Nota do tradutor: Este
artigo [parte XIII] encerra a série “Falam os Exorcistas”. Trata-se do mesmo
episódio descrito no primeiro, porém com novas informações, pertinentes
informações, deste que foi sem dúvida um evento que ainda hoje chama à atenção.
Com estes artigos, como já foi dito, pretendeu-se alertar para um fato mais que
concreto, ainda que situado no mundo invisível: a ação demoníaca entre os
homens, que na maioria das vezes ocorrem através de coisas e pessoas que não
damos a mais mínima atenção. Através de ofertas aparentemente inocentes que na
frente acabarão por nos tornar dependentes de determinadas situações e pessoas,
mesmo as quem amamos e nos amam; isto porque: “todo o que amar mais pai, mãe,
filhos... mais que a Mim não é digno de
Mim” (Mt X, 37), e isto implica que ao morrer tenhamos passe livre ao Inferno, que é o principal e maior objetivo da
influência demoníaca na vida humana. Que neste fim dos tempos possamos, mais
que nunca, levar a sério a máxima de Santa Teresa de Ávila, quem também era
exorcista, a de que “Só Deus basta”. O verdadeiro remédio ao mal e à toda forma
de desesperação é termos, de fato, a Deus como o centro de absolutamente tudo,
que ao resto, entre outros, deu-nos uma Mãe, para cuidar de nossas coisas, para
que cuidássemos das de seu Filho (cf. Mt VI, 33).
Tradução
de Airton Vieira – Este ano se cumprem setenta anos do único
exorcismo documentado nos Estados Unidos.1 Isto é
significativo porque uma das maiores mentiras do diabo é convencer à humanidade
de que não existe. Isto talvez explica a estupefação do público ao ver este
exorcismo encenado no filme O exorcista, de 1973.
As cenas do filme eram tão espantosas
que provocaram vômitos em muitos espectadores enquanto que outros perderam os sentidos
e tiveram que ser trasladados em ambulância. Um homem que saía de uma sala o
resumiu dizendo, «Eu creio, eu creio!». Este era o testemunho de alguém que uma
vez mais passava a crer no demônio.
Apesar de que as cenas do filme
mostravam graficamente o horror e a repugnância da possessão demoníaca, deixaram
de lado o aspecto mais importante desta história verídica da possessão de um
menino no estado de Maryland: foi liberado das garras do diabo através da intercessão
de Nossa Senhora de Fátima e o poder de São Miguel Arcanjo.
[este trecho do artigo será omitido devido o
histórico aqui narrado estar contido na primeira parte desta série – ndt]
A história de Fátima conduz à conversão
Desde o início do exorcismo, o padre
Bowdern colocou Nossa Senhora de
Fátima no
centro da batalha. Durante sua primeira visita ao lugar, em 11 de março de
1949, enquanto conversava com os Mannheim [os nomes tanto do menino quanto da
família foram preservados com pseudônimos], se escutaram gritos terríveis da habitação
de Robbie no segundo piso. Ao entrar, o menino estava sentado na cama visivelmente
atemorizado pelo que intuía ser uma presença maligna na habitação. Com ousadia,
o padre Bowdern colocou seu rosário ao redor do pescoço do aterrorizado menino e
começou a rezá-lo.
Ao terminar, o padre Bowdern pregou
uma «homilia espontânea», «narrando a Robbie sobre três meninos de sua idade
que haviam visto algo que outras pessoas não podiam ver» 4 . O Padre explicou
também as aparições de Fátima e como esses
meninos haviam recebido o privilégio especial de ver a mãe de Deus cujo nome é
Maria. Isto ajudou a Robbie, que não era católico, a compreender a Ave Maria.
O adolescente ficou fascinado pela história
de Fátima e o padre Bowdern a repetiu várias vezes durante os seguintes trinta
e oito dias. Isto levou Robbie a examinar mais de perto a fé católica que,
finalmente, o conduziu à sua conversão e mais tarde a de seus pais.
Seu estudo do catecismo se iniciou em
23 de março e foi batizado em primeiro de abril; no dia seguinte Robbie recebeu
sua Primeira Comunhão. O padre Bowdern sugeriu sabiamente, já que era o primeiro sábado do mês, que
rezassem o rosário em honra a Nossa Senhora de Fátima.
Em 10 de abril, um Domingo de Ramos,
Robbie foi trasladado ao circunvizinho hospital dos Irmãos Aleixanos e admitido
à ala psiquiátrica; isto daria ao exorcista mais privacidade assim como melhores
condições para lidar com o jovem. Depois de seu batismo, os demônios que possuíam
Robbie se tornaram ainda mais violentos; à sua chegada «o Diretor, o
Irmão Cornélio, trouxe uma estátua de Nossa Senhora de Fátima e a colocou no
corredor principal da planta baixa»5.
«Não irei até que seja pronunciada certa palavra»
Durante as semanas seguintes, o padre
Bowdern e os sacerdotes assistentes sofreram insultos indizíveis, blasfêmias, linguagem
grosseira e inclusive violência por parte dos demônios que possuíam o jovem. Em
um dado momento, Robbie quebrou o nariz do padre Holloran desferindo-lhe um
golpe preciso com os olhos fechados.
Ao longo de todo o processo, o padre
Bowdern considerou algo que Satanás havia dito a princípio. «Não irei», disse
uma voz áspera, «até que seja pronunciada certa palavra, e não vou permitir que
este menino a diga».
O padre Bowdern abrigava esperanças
de que durante a Semana Santa Nosso Senhor libertasse Robbie no dia de sua
Gloriosa Ressurreição. No Sábado Santo, o Irmão Cornélio fez
com que trouxessem uma estátua de São Miguel à habitação de Robbie e a
colocaram em um canto.
O Domingo de Páscoa transcorreu sem
incidentes; entretanto, na manhã seguinte ocorreu algo verdadeiramente
extraordinário. Robbie despertou furioso e a mesma voz grosseira se burlava dos
sacerdotes. «Tem que dizer uma palavra a mais, nada mais que uma palavrinha,
digo, uma palavra grandona; mas nunca a dirá. Sempre estarei nele. Pode ser que
eu não tenha sempre muito poder, mas estarei nele. Jamais dirá essa palavra» 6.
Cada vez que o espírito maligno se
manifestava em Robbie, causava o que pareciam ser convulsões. A voz do menino
nestas ocasiões se distinguia por seu tom cínico, áspero e diabólico. Ao longo
desse dia, o padre Bowdern e seus ajudantes escutaram essa mesma voz. Essa noite,
no entanto, algo mudou. Uma voz completamente distinta surgiu de Robbie.
«Sou São Miguel e te ordeno»
Às 22:45, Robbie se acalmou e caiu em
um transe, como era habitual. Porém, os que estavam na habitação ficaram surpreendidos
quando escutaram uma voz completamente diferente emanando do menino. Aquela voz
não provocava medo e asco, mas confiança e esperança. Em um tom claro e
imponente um personagem majestoso disse:
—Satanás! Satanás! Sou São Miguel e
te ordeno Satanás, e aos outros espíritos malignos, que deixem este corpo em
nome de Dominus, imediatamente. Agora, AGORA, AGORA! 7 —Nesse
momento, Robbie sofreu as convulsões mais violentas de todo o exorcismo.
Finalmente, voltou a ele a calma e disse aos que rodeavam seu leito: Se
foi.
Robbie explicou o que havia
visto: São Miguel apareceu como
um homem muito belo com cabelo ondulado que se agitava na brisa, enquanto
se encontrava rodeado de uma luz branca radiante. «Em sua mão direita sustentava
diante dele uma espada sinuosa e ardente. E com sua mão esquerda, apontava para
uma fossa»8. O jovem descreveu
como sentia surgir o calor e também ver o diabo rir enquanto resistia a São Miguel.
O que ocorreu em seguida mostra
claramente que o demônio ficou superado neste campo de batalha espiritual com a
abrupta aparição de seu nêmesis[1]
angelical. São Miguel se voltou para Robbie e sorria ao falar-lhe; não obstante,
a única palavra que o menino escutou enquanto estava em transe foi a que seu
verdugo havia jurado que não lhe permitiria dizer, Dominus. Com aquela
única palavra, Robbie por fim ficara livre.
Após estes eventos aterrorizantes
Robbie pode levar uma vida normal; com o tempo se casou e deu o nome de Michael a seu primeiro
filho em honra do arcanjo guerreiro que acudiu em seu resgate em um momento de premente
necessidade.
O Pe. William Bowdern permaneceu como
pastor de Saint Francis Xavier até 1956. Embora pudesse parecer que sua vida
continuasse também como de costume, o certo é que não foi assim. Seus
familiares relatam que, até seu falecimento em 1983 com a idade de 86 anos,
este heroico sacerdote continuou sofrendo, mental e fisicamente, como resultado
do que teve de enfrentar durante este exorcismo.
«Eu creio, eu creio!».
Esta surpreendente vitória de São Miguel sobre o diabo
no caso de Robbie Mannheim é simplesmente a continuação de uma guerra que se
iniciou no princípio da criação. O fato de que este episódio em particular
entre o Anjo da Luz e seu eterno inimigo se centre na palavra Dominus não
é surpreendente. A palavra está vinculada à mensagem de Fátima.
Em uma de suas aparições às três
crianças, Nossa Senhora anunciou que se a humanidade não se convertesse, a Rússia
propagaria seus erros por todo o mundo. Um desses erros, de fato o principal erro,
é o igualitarismo, uma filosofia que rejeita qualquer tipo de superioridade.
Dirigir-se a alguém, a quem seja, como Dominus —senhor em latim—
é uma afronta absoluta ao espírito do igualitarismo. Isto explica a alegria inocente
de São Miguel ao sorrir a Robbie antes de pronunciar categoricamente a
«aborrecida» palavra. É, em si, reafirmar a superioridade de Deus assim como seu
poder sobre o inimigo do homem.
Durante os setenta anos posteriores a
este exorcismo, a certeza na existência de Satanás —mesmo que se trate de uma
versão hollywodiesca— de fato tem aumentado. Lamentavelmente, a fé em São Miguel e nos anjos
que esperam vir auxiliar os fiéis tem diminuído. Devemos, portanto, meditar
acerca desta extraordinária história da intercessão do anjo guerreiro na vida
de um jovem indefeso [e ademais, não católico!] e repetir as palavras do homem
que saía da sala de cinema em 1973: «Eu creio, sim, eu creio!».
Norman Fulkerson (www.adelantelafe.com/fue-asi-como-san-miguel-arcangel-expulso-a-satanas-de-robbie-mannheim/)
[São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso
refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente
o pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai
no inferno a satanás e aos outros espíritos malignos, que andam pelo mundo para
perder as almas. Amém. Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos
dignos das promessas de Cristo. Amém.]
____________________________
Notas:
1. Apesar
de muitos exorcismos terem existido, nos referimos ao único que foi documentado
meticulosamente pelos jesuítas que o levaram a cabo.
2. Thomas B. Allen, Possessed: The True Story of An Exorcism, (iUniverse, 1994) p. 17.
3. Ibid., p. 24.
4. Ibid., p. 70.
5. Ibid., p. 201.
6. Chad Garrison, The True Story of the St. Louis House That Inspired The Exorcisthttps://m.riverfronttimes.com/stlouis/hell-of-a-house/Content?oid=2491650.
7. Chad Garrison, The True Story of the St. Louis House That Inspired The Exorcist.
8. Possessed, p. 290.
2. Thomas B. Allen, Possessed: The True Story of An Exorcism, (iUniverse, 1994) p. 17.
3. Ibid., p. 24.
4. Ibid., p. 70.
5. Ibid., p. 201.
6. Chad Garrison, The True Story of the St. Louis House That Inspired The Exorcisthttps://m.riverfronttimes.com/stlouis/hell-of-a-house/Content?oid=2491650.
7. Chad Garrison, The True Story of the St. Louis House That Inspired The Exorcist.
8. Possessed, p. 290.
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