Os Enciclopedistas não foram os únicos a preparar a Revolução; Barruel não o ignorava. Ele divide em três classes os demolidores que sabotam os fundamentos da sociedade cristã. Voltaire e os seus, que ele chama de “sofistas da impiedade”, porque seu principal objetivo era derrubar os altares de Nosso Senhor Jesus Cristo; os franco-maçons, que ele chama de “sofistas da rebelião”, porque eles se propõem pelos menos os que conheciam o segredo da seita derrubar os tronos dos reis; os iluministas, que ele chama de “sofistas da anarquia”, porque, ao juramento de derrubar os altares de Cristo eles acrescentaram o de destruir toda e qualquer religião, e ao juramento de derrubar os tronos, o de fazer desaparecer todo governo, toda propriedade, toda sociedade governada pelas leis.
Mais tarde veremos aparecer os Maçons das Lojas, que retomaram, após a Revolução, a obra que ela não pudera terminar completamente. Os carbonari, ou Maçons das Lojas inferiores, terão por missão especial suscitar a revolução política e substituir as monarquias pelas repúblicas; a Grande Loja, a de destruir a soberania temporal dos Papas, e de assim preparar a ruína do Poder espiritual.
Barruel chama, pois, os franco-maçons, em razão da função própria atribuída àqueles de sua época: “os sofistas da rebelião”; rebeldes, posto que tinham como meta a derrubada dos tronos; sofistas, porque o primeiro meio empregado para chegar a esse resultado era a propagação no seio da sociedade de um sofisma, o sofisma da igualdade, pai da anarquia.
À medida que avançarmos neste estudo, veremos cada vez melhor que o sofisma e a mentira sempre foram e ainda são os grandes meios de ação empregados pela seita para chegar a seus fins. Eles não poderiam desejar que fosse de outra maneira, pois precisam ocultar aos olhos do público e aos olhos dos próprios franco-maçons aquilo que o Poder oculto busca, aquilo que ele os faz executar.
Aí está a razão pela qual o primeiro sofisma empregado para conduzir a revolução foi chamado de SEGREDO MAÇÔNICO por excelência.
Dá-se que, com efeito, se a franco-maçonaria é uma associação muito numerosa de homens, unidos pelos juramentos e que lhe emprestam uma cooperação mais ou menos consciente e mais ou menos direta para a obra proposta, há apenas um pequeno número de iniciados que conhecem o objetivo último da própria associação.
Era preciso encontrar esse objetivo, para aquela época, nas palavras “Igualdade, Liberdade”, posto que eram dadas ao aprendiz como o segredo da sociedade, segredo a ser guardado sob as mais graves penas, consentidas quando do juramento, segredo a ser meditado e cujo sentido profundo seria liberado pouco a pouco nas sucessivas iniciações.