segunda-feira, 9 de abril de 2018

Declaração final da Conferência de Roma: reafirma a doutrina católica e responde às dubia



Maike Hickson  |


Tradução de Airton Vieira – Hoje 7 de abril teve lugar em Roma a muito esperada conferência “Igreja Católica, aonde vais?”. A conferência foi inspirada pelo cardeal Carlo Caffarra (um dos quatro cardeais das dubia), que faleceu e setembro passado. Ao final da conferência se publicou uma Declaração Final em nome dos participantes, igualmente religiosos e seculares, que reafirma a doutrina infalível da Igreja no concernente a assuntos morais como o matrimônio os atos intrinsecamente maus, e respondendo assim às cinco dubia originais que, 18 meses depois de serem remetidas pela primeira vez, nunca foram respondidas pelo papa Francisco.

A importância da Declaração Final estriba no fato de que foi publicitada na presença alentadora dos quatro principais prelados restantes que elevaram suas fortes vozes de resistência católica contra a confusão e o erro difundidos pelo papa Francisco: os cardeais Walter Brandmüller, Raymond Burke, Joseph Zen e o bispo Athanasius Schneider. Se apresentou também uma breve mensagem em vídeo do cardeal Carlo Caffarra. Nos próximos dias publicaremos um informe mais longo com o conteúdo de toda a conferência. Por hoje nos limitamos a apresentar a nossos leitores esta histórica Declaração Final chamada “Portanto damos testemunho e confessamos…”, que se caracteriza por ser sucinta e clara.
A Declaração Final começa com uma referência à Exortação Apostólica do papa Francisco Amoris Laetitia e seu efeito de confusão sobre os fiéis. Assinala que nem a Apelação Filial de quase um milhão de assinantes, nem a Correção Filial de 250 intelectuais, nem as dubia dos quatro cardeais receberam resposta de parte do papa Francisco. Por isso, dizem os autores, “nós, membros do Povo de Deus batizados e confirmados, somos chamados a reafirmar nossa fé católica”. Também assinalam “a importância de que os seculares sejam testemunhas da fé”. Em seguida os autores reafirmam, em seis pontos, os ensinamentos da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio, o adultério, a questão de uma consciência subjetiva defeituosa, as normas morais absolutas, a necessidade de uma intensão firme de mudar a forma de vida para receber uma absolvição sacramental válida, e o fato de que os divorciados “recasados” que não têm intensão de viver em continência não podem receber a Sagrada Comunhão.

Leia aqui abaixo o texto completo da declaração:


“Portanto damos testemunho e confessamos…”
Declaração final da conferência “Igreja Católica, aonde vais?”
Roma, 7 de abril de 2018
Devido às interpretações contraditórias da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, estão se difundindo entre os fiéis de todo o mundo o descontentamento e a confusão.
A urgente petição de uma aclaração que foi remetida ao Santo Padre por aproximadamente um milhão de fiéis, mais de 250 intelectuais e vários cardeais não recebeu resposta.
Em meio ao grave dano que se levantou contra a fé e contra a unidade da Igreja nós, membros do Povo de Deus batizados e confirmados, somos chamados a reafirmar nossa fé católica.
O Concílio Vaticano II nos autoriza e anima a fazê-lo, como declara a Lumen Gentium n. 33: “Assim cada leigo, em virtude dos mesmos dons que lhe foram outorgados, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da Igreja mesma, “na medida do dom de Cristo” (Ef. 4, 7)”.
O beato Henry Newman também nos anima a fazê-lo. Em seu ensaio profético On consulting the faithful in matters of doctrine (Sobre a consulta aos fiéis em assuntos de doutrina) de 1859, falou da importância dos leigos como testemunhas da fé.
Portanto, e de acordo com a autêntica tradição da Igreja, damos testemunho e confessamos que:
·         Um matrimônio longo e consumado entre duas pessoas batizadas só pode ser dissolvido pela morte.
·         Em consequência, os cristãos unidos por um matrimônio válido que se unem a outra pessoa enquanto seu cônjuge segue vivo cometem o grave pecado de adultério.
·         Estamos convencidos de que este é um mandamento moral absoluto que obriga sempre e sem exceção.
·         Também estamos convencidos de que nenhum juízo de consciência subjetivo pode tornar bom e lícito um ato intrinsecamente mau.
·         Estamos convencidos de que o juízo sobre a possibilidade de administrar a absolvição sacramental não se baseia na imputabilidade do pecado cometido, mas na intensão por parte do penitente de abandonar um modo de vida que é contrário os mandamentos divinos.
·         Estamos convencidos de que as pessoas que estão divorciadas e unidas civilmente, e que não desejam viver em continência, vivem em uma situação que é objetivamente contrária à lei de Deus, e portanto não podem receber a Comunhão Eucarística.
Nosso Senhor Jesus Cristo diz: “Se permaneceis em minha palavra, sereis em verdade meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade os libertará” (Jo. 8, 31-32).
Com esta confiança confessamos nossa fé ante o supremo pastor e mestre da Igreja junto com os bispos, e lhes pedimos que nos confirmem na fé.

Fonte: One Peter Five - Final Declaration of Rome Conference Restates Catholic Doctrine and Answers the Dubia



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