As informações sobre a maçonaria seriam incompletas se não
se mencionasse uma organização que, exteriormente, se apresenta com ares e
gestos amigos, para melhor ganhar a confiança, mas que interiormente é um
inimigo escondido da Igreja, inimigo tanto mais perigoso, quanto mais
cuidadosamente se esconde. É o Rotary Club ou rotarismo.
As pessoas veem no Rotary apenas uma sociedade recreativa,
inócua, que nada tem de religião e até se mostra amigo da religião.
Cuidado com os lobos na pele de ovelha! O Rotary, ainda mal
conhecido, é inócuo, como o era a maçonaria, antes de tirar a máscara que
encobria seus planos.
O Rotary é mais fino; alicia, primeiro, gente de todo credo,
e depois, na hora precisa, mostrará o que é, o que pretende, tal qual a
maçonaria dos velhos tempos.
I. O que é rotarismo
O rotarismo deve ser julgado pelo fim que se propõe e pelos
meios que se emprega para alcançar esse fim. Ora, a sua divisa é “fazer homens bons numa sociedade boa”.
Tal divisa, à primeira vista, parece excelente; mas,
examinando-a de perto, nota-se um erro fundamental: “Fazer homens bons é um fim
ótimo; fazendo homens bons, constituiremos uma sociedade boa, sendo o primeiro
a causa do segundo”.
E quais são os meios que o rotarismo emprega para alcançar
esse fim? Para isso, ele propõe uma moral natural, que, no melhor dos casos, não será outra coisa que
o cumprimento das leis naturais, insculpidas na consciência, pela natureza. Eis
o que já é uma aberração!
Mas há mais do que isso. O rotarismo declara que não se
intromete no santuário da consciência, de modo que no cumprimento das leis
naturais limitam-se para ele as relações sociais. Eis o que é mais grave.
O homem é um composto de um corpo e de uma alma imortal, e
como tal tem deveres para com Deus, para com o próximo e para consigo.
Querer rejeitar os seus deveres para com Deus, para
unicamente conservar os deveres para com a sociedade, é rejeitar a lei divina e
querer estabelecer uma sociedade puramente pagã. Os pagãos adotaram a mesma
regra de vida: ser bom para o outro.
Neste caso os rotarianos rejeitam Deus e qualquer religião,
de modo que não passam de ateus; substituindo Deus pela sociedade, caem no
miserável panteísmo.
Fazer homens bons, sem religião, é uma utopia, é um erro
fundamental. Depois do pecado original, o homem está inclinado ao mal, e não
pode resistir a este mal, sem a graça divina. O querer fazê-lo bom, sem
religião, não passa de uma grosseira ilusão, já desmentida por séculos de
civilização cristã, e ainda desmoronada pelas experiências diárias das nações e
dos indivíduos.
O rotarismo peca pois pela base. O seu ideal é uma utopia.
Os seus meios de realizar esse ideal são outra utopia. O tal lema “Fazer homens bons numa sociedade boa”,
não passa de capa ilusionista, para esconder fins grosseiros e alimentar o
grande cancro da sociedade atual: o
indiferentismo.
O rotarismo é pois condenável em seus meios, como é
condenável no fim que pretende alcançar.
II. Origem do Rotary
O primeiro clube rotariano foi fundado a 23 de Fevereiro de
1905, em Chicago, por Paulo P Harris, advogado naquela cidade. O segundo foi
estabelecido pelo mesmo Harris, em São Francisco, em 1908. Rapidamente muitos
outros clubes surgiram em diversas cidades dos Estados Unidos e do estrangeiro.
Em 1910, o Rotary se constituía associação internacional, com capital de fundos
limitados e de acordo com as leis do estado de Illinois.
O emblema do Rotary, donde, aliás, lhe vem o nome, é uma
roda dentada, de cinco raios, com as palavras: Rotary Internacional. As explicações desse emblema são várias.
Os diversos agrupamentos rotarianos têm organização
autônoma, sob chefia de um comitê diretivo interprovincial, sendo a direção
internacional em Chicago, de onde, secretamente,
emanam as diretrizes gerais.
Toda ingerência política é excluída. O Rotary pretende ter
missão e social, consistindo principalmente em “servir” a sociedade. De todos
os campos da atividade humana – industrial, comercial, agrícola, intelectual,
técnica, profissional – o Rotary recruta uma aristocracia, fruto da severa
disciplina que preside a admissão dos membros.
O espírito dessa associação não é, de fato, senão uma
dissimulação hábil do laicismo maçônico. O pretexto de tolerância, de largueza
de ideias, a filosofia rotariana põe todas as religiões em pé de igualdade. O
rotariano, como tal, qualquer que seja sua religião, deve adotar um código
moral especial (Rotary Code of Etic),
que faz abstrações de todas as religiões positivas e se coloca acima de todas
elas. O princípio fundamental – quem
serve melhor aproveita mais – é tomado código maçônico: “Trabalhas por ti
próprio, quando preferes tudo à utilidade do teu irmão”.
O Rotary trás do berço um vício original: fundado por um
maçom, seus primeiros membros eram maçons, vários dos seus diretores são maçons.
Tem, além disso, pontos de afinidades com outras instituições análogas,
nascidas da maçonaria americana, que nele vê conjuntos de empresas criadas a
fim de propagar, com eficácia, sob sua inspiração, o seu ideal e os seus
interesses no mundo inteiro. A Wiener
Freimaurer Zeitung fornece a respeito interessantes esclarecimentos. Esta
revista definiu tais organizações como “rebentos da maçonaria americana”, cujo
fim é colocar, direta ou indiretamente, os diversos estados ou classes da
sociedade – jovens de ambos os sexos, homens e mulheres de todas as condições –
sob a influência da maçonaria.
III. Maçonaria e
rotarismo
Esse vício de origem do Rotary se revela amplamente nas
manifestações da sociedade e nas suas relações com a maçonaria. No México, o
Rotary empenhou-se em ajudar, quando pôde, a obra de sectarismo e perseguição
do governo de Calles, ligando-se estreitamente à “Y.M.C.A”, que, nessa infeliz
nação, fez uma ativa propaganda protestante. O irmão Robert A. Greenfield, em
memória pública sobre A Questão Religiosa
no México, afirma explicitamente que a maçonaria se serve da “Y.M.C.A” (Young Men's Christian
Association) e do Rotary para combater o catolicismo destruir todo sentimento
religioso e firmar a influência pan-americana.
Juntemos a isso que o Rotary, em conjunto, é de inspiração
maçônica. Basta ler o código moral rotariano para ver que sua concepção da vida
moral está muito longe da concepção espiritualista e cristã. Tudo, nele, se
reduz, pura e simplesmente, a um utilitarismo individual, mascarado por um vago
ideal de humanidade. Certas máximas no código rotariano são absolutamente
falsas. A maçonaria não cessa de apregoar que é necessário substituir todas as
religiões positivas pela religião da humanidade, e a moral fundada sobre a religião
pela moral leiga da igualdade e da fraternidade maçônicas. Deste ponto de
vista, o código rotariano tem o parentesco mais estreito com o código maçônico
e com as “Declarações de Princípio” deliberadas no Congresso da Associação
Maçônica Internacional em 1921.
Os fundamentos comum não são outros senão os erros clássicos
do naturalismo condenados por Leão XIII na encíclica Humanum Genus, vindo em primeiro lugar o indiferentismo religioso.
Conclusões:
1. O Rotary tem origens maçônicas.
2. Em muitos países marcham de braços dados com a maçonaria.
3. Em certos lugares assumiu atitudes abertamente
anticatólicas.
4. A moral rotariana não é senão um disfarce da moral leiga
maçônica.
IV - A moral
rotariana
A moral rotariana é uma moral toda natural; em outros termos:
não passa de uma moral animal. As virtudes são necessariamente o
desabrochamento da moral, de modo que sobre uma moral sobrenatural desabrocham
virtudes sobrenaturais, e sobre a moral natural só podem desabrochar virtudes
naturais.
Eis por que , mostrando-se lógico consigo mesmo, o rotarismo
só preconiza o respeito mútuo, a filantropia, a beneficência, a alfabetização,
os esportes, os divertimentos, etc.
Ora, tais virtudes nada tem de virtudes; são apenas costumes
de respeito mútuo, ou sociabilidade; filantropia ou ações externas, que excitam
a aprovação dos homens; esportes ou distrações higiênicas, atléticas ou
sociais.
Em tudo isso não a sombra de virtude, de modo que a moral
rotariana não consiste em fazer os homens intrinsecamente
bons, mas socialmente bons.
É um verniz que pretendem passar sobre as paredes
enegrecidas do vício, da leviandade, da futilidade, para que o que a religião
desaprova como indiferença, a
sociedade aprove como virtude social. É um erro e um erro fundamental.
A moral é fruto do dogma. Pelo dogma acreditamos no que Deus nos ensina. Pela moral fazemos o que
Deus manda.
O rotarismo procede às avessas. Pretende formar homens
felizes, libertando-os de toda crença e de toda moral. Considera a honestidade pública como o grande, o único
dogma e a única moral. Ora, a honestidade pública embora necessária, é
entretanto a mínima expressão de
nossos deveres. O homem não tem simplesmente deveres para com a sociedade;
têm-nos sobretudo, e em primeiro lugar, para com Deus. O rotarismo não admite
religião nenhuma, porque quer admitir em seu seio todos os homens, qualquer que
seja a religião que eles professem. E para poder admiti-los, sem que haja
choque de ideias, lutas internas, é preciso suprimir os embaraços. Ora, o
primeiro embaraço é necessariamente aquele que provem das ideias, e entre as
ideias, a mais intolerante, que se apresenta como a mais propícia a dissenções
e conflitos, é a ideia religiosa.
Pretendem pois, rejeitar tal ideia... O rotarismo declara-se
neutro, sem religião alguma. Os seus membros como rotários, são simplesmente homens, mas homens da natureza, que só
tem um fim: serem bons para a sociedade. O católico pode ser católico em sua
igreja. O protestante será protestante em sua casa de oração. O espírita será
espírita em sua macumba. O maçom será maçom em sua loja. O budista será
adorador de buda em seus pagodes.
No clube não há Cristo nem Lutero, nem Allan Kardec nem
Hiram, nem Buda; há exclusivamente o “rotário”, o homem sem ideias. Ora, um
homem sem ideias é um idiota.
V. A neutralidade rotarista
O rotarismo pretende, pois, estabelecer como base de sua
associação a neutralidade religiosa. Ora, tal neutralidade é absolutamente
impossível. A ideia religiosa é inata ao homem.
Alguém pode deixar de pertencer a tal ou tal religião
determinada, pode adotar o erro e até o absurdo, mas tem que se inclinar para
qualquer ideia religiosa. Não sendo católico, será protestante, espírita,
fetichista se quiser; e não professando nenhuma religião, ele professará a
religião da superstição.
Esses fanfarrões que ufanam, de boca, de não acreditar em
Deus, nem em demônio, acreditam no azar trazido pelo número 13 ou pelo gato
preto, em passar debaixo de escadas.; não acreditam em Deus, dizem eles, mas
acreditam numa aranha, numa coruja, em fantasmas, visões, no poder do
pensamento, nos signos, em dar três cascudos na madeira e até na palavra de
qualquer feiticeiro, pajé ou curandeiros.
Não! Amigos rotarianos, a vossa pretensa neutralidade é
impossível, e eis porque entre vós domina como dogma a ideia maçônica, a ideia
protestante, e, como moral, a libertinagem sem freios, envoltas em formas
atraentes de filantropia, de esportes, de diversões.
Eis o que explica como há no Rotary Clube três categorias de
sócios:
1. Os católicos tolos;
2. Os gozadores da vida;
3. Os inimigos da religião católica.
Os católicos tolos se deixam iludir por belas palavras,
promessas, aparências, lá estão eles arrastados para o abismo, sem terem a
coragem de reagir ou de quebrar as algemas de sua involuntária escravidão.
Os gozadores da vida encontram no Rotary um campo aberto
para suas inclinações. Ali não há religião, nem moral... logo, avante, gozemos,
dizem eles, enquanto temos tempo.
Os inimigos da religião encontram no Rotary um apoio para
seus planos de luta contra a Igreja, pois num meio sem religião, ser-lhe-ás
fácil recrutar companheiros, a quem poderão transmitir seu ódio, os seus
desejos de perseguição.
VI. A exigência católica
A neutralidade em religião é impossível, como é impossível a
neutralidade de seu filho a respeito de seu pai. Um filho deve a seu pai
respeito e obediência e não podendo, mesmo que o queira, deixar de ser filho de
seu pai, não pode deixar de tributar-lhe o respeito que se deve.
O católico é filho de Deus, pelo batismo, queira ou não
queira, filho ficará, na vida, na morte e até no fundo do inferno, se perder a
sua alma. É um caráter inapagável que o batismo na alma do cristão. Pelo
batismo o cristão sai da ordem natural e se eleva à ordem sobrenatural.
E uma vez constituído nesta ordem, ele não pode mais recuar.
É cristão, e sêlo-á durante toda a eternidade. O vício, a lama, a podridão,
podem encobrir o seu título, como o lodo pode encobrir um diamante caído no
chão, mas na lama como ao ar livre o diamante existe, e brilha, embora na lama
seu brilho se torna invisível ao nosso olhar.
O cristão nunca pode prescindir seu caráter de cristão. Não existe para o cristão uma
bondade puramente natural, como a que pretende fazer praticar o Rotary; só
existe a bondade cristã; só esta tem mérito em vida e recompensa no céu.
Toda associação que se afasta da moral e do dogma cristã,
para adotar outro dogma e outra lei moral, é ilícita para o cristão e um perigo para sua fé, e uma renegação de
sua crença.
As associações têm necessariamente que adotar uma das três
posições a respeito da religião: 1) Positivamente em oposição a ela; 2)
Declarando-se neutra; 3) Declarando-se favorável.
Na primeira posição, francamente hostis à religião, estão a
maçonaria, o protestantismo, o espiritismo, o comunismo e diversos outros ismos. Estas associações, formalmente
condenadas pela Igreja, inspiram hoje repulsa da parte do todos os católicos de
brio e dignidade.
Na segunda posição encontra-se o Rotary. Tal é a sua
intenção pública.
O Rotary, mesmo admitindo que tenha uma intenção leal de
perfeita neutralidade, não pode sustenta-la, e a associação tem que
inclinar-se, com preferências, para uma ou outra seita condenada.
Foi deste modo que começou a maçonaria. No princípio ela era
uma simples associação de pedreiros, tendo por fim sustentar uns aos outros, na
execução de obras de construção. A maçonaria pretendia ficar neutra, fora de
toda questão religiosa, para poder aceitar em seu grêmio pessoas de todos o
cultos e credos; ora, sabemos como em breve ela descambou para o protestantismo
e, logo em seguida, adotando o fanatismo protestante, tornou-se a grande inimiga da Igreja Católica.
A mesma sorte é reservada ao rotarismo, o Rotary será (ou já
é, ou sempre foi) um ramo da maçonaria e também completamente hostil ao ensino
católico.
A terceira posição é as do que declaram abertamente
favoráveis à religião católica.
Os católicos para obedecerem as leis da Igreja, como as leis
de sua consciência, não podem de nenhum modo aderir às primeiras associações.
Um católico não pode ser rotariano!
Conclusão
Tiramos a conclusão dos princípios acima expostos. Que deve
se pensar do rotarismo? Que é uma associação perigosíssima; e tanto mais
perigosa, quanto melhor se esconde.
Tal associação, pela divisa ou brasão que a orienta: Fazer homens bons numa sociedade boa, é
deficiente, pois limita-se a uma formação social excluindo a formação
religiosa, que é e será sempre o elemento preponderante em toda formação.
O Rotary pretende formar indiferentes. Ora, o indiferentismo
é a chaga de nossa época... é o mal crônico da nossa sociedade moderna. O homem
não pode ser indiferente para com Deus, como não pode para com a sua pátria e
para com sua família.
Além disso, o Rotary, embora se esconda e se apresente com
fins filantrópicos, tem um pecado de origem, que só o batismo cristão poderia
apagar: “É uma sociedade norte-americana protestante”. Ser norte-americano não
é um mal; mas o que é ser um mal é ser de origem protestante; e a experiência
nos demonstra diariamente que toda associação protestante tem por fim fazer
proselitismo, propaganda contra a Igreja Católica.
Se o rotarismo tivesse apenas fins altruísticos, ele podia
ser protestante, em terras protestantes; mas
devia ser católico em terras católicas. Neste caso, sim; mostraria que sua neutralidade
seria uma realidade, e que tal neutralidade tem por fim adaptar-se ao meio onde
penetra e pretende fixar residência.
Mas tal não acontece! O rotarismo é, fica e quer ficar
neutro exteriormente em toda parte,
mas permanece interiormente protestante
em toda parte. É o bastante para mostrar o que é e o que quer.
Dirão talvez que a Igreja é intransigente! Não o é!... é a
verdade que o é e deve sê-lo! A verdade é o que acabo de expor... A mentira é o
que o Rotary nos apresenta... Pode a mentira ser verdade? Ou a verdade ser
mentira? Não! É impossível.
O Rotary não passa de uma instituição protestante-maçônica,
tendo o mesmo fim que essas duas organizações, tomando apenas outra aparência!
Não nos deixemos iludir por ela. O Rotary-Clube é um inimigo da religião de
Jesus Cristo. Tratemo-lo, pois, tal como é!
Fonte: O Anjo das Trevas
– padre Júlio Maria
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