Comunhão dos Santos
São João Evangelista que costumava escrever aos fiéis acerca
dos Mistérios Divinos, indicou certa vez o motivo que lhes dava instrução: “
Para que também vós tenhais comunhão conosco, e para que a nossa comunhão seja
com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1,3).
Essa Comunhão dos Santos é para sermos admitidos, e para
depois perseverarmos nela, “ agradecemos jubilosos a Deus Pai, que nos fez
dignos de partilhar na luz (Sl 35,10), a herança dos Santos” (Cl 1,11).
A amplição presente trata da Igreja una, santa e católica,
pois, sendo só um espírito que a governa, todas as graças conferidadas à Igreja
se tornam bem como de todos. Os frutos dos
Sacramentos aproveitam a todos os fiéis. Os Sacramentos são uma espécie
de vínculos sagrados que os unem e prendem a Cristo; mormente o Batismo que,
quase por uma porta, nos faz entrar no grêmio da Igreja.
De per si, o nome de comunhão convém a todos os Sacramentos,
por que nos unem a Deus, e nos tornam participantes d’Aquele, cuja graça
recebemos. No entanto, é mais próprio da Eucaristia, por ser ela que, de modo
particular, opera esta Comuhão (1 Cor 10, 16-17).
Devemos ainda considerar que existe outra espécie de
comunhão na Igreja.
Como não busca seus próprios interesses (1 Cor 13,15), a
caridade faz com que todas as obras pias e santas praticadas por um dos fiéis
seja de proveito para todos os mais.
Por isso que Cristo nos prescreveu uma fórmula de oração em
que devíamos dizer: “ O pão nosso”, e não “ o pão meu”. Assim, não devemos
pensar em nós exclusivamente, mas atender à salvação e o bem estar de todos.
Por isso ensina São Tiago: “ De que aproveitará, irmãos, a
alguém dizer que tem fé, se não tiver obras?... A fé sem obras, é morta em si
mesma.” (Tg 2,14-17).
Vimos que o verdadeiro cristão nada tem, afinal, que não
deva considerar comum para si e para os outros. Se alguém dispõe de bens
materiais, vê seu irmão na penúria e não lhe presta auxílio, dá com isso uma
prova cabal de que não tem temor a Deus (1 Cor 14,6).
Se todos renascemos para Cristo pela ablusão do mesmo
batismo; se temos parte nos mesmos Sacramentos; se cobrarmos forças, sobretudo
com o comer e beber o mesmo Corpo e
Sangue de Cristo Nosso Senhor: tudo são provas evidentes de que todos nós somos
membros de um mesmo corpo.
O culto dos santos
O culto e a invocação dos Santos que adormeceram na paz do Senhor,
a veneração de suas relíquias e cinzas, longe de diminuírem a glória de Deus,
dão-lhe o maior vulto possível, na proporção que animam e reforçam a esperança
dos homens, e os induzem a imitarem os Santos.
A fim de se pôr em melhores condições de rebater os
adversários dessa verdade, examinemos o testemunho das Sagradas Escrituras ,
quando celebram de maneira admirável os louvores dos Santos.
O motivo mais poderoso para a veneração e invocação é que os
Santos rezam, assiduamente pela salvação
dos homens (Ap 5,8), e que Deus nos
outorga muitos benefícios em consideração ao seu mérito e caridade, logo mais
adiante vemos que os Santos também intercedem à Deus pedindo justiça pelos pecados dos homens (Ap
6, 9-10).
Se “no céu reina a alegria, quando um só pecador faz
penitência” (Lc 15,7), será possível que moradores do céu não socorram os
penitentes na terra? Se os invocarmos, não nos alcançarão o perdão dos pecados,
e não nos garantirão as graças de Deus?
Poderá alegar-se, como de fato alguns alegam, que o
patrocínio dos Santos é supérfluo, porque Deus não precisa de medianeiro para
nos atender.
Estas ímpias asserções se rebatem facilmente com os exemplos
de Abimelec e dos amigos de Jó. Deus perdoôu-lhes os pecados só depois que
Abraão e Jó intercederam por eles (Gn 20,17; Jó 42,8).
Na transfiguração, Nosso senhor recebe a visita de Moisés,
que morrera antes de chegar à terra prometida, ( Mt 17,2-3).
Culto às relíquias
dos Santos. Pelos milagres, que acontecem junto às sepulturas dos Santos,
haverá quem descreia da veneração que lhes é devida, e da proteção que deles
recebemos? Homens que estavam privados da vista, das mãos ,de todos os seus membros, recuperaram
sua integridade primitiva; os mortos são restituídos à vida; os demônios são
expulsos dos corpos humanos.
Se vestes, os lenços, a sombra dos Santos, já antes da
morte, removiam as doenças e refaziam as forças do corpo (At 19,12; 5,15), quem
se atreverá a negar que Deus não possa fazer os mesmos milagres, servindo-Se
das sagradas cinzas, dos ossos, e de outras relíquias dos Santos?
Bem demonstou aquele cadáver, lançado por acaso na sepultura
de Eliseu. Apenas lhe tocou no corpo, e voltou à vida no mesmo instante (2 RS
13, 20-21).
Catecismo Romano.
Catecismo Romano.
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