Airton Vieira
(tonvi68@gmail.com)
Nota:
a uma melhor compreensão do texto, sugere-se a leitura das notas de rodapé com
as devidas indicações, bem como a compreensão dos termos pouco usuais.
Se me perguntam digo sim, segue vigente o que
escrevi no passado 15 de maio[1],
até que a história dê prova em contrário daqui a poucos meses; queira Deus.
O que vem abaixo não é estranho à humanidade: data de
sua expulsão edênica. Aliás, foi por coisas deste tipo que fomos expulsos. E de
lá pra cá pouco ou nada mudou...
Hoje já poderíamos estar celebrando uma autêntica
Missa de 7º dia. Sábado passado vimos “entrando em cana” um outro condenado na
famigerada “Operação Lava Jato” realizada pelo judiciário brasileiro. À diferença
dos que o antecederam, ali estava um ex presidente da República. O primeiro. Nenhuma
novidade. Mas houve um fato... até o presente pouco ou nada captado[2]
especialmente entre as parabólicas católicas [tanto pior], público alvo prioritário
mas não exclusivo deste artigo.
Embora fosse a primeira vez que ouvisse da boca do
próprio condenado o disparate abaixo, este não era inédito, como bem apontou a
matéria acima. De forma sistematizada e crescente, o carismático personagem vem,
também ele, sofrendo mutação físico-metafísica: de concretamente etílico passa
a abstratamente etéreo, ainda que mantenha a etilidade disfarçada em
garrafinhas de água mineral. Isso o demonstrou em alto e bom tom em uma [dentre
outras] frase de efeito – uma espécie de mantra psicodélico – comum em muitas
inteligências esquizofrênicas e psicóticas, pronunciada pela última vez em uma
suposta homenagem religiosa à sua recém falecida mulher. O humano e muito concreto
senhor ex presidente, oficialmente atual delinquente, revirando de seu túmulo
não a defunta mas o Estagirita[3] ao
virar de pernas ao ar seu princípio da não contradição, disse (a palavra seria berrou)
que ele já não é mais ele: é agora uma ideia[4]. Panteisticamente
diluída em seus seguidores ao modo de metástase. A conclusão é simples: vemos
pelo turvo e avermelhado horizonte brasileiro uma nova seita político-messiânica
insurgir-se com seu novo anticristo, outra das muitas prefigurações do último e
definitivo, que pelo andar da carruagem não demora.
De muita serventia seria a (re)leitura das aparições
da Virgem Maria em Pesqueira-PE[5],
pois o cenário é propício. Os hispânicos dizem: “ojo!”. Estejamos (bem)
atentos, de olhos (bem) abertos, que a coisa em definitivo não é de “mi-mi-mi”.
Toda metástase indica situação terminal. Dependendo do caso não há muito o que
fazer, a não ser rezar. Para desgraça nossa os mais variados médicos (juízes,
políticos, policiais, sociedade) vêm, estranhamente, negligenciando o quadro,
minimizando-o, quiçá por já se estar abraçados ao monstro[6].
Para ficar em um exemplo, Augusto Comte, o inventor
do positivismo, aclamado nos mais ilustres e ignorantes círculos das ciências
humanas, seguiu, antes do condenado em pauta, rumo similar. Não somente quis
fazer do positivismo teórico uma fé, mas pôs mãos à obra ao inventar pouco
antes da morte outra seita religiosa, a Religião da Humanidade, com sua igreja
positivista e tudo o que tinha – em um mundo secularmente laicista adorador de
liberdades e igualdades e fraternidades – direito. Como todos os inventores de
seitas, positivamente não acabaria bem o pai do positivismo. Ocorre que se
listarmos a relação de positivistas notórios do Brasil nos surpreenderemos: de
estadistas à escritores proeminentes. Mas não é este o x da questão. Que as
mentes mais bem dotadas, de vaidade inclusive, queiram adorar-se, vá lá. As
antigas civilizações já possuíam os seus chefes-deuses e o povo parecia não se
incomodar com isso. Mesmo na civilização do Direito ou na da Filosofia o homem
assemelhava-se aos deuses, ou poderia ser o próprio Deus, tranquilamente, em
que pese uma ou outra voz discordante, que era sempre minoria. O problema com os iluminados é que, sejam por motivos
religiosos, políticos, sociais ou econômicos, estes tais arrastam não pouca
gente, inclusive inteligente como eles, a adorá-los. E adorando-os, deixam de fazê-lo
ao único Deus possível. E aí está a desgraceira. São gente que por estes incompreensíveis
mistérios de iniquidade fogem à regra mesma da inteligência, que deveria estar
à serviço da sabedoria, que pende sempre ao bom, belo e verdadeiro. Ao
contrário, porém: acabam por se p(r)ost(r)ar diante de deuses que, uma vez
falsos são sempre contraditórios, sem a mínima coerência que exige o dom da
inteligência. E se vão, de fleumáticos à coléricos, convencidos de estarem de
mãos dadas com a razão. Acabarão por convencer a muitos desavisados, ou ainda bem
intencionados. E não pensemos que isto não acarrete consequências ao preço do
pão, ou à soltura de bandidos e prisão de inocentes. Não por outro motivo a
Igreja legou-nos a Inquisição e as Cruzadas, ainda hoje mal e porcamente
compreendidas.
Referindo-se ao clero [mui apropriado a este caso],
mas extensivo às autoridades seculares (cf. Jo XIX, 11), houve na emblemática
década de 60 um novo maternal alerta, o de que “Muitos cardeais, bispos e sacerdotes estão no
caminho da perdição e com eles vão muitas almas.” [7] Já o prevenira a virgem Mãe em outras
[aprovadas] ocasiões[8].
Via de regra, os que são postos acima tornam-se os responsáveis pelos de baixo.
Também não ficam atrás os ateus que recebem o encargo de conduzir pessoas,
famílias, empresas, nações. Posto que o Céu não é em absoluto democrático [por
isso a Democracia nunca foi ou será a forma ideal de governo], à hora do “choro
e ranger de dentes” irão estes também à frente da multidão – porque não serão
poucos! –, sem chance de barganha ou palavras de ordem. Se não fizerem
obviamente a lição de casa. Tudo para dizer que o
que vimos então na mal e ideologicamente considerada e difundida “missa” da
defunta do defunto-vivo eneadáctilo [um zumbi portanto], foi um misto de
showmício, fanatismo, patifaria, travestismo e alienação latu senso. Macabro e
nauseabundo.
Tanto pior, pois fazia crer aos ignorantes de toda estirpe que a
farsa tinha o aval da Igreja católica, nas figuras dos social-comunistas
travestidos de clérigos que ali pairavam, patéticos, adorando Baal, ou Mamon; estes
que há muito vêm desfigurando a Igreja com seus látegos insensíveis, hipócritas
e homicidas. Os ídolos se elevam quando as sociedades decaem. Por isso o santo
Doutor de Hipona mandava-nos não conferir direitos ao erro, à mentira, à
falsidade, o que vale para a ordem social e política ademais da religiosa. Por
novamente fazer ouvidos de moco, o resultado da desobediência novamente se põe
ante os olhos, como o mais do mesmo:
os vilões sendo artificialmente metamorfoseados em heróis; a maioria aclamando ao
diabo, que é o mestre dos disfarces; muitos sentados em seus sofás comendo
pipoca, tomando refri, partilhando vídeos,
fotos, corações e boas noites por seus eletrônicos; e os mais piedosos rezando
um rosário para o cachorro ficar bom da gripe ou se ganhar no jogo do bicho;
enquanto o mundo vai não tão lentamente como outrora sendo desintegrado. Porque
os zumbis, ao contato com as vítimas também as transformam em novos zumbis.
E
ao considerar outra preocupante frase do excelentíssimo meliante, a de que cada
um já não era cada um, mas ele próprio, em que pese ele próprio já não ser mais
ele [com toda a dimensão psicológica e social que um troço desses tem em uma
sociedade decaída e decadente], a coisa está feia. Se não contermos já a
diabólica insanidade, uma boa parte deste povo brasileiro poderá estar garantida
de um lugar de figurante ou mesmo coadjuvante [ator principal?] na próxima
produção de Resident Evil.
Não tardará para as
ruas serem maculadas de vermelho, tinto e hemáceo, com a Ambev mais que
satisfeita com seu molusco propaganda agora se elevando do solo terráqueo, ao
tempo em que eleva o indulto e a complacência ao crime gerador do caos
necessário à nova ordem mundial anticristã à espera eufórica de seu messias. É
que o sibilo ainda ecoa nos ouvidos curiosos, soberbos e iludidos: “Não, Deus
mente. Ele não quer é concorrência. Por isso se esforcem: vocês ainda podem ser
deuses...”
[1]
https://missatridentinaemuberlandia.wordpress.com/2017/05/15/lula-sera-presidente-o-confirmam-as-escrituras-a-tradicao-e-o-magisterio/
[2] Hoje pela primeira vez li algo
sério abordando o tema, em que pese sua imprecisa frase conclusiva, que todavia
não invalida em absoluto o referido artigo. Aqui o temos:
http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/fernando-martins/2018/04/10/lula-esta-transformando-pt-numa-seita-religiosa-em-que-ele-e-deus/.
[3] Aristóteles, natural de
Estagira, Grécia.
[5] Aqui, uma boa fonte sobre o tema:
http://www.padremarcelotenorio.com/2013/06/nossa-senhora-aparece-em-pernambuco-comunismo-o-sangue-que-inundara-o-brasil/.
[6] “O vício é um monstro de
aspecto tão horrível que basta vê-lo para detestá-lo. Mas olhá-lo por demais
acostuma-nos com seu rosto. Tolerado inicialmente, em seguida nos dá pena, por
fim se o abraça” (Alexander Pope).
[7] Aparições da Virgem Maria em San Sebastián de Garabandal-ES. Ver:
http://hospederiagarabandal.com/historia-de-las-apariciones-en-san-sebastian-de-garabandal/.
Em que pese o “nihil obstat” ainda não concedido a esta suposta aparição, não
há condenação da mesma, sendo, há décadas, local de peregrinação com direito à oficialização
da Missa, além de profecias comprovadamente realizadas. Daí sua citação.
[8] Por exemplo, as aparições de La
Salette-FR e Akita-JP.
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