1º
de Maio dia de São José operário.
Com esse documento do
Papa Leão XIII, lembramos da importância de nosso padroeiro e guardião da
Igreja de Cristo, já que os inimigos de Deus sempre estão colocando uma data
humanista para substituir o feriado santo por um feriado antropocêntrico cuja
finalidade é colocar os bens terrenos corruptíveis acima dos bens celestes
incorruptíveis e, assim, vai se apagando da memória popular esse grande
intercessor que temos diante de Deus.
Quamquam
Pluries
A
devoção a são José
Papa
Leão XIII
Ainda que
tenhamos mandado mais vezes que em todo o mundo católico se fizessem orações
especiais e com a maior insistência se recomendassem a Deus os interesses da
Igreja, mesmo assim, ninguém há de se admirar se neste ano julgamos nosso dever
inculcar novamente este dever.
Com efeito,
nos momentos difíceis e de maneira particular quando “o poder das trevas”
parece tudo ousar para a ruína da religião cristã, a Igreja, costuma invocar e
suplicar, com fervor e constância maior, a Deus, seu fundador e protetor,
interpondo também a intercessão dos santos e especialmente da Virgem Mãe de Deus,
porque da proteção deles espera o mais válido apoio aos seus interesses. E cedo
ou tarde manifestam-se os frutos das orações piedosas e das esperanças que ela
pôs na bondade de Deus.
Ora,
veneráveis irmãos, vós conheceis as adversidades do nosso tempo, que é bem mais
prejudicial para a religião cristã do que aqueles que passaram. Vemos como num
grandíssimo número de fiéis desaba a fé, fundamento de todas as virtudes
cristãs; resfria-se a caridade; a juventude cresce na depravação dos costumes e
das ideias; a Igreja de Cristo é assaltada por todo lado com violência e a
fraude; faz-se uma guerra feroz ao pontificado; com ousadia crescente
corroem-se os próprios fundamentos da religião. Não é preciso demonstrar, por
se demasiado conhecido, até que ponto se chegou a esta descida nos últimos
tempos, e o que se quer fazer de pior ainda.
Numa situação
tão triste e dócil só podemos pedir o remédio ao poder divino, pois os remédios
humanos são inadequados aos males.
Por isso
julgamos nosso dever excitar a piedade do povo cristão a implorar com ardor e
perseverança maiores a ajuda de Deus onipotente. Portanto, ao aproximar-se do
mês de outubro, que já outras vezes declaramos consagrado à Virgem do Rosário,
exortamos vivamente os fiéis a querê-lo transcorrer todo com maior assiduidade
e com o mais alto espírito de devoção e piedade.
Na bondade
materna da Virgem sabemos encontrar um refúgio seguro, e temos a certeza que a
nossa esperança nela não é vã. Se, em centenas de outras ocasiões, particularmente
graves para o cristianismo, ela fez sentir a eficácia da sua ajuda, por que
deveríamos duvidar que não queira repetir as provas de seu poder e de seu
favor, quando os fiéis, todos juntos em humildade de espírito e com constância,
a invocarem? Até devemos acreditar que sua
intervenção será muito mais admirável quanto mais longamente se tenha
deixado suplicar.
Porém,
veneráveis irmãos, nos propomos também outra finalidade para cuja consecução
colaborareis conosco, com a vossa habitual diligência. Pensamos que se o povo
cristão se habitua a invocar com grande piedade e confiança, junto com a Virgem
Mãe de Deus, o seu castíssimo esposo são José, isso auxiliará imensamente, para
que Deus se mostre mais favorável às nossas orações e, pelo grande número dos
que rezam, socorra com maior generosidade e solicitude sua Igreja. Motivos
evidentes convencem-nos que isso é agradável e aceito pela Virgem.
Sabemos que a
piedade popular não somente é propensa a esta devoção, da qual, pela primeira
vez, vos falamos oficialmente, mas que ela já se difundiu e está-se
desenvolvendo grandemente; pois assistimos, especialmente nestes últimos anos,
a uma afirmação clara e uma larga difusão do culto a são José, que já nos
séculos passados os pontífices romanos se esforçaram por incrementar e
divulgar; e isso especialmente depois que o nosso predecessor Pio IX, de feliz
memória, proclamou, a pedido de muitíssimos bispos, o santíssimo Patriarca
padroeiro da Igreja universal.
E como é
muito importante que a veneração a são José penetre intimamente nos costumes e
nas instituições católicas, queremos que o povo cristão seja estimulado a isso
também pela nossa palavra e autoridade.
Os motivos
pelos quais são José é expressamente considerado padroeiro da Igreja e pelos
quais, por sua vez, a Igreja espera de
sua proteção e intercessão uma ajuda poderosíssima, devem ser procurados no
fato de ele ter sido esposo de Maria e pai legal de Jesus Cristo. É daqui que
se originam sua dignidade, sua graça, sua santidade, sua glória. Com
certeza a dignidade de Mãe de Deus é tão sublime que não se pode encontrar nada
de mais excelso. Mas é também verdade
que como são José está ligado a Maria pelo vínculo conjugal, ninguém, mais do
que ele se aproximou daquela dignidade excelsa, que situa a Mãe de Deus acima
de todas as criaturas. Com efeito, o matrimônio, entre todas as sociedades
e uniões, forma aquela mais íntima, da qual naturalmente deriva uma
participação recíproca dos bens entre cônjuges. Por isso, se Deus escolheu José como esposo da Virgem, com isso não
somente o tornou companheiro de sua vida, testemunha de sua virgindade,
defensor de sua honestidade, mas, pelo motivo da própria sociedade conjugal, o
tornou também participante de sua dignidade sublime.
Mas por outro
motivo ele ultrapassa a dignidade de todos os outros: porque foi escolhido, por conselho divino, a ser o guarda do Filho de
Deus,e também, no julgamento comum, como seu pai. Disso derivava que o
Verbo de Deus estivesse humildemente submetido à José, obedecesse às suas
disposições e lhe desse todos aqueles testemunhos de honra que os filhos
necessariamente tributam ao pai.
Consequência
espontânea dessa sua dúplice dignidade eram os deveres naturalmente próprios
dos pais de família, pelos quais sendo José chefe dessa família, era também o
guardião, o administrador, o defensor legítimo e natural. Com efeito, ele
cumpriu, durante sua vida estes, esses interesses e encargos. Com sua solicitude
terníssima e amorosa de cada dia, José sempre defendeu sua esposa e o Filho de
Deus; para ambos proporcionou com seu trabalho a alimentação e tudo o que é
necessário à vida; salvou ao Filho a vida ameaçada pelo ciúme do rei,
procurando-lhe um refúgio seguro; e nos incômodos das viagens, nas asperezas do
exílio foi seu companheiro constante, a ajuda e o sustento da Virgem e de
Jesus.
Ora, essa
graça divina que José dirigiu com funções paternas, continha em germe a Igreja
nascente. A Virgem santíssima é Mãe de
Deus, mas é também mãe de todos os cristãos que gerou no Calvário, no
sofrimento infinito do Redentor; assim, Jesus Cristo, é de certa forma, o
primogênito dos cristãos que lhe são irmãos por adoção e redenção.
Esses ao os
motivos pelos quais o santo Patriarca sente que lhe é confiada de maneira
particular a multidão dos cristãos que formam a Igreja: a família imensa, isto
é, espalhada por toda a terra, sobre a qual ele exerce como que uma autoridade
paterna, enquanto esposo de Maria e pai de Jesus Cristo. Está, portanto, em
harmonia côa as atribuições e com a dignidade de são José, que ele, assim como
providenciava, uma vez, para todas as necessidades da família de Nazaré, também
agora mantenha sob sua celeste proteção e defenda a Igreja de Cristo.
Estas
considerações, veneráveis irmãos. São corroboradas, como é fácil entender, pela
opinião de muitos Padres da Igreja, à qual se associa a liturgia sagrada,
segundo a qual o antigo José, filho do patriarca Jacó, ocultava a pessoas e as
funções do nosso, e a sua grandeza simbolizava a do futuro guardião da família
divina.
Na realidade,
além da identidade do nome, já de per si significava, vós bem conheceis as
outras semelhanças evidentes, que se encontram entre eles. E, em primeiro
lugar, aquela pela qual o antigo José recebeu o favor e a benevolência singular
de seu senhor; e, quando foi preposto à administração da casa, esta, por causa
dele, foi favorecida por fortuna e prosperidade excepcionais. Outra semelhança,
ainda mais notável, temo-la feito de José, por decreto do rei, ser preposto a
todo reino, com poder ilimitado. E,
tendo-se verificado, naquele tempo, uma terrível carestia de trigo, sua
intervenção em favor dos egípcios e dos povos confinantes, foi útil e
providencial que o rei mandou saudá-lo “Salvador do mundo”.
Desta forma, no antigo, ilustre
patriarca, pode-se ver claramente prefigurada a imagem do segundo. Como o
primeiro tornou prósperos e vantajosos os interesses familiares de seu dono e
em seguida beneficiou imensamente todo o reino, pode-se crer que o segundo
José, escolhido como protetor do cristianismo, queira defender e guardar a
Igreja, que é verdadeiramente a casa do Senhor e o reino de Deus na terra.
Na verdade,
motivos evidentes induzem todos os fiéis de qualquer estado e condição a
confiar e entregar-se à proteção eficaz de são José.
Os pais de
família encontram em José o ideal da vigilância e da solicitude paterna; os
esposos, o exemplo perfeito de amor, da concórdia, da fidelidade conjugal; os
virgens, o modelo e o protetor da integridade virginal. Os nobres aprendam de
seu exemplo a conservar a sua dignidade, mesmo nos revezes da fortuna; os ricos
compreendam quais bens sejam necessário procurar e reunir com todas as forças.
Mas os
operários, os artesãos e todos os que
vivem numa condição mais modesta, têm, pode-se dizer, o direito particular de
recorrer a José, na certeza de encontrar nele exemplos a imitar. Com defeito,
ele, ainda que de sangue régio, casado com a mais santa de todas as mulheres e
pai legal do Filho de Deus, transcorre a
sua vida no trabalho, do qual tira o necessário para o sustento da
família.
Por isso, na
verdade, não se pode dizer que a condição dos pobres seja desprezível; pelo
contrário, o trabalho dos operários não só não é desprovido de decoro, mas
pode, quando acompanhado pela virtude, tornar-se um título de grande honra.
José, contente do pouco que possuía, suportou com serenidade de espírito e com
magnanimidade os apertos inerentes à sua modesta condição de vida, imitando
nisso o seu Filho adotivo, o qual, ainda que Senhor de todas as coisas, depois
de ter assumido a forma de servo, submeteu-se voluntariamente à indigência e à
falta de tudo.
Ao refletir
nesses exemplos, os pobres e todos que vivem do trabalho de suas mãos devem
levantar seu ânimo e alimentar sentimentos de paciência. A justiça permite que possam sair da miséria e melhorar suas condições
de vida; mas nem a justiça, nem a razão permitem a subversão da ordem
estabelecida por Deus. Pelo contrário, o recurso à violência e a política da
sedição e da praça é loucura que, o mais das vezes, agrava exatamente aqueles
males que se queria aliviar com essas manifestações. Portanto, os pobres
não devem confiar nas promessas de homens turbulentos, e sim na proteção e no
exemplo de são José e no amor materno da Igreja, a qual, cada dia mais, se
preocupa com a sua sorte.
Por isso,
veneráveis irmãos, confiando muito na vossa autoridade e zelo episcopal, e na
confiança de que os bons farão espontaneamente muito mais do que é prescrito,
ordenamos que durante todo o mês de outubro, depois da reza do santo rosário,
já outras vezes inculcada, se acrescente a oração a são José, reportada no
final desta carta. E isso cumpra-se, todos os anos, para sempre. A quem recitar devotamente essa oração
concedemos, todas as vezes, a indulgência de sete anos e sete quarentenas.
Além disso,
nalguns lugares impôs-se o hábito louvável e salutar de dedicar o mês de março
à honra do santo à honra do santo Patriarca, com exercícios cotidianos de
piedade. Onde não se puder facilmente estabelecer essa prática, pelo menos é
desejável que antes do dia da sua festa, se faça na igreja principal de todos
os lugares um tríduo de orações.
E nos lugares
onde o dia 19 de março, dedicado a são José, não haja computado entre as festas
de preceito, todos os fiéis santifique esse dia, no que lhos for possível, com
práticas particulares de piedade em honra de seu padroeiro celeste, como se
fosse de preceito.
Entretanto,
com o auspício dos favores celestes e como prova de nossa benevolência,
concedemos com afeto no Senhor a vós, veneráveis irmãos, ao clero e ao povo a
vós confiado a bênção apostólica.
ORAÇÃO A SÃO JOSÉ
Avós são
José, recorremos em nossa tribulação e, depois de termos implorado o auxílio de
vossa santíssima Esposa, cheios de confiança, solicitamos também o vosso
patrocínio. Por esse laço sagrado de
caridade que nos uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, e pelo amor paternal que
tiveste ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar
benigno sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com seu sangue e nos
socorrais em nossas necessidades com vosso auxílio e poder.
Protegei ó
guarda providente da Divina Família, o povo eleito de Jesus Cristo. Afastai
para longe de nós, ó Pai amantíssimo a peste dos erros e dos vícios que aflige
o mundo. Assistimos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, da morte a
vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a santa Igreja de
Deus contra as ciladas dos seus inimigos e contra toda a adversidade. Amparai a
cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo
e sustentados como vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, piedosamente
morrer e obter no céu a eterna bem-aventurança. Amém.
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