quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Espiritismo: um delírio que se pretende ciência

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Diria, talvez, alguém que estou exagerando, e que os espíritas não ensinam tal encarnações sucessivas?

Não há nenhum exagero. Eis uns versos publicados pelos vivos, mas ditados pelos mortos.
Os espíritas até publicaram um volume de versos pelos espíritos, intitulado: “ Parnaso de além-túmulo”, e aí encontramos versos, sonetos, de poetas mortos, que eles fizeram, voando pelo espaço, ou reencarnando-se em qualquer arara.

Eis um espécime curioso, feito poeta Augusto dos Anjos, intitulado: “Vozes de uma sombra”. Lá em cima, na lua, a própria sombra fala, canta e faz até versos! É para romper a monotonia da lua! Mas escutemos bem:

Donde venho? De era remotíssimas
Das substâncias elementaríssimas
Emergindo das cósmicas matérias.
Venho dos invisíveis protozoários,
Da confusão dos seres embrionários,
Das células primevas, das bactérias.

Venho da fonte eterna das origens,
No turbilhão de todas as vertigens,
Em mil transmutações, fundas e enormes;
Do silêncio da mônada invisível,
Do tetro e fundo abismo, negro e horrível,
Vitalizando corpos multiformes.

Sei que evolvi e sei que sou oriundo
Do trabalho telúrico do mundo,
Da Terra no vultoso e imenso abdômen;
Sofri, desde as intensas torpitudes
Das larvas microscópicas e rudes,
A infinita desgraça de ser homem.

Augusto dos Anjos.

Paremos aqui. É o bastante para provar que os espíritos, sem juízo neste mundo, não mudaram no outro.

O nosso grande poeta já foi larva microscópica, incluída no abdômen da terra... e foi evoluindo... até ser nômada invisível... depois protozoário, depois ovo de rã, depois sapo, rato, gato, cabra, boi, cavalo, macaco, e, enfim, homem. É ele mesmo que o conta... e porque não acreditá-lo? Ele não diz se, sendo macaco, já fazia versos.

E hoje? Que será ele? Em que animal ou pássaro se terá ele se reencarnado? Corvo, rouxinol, bem-te-vi, ou canário?

E estes pobres espíritas contam tais loucuras com uma serenidade, como se acreditassem.



Acha de lenha científica

É tempo de estudarmos as reencarnações dos espíritos superiores.

Á medida que eles vão se aperfeiçoando, pelas sucessivas reencarnações, diz Kardec, vão reencarnar-se em corpos superiores.

Isto quer dizer em clara exposição espírita, que o espírito, depois de ter passado pela pedra, pelo vegetal, pelos insetos inferiores, chega, enfim, a reencarnar-se nos animais de maior importância na escala zoológica.

Tendo sido formiga diligente, barata imunda, rato voraz cupim destruidor, ou até pulga dos pés, eis que o espírito, cada vez mais belo, após uns dias de férias no azulado firmamento das aves, reencarna na pele de qualquer gato, cão, cabra, macaco, bezerro vaca, mula ou cavalo.

Convenham que é um progresso imenso! O espírito que mal sabia gemer, já sabe uivar, berrar, ladrar, relinchar, miar, ou ganir. O espírito que só sabia ferrar, sugar, ou inocular veneno, já se acha munido de uma queixada regular, de dentes seguros e de unhas agudas... Não há dúvida, isso já é progresso!

Eis, pois, os luminosos espíritos do espaço aéreo destinados, como diz Kardec, a se tornarem um dia iguais a Deus. Pois Deus, para os prosélitos de Alan, não passa de um vulgar espírito aperfeiçoado.

Tudo isso são espíritos imperfeitos, mas em pleno aperfeiçoamento, por meio da metempsicose...

Antes de poder tornar-se um homem ilustre (um orador ou médico espírita), é preciso que passe anos e anos a constituir-se no bestunto de qualquer idiota, no cocuruto de qualquer chinês, ou no apêndice caudal de qualquer chimpanzé.

Só depois dessa formação preliminar, conseguirá penetrar no corpo de um homem regular, digno deste nome.

Tais são as conclusões das teorias espíritas.

Não devemos omitir a última conclusão, mais acessível ao espírito daqueles que pouco se dedicam aos estudos e que se refere aos pais de famílias.

Sois pais! Sois mães! Em vossos braços, sobre os vossos joelhos, agita-se, brinca e ri, o pequeno ser, franzino, a quem chamais “meu filhinho, minha filhinha”; a quem cobri de beijos quentes porque é pedaço de vosso coração, de vosso corpo; o sangue do vosso sangue; a carne de vossa carne, irradiação do vosso amor conjugal.

Ó pais, ó mães, perdoai-me, queria calar-me, sinto o meu coração revoltar-se contra a minha pena, mas o espiritismo infame vos grita:

- Pais, mães, esta criança não é o que pensais, não como a chamais, meu bem, meu anjinho, meu coração minha vida; tudo isso é falso; tudo isso é católico; mas, não, esta criança é simplesmente o espírito de um gato, de um cão raivoso, de um assassino... Lançai-a fora, bem longe,, no estrumeiro da casa; pode ser espírito imundo, a alma de um Judas, de um Caim, de um celerado. E vós a beijais? Ó pai insensato! Vós apertais contra vosso peito? Ó mãe tresloucada! Trabalhais para vê-la feliz? Sacrificai-vos por ela?


Ciência diabólica

Chegamos ao centro do nosso estudo sobre a reencarnação, o posto onde melhor aparece a caducidade, a insânia dos seus princípios.

Há seitas religiosas, como há ciências ocultas por esse mundo afora, que carecem de base, de princípios e de bom senso, mas não há seita tão néscia e tão idiota quanto o espiritismo.

Os princípios das ciências novas são falhos e incompletos, mas nunca podem repugnar ao bom senso e contradizer princípios certos e irrefutáveis de outras ciências.

Ao contrário, uma ciência deve servir de base, de apoio e de guia a outras. A matemática serve de base à geometria, à engenharia, a agronomia etc.

A química, de base e de fio condutor à terapêutica. A anatomia conduz à fisiologia, a patologia e a higiene.. O desenho serve de fundamento à pintura etc.

Nenhuma destas ciências cujos princípios estão sólidos e provados, pode estar em oposição umas com as outras. Isto é admitido por todos que entendem de ciências e pretendem penetrar os seus segredos.

O que temos exposto sobre as reencarnações é o bastante para o homem inteligente levantar-se contra tais elucubrações doentias, que só podem germinar no cérebro dos loucos, dos fascinados, dos possessos ou dos subjugados.

Esta divisão, aliás, já foi feita pelo próprio Kardec, prevendo, sem dúvida, que ali iam descer os seus adeptos.

Resumamos, em poucas palavras, os erros expostos, para melhor compreender a beleza das concepções espíritas. Mas, não, prefiro citar aqui uma passagem clara de um órgão espírita, citação que terá a vantagem de mostrar que nada inventei, mas interpretei, imparcialmente, os ensinos espíritas.

 Tenho diante de mim uma “profissão de fé espírita”, feita por um dos corifeus da seita. Não é profissão de fé cristã, é puramente espírita, panteísta e materialista...

Enumera os principais ramos da criação – obra do onipotente, e diz: “Na planta, a inteligência está adormecida; no animal, ela sonha; no homem somente, ela acorda, se reconhece, se possui e fica consciente”.

Eis o que é bem claro e o que resume todo meu estudo sobre a reencarnação, precedente exposto.

De modo que, segundo tal profissão de fé, a alma humana, substância simplíssima, espiritual, essencialmente livre, antes de tomar o seu respectivo corpo já “dormia na pedra”, passando, depois, a dormir nos insignificantes protozoários, para seguir na evolução até constituir o homem.

Ora, afirmar a alma-pedra, alma-peixe, antes de ser alma humana, é destruir a distinção essencial entre o espírito e a matéria; é cair no materialismo e tornar-se  suspeito do absurdo panteísmo; suspeição tanto mais fundadas, quanto é certo que muitos espíritas professam essa doutrina.

Alerta católicos brasileiros! Não vos deixeis iludir com as patranhas do diabólico espiritismo. Esses pregoeiros, que dele fazem propaganda, são homens já fascinados pelo mau e lhes iludiu e paralisou o entendimento e a vontade.

Caídos, pelos seus vícios, neste lastimoso estado, são guiados como cegos, subjugado como escravo. Dizem e escrevem tantos disparates, que logo se vê o cérebro mal parafusado. Presumem-se de sábios e tornam-se estultos. Alardeiam-se cristãos e mostram-se idólatras.

Não, mil vezes não. O espiritismo não tem nada de ciência; é a negação da inteligência humana, base de toda ciência. Solapada a base, deve ruir o edifícil; contrariando o bom senso e jogando aos pés o fatos verdadeiros à luz da inteligência e da revelação divina, o homem é abatido do seu pedestal de “rei da criação” para tornar-se um vil animal.

É o bastante para ser julgada. É sua sentença de morte: Menita est iniquitas sibis!

Tem razão: deveras uma “ciência diabólica”, nunca humana, para perder os homens e preparar o reino do anticristo!


O Anjo das Trevas – Padre Júlio Maria.




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