás (2013/10/22) afirmou justamente o oposto. A partir do título: "Bento XVI ficou muito surpreendido com a demissão de Gotti Tedeschi "- Aqui está o texto:" O Papa Ratzinger estava, evidentemente no escuro com relação à demissão sensacional do presidente do IOR, Ettore Gotti Tedeschi, ocorrida de uma forma e emcircunstâncias totalmente sem precedentes na história da Santa Sé e acompanhada por uma tentativa de deslegitimar pessoalmente e profissionalmente sua pessoa, como atestam as motivações colocadas preto sobre o branco pelo comitê do Banco do Vaticano em um documento assinado por Carl Anderson.
"E quem o confirma é o próprio monsenhor Georg Gänswein, Prefeito da Casa Pontifícia e secretário do Papa Ratzinger, em uma entrevista ao" Il Messaggero ", publicado hoje. Perguntado se Bento XVI ignorava a expulsão de Gotti, Gänswein responde: "Eu me lembro bem daquele momento, foi em 24 de maio. Naquele dia, houve também a prisão do nosso mordomo Paolo Gabriele. Ao contrário do que se pensa, não há nenhuma ligação entre os dois eventos, senão uma infeliz coincidência, algo diabólico .... "
"Uma observaçao importante, esta de Dom Georg - continuava Tornielli em 2013 - No duríssimo documento com o qual Gotti foi demitido, e que foi deliberadamente vazado para a imprensa, entre as razões citadas para a sua demissão estava a incapacidade de explicar como documentos confidenciais e correspondência interna do IOR foram parar nos jornais. Dando quase a entender o envolvimento do presidente do Instituto para as Obras de Religião no escândalo Vatileaks. A investigação da Gendarmaria do Vaticano, no entanto, verificou que as trocas de e-mails confidenciais relativos à lei sobre a transparência que foram tornados públicos eram parte do arquivo de fotocópias encontrados na casa de Paolo Gabriele.
"Bento XVI - continua Gänswein - que tinha chamado Gotti para o IOR justamente para levar adiante a política de transparência do Banco ficou surpreendido, mas muito surpreendido com o ato de demoção do professor. O Papa o admirava e o estimava muito, mas por respeito às competências dos que tinham responsabilidades optou por não intervir naquele momento. Logo após a demoção de Gotti - acrescenta o secretário de Ratzinger - o Papa, ainda que por razões de oportunidade, nunca recebeu Gotti mas continuou a manter contacto com ele de forma adequada e discretamente". É provável que o próprio monsenhor Gänswein tenha sido a ponte destes contactos. De acordo com rumores, pouco antes da renúncia de Bento XVI, ele havia decidido de alguma forma "reabilitar" o banqueiro demitido, algo que jamais veio ocorrer ".
Aqui se pode ler a versão n. 1:
http://www.lastampa.it/2013/10/22/vaticaninsider/ita/vaticano/benedetto-xvi-fu-molto-sorpreso-della-cacciata-di-gotti-tedeschi-l9pL7hPpgXNIZMOBSwBGcN/pagina.html
... E aqui a versão 2:
http://www.lastampa.it/2016/09/09/vaticaninsider/ita/vaticano/ratzinger-fu-mia-lidea-di-cambiare-i-vertici-dello-ior-nel-TMevNRnlkofnBUsRv5AfKO/pagina.html
Na primeira versão , o Insider do Vaticano (e o é realmente ) diz que a expulsão de Gotti Tedeschi – (tão brutal que o próprio Gotti Tedeschi confiou uma série de documentos em sua defesa a um notário público, no caso que "algo viesse a lhe acontecer") não tinha sido desejada por Ratzinger, o qual não sabia de nada e ficou profundamente contristado. Já na segunda versão, o Insider Vaticano enfatiza que Ratzinger reinvindica pra si mesmo aquela demissão "que ocorreu de forma totalmente sem precedentes na história da Santa Sé," pelo grau de incivilidade, maldade e perfídia numa tentativa de difamar a honra profissional do banqueiro Católico .
Ora, nós temos razões diretas para afirmar que a versão verdadeira é a primeira: Ratzinger ficou profundamente contristado com a expulsão de Gotti Tedeschi, uma demissão da qual ele não era o responsável. Mas agora, em sua última entrevista, Bento XVI atribui a si mesmo a responsabilidade por essa má ação
( "Foi minha idéia"). Uma atitude além de tudo abjeta e baixa que não se coaduna com ele em nada. Ele se acusa por uma maldade cometida contra outra pessoa: algo que já foi documentado como falso. Ele queria reabilitar Gotti Tedeschi e há testemunhas para provar isso.
Excusatio Non Petita
Uma fonte de autoridade comprovada me diz: é possível que Bento XVI faça declarações mentirosas e evidentemente falsas justamente visando “falsificar” todas as declarações na entrevista? Ou quer simplesmente provocar com as ditas declarações falsas, reações, desmentidos e esclarecimentos? E por que finalmente declara que não está sob chantagem? Não é uma excusatio non petita ( justificação ou desculpa não pedida)? para dar a entender justamente o contrário, ou seja que estava e ainda está sob chantagem?
Tornielli disse a verdade duas vezes e os passos (afinal é um jornalista). Mas o que faz com que Bento minta? Um papa emérito? O motivo deve ser muito grave. Qual? Há um ano atrás, em setembro de 2015, eu levantei a hipótese de que Ratzinger havia sido forçado a renunciar porque os poderes globalistas haviam cortado o banco do Vaticano do SWIFT, o sistema de transações financeiras globais: o que tornava o Vaticano um Estado-pária como o Irã, que não lhe permitia fazer qualquer pagamento senão em dinheiro vivo. E de fato, assim que as câmeras registraram o helicóptero com o qual Bento XVI se retirava para Castelgandolfo, o Vaticano foi imediatamente reconectado à rede SWIFT, e as ATMs voltaram a funcionar ...
Será que ele poderia ter sido rudemente convidado a sair, por quem realmente controlava as finanças do Vaticano de forma que a Igreja ficasse a seco em poucas horas? E que as nunciaturas e missões ao redor do mundo não poderiam mais receber fundos de Roma? Nem Roma receber doações?
Georg Gänswein aludiu, em julho passado, o relacionamento doente que a Igreja na Alemanha tem com o dinheiro: na Alemanha, "se você optar por não registrar-se mais como católico" (e não pagar ao imposto eclesiástico) você está fora. A Igreja reage com a expulsão automática da comunidade, em outras palavras, a excomunhão! Isto é excessivo, incompreensível. Se você questiona algum dogma, ninguém se importa, eles não o expulsam. O não pagamento do imposto à Igreja é um insulto maior para a fé do que a violação dos princípios da fé? "As caixas cheias e as igrejas vazias, esta lacuna é terrível, e não pode ir muito longe e por muito tempo também. Se as caixas registadoras estão cheias e os bancos das igrejas estão vazios, chegará um dia que haverá uma implosão. Uma igreja vazia não pode ser levada a sério ".
Pareceu-me um protesto humilde e enigmático contra a Igreja-Mammon; a Igreja que acha mais importante estar conectada à rede Swift do que manter um Papa desagradável para os poderes por trás da SWIFT. Mas talvez eu seja apenas muito desconfiado.
Uma outra voz ou tese, diz que essas mesmas potências querem apressar a fusão-dissolução da Igreja Romana, sacramental, no protestantismo genérico, num "Cristianismo" genérico, reduzido a um universalismo humanitário, considerado como componente necessário do 'governo mundial': uma operação contra a qual Ratzinger hesitava, e que Bergoglio está cumprindo com extraordinária rapidez e zelo específico.
Mas estas são todas apenas especulações conspiratórias. Uma coisa é certa: Bento XVI se retratou de declarações e alusões de seu secretário que lançavam uma sombra sobre Bergoglio. E fez mais, chegou a atribuir-se a culpa por ações abjetas, que na verdade, ele jamais cometeu. Quem foi inocentado por essa autoacusação? Não sabemos. Por que Bento mente? Por que deve mentir? Não obstante a sua fragilidade, eu não creio que ele o faria senão na convicção de evitar um dano maior à Igreja. Deve ser, de alguma forma, para cumprir uma obrigação.
Qual? Não tenho respostas.
Em vez disso eu ouço o tom, e reconheço até mesmo a terminologia da Junta Sul Americana nesse otimismo entusiasmado de Ratzinger por novidades que em nada lhe dizem respeito: "a eleição de um cardeal latino-americano significa que a Igreja está em movimento, que é dinâmica, aberta, de frente para as perspectivas de novos desenvolvimentos. Que não está congelada em padrões: sempre acontece algo surpreendente, que possui uma dinâmica inerente capaz de renová-la constantemente. O que é bonito e encorajador é que apenas no nosso tempo acontecem coisas que ninguém esperava e que mostram que a Igreja está viva e cheia de novas possibilidades. (...) A Igreja está abandonando mais e mais as velhas estruturas tradicionais da vida européia e, portanto, muda sua aparência e nela vivem novas formas. É especialmente claro que a descristianização da Europa avança, que o elemento cristão desaparece cada vez mais do tecido da sociedade. Por conseguinte, a Igreja deve encontrar uma nova forma de presença, deve mudar o seu modo de se apresentar".
É o programa ideológico de Bergoglio, expresso com as palavras de Bergoglio, que parece ter sido ditado por Bergoglio: não congelar-se em esquemas, a Igreja em movimento, repleta de novas possibilidades ... etc.
Ora, se pode até concordar que "a Igreja deve encontrar novas formas de presença", descartando, abandonando tradições mortas, tornando-se dinâmica: mas eu pessoalmente aceitaria sem reservas esse impulso, não teria nenhuma dúvida sobre as inovações, se elas viessem de uma pessoa com uma intensa vida de santidade pessoal. Mas o que eu vejo são subterfúgios, pressões, mentiras e violência. Eu vejo uma tendência para apontar o dedo, não perdoar, fazer-se bajular e a gozar dos holofotes da mídia.
Fonte: Maurizio Blondet - Benedetto XVI è costretto a mentire. Da chi?
Este é um blog de fofocas descabidas. Como colocam um artigo de alguém que se concentra as bases do seu texto em um livro que não leu. E ainda vocês têm a coragem de publicar no vosso blog um texto sem rigor científico. Só fofocas, façam algo de melhor por favor. É por isso que o próprio Papa Francisco tem dito muitas vezes que estas atitudes de intrigas e fofocas é que dividem a Igreja.
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