sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Os anarquistas

  


 Os Enciclopedistas não foram os únicos a preparar a Revolução; Barruel não o ignorava. Ele divide em três classes os demolidores que sabotam os fundamentos da sociedade cristã. Voltaire e os seus, que ele chama de “sofistas da impiedade”, porque seu principal objetivo era derrubar os altares de Nosso Senhor Jesus Cristo; os franco-maçons, que ele chama de “sofistas da rebelião”, porque eles se propõem pelos menos os que conheciam o segredo da seita  derrubar os tronos dos reis; os iluministas, que ele chama de “sofistas da anarquia”, porque, ao juramento de derrubar os altares de Cristo eles acrescentaram o de destruir toda e qualquer religião, e ao juramento de derrubar os tronos, o de fazer desaparecer todo governo, toda propriedade, toda sociedade governada pelas leis.

Mais tarde veremos aparecer os Maçons das Lojas, que retomaram, após a Revolução, a obra que ela não pudera terminar completamente. Os carbonari, ou Maçons das Lojas inferiores, terão por missão especial suscitar a revolução política e substituir as monarquias pelas repúblicas; a Grande Loja, a de destruir a soberania temporal dos Papas, e de assim preparar a ruína do Poder espiritual.

Barruel chama, pois, os franco-maçons, em razão da função própria atribuída àqueles de sua época: “os sofistas da rebelião”; rebeldes, posto que tinham como meta a derrubada dos tronos; sofistas, porque o primeiro meio empregado para chegar a esse resultado era a propagação no seio da sociedade de um sofisma, o sofisma da igualdade, pai da anarquia.

À medida que avançarmos neste estudo, veremos cada vez melhor que o sofisma e a mentira sempre foram e ainda são os grandes meios de ação empregados pela seita para chegar a seus fins. Eles não poderiam desejar que fosse de outra maneira, pois precisam ocultar aos olhos do público e aos olhos dos próprios franco-maçons aquilo que o Poder oculto busca, aquilo que ele os faz executar.

Aí está a razão pela qual o primeiro sofisma empregado para conduzir a revolução foi chamado de SEGREDO MAÇÔNICO por excelência.

Dá-se que, com efeito, se a franco-maçonaria é uma associação muito numerosa de homens, unidos pelos juramentos e que lhe emprestam uma cooperação mais ou menos consciente e mais ou menos direta para a obra proposta, há apenas um pequeno número de iniciados que conhecem o objetivo último da própria associação.

Era preciso encontrar esse objetivo, para aquela época, nas palavras “Igualdade, Liberdade”, posto que eram dadas ao aprendiz como o segredo da sociedade, segredo a ser guardado sob as mais graves penas, consentidas quando do juramento, segredo a ser meditado e cujo sentido profundo seria liberado pouco a pouco nas sucessivas iniciações.


Em sua recente obra, Gustave Bord confirma essa maneira de ver. Também segundo ele, a primeira sugestão lançada no mundo pela franco-maçonaria para preparar os caminhos para a Jerusalém da nova ordem, o Templo que os franco-maçons querem levantar sobre as ruínas da civilização cristã, foi a idéia da igualdade.

Nosso Senhor Jesus Cristo pregara a igualdade, mas uma igualdade que procedia da humildade que Ele soube colocar nos corações dos grandes. “Os reis dominam as nações. Quanto a vós, não procedais assim: mas que o maior dentre vós seja como o último, e aquele que governa como aquele que serve” (Lucas, XXII, 25-26). Essa igualdade de condescendência, que inclina os grandes em direção aos
pequenos, a franco-maçonaria quer substituir pela igualdade do orgulho, que diz aos pequenos que eles têm o direito de se considerarem no nível dos grandes ou de os rebaixarem até eles. A igualdade orgulhosa, pregada por ela, diz também assim ao bruto como ao infortunado: “Vós sois iguais às mais altas inteligências, aos poderosos e aos ricos e vós sois a maioria. A palavra “liberdade” tinha esse significado preciso: a igualdade perfeita só pode ser encontrada na liberdade total, na independência de cada um, relativamente a todos, após a ruptura definitiva dos laços sociais. Não mais mestres, não mais magistrados, não mais pontífices nem soberanos; todos iguais sob o nível maçônico, e livres para seguirem seus instintos,  tal era o significado total das palavras: igualdade, liberdade.

Esse dúplice dogma maçônico devia ter e tem por efeito destruir toda a hierarquia e substituí-la pela anarquia, isto é, suprimir a sociedade. Ao passo que a doutrina pregada por Nosso Senhor Jesus Cristo teve por efeito a abolição da escravidão e o exercício de uma autoridade e de uma obediência que tomaram, uma a inspiração, outra o poder, da vontade de Deus, o que regenerou a humanidade e produziu a civilização cristã.

Foi em 12 de agosto de 1792 que a maçonaria julgou que o tempo do mistério havia passado, que o segredo seria inútil dali em diante. “Até então os jacobinos não tinham datado os fastos de sua Revolução senão pelos anos de sua pretendida liberdade. Nesse dia, Luís XVI, quarenta e oito horas após ter sido declarado pelos rebeldes destituído de todos os direitos ao trono, foi levado cativo às torres do Templo.

Nesse mesmo dia, o conjunto dos rebeldes decidiu que à data da liberdade seria dali em diante acrescentada nos atos públicos a data da igualdade. Esse próprio decreto foi datado como sendo do quarto ano da liberdade, como do primeiro ano, primeiro dia da igualdade.

OBS:É de se notar que as duas palavras que compõem o nome que os franco-maçons se atribuíram indicam, a primeira, o que eles são, ou pelo menos o que querem ser e todo o gênero humano com eles, isto é, livres ou francs, no sentido determinado de independência; e a segunda, o que eles querem fazer: maçonner, construir o TEMPLO. Mais tarde diremos o que esse templo quer ser.
 
Somente mais tarde a palavra fraternidade completou a trilogia. Ela serviu de máscara para a
sociedade, com o intuito de fazê-la parecer uma instituição benfazeja.

Assinalemos, inicialmente, qual o gênero de igualdade que a franco-maçonaria exaltava em suas lojas. Todos os maçons, fossem eles príncipes, eram “Irmãos”. A igualdade que ela estabelecia entre eles marcava que aquilo que ela se impusera como missão de estabelecer no mundo não era a igualdade, que temos segundo nossa origem comum e nosso destino comum, mas a igualdade social, que deve abolir toda hierarquia e consequentemente toda autoridade, fazer reinar a anarquia. A palavra liberdade unida à palavra igualdade acentuava ao último grau esse significado. Isto traduziria que a igualdade não se encontraria senão na liberdade, vale dizer, na independência de todos relativamente a todos, após a ruptura de todos os liames que ligam os homens uns aos outros. Assim, nada mais de mestres, nem de magistrados, nada mais de padres, nem de soberanos e, em consequência, nada de subordinados a nenhum título: todos iguais sob o nível maçônico, todos livres, com a liberdade dos animais, podendo seguir seus instintos.

Era a isso que a franco-maçonaria queria desde logo chegar, é para aí que ela queria levar o gênero humano; mas era um segredo a ser guardado. Espalhemos no meio do povo as palavras liberdade e igualdade; mas guardemos para nós o significado último.

A essa primeira igualdade na incredulidade, a alta maçonaria julgou ser necessário juntar uma outra, a igualdade social. Era necessário, por conseguinte, desfazer-se dos reis, assim como dos padres, abater os tronos, assim como os altares, e antes de tudo aquele que dominava todos os outros, o trono dos Bourbons.

Nas lojas ouvia-se que não existe liberdade nem igualdade para um povo que não é soberano, que não pode fazer suas leis, que não pode nem revogá-las, nem mudálas.

Para o povo não há necessidade de longas explicações. Basta fazê-lo ouvir essas palavras: liberdade, igualdade. Ele compreende, e logo se mostrará pronto para os combates que os objetos de seus mais ardentes desejos deveriam proporcionarlhe.

Assim, num instante, armado de lanças, baionetas e archotes, ele se lançou à conquista da liberdade e da igualdade. Ele soube onde encontrar os castelos a serem queimados e as cabeças a serem cortadas para nada mais ver acima de si, e em tudo e por tudo ter liberdade de ação.

Não se injuria a franco-maçonaria quando se afirma que o segredo que ela ocultara sob essas palavras, liberdade e igualdade, era a Revolução com todos os seus horrores.

O conde Haugwitz, ministro da Prússia, acompanhou seu soberano no congresso de Verona, e, naquela augusta assembléia, leu um memorial que teria podido intitular: “Minha confissão”. Ele diz nesse memorial que não somente foi franco-maçon, mas que foi encarregado da direção superior das reuniões maçônicas de uma parte da Prússia, da Polônia e da Rússia. “A maçonaria, diz ele, estava então dividida em duas partes nos seus trabalhos secretos”; aquilo que um outro maçom chama de “parte pacífica”, encarregada da propagação das idéias, e de “parte guerreira”, encarregada de fazer as revoluções. “As duas partes davam-se as mãos para chegarem à dominação do mundo... Exercer uma influência dominadora sobre os soberanos: tal era nosso objetivo”.7 Essa vontade de chegar à dominação do mundo é própria dos judeus.

A Revolução é o fato da maçonaria; ou melhor, como diz Henri Martin, “a franco-maçonaria foi o laboratório da Revolução”.8 Ela própria, ademais, não se omite em reivindicar a honra de ter posto a Revolução no mundo.

Num relatório lido na Sessão Plenária das Respeitáveis Lojas Paz e União e Livre
Consciência, no Oriente de Nantes, em 23 de abril de 1883, uma segunda-feira,
lemos:

“Foi de 1772 a 1789 que a Maçonaria elaborou a grande Revolução que devia mudar a face do mundo...

“Foi então que os franco-maçons vulgarizaram as idéias que tinham recebido em suas lojas... (Relatório, p. 8)”.

Na circular que o grande conselho da ordem maçônica enviou a todas as lojas para preparar o centenário de 89, encontramos a mesma afirmação seguida de uma ameaça: “A maçonaria, que preparou a Revolução de 1789, tem por dever continuar sua obra; o atual estado dos espíritos compromete-a com isso”.

Bem antes disso, em 1776, Voltaire escrevera ao conde d'Argental: “De todos os lados se anuncia uma Revolução”.

Ele conhecia o que ele e seus amigos das lojas preparavam para a Igreja e para a sociedade; o convencional Guffroy caracterizou-a assim: “Jamais a história dos povos bárbaros, jamais a história pavorosa dos tiranos, oferecerão a imagem de uma conspiração mais espantosa nem melhor combinada contra a humanidade e a virtude”.

“Quando a maçonaria apareceu na França, vinda da Inglaterra, sob a Regência, ela era totalmente impotente. Não obstante, ela visava desde logo destruir as tradições francesas, quer dizer, os elementos de que se compunha o ser chamado França. Fazer da França uma outra França! Como chegar à realização desse objetivo, tão louco como se se tentasse fazer de um homem um anti-homem, da
Humanidade uma anti-Humanidade?

“O poder oculto maçônico, não podendo agir pela força, posto que na origem ela não possuía a força, estava reduzido a agir por persuasão, por sugestão. Mas não é fácil sugerir a uma nação que ela deve destruir suas tradições, isto é, destruir a si própria. Não se pode esperar um tal resultado senão procedendo por sugestões sucessivas, dirigidas com extrema habilidade e prodigiosa hipocrisia; uma hipocrisia cuja medida é dada pelo fato de que a divisa liberdade, igualdade e fraternidade, que não cessaram de apresentar, como se se tratasse de seduzir a nação, como uma carta de emancipação e de universal felicidade, manifestou seu veneno quando chegou a dominar esta nação, pelo terror e pela guilhotina.

“Para fazer aceitar toda a série das sugestões pelas quais era necessário passar, para criar os estados de espírito intermediários indispensáveis à obtenção do resultado almejado, compreende-se que tenha sido necessário muito tempo”.

Lançando daí seu olhar sobre o que acontece hoje, Copin-Albancelli acrescenta:
“A franco-maçonaria preparou, pois, seu primeiro reino durante cerca de setenta anos. Ora, esse reino não durou senão alguns anos. Sufocada pelo sangue do Terror e pela lama do Diretório, a franco maçonaria se reencontrou tão fraca quanto era nos seus primórdios.

“Ela foi obrigada a recomeçar seu trabalho subterrâneo, a preparar de novo os estados de espírito sobre os quais ela poderá se apoiar um dia para escalar, uma segunda vez, o poder que ela foi obrigada a abandonar. Não serão precisos menos de oitenta anos.

“Setenta anos de esforços pacientes e miseravelmente hipócritas, na primeira vez; oitenta anos, na segunda! Compreende-se que, instruída por suas primeiras experiências, ela não possa se decidir agora a largar o bocado!

“Ela não quer, pois, deixar o poder e nós podemos estar certos de que ela fará o impossível para aí permanecer e terminar enfim a obra de ruína para a qual, faz dois séculos, ela tem empregado tanta astúcia e tantas violências”.


C O N J U R A Ç Ã O A N T I C R I S T Ã. O Templo Maçônico que quer se erguer sobre as ruínas da Igreja Católica - Monsenhor Henri Delassus.





Um comentário:

  1. O acirramento da Revolução - ou Anarquia - de um modo geral procede da Renascença, Ilumunismo, Reforma (Rebelião) Protestante, Rev Francesa em que já estava em forma mais adiantada, e daí para frente chegamos ao século XVIII adiante sempre se implantando.
    Já no séc XIX, das severas admoestações dos papas sobre o comunismo e em 1888 aquele fato que sucedeu como papa PIo XII da antevisão futura para Igreja e a coisa sempre deteriorando-se, incidindo nas terríveis previsões de N Senhora da Vitorias para os séc XIX e XX, ainda em andamento, sendo que atualmente o Senhor Deus é achincalhado e desafiado em público á vista de todos, em ostensivo confronto com suas leis e preceitos e, se o mundo se mantiver nesse comportamento, estará se direcionando certinho na direção de Sodoma e Gomorra e sofrerá as terríveis consequência advindas das apostasias generalizadas, por preferirem um cristianismo adaptado às conveniencias atuais, o relativismo.
    Afinal, que a é a Revolução? Veja abaixo:
    "Eu sou o ódio contra toda ordem religiosa e social não estabelecida pelo homem e da qual ele não é rei e deus ao mesmo tempo; eu sou a proclamação dos direitos do homem contra os direitos de Deus; eu sou a filosofia da revolta, a política da revolta, a religião da revolta; eu sou a negação armada[2]; eu sou a fundação do Estado religioso e social baseado na vontade do homem no lugar da vontade de Deus! Em uma palavra, eu sou a anarquia; pois eu sou Deus destronado e o homem em seu lugar. Eis porque eu me chamo Revolução, ou seja, a desordem, pois eu coloco em cima aquele que, segundo as leis eternas, deve estar embaixo, e embaixo aquele que deve estar em cima"!
    Pior: com ajuda de muitos da Igreja da Alta hierarquia - seriam infiltrados da régua e compasso e de seus subsidiários comunistas - e o resultado está ai: um mundo neo pagão e aguardando apenas - salvas as exceções - os castigos que cairão sobre todos os desafiantes à sua leis, como provas a decadência generalizada, além da perda da fé, a ética-moral, como a pornografia generalizada e perseguição ostensiva à Igreja, a tudo que lhe pertença"!.
    Mgr. GAUME, Jean-Joseph. La Révolution, recherches historiques sur l’origine et la propagation du mal em Europe. Révolution Française – Ière Partie. Tradução de Robson Carvalho. Paris, Gaume Frères, 1836, p. 13-21."

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