domingo, 6 de janeiro de 2019

O Vaticano e a Fraternidade São Pio X: Perspectiva para 2019.






Por Côme de Prévigny  (artigo estrangeiro)
Tradução de Airton Vieira – A visita de novembro passado do Padre Davi Pagliarani, novo Superior Geral da Fraternidade São Pio X (FSSPX) à Comissão Ecclesia Dei em Roma, ressuscitou o eterno assunto das relações entre a Santa Sé e a Fraternidade fundada em 1970 pelo Arcebispo Marcel Lefebvre, levantando especulações sobre a possibilidade de que a sociedade seja oficialmente reconhecida pelo Vaticano. Os analistas se perguntam se a postura que tem tomado o comando da FSSPX quer a regularização ou não. Aqui e ali, o comentador se esforça por saber se os acordos doutrinais deveriam alcançar-se antes de considerar um acordo prático, alcançando uma situação que se parece à de quase 15 anos atrás. Mas aonde, concretamente, deveriam levar estas discussões? Deveriam eles esperar que Roma finalmente condene o Concílio Vaticano II, ou antes alcançariam algumas garantias? Este ponto deve ainda ser clarificado.


A atual situação canônica da Fraternidade São Pio X está em sua maioria normalizada. A Missa celebrada por seus membros é a mesma que todos os sacerdotes do mundo podem rezar ou cantar seguindo o Motu Proprio Summorum Pontificum de 7 de julho de 2007. As condenações que pesavam sobre os bispos da Fraternidade foram levantadas por um decreto firmado em 21 de janeiro de 2009. Em 2015, a Santa Sé garantiu a seu Superior Geral o poder de julgar no primeiro escalão da jurisdição. A validade das confissões ouvidas por seus sacerdotes foi reconhecida pela Carta Apostólica Misericordia et Misera, de 20 de novembro de 2016.
Nesse mesmo ano, a Pontifícia Comissão Ecclesia Dei pediu aos bispos em cujas dioceses estão estabelecidos os seminários da Fraternidade, aceitar as cerimônias de ordenação que ali se realizam. Os matrimônios celebrados frente aos sacerdotes da Fraternidade são finalmente reconhecidos em plenitude por Roma, como o testemunha uma carta da Congregação para a Doutrina da Fé de 27 de março de 2017. Este documento vai inclusive mais além: pede aos sacerdotes da Fraternidade que enviem seus registros provando a celebração de casamentos às chancelarias diocesanas. Estes registros se organizam junto aos de todas as paróquias e comunidades em uma situação perfeitamente regular. Implicitamente, posto que as sanções desapareceram e posto que os sacerdotes receberam o mandato canônico de administrar vários sacramentos, a Fraternidade encontrou novamente seu status original, que fora abolido em 6 de maio de 1975, e se comporta, de facto, como uma prelatura pessoal.
Aqueles que se acostumaram a rejeitar todo tipo de regularização, posto que temem que más influências advenham dos laços canônicos, observaram sem sombra de dúvida que estes ramos foram reenxertado quase completamente. Nada falta à Fraternidade, exceto talvez uma Corte de apelações eclesiásticas, para procedimentos canônicos que a estrutura de uma Prelatura permitiria. Algum dia, a Fraternidade terá também a necessidade de renovar seus bispos. No contexto atual, não vemos por que o Papa evitaria garanti-los para a Fraternidade. A Fraternidade se converteu, por fim, em um automóvel que tem todos os elementos para mover-se para frente: uma carroceria, rodas, volante, assentos… todos os elementos estão novos e não falta nada. Devido a um estado de tensão, tanto interna como externa, sobre o tema da regularização (sem dúvidas em razão do atual pontificado), tudo o que falta é uma licença que aprove seu status, mas as patrulhas de controle rodoviário disseminadas em todo o mundo sabem que o automóvel pode mover-se como quiser. Encontrar uma igreja para celebrar um matrimônio ou para peregrinar, já não apresenta nenhuma dificuldade: esse já não é o problema. O Papa o decidiu.
Os fiéis de todas as partes podem visitar as igrejas da Fraternidade. Sua consciência já não pode ser sujeita à angústia ou ansiedade. Isto ficou relegado pelos textos Pontifícios. Por isso, quando será oficialmente definitiva uma regularização que foi quase completamente alcançada por etapas? Já tomou lugar in pectore? Terá lugar em algum destes dias no verso de um envelope, como selando tudo o que já foi garantido? É possível. Em qualquer caso, a Santa Sé garantiu, em um nível prático, todas as funções sacerdotais aos membros da FSSPX. A apreciação de catolicidade se realizou a longo prazo, e não em base a condições que ainda devem ser completadas. E é só um assunto de justiça à obra do Arcebispo Lefebvre que assim seja reconhecida. E isso é, simplesmente, o que ele mesmo sempre pediu.
(Traducido por Johannes Nimius. Artigo original)
Fonte: https://adelantelafe.com/el-vaticano-y-la-fraternidad-san-pio-x-perspectivas-para-el-2019/

Um comentário:

  1. A questão não é catolicidade...
    A questão é ter mandato.
    E não estar vago.
    E não estar acima da hierarquia do vigário e aceita_la.
    A questão é aceitar o magistério que aí está.

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