domingo, 5 de janeiro de 2020

Maçonaria e rotarismo

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As informações sobre a maçonaria seriam incompletas se não se mencionasse uma organização que, exteriormente, se apresenta com ares e gestos amigos, para melhor ganhar a confiança, mas que interiormente é um inimigo escondido da Igreja, inimigo tanto mais perigoso, quanto mais cuidadosamente se esconde. É o Rotary Club ou rotarismo.

As pessoas veem no Rotary apenas uma sociedade recreativa, inócua, que nada tem de religião e até se mostra amigo da religião.

Cuidado com os lobos na pele de ovelha! O Rotary, ainda mal conhecido, é inócuo, como o era a maçonaria, antes de tirar a máscara que encobria seus planos.

O Rotary é mais fino; alicia, primeiro, gente de todo credo, e depois, na hora precisa, mostrará o que é, o que pretende, tal qual a maçonaria dos velhos tempos.


I. O que é rotarismo


O rotarismo deve ser julgado pelo fim que se propõe e pelos meios que se emprega para alcançar esse fim. Ora, a sua divisa é “fazer homens bons numa sociedade boa”.

Tal divisa, à primeira vista, parece excelente; mas, examinando-a de perto, nota-se um erro fundamental: “Fazer homens bons é um fim ótimo; fazendo homens bons, constituiremos uma sociedade boa, sendo o primeiro a causa do segundo”.

E quais são os meios que o rotarismo emprega para alcançar esse fim? Para isso, ele propõe uma moral natural, que,  no melhor dos casos, não será outra coisa que o cumprimento das leis naturais, insculpidas na consciência, pela natureza. Eis o que já é uma aberração!

Mas há mais do que isso. O rotarismo declara que não se intromete no santuário da consciência, de modo que no cumprimento das leis naturais limitam-se para ele as relações sociais. Eis o que é mais grave.

O homem é um composto de um corpo e de uma alma imortal, e como tal tem deveres para com Deus, para com o próximo e para consigo.

Querer rejeitar os seus deveres para com Deus, para unicamente conservar os deveres para com a sociedade, é rejeitar a lei divina e querer estabelecer uma sociedade puramente pagã. Os pagãos adotaram a mesma regra de vida: ser bom para o outro.

Neste caso os rotarianos rejeitam Deus e qualquer religião, de modo que não passam de ateus; substituindo Deus pela sociedade, caem no miserável panteísmo.

Fazer homens bons, sem religião, é uma utopia, é um erro fundamental. Depois do pecado original, o homem está inclinado ao mal, e não pode resistir a este mal, sem a graça divina. O querer fazê-lo bom, sem religião, não passa de uma grosseira ilusão, já desmentida por séculos de civilização cristã, e ainda desmoronada pelas experiências diárias das nações e dos indivíduos.

O rotarismo peca pois pela base. O seu ideal é uma utopia. Os seus meios de realizar esse ideal são outra utopia. O tal lema “Fazer homens bons numa sociedade boa”, não passa de capa ilusionista, para esconder fins grosseiros e alimentar o grande cancro da sociedade atual: o indiferentismo.
O rotarismo é pois condenável em seus meios, como é condenável no fim que pretende alcançar.



II. Origem do Rotary


O primeiro clube rotariano foi fundado a 23 de Fevereiro de 1905, em Chicago, por Paulo P Harris, advogado naquela cidade. O segundo foi estabelecido pelo mesmo Harris, em São Francisco, em 1908. Rapidamente muitos outros clubes surgiram em diversas cidades dos Estados Unidos e do estrangeiro. Em 1910, o Rotary se constituía associação internacional, com capital de fundos limitados e de acordo com as leis do estado de Illinois.

O emblema do Rotary, donde, aliás, lhe vem o nome, é uma roda dentada, de cinco raios, com as palavras: Rotary Internacional. As explicações desse emblema são várias.

Os diversos agrupamentos rotarianos têm organização autônoma, sob chefia de um comitê diretivo interprovincial, sendo a direção internacional em Chicago, de onde, secretamente, emanam as diretrizes gerais.

Toda ingerência política é excluída. O Rotary pretende ter missão e social, consistindo principalmente em “servir” a sociedade. De todos os campos da atividade humana – industrial, comercial, agrícola, intelectual, técnica, profissional – o Rotary recruta uma aristocracia, fruto da severa disciplina que preside a admissão dos membros.

O espírito dessa associação não é, de fato, senão uma dissimulação hábil do laicismo maçônico. O pretexto de tolerância, de largueza de ideias, a filosofia rotariana põe todas as religiões em pé de igualdade. O rotariano, como tal, qualquer que seja sua religião, deve adotar um código moral especial (Rotary Code of Etic), que faz abstrações de todas as religiões positivas e se coloca acima de todas elas. O princípio fundamental – quem serve melhor aproveita mais – é tomado código maçônico: “Trabalhas por ti próprio, quando preferes tudo à utilidade do teu irmão”.

O Rotary trás do berço um vício original: fundado por um maçom, seus primeiros membros eram maçons, vários dos seus diretores são maçons. Tem, além disso, pontos de afinidades com outras instituições análogas, nascidas da maçonaria americana, que nele vê conjuntos de empresas criadas a fim de propagar, com eficácia, sob sua inspiração, o seu ideal e os seus interesses no mundo inteiro. A Wiener Freimaurer Zeitung fornece a respeito interessantes esclarecimentos. Esta revista definiu tais organizações como “rebentos da maçonaria americana”, cujo fim é colocar, direta ou indiretamente, os diversos estados ou classes da sociedade – jovens de ambos os sexos, homens e mulheres de todas as condições – sob a influência da maçonaria.


III. Maçonaria e rotarismo 

Esse vício de origem do Rotary se revela amplamente nas manifestações da sociedade e nas suas relações com a maçonaria. No México, o Rotary empenhou-se em ajudar, quando pôde, a obra de sectarismo e perseguição do governo de Calles, ligando-se estreitamente à “Y.M.C.A”, que, nessa infeliz nação, fez uma ativa propaganda protestante. O irmão Robert A. Greenfield, em memória pública sobre A Questão Religiosa no México, afirma explicitamente que a maçonaria se serve da “Y.M.C.A” (Young Men's Christian Association) e do Rotary para combater o catolicismo destruir todo sentimento religioso e firmar a influência pan-americana.

Juntemos a isso que o Rotary, em conjunto, é de inspiração maçônica. Basta ler o código moral rotariano para ver que sua concepção da vida moral está muito longe da concepção espiritualista e cristã. Tudo, nele, se reduz, pura e simplesmente, a um utilitarismo individual, mascarado por um vago ideal de humanidade. Certas máximas no código rotariano são absolutamente falsas. A maçonaria não cessa de apregoar que é necessário substituir todas as religiões positivas pela religião da humanidade, e a moral fundada sobre a religião pela moral leiga da igualdade e da fraternidade maçônicas. Deste ponto de vista, o código rotariano tem o parentesco mais estreito com o código maçônico e com as “Declarações de Princípio” deliberadas no Congresso da Associação Maçônica Internacional em 1921.

Os fundamentos comum não são outros senão os erros clássicos do naturalismo condenados por Leão XIII na encíclica Humanum Genus, vindo em primeiro lugar o indiferentismo religioso.

Conclusões:

1. O Rotary tem origens maçônicas.
2. Em muitos países marcham de braços dados com a maçonaria.
3. Em certos lugares assumiu atitudes abertamente anticatólicas.
4. A moral rotariana não é senão um disfarce da moral leiga maçônica.


IV - A moral rotariana


A moral rotariana é uma moral toda natural; em outros termos: não passa de uma moral animal. As virtudes são necessariamente o desabrochamento da moral, de modo que sobre uma moral sobrenatural desabrocham virtudes sobrenaturais, e sobre a moral natural só podem desabrochar virtudes naturais.  

Eis por que , mostrando-se lógico consigo mesmo, o rotarismo só preconiza o respeito mútuo, a filantropia, a beneficência, a alfabetização, os esportes, os divertimentos, etc.

Ora, tais virtudes nada tem de virtudes; são apenas costumes de respeito mútuo, ou sociabilidade; filantropia ou ações externas, que excitam a aprovação dos homens; esportes ou distrações higiênicas, atléticas ou sociais.

Em tudo isso não a sombra de virtude, de modo que a moral rotariana não consiste em fazer os homens intrinsecamente bons, mas socialmente bons.

É um verniz que pretendem passar sobre as paredes enegrecidas do vício, da leviandade, da futilidade, para que o que a religião desaprova como indiferença, a sociedade aprove como virtude social. É um erro e um erro fundamental.

A moral é fruto do dogma. Pelo dogma acreditamos no que Deus nos ensina. Pela moral fazemos o que Deus manda.

O rotarismo procede às avessas. Pretende formar homens felizes, libertando-os de toda crença e de toda moral. Considera a honestidade pública como o grande, o único dogma e a única moral. Ora, a honestidade pública embora necessária, é entretanto a mínima expressão de nossos deveres. O homem não tem simplesmente deveres para com a sociedade; têm-nos sobretudo, e em primeiro lugar, para com Deus. O rotarismo não admite religião nenhuma, porque quer admitir em seu seio todos os homens, qualquer que seja a religião que eles professem. E para poder admiti-los, sem que haja choque de ideias, lutas internas, é preciso suprimir os embaraços. Ora, o primeiro embaraço é necessariamente aquele que provem das ideias, e entre as ideias, a mais intolerante, que se apresenta como a mais propícia a dissenções e conflitos, é a ideia religiosa.

Pretendem pois, rejeitar tal ideia... O rotarismo declara-se neutro, sem religião alguma. Os seus membros como rotários, são simplesmente homens, mas homens da natureza, que só tem um fim: serem bons para a sociedade. O católico pode ser católico em sua igreja. O protestante será protestante em sua casa de oração. O espírita será espírita em sua macumba. O maçom será maçom em sua loja. O budista será adorador de buda em seus pagodes.

No clube não há Cristo nem Lutero, nem Allan Kardec nem Hiram, nem Buda; há exclusivamente o “rotário”, o homem sem ideias. Ora, um homem sem ideias é um idiota.


V. A neutralidade rotarista


O rotarismo pretende, pois, estabelecer como base de sua associação a neutralidade religiosa. Ora, tal neutralidade é absolutamente impossível. A ideia religiosa é inata ao homem.

Alguém pode deixar de pertencer a tal ou tal religião determinada, pode adotar o erro e até o absurdo, mas tem que se inclinar para qualquer ideia religiosa. Não sendo católico, será protestante, espírita, fetichista se quiser; e não professando nenhuma religião, ele professará a religião da superstição.

Esses fanfarrões que ufanam, de boca, de não acreditar em Deus, nem em demônio, acreditam no azar trazido pelo número 13 ou pelo gato preto, em passar debaixo de escadas.; não acreditam em Deus, dizem eles, mas acreditam numa aranha, numa coruja, em fantasmas, visões, no poder do pensamento, nos signos, em dar três cascudos na madeira e até na palavra de qualquer feiticeiro, pajé ou curandeiros.

Não! Amigos rotarianos, a vossa pretensa neutralidade é impossível, e eis porque entre vós domina como dogma a ideia maçônica, a ideia protestante, e, como moral, a libertinagem sem freios, envoltas em formas atraentes de filantropia, de esportes, de diversões.

Eis o que explica como há no Rotary Clube três categorias de sócios:

1.       Os católicos tolos;
2.       Os gozadores da vida;
3.       Os inimigos da religião católica.

Os católicos tolos se deixam iludir por belas palavras, promessas, aparências, lá estão eles arrastados para o abismo, sem terem a coragem de reagir ou de quebrar as algemas de sua involuntária escravidão.

Os gozadores da vida encontram no Rotary um campo aberto para suas inclinações. Ali não há religião, nem moral... logo, avante, gozemos, dizem eles, enquanto temos tempo.

Os inimigos da religião encontram no Rotary um apoio para seus planos de luta contra a Igreja, pois num meio sem religião, ser-lhe-ás fácil recrutar companheiros, a quem poderão transmitir seu ódio, os seus desejos de perseguição.


VI. A exigência católica


A neutralidade em religião é impossível, como é impossível a neutralidade de seu filho a respeito de seu pai. Um filho deve a seu pai respeito e obediência e não podendo, mesmo que o queira, deixar de ser filho de seu pai, não pode deixar de tributar-lhe o respeito que se deve.

O católico é filho de Deus, pelo batismo, queira ou não queira, filho ficará, na vida, na morte e até no fundo do inferno, se perder a sua alma. É um caráter inapagável que o batismo na alma do cristão. Pelo batismo o cristão sai da ordem natural  e se eleva à ordem sobrenatural.

E uma vez constituído nesta ordem, ele não pode mais recuar. É cristão, e sêlo-á durante toda a eternidade. O vício, a lama, a podridão, podem encobrir o seu título, como o lodo pode encobrir um diamante caído no chão, mas na lama como ao ar livre o diamante existe, e brilha, embora na lama seu brilho se torna invisível ao nosso olhar.

O cristão nunca pode prescindir seu caráter de cristão. Não existe para o cristão uma bondade puramente natural, como a que pretende fazer praticar o Rotary; só existe a bondade cristã; só esta tem mérito em vida e recompensa no céu.

Toda associação que se afasta da moral e do dogma cristã, para adotar outro dogma e outra lei moral, é ilícita para o cristão e um perigo para sua fé, e uma renegação de sua crença.

As associações têm necessariamente que adotar uma das três posições a respeito da religião: 1) Positivamente em oposição a ela; 2) Declarando-se neutra; 3) Declarando-se favorável.

Na primeira posição, francamente hostis à religião, estão a maçonaria, o protestantismo, o espiritismo, o comunismo e diversos outros ismos. Estas associações, formalmente condenadas pela Igreja, inspiram hoje repulsa da parte do todos os católicos de brio e dignidade.

Na segunda posição encontra-se o Rotary. Tal é a sua intenção pública.

O Rotary, mesmo admitindo que tenha uma intenção leal de perfeita neutralidade, não pode sustenta-la, e a associação tem que inclinar-se, com preferências, para uma ou outra seita condenada.

Foi deste modo que começou a maçonaria. No princípio ela era uma simples associação de pedreiros, tendo por fim sustentar uns aos outros, na execução de obras de construção. A maçonaria pretendia ficar neutra, fora de toda questão religiosa, para poder aceitar em seu grêmio pessoas de todos o cultos e credos; ora, sabemos como em breve ela descambou para o protestantismo e, logo em seguida, adotando o fanatismo protestante, tornou-se a grande inimiga da Igreja Católica.
A mesma sorte é reservada ao rotarismo, o Rotary será (ou já é, ou sempre foi) um ramo da maçonaria e também completamente hostil ao ensino católico.

A terceira posição é as do que declaram abertamente favoráveis à religião católica.

Os católicos para obedecerem as leis da Igreja, como as leis de sua consciência, não podem de nenhum modo aderir às primeiras associações.

Um católico não pode ser rotariano!

Conclusão

Tiramos a conclusão dos princípios acima expostos. Que deve se pensar do rotarismo? Que é uma associação perigosíssima; e tanto mais perigosa, quanto melhor se esconde.

Tal associação, pela divisa ou brasão que a orienta: Fazer homens bons numa sociedade boa, é deficiente, pois limita-se a uma formação social excluindo a formação religiosa, que é e será sempre o elemento preponderante em toda formação.

O Rotary pretende formar indiferentes. Ora, o indiferentismo é a chaga de nossa época... é o mal crônico da nossa sociedade moderna. O homem não pode ser indiferente para com Deus, como não pode para com a sua pátria e para com sua família.

Além disso, o Rotary, embora se esconda e se apresente com fins filantrópicos, tem um pecado de origem, que só o batismo cristão poderia apagar: “É uma sociedade norte-americana protestante”. Ser norte-americano não é um mal; mas o que é ser um mal é ser de origem protestante; e a experiência nos demonstra diariamente que toda associação protestante tem por fim fazer proselitismo, propaganda contra a Igreja Católica.

Se o rotarismo tivesse apenas fins altruísticos, ele podia ser protestante, em terras protestantes; mas devia ser católico em terras católicas. Neste caso, sim; mostraria que sua neutralidade seria uma realidade, e que tal neutralidade tem por fim adaptar-se ao meio onde penetra e pretende fixar residência.

Mas tal não acontece! O rotarismo é, fica e quer ficar neutro exteriormente em toda parte, mas permanece interiormente protestante em toda parte. É o bastante para mostrar o que é e o que quer.
Dirão talvez que a Igreja é intransigente! Não o é!... é a verdade que o é e deve sê-lo! A verdade é o que acabo de expor... A mentira é o que o Rotary nos apresenta... Pode a mentira ser verdade? Ou a verdade ser mentira? Não! É impossível.

O Rotary não passa de uma instituição protestante-maçônica, tendo o mesmo fim que essas duas organizações, tomando apenas outra aparência! Não nos deixemos iludir por ela. O Rotary-Clube é um inimigo da religião de Jesus Cristo. Tratemo-lo, pois, tal como é!


Fonte: O Anjo das Trevas – padre Júlio Maria

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