por Daniel Francisco Giaquinta
Tradução de Airton Vieira – A imagem de
seu rosto em todo o mundo ao mesmo tempo
A figura do Anticristo[1] é
uma verdade revelada. Como São João Evangelista o descreve reinante desde seu
tempo, os Padres da Igreja –com essa autoridade que o Espírito Santo lhes deu
para ensinar a Palavra de Deus– o viram como um movimento, como
uma espécie de anti-igreja que trabalha contra Jesus Cristo e seu Pequeno
Rebanho.
Mas
também a figura do Anticristo adquire presença individual e pessoal nos relatos
de São Paulo, por exemplo. Contudo, a Patrística e os Santos Doutores nos
ensinam que não há contradição entre São João e São Paulo. Tranquilamente um movimento
produz seu líder e este leva à plenitude o movimento que o engendrou.
Assim temos na Sagrada Escritura e na Tradição que uma falsa doutrina anticristã
será potencializada pelo filho da perdição até chegar a uma grande apostasia[2]. Que aquele “filhinhos meus, não ameis o
mundo nem o que há no mundo…” se torna a melhor síntese plástica da ideologia
culminante do Anticristo: “…porque no mundo há concupiscência
da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida”, explica São João
em sua Primeira Carta. A carne como imagem plástica dos prazeres
sensuais e venéreos que alagam ao homem; a sinédoque dos olhos deleitando-se no brilho do ouro e do Dinheiro
que atrai a fama e os aplausos com a possibilidade de ter tudo nesta vida que é
a única; e por fim, vem o objetivo de coroar tudo sendo dono de tudo, de pôr um
nome aos fatos como eu quero e não como são, de ser como deuses criadores de uma nova natureza: a soberba da nova “moral” do Anticristo. Já está entre nós,
dizia o Águia de Patmos, esse mundo mundano antropocêntrico com filosofia gnóstica
e fins materiais de moral subjetivista que combate o Reino e algum dia
terminará enganando a quase todos com a “grande apostasia” precedente da Besta
do Mar.
São Paulo diz que haverá um super-homem que logrará essa paz apóstata
neste mundo mundano, o qual retribuirá com adoração ao anticristo por alçar a
tolerância como bandeira e desprezará a Cristo que trouxe a Espada da divisão.
“Que ninguém os engane de nenhuma maneira. Primeiro tem que vir a apostasia
e manifestar-se o Homem ímpio, o Filho da Perdição”. (II Tess
2,3). Hugo Benson descreve o Anticristo como Juliano
Felsemburg, Nietzche o deseja, Hollywood é demasiado protestante e o recria
como um demiurgo tão poderoso como Deus, Castelani vê o Anticristo em sua possibilidade
de hoje, Hugo Wast sabe que sua luta central é contra Cristo, mas a pregação da
Igreja contemporânea o omite com perigosa temeridade…
Então, qual será o seu rosto multiplicado
mediante sua imagem?
Na Sagrada Escritura a palavra rosto[3] tem
uma fortíssima significação. Não se pode ver o Rosto de Yahvé e continuar vivo,
Moisés teve de esconder o rosto depois do Monte dos Mandamentos pelos raios que
emitia; Santo Inácio exige desviar o rosto para enfrentar o demônio porque é
como mulher; Jesus girou, mirou à turba e o deixaram passar sem tocá-lo quando o
empurravam da sinagoga para precipitá-lo… O rosto não é o perfil, nem a
fisionomia, nem a cara, nem a figura mas sim sustenta o semblante. O rosto é a
alma translucida. Há rostos angelicais e os há diabólicos, tanto que não os
saberia dizer. Há rostos que convencem e rostos que desanimam. Há rostos que se
fazem obedecer ao ameaçar a inferioridade do débil.
Assim, o rosto do Anticristo será deveras
perigoso. Mas ainda mais porque todos poderão
vê-lo ao mesmo tempo em todo o mundo graças a sua imagem. Aqui entra a magia, a magia da telemática, ou
como dizem na Argentina, que a técnica é coisa de mandinga.
A Patrística não podia concretar uma explicação real desta profecia, mas agora
vemos que sim se pode explicar a magia que utilizará o inimigo. O satélite tem
logrado o máximo progresso na simultaneidade da transmissão. Em tempo real posso
ver de qualquer lugar da terra o desenvolvimento da guerra na Síria ou as eleições
nos EUA. Com a magia incluída do processamento da imagem, da edição do som, dos
closes elegidos para as tomadas e, ainda mais, pela magia das obscuridades do
que não nos deixam ver. A telemática torna-se a realidade para as audiências.
O mundo virtual é a realidade. A impossibilidade da verificação –não posso
viajar a presenciar a guerra nem me ensinaram alguma maneira de ver se é
verdade sem necessidade de viajar- exige um ato de fé no Emissor: os fatos são reais, as opiniões livres, diz a epígrafe
no The Guardian[4].
O emissor me dá a realidade, é dogma de fé midiática, e eu terei a liberdade de
minhas opiniões assim que consuma essa realidade elegida pelos
mass média, recortada, descontextualizada, aumentada, selecionada
para mim, e afirmando-me sob pena de que se riam de meu ceticismo, que é a pura
verdade objetiva, que é um fato o que vejo, mesmo que não me goste.
Selecionam para mim o que devo ver, como o mágico do circo com as crianças dirigindo-lhes
o olhar rumo à mão que eleva e não rumo a que esconde para revirar em seu
bolso. E pode ser que o mágico não seja tão inocente ao não deixar ver tudo. E
os massificados não captam esta manipulação. Os massificados gritam que viram e
escutaram na imagem da Besta que o homem chegou à Lua, que os Aliados nos
salvaram de Saddam Hussein, que o Ara San
Juan[1]
não se encontra, que o problema é a Economia, que quando alguém vota no
candidato da mídia se torna cidadão livre, que há explosão demográfica e o
aborto e a eutanásia são atos de humanidade… e isso é a realidade. O Reino da
unidade dos povos já chegou graças a se comungar da mesma imagem que nos dá a certeza. As ânsias de todo homem
pela paz e o bem-estar serão logradas por meio da guerra e a supressão dos que
não aceitem esta mensagem… de que a imagem é a realidade.
Igualdade Liberdade Fraternidade difundidas pela imagem, impostas às massas pela
imagem.
A força do Anticristo estará na virtualidade que
ganhe à força de sua mensagem.
Se os menores de quarenta anos são capazes de crer que verificam uma informação
no mesmo sistema onde a obtiveram, então estão na virtualidade a mercê do
mentiroso. Os menores de quarenta anos, em sua grande massificação, não podem duvidar
ou asseverar inteligentemente sobre um dado da virtualidade, por exemplo se o homem
chegou ou não à Lua, sem recorrer à mesma tela virtual, ao mesmo meio de
internet, às Redes, a wikipédia… São carne de manipulação da Imagem da Besta na
medida que não lograram o Juízo Crítico. E o pior, confundem critério com opinião
própria, como pretende a epígrafe do diário inglês.
A força da virtualidade do Anticristo
oscilará nos corações de seus súbditos entre o ceticismo da dúvida estéril (“tudo
é mentira”) até a credulidade adolescente do fanatismo pós líder (“é meu
ídolo”). Os dois extremos são como os rebotes das presas pelos golpinhos do rabo
do diabo, vão e vem da credulidade à incredulidade sem passar pela razão nem pela
Fé, somente confiando na imagem.
A Besta do Mar poderá mostrar sua
Imagem a todos, defendida pelo Falso Pastor, desde
que a tecnologia-magia logrou esconder a realidade e fazer-nos crer que o
virtual é real. Como dizem, o que não sai na telinha não
existe e vice-versa. Só se fala e se fotografa o que a linha
editorial há disposto, consultando previamente o dono do meio e este cuida de
não ofender ao poder do Grande Dinheiro que o sustenta. E se esconde aquilo que
as massas não devem ver, nem ouvir, nem pensar, nem perguntar. Mass média.
Poder da logosfera, a imagem.
O poder da Imagem do
Anticristo consistirá em tal modo de tornar-se visto que poderá ocultar na Conspiração
do Silêncio a todos aqueles que denunciem tais
manipulações sibilinas. Dar morte à Igreja Verdadeira nestas épocas de
telemáticas satelitais não será, necessariamente, mediante o derramamento de
sangre mártir. Isso se fará nos lugares onde o satélite e a Imagem disponham a noite
do desconhecimento para os povos progressistas, isto é, poderá se matar cristãos
na China, em muitos povos da África, na Síria, mas não no Ocidente televisivo. Aqui,
sem derramar sangue, mata-se o Pequeno Rebanho fiel com a indiferença e o silêncio
midiático. Milhões marcham contra o aborto, mas na TV só sai a menina violada
que os recalcitrantes não a deixa abortar. Milhões colhem assinaturas contra o “matrimônio”
igualitário, mas na TV só saem os filmes da alegria gay. Inúmeros autores escrevem
joias literárias, mas se financiam os tenebrosos e perversos…
Esta é a alma que se transluz no rosto
do Anticristo multiplicada pelo mundo mediante sua imagem posta para a adoração
de todos os “conectados” com o sinal da Besta na frente.
Daniel Giaquinta
[1] O pequeno chifre –
Daniel 7:08; O Rei Insolente, um mestre da intriga –
Daniel 8:23; O príncipe que há de vir – Daniel 9:26; O Pastor Inútil – Zacarias 11:17; O homem de pecado – 2 Tessalonicenses 2:03; O que traz a destruição – 2 Tessalonicenses 2:03; O iníquo – 2 Tessalonicenses 2:08; O rei voluntarioso – Daniel 11:36; Homem desprezível – Daniel 11: 21; A besta do Mar – Apocalipse 13:11.
[2] Castelani,
Leonardo, O Apocalipse, cap. Sobre o Anticristo. https://docs.google.com/file/d/0Bz18UURd74i-NUs3VGFyNkdfVmM/edit?usp=sharing
DANIEL
FRANCISCO GIAQUINTA
Nascido em 14 de outubro de 1958, Mendoza, Argentina.. Professor
de Oratória (Filosofia, 1984). . Licenciado em Jornalismo pela Universidade de
Navarra, Espanha, 1990. Bachissors of Arts, Teologia, pela Universidade de
Navarra, Espanha, 1989. Master em Ciências da Informação, Universidade de
Navarra, Espanha, 1992. Professor Universitário Universidade Católica
Argentina, Mendoza. Instrutor de Empresas em Comunicação interpessoal. Instrutor
de planta na Escola de Governo Legislativo, Mendoza, Argentina
[1] ARA San
Juan (S-42) foi um submarino tipo TR-1700 que serviu a Marinha Argentina de
1985 até 2017. (ndt)
Adelante la Fé - Tecnología y Magia en las manos del
Anticristo
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