Airton Vieira
(tonvi68@gmail.com)
Às filhas de
Maria, exemplo às filhas de Eva.
"O bom trabalho de um homem é consequência do que ele
faz, o da mulher, do que ela é".
(G.K. Chesterton)
Mulheres
que são “pais”. Mulheres braçais. Mulheres pugilistas. Mulheres policiais.
Mulheres militares. Mulheres chefes de Estado. Mulheres “sacerdotes”... tudo
resumido em emblemática manchete periódica: “Homens e mulheres invertem os
papéis no mercado de trabalho da atualidade”[1].
Assim sendo, vamos ao que interessa.
†
Qualquer
palavra de ordem que impere contra a realidade objetiva das coisas, ainda que
por centúrias, voltará ao pó como o mesmo pó
que a inventou. Porque são inversões. E toda inversão, como reverte contra o
que foi objetiva e ordenadamente vertido de um caos primevo, subverte. Daí, como
dizia um controverso artista popular: “não dá pra ser feliz!”. Lógica dedução,
pois a felicidade é resultado da paz, que não se obtém se se ultrapassa os bons
e belos limites da verdade.
Quando as
inteligências humanas passam a desentender que as coisas de per se não entendem, e encontram portas
abertas para ensinar seu agnosticismo como coisa escorreita, é sinal de que a
contravenção já adquiriu status de lei, e assim sendo, sinal é de que nos
acercamos a um novo caos primevo. Mas onde e com quem tem início a desordenação
de uma bela e bondosa ordem que hoje atinge níveis impensados? Para ater-me aos
propósitos deste artigo, fiquemos com nossos primeiros pais. Sim, Adão e Eva.
Porque como eu e o resto da humanidade possui um par de progenitores, que
curiosamente são um homem e uma mulher, recuso-me a crer que a raça humana
também não o possua. Ou isso ou continuar buscando o elo fujão[2].
Existiram um
primeiro homem e uma primeira mulher. E se passaram a existir é porque não
existiam. Não, não ria, que a coisa não é simplória. É que se não existiam
foram criados, e criação stricto senso
só pode vir do nada. Alguém dirá: “Mas existiam os elementos!”, como coisa
inteligente. E teremos que lembrar a esses racionalistas nada racionais que
também houve um tempo em que não o existiam, como o próprio tempo e espaço. E
paremos por aqui, porque, como dizia um saudoso amigo, aos bons entendedores
“meia palavra bas”.
No seguimento
da mais pura lógica, se existiu um primeiro casal, este, como tudo, só o poderia
ser devido a um Ser criador, e dentro de uma ordem inteligente que não a
estabelece a criatura. É a metáfora do barro que não tem condições de mandar no
oleiro, porque simplesmente é barro. E dentro da ordenação lógica e perfeita dada
pelo Oleiro divino, foram criados homem e mulher diferentes, específicos, por
isso complementares. A ideia de seres complementares, elementar, denota
imperfeição, não completude. Ainda que em suas especificidades sejam completos,
não o são com relação ao todo. Conclusão: complementando-se é que geram vida.
Daí sermos produto e resultado de duas intencionais diferenças. É que toda inteligência
quando cria, cria com um objetivo, um propósito, uma razão de ser, motivo pelo
qual tudo o que existe ter um porquê (assim, junto e com acento, com “c”). Não por acaso a felicidade vem sempre de mãos
dadas com a utilidade: somos felizes à medida em que somos uteis. Mas verdadeiramente
uteis, à medida em que somos verdadeiros, segundo a verdade à qual fomos
criados. Darei um exemplo tirado de uma espécime rara na atualidade: um
político honesto. Certo dia, ao ser interrogado em um programa televisivo nada
imparcial (sabemos que não os há) sobre o porquê de ser contra o homossexualismo,
o infelizmente falecido ex Dep. Federal Eneias Carneiro respondeu o obvio
ignorado: poder-se-ia mudar como fosse o fenótipo.
O genótipo seguir-se-ia o mesmo. Assim
colocou as coisas em seu lugar, como já as havia colocado o Criador.
Mas então o
Criador fez Eva, e obviamente a fez complementária. Por isso, também, auxiliar.
Com idiossincrasias complementares ao que faltava ao homem. E em função de. É aqui que os fariseus (de
ambos os gêneros) rasgam suas vestes política e corretamente vestidas. Não
entendem que nisso está a dignidade e felicidade feminina, em que seja o que
foi feita para ser, porque feita com bondade, com beleza e com verdade. Mas
diferente.
O Apóstolo
atesta que por um homem entrou o pecado: a desordem à ordem estabelecida (cf.
Rom V, 12). Diretamente. O que omitiu foi somente a via indireta primeira, tal
como a água que antes de chegar às mãos passa pelo cano, isso se for encanada.
Se o primeiro homem introduz a desordem é porque, primeiro, ela já existia e
segundo, porque lhe fora oferecida, por ele sendo aceita. E o foi por quem
deveria ajudá-lo na ordenação de sua vida e dos que viessem atrás, porque para
isso havia sido criada. A mulher, induzindo o homem ao pecado repete o gesto e
o sentimento de quem primeiro viperinamente o ofereceu: a soberba. E ambos
cederão à inversão de papeis, estipulados na economia paradisíaca à economia
humana. Assim, ao ceder à primeira desordem, Eva deseja desordenadamente se pôr
no lugar de Adão, como a Serpente no lugar de Deus. Oferecer a divindade mas por vias desautorizadas é,
em outras palavras, oferecer a insubmissão ao superior, suplantá-lo tornando-se
o próprio superior. O “sereis como deuses” traduzido à atualidade, e teremos: “farão o que quiser, como quiser, quando,
onde e com quem der na venta”. Se preferirem: “liberarão geral!”. E na esfera
política: “O poder emana do povo”. Ora, ocorre que este mote do libertas que sera tamen no sentido de
uma liberdade absoluta como querem nossos distintos maçons só o pode possuir a
Onipotência, Onisciência e Onipresença que, casualmente não somos eu, você ou
nenhum revolucionário. Ou maçom. Tiradentes ou qualquer outro herege. Absolutamente
nada ou ninguém afora Deus.
Como o Criador,
ao contrário dos ideólogos feministas, é absolutamente bom e justo, castiga e conserta
à medida do erro. Se por Adão entrou diretamente o pecado, acabando temporariamente
com a nossa laetitia, recebendo por
isso sua paga devida, por Jesus Cristo tornaremos a ser eternamente felizes. E se
indiretamente Eva foi a responsável por este estrago, recebendo também ela o
seu quinhão, outra Mulher, Maria, o será indiretamente pelo conserto, findando por
retomar a dignidade das mulheres à medida em que optarem por ter a Segunda não a
primeira como modelo.
Se algo foi perdido
pela soberba e desobediência, claro é que se recobra pela humildade e
obediência. Se Eva fez com que ficássemos descobertos,
Maria recobre. Onde Eva considerou “machismo” e “preconceito” ter de se
submeter àquele de quem procedeu por uma de suas partes, Maria dirá: aqui está,
mulher, a tua dignidade, a de ser “imagem e semelhança”. É que a Serpente,
falando do que lhe é próprio, enganará também neste ponto ao sussurrar aos
ouvidos da mulher que o assumir as nobres, fortes, dignas e santas funções de
mãe e esposa, é pô-la em degrau inferior. E posto que a palavra de ordem é
“igualdade”, sem dar-se ao trabalho de decifrá-la acabará por ela engolida,
como em Tebas. Não verá que a igualdade não se dá, por exemplo, em profissões,
mas em funções. Justamente aí, em seu hogar,
é que ela forma, educa, orienta, forja e conduz a humanidade, o que traz à
seguinte indigesta conclusão: as mulheres, na medida que tentam reger e
conduzir, soberanas, como as Amazonas, a sociedade, menos regem e conduzem a
própria casa, a própria vida, os homens e mulheres que sabiamente foram postos
aos seus cuidados por Quem sabe fazer as coisas.
Aqui uma nova
grata surpresa[3].
Nestes tempos de cúmulos, palavras de (des)ordem, ideologias cucarachas,
despropósitos, inversões, desinteligências, vem novamente a Mulher ensinar a seus
filhos e filhas, agora através de... insetos.
Não se trata obviamente de ecologismos ou romantismos naturalistas. Para
prevenir o rechaço ou sarcasmo cético, lembremos de um tempo em que o sábio Criador
já procedera de forma semelhante com um tal Balaão e sua jumenta, tudo para
mostrar que ao tentar ser o que não é ou estar onde não deveria o homem acaba
por ser menos que um seu análogo irracional. Para as neo-Amazonas urbanas e
rurais atuais Maria as fala pela boca não de jumentas, mas de formigas. Se
abaixa – que digo? Se rasteja – ainda
uma vez para fazê-las notar a baixeza em que chegaram. E ali fala o obvio, como
coisa que pudesse ser diferente: que os homens, graças aos maus frutos das
mulheres, serão dissipados, ainda que por indigestão. Negligenciando sua
idiossincrasia para se travestir da idiossincrasia masculina, a mulher o leva,
por isso, a acompanhá-la na inversão de papeis[4] e consequente natural
extinção.
Não por acaso
no rol das ilustres infelizes (usarei alguns neologismos correntes) estão: mães
de aluguel, (de produção) independente, descoladas, de vanguarda, bem-sucedidas,
poderosas, empoderadas, temidas, e alguns eteceteras mais. É que neste caso quanto
menos mães e esposas mais empreendedoras,
administradoras, gerentes, presidentes (presidentas, se preferir), representantes, profissionais e... grandes consumidoras de tarja preta. Esquecem
de um pequeno detalhe naquilo que mais almejam: de que a mais almejada, amada,
quista, comentada, notória e bem-sucedida de toda a história foi quem menos tagarelou,
descobriu-se, apareceu, empoderou-se,
sendo, por isso, a mais obediente, humilde, escrava até. Mais que Cleópatra ou Helena,
Evita ou Thatcher, Xuxa ou Gaga. Por isso a neo-Amazona não logra um caminhar
tranquilo e sereno, mas patina no lodo do desamor, da ilusão, do interesse, da
fealdade, do mal e da mentira. A mulher nunca esteve tão feia, travestida de
artificialismos e masculinidade. E poderíamos ainda escrever um vice-versa. Ou será mero acaso o boom (palavra que remete a bomba,
estouro, destruição, inchamento) das indústrias de cosméticos, cirurgias
plásticas, moda, diversão, entretenimento, transgênicos e drogas de todo o
tipo? Como não ver aqui uma cosmovisão de mundo completamente inversa à dada
pelo Criador. E então, quanta dor...
Em tempos de
programado esquecimento à mulher falta tão somente a conquista de um posto: o
de mulher.
Nossa Senhora
do Bom Parto: rogai por nós!
Nossa Senhora
de Fátima: rogai por nós!
Mãe de Deus: rogai
pro nós!
Em 13 de maio do ano da
graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2017. Festa do Centenário de Fátima.
AirtonVieira
[1] http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/homens-e-mulheres-invertem-os-papeis-no-mercado-de-trabalho-da-atualidade/
[2] A este propósito sugiro a
leitura do capítulo 2 de O homem eterno,
de Chesterton: Catedráticos e homens
pré-históricos.
[3] Me refiro aqui ao fenômeno
ocorrido na região de Serra de Vitória-ES conhecido como o das “Formigas
Bordadeiras”. Maiores informações poderão obter via internet ou, melhor, indo
ao local. Em seus mais de vinte anos o fenômeno é ainda estudado pela Igreja,
não recebendo até o presente nenhuma desaprovação oficial, motivo pelo qual o
citamos; e também pela força de seu simbolismo aos tempos presentes, e a este
artigo.
[4] Sobre o que falarei na ocasião
do “Dia dos pais”.
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