segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Ofensas ou dúvidas? O novo Pai Nosso

jesus


Esta oração foi alterada do seu sentido tradicional, há alguns anos pelo CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano) .... Sua Santidade João Paulo II pediu que em todas as partes se reze igual  e exortou aos bispos para alcançar um único Pai Nosso. Ordem excessivamente curiosa, pois,  a missa em latim era rezada em todas as partes igualmente e agora não. Infelizmente ninguém disse o óbvio, o sensato: Deve permanecer o Pai Nosso Tradicional, a menos que haja um erro grave na tradução.



Consultemos as Escrituras. A oração é expressa na íntegra em Mateus 6: 9-13 e Lucas resumiu. 11: 2-4. Vamos olhar apenas em uma frase cuja mudança é injustificável. Em São Mateus lê “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”; enquanto Lucas diz: “Perdoa-nos os nossos pecados assim como nós perdoamos a todo mundo que está em dívida conosco” Mateus acrescenta uma breve explicação: “Porque, se perdoardes aos homens as suas falhas, também vos perdoará vosso Pai celeste. Mas se não perdoardes aos homens as suas próprias falhas, tampouco vosso Pai vos perdoará os vossos pecados.”

A nova liturgia mudou a versão da tradução para: “Perdoa-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendidos”. É curioso, se se incomodaram com a palavra “dívida” usada pelo próprio Jesus, por que  não usaram “pecado”? Eles preferiram usar um novo termo que não aparece no Evangelho: Nem o texto da própria oração, da versão de São Mateus ou São Lucas, nem a explicação adicional dada pelo primeiro. A nova tradução não é feliz; porque “ofensa” tem uma nuance muito restrita em relação ao “pecado” ou “falta” que são mais abrangentes. Uma ofensa implica uma relação pessoal que pode estar ausente em um pecado ou em uma falta. Quem viola uma regra de trânsito comete uma falta mas não intenta ofender ninguém. Eu encontrei pessoas que negam ter pecado por jamais ter em mente ofender a Deus. Uma vez que  não têm nenhuma relação com Deus, dizem, estão longe de ofendê-lo ... Além de proporcionar um lado generoso com esta interpretação torcida, o que já é um defeito da nova tradução que teria evitado dizer “pecado” usado por São Lucas ou  “faltas” usada por São Mateus, podemos perguntar se a única maneira de “estar em dívida” com alguém é devido a uma ofensa pessoal, um pecado ou uma falta. A resposta óbvia é não. É verdade que, se eu ofender alguém, se eu peco ou cometo uma falta, sou obrigado à restituição. Devo reparar para extinguir a dívida. Mas há um outro sentido que não podemos permanecer em silêncio e que é importante. E não acredito que, não estando incluso na mais breve explicação adicional de São Mateus, esteja alheia à Sabedoria infinita que ensinou. Acontece que me torno devedor de qualquer pessoa que me faz um favor. Portanto, eu sou obrigado a pagar. Como diz o velho ditado: “Amor com amor se paga.” Existe algo mais livre do que o amor? E, no entanto, a sabedoria popular tinha justamente advertido que o amado estava em dívida e obrigado a satisfazê-la. Deus nos deu a vida, a saúde, a inteligência, a liberdade, tantos outros bens impossível de listar. Estamos em dívida para com Ele. Não nos pedirá conta dela? Se formos generosos e perdoamos aqueles que, da mesma forma, estão endividados conosco, irá considerar saldada. Eu acho que é muito difícil perdoar a ingratidão de quem nos deve um favor e ignora completamente a dívida assim incorrida. Talvez nada seja mais difícil de perdoar. O Pai Nosso, ensinado por Jesus incluía este aspecto tão relevante e de ocorrência diária, excluído pela versão mais recente.

Mas há mais. Na versão original e autêntica, o Pai Nosso era um bom suporte da doutrina do Purgatório que os protestantes negam. Porque justamente este local tinha por missão pagar “as nossas dívidas”. A confissão apaga o pecado. Mas, obviamente, também é necessário restaurar a ordem e restituir se for o caso. Essa dívida que não se extingue pela confissão é cancelada no Purgatório. Esta doutrina justifica as famosas “indulgências” que a Igreja tão generosamente concede e Lutero nunca entendeu. A indulgência apaga a dívida que se paga no Purgatório; por isso se aconselha tanto que se aplique a nossos difuntos.Como se vê, com a nova tradução foi perdida mais do que apenas uma palavra.

Mais não só a nova versão é claramente inferior à antiga, que já é motivo suficiente para rejeitá-la; mas sua imposição teve um efeito devastador sobre os países que tiveram a inépcia da sua adoção. O que terá de verdadeiro em uma Igreja que não foi capaz, no passado, nem mesmo de traduzir bem o Pai Nosso? Creio que este foi um dos melhores capítulos na tarefa de “auto-demolição” da nossa Igreja. Se se interpretar mal o Pai Nossos e interpretará bem o evangelho? Se o Pai Nosso é mal compreendido, se compreenderá bem o Evangelho na moralidade sexual? ...

Há um outro aspecto do problema que não pode ser ignorado. E nos referimos a nova ótica gerada pelo  “culto ao homem”, blasfêmia imposta sobre o povo de Deus por Paulo VI. Se o objetivo central do nosso amor é o homem, cuido da  linguagem para agradar-lhe; mais se meu coração vai atrás de nosso Senhor Jesus Cristo, eu evito toda a infidelidade, amo até mesmo a menor das suas expressões, então ele nunca teria concordado em mudar suas palavras por mais difíceis que fossem aos ouvidos contemporâneos. Temos aqui, como outro exemplo do novo espírito que reina na Igreja e foi tão bem expresso por Paulo VI no discurso de encerramento do Concílio Vaticano II, responsáveis ​​por aquilo que chamam de “espírito do Concílio”.


Fonte: Adelante la Fé - ¿Ofensas o Deudas? El nuevo Padre Nuestro

Nenhum comentário:

Postar um comentário