Reflexão para os pais católicos "modernos" que deixam suas filhas adolescentes expostos em redes sociais e à televisão e todo tipo de contato com os maus costumes
A criança na adolescência, uma espécie de larva operando a metamorfose, participa igualmente da infância e da juventude; não estando todavia nem em um nem na outra, não se acha bem colocada em parte alguma.
É mista e
difícil a sua posição; em todas as partes incomoda e se acha embaraçada, pelo
que se diz com razão que é esta a idade
ingrata. O corpo, o espírito, os modos, tudo participa delas, tudo
apresenta o seu cunho. Mas a mãe não pode pensar em evita-la, é uma prova de
prudência e de justiça da sua parte aceita-la tal qual é; e reservando então
principalmente a severidade para os defeitos e para as faltas, devem mostrar-se
indulgentes com todas as exterioridades desagradáveis.
Se não se
deve tratar a jovem adolescente como criancinha, também não se deve ainda
torna-la mulher na família e na sociedade, desenvolvendo, a par de uma razão
prematura, uma afoiteza não menos prematura, pois que são mais perigosos que
agradáveis os frutos colhidos antes de maduros.
Não pode
permitir ainda nesta a idade que tome parte na conversação, a não ser na
intimidade da família. A tendência para a presunção, mais insuportável e mais
viva do que nunca, é uma dessas propensões que se alimentam com a mínima
concessão, e não é fácil ver-se livre dela uma vez desenvolvida. Além disso,
uma criança na adolescência tem um talento especial para dizer o que deveria
calar e para entrar em assunto de conversa inconveniente e desagradável. Em tal
idade deveria ocupa-la unicamente os seus estudos e a sua educação, não lhe
deixando tempo para se mostrar na sociedade. Aqui se pode recordar o que se
disse nos bailes infantis; não são menores os perigos destas festas para uma
jovem de quatorze anos que para uma menina de nove. O menino crescia e fortalecia-se em inteligência, E PERMANECIA NO
DESERTO, até o dia em que devia aparecer
ante os homens. (São Lucas). Assim deveria fazer todos, e assim viriam a
ser mais que profetas, porque viriam a ser cristãos.
Mas sossegai
mães tão vaidosas com vossos filhos, apesar dos seus defeitos pessoais e das
desvantagens da sua idade; vós que tendes tanta pressa em fazê-los aparecer ante os homens, e a quem tão
longa parece a preparação do deserto, acalmai a vossa impaciência. Em breve
terá passado a prova, e dará lugar a idade
ingrata da sementeira à idade feliz da colheita; acabada a transformação,
admirar-se-ão com assombro as brilhantes cores e as azas matizadas da mariposa
que rompeu o casulo para se arrojar ao espaço.
Como já vimos
longe de abandonar esta idade, parece a religião reservar para elas as suas
mais augustas cerimônias e as suas mais doces emoções. Como todos os
necessitados, tem esta idade, direito a seus favores particulares e a religião
os prodigaliza com ternura maternal, dando-lhe, como ao homem feito, o alimento
sólido e substancial dos sacramentos, mas fazendo-lhe ainda sentir, como a
criança, somente a suavidade do seu jugo. Muitas vezes a favorece com um a
devoção terna e ardente, e, não obstante, só lhe pede com mil contemplações
esses sacrifícios destinados a ser um dia o seu elemento e a sua vida. O Senhor guarda os pequenos, ama-os,
atrai-os e –permita a expressão- anima-os até como faria uma mãe a seu filho
mais novo.
A Mulher Cristã desde o Nascimento até
a Morte – Mme M. de Marcey
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