sábado, 6 de fevereiro de 2016

Tempo da Quaresma


Da Quarta-feira de cinzas ao Domingo da Paixão


EXPOSIÇÃO DOGMÁTICA: O  tempo da Septuagésima já nos demonstrou a necessidade de nos unirmos, pelo espírito de penitência, à obra redentora do Salvador. Pelo jejum e outros exercícios de penitências, a Quaresma vai associar-nos a Ele de maneira efetiva. Mas não há Quaresma que valha, sem esforço pessoal de retificação da vida e de a viver com mais fidelidade, reparando, por qualquer privação voluntária, as negligências de outros tempos. Paralelamente a este esforço, que exige de cada um de nós, a Igreja ergue diante de Deus a cruz de cristo, o  Cordeiro de Deus, que tomou sobre Si os pecados dos homens, e que é o verdadeiro preço na nossa Redenção. À medida que nos aproximamos da Semana Santa, o pensamento da Paixão tornar-se-á predominante, até chegar o momento de pender por completo a nossa atenção. Já desde o começo da Quaresma, ela nos está presente, e é em união com os sofrimentos de Cristo que o exército cristão vai entregar-se à <<santa quarentena>>, indo ao encontro da Páscoa com a alegre certeza de partilhar da Ressurreição do Senhor.

OBS: A prática de celebrar-se o Tempo da Septuagésima foi suprimida do rito romano da Igreja Católica, a partir da reforma (destruidora) litúrgica do Concílio Vaticano II , que integrou-o no tempo comum que se segue à Epifania. Esta prática está mantida na forma extraordinária do rito romano.



<<Eis o tempo favorável, eis os dias da salvação>>. A Igreja apresenta-nos a Quaresma nos mesmos termos com que a apresentava outrora aos catecúmenos e aos penitentes públicos, que se preparavam para as graças pascais do batismo e da reconciliação sacramental. Para nós, como para eles, a Quaresma deve ser  um longo retiro, um treino, em que a Igreja nos exercita na prática de uma vida cristã mais perfeita. Aponta-nos o exemplo de Jesus e, através do jejum e da penitência, associa-nos aos seus sofrimentos, para nos fazer particular da Redenção.

Lembremo-nos que não estamos isolados, nem somos os únicos em causa nesta Quaresma, que ora se empreende. É todo o mistério da Redenção que a Igreja põe em ação. Fazemos parte dum conjunto imenso, em que somos, solidários de toda a humanidade resgatada por Jesus Cristo. A liturgia do tempo não se cansará de o recordar. Nas matinas dos domingos, as lições do Antigo Testamento, começadas na Septuagésima, continuam a lembrar, a largos traço, a história do povo judeu, em que se consignam os afastamentos de Esaú em benefício de Jacó (não é a linhagem terrestre, mas a escolha gratuita, agora estendida a todas as nações, que faz os eleitos); José, vendido por seus irmãos, e salvando o Egito, é Jesus salvando o mundo, depois de ser rejeitado e traído pelos seus; Moisés, que arranca o seu povo à escravidão e o conduz à terra prometida, é Jesus que nos liberta do cativeiro do pecado e abre as portas do Céu. Os evangelhos não são menos eloquentes: a narrativa da tentação de Jesus, mostra o segundo Adão, novo chefe da humanidade, a contas com as astúcias de Satanás, mas esmagando-o com seu poder divino; a parábola do homem armado e expulso, por um mais forte, do domínio que usurpara, é ainda afirmação da vitória de Cristo.

Tal é o sentido da nossa Quaresma: um tempo de aprofundamento espiritual, em união com a Igreja inteira, que se prepara para a celebração do mistério pascal. Todos os anos, a exemplo de Cristo, seu chefe, o povo cristão, num esforço renovado, retoma a luta contra a maldade, contra Satanás e o homem de pecado, que cada qual arrasta em si mesmo, para haurir, na Páscoa, um suplemento de vida, renovada nas próprias fontes da vida divina, e continuar a marcha para o Céu.


APONTAMENTOS DE LITURGIA. O Tempo de Quaresma começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina no Sábado Santo. Os últimos quinze dias deste longo período constituem o tempo da Paixão. Outrora, a Quaresma começava no primeiro domingo, mas os dias que o precedem foram acrescentados para perfazer os quarentas dias de jejum. De contrário, ficaria apenas trinta e seis, visto não se jejuar aos domingos.

O jejum de quarenta dias, <<inaugurados pela Lei e pelos Profetas, e consagrado pelo próprio Cristo>>, foi sempre uma das práticas essenciais da Quaresma. A liturgia a ele alude constantemente, e o prefácio do Tempo recorda-o todos os dias.

Mas o jejum irá de par com a oração. Como todos os exercícios penitenciais da Quaresma, é oferecido a Deus em união com o sacrifício do Salvador, diariamente renovado na Santa Missa. Cada dia da Quaresma tem missa própria, devido ao fato de outrora toda a comunidade cristã de Roma assistir diariamente à Santa Missa, durante esta quadra. Daí o indicar-se a <<estação>>, a Igreja em que se celebrava, nesse dia, a missa da comunidade romana.

Todas as missas feriais incluem, depois da pós-comunhão, uma <<oração sob o povo>>, precedido dum convite à penitência e à humildade: <<Baixai vossas cabeças diante de Deus.>> O caráter penitencial é acentuado pelo silêncio do órgão. Os paramentos são roxos. À 2ª , 4ª e 6ª feiras repete-se o trato da Quarta-Feira de Cinzas: <<Senhor não nos trateis conforme merecem os nossos pecados...>>




Missal Romano Quotidiano.

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