Batismo é uma palavra grega. Nas Sagradas Escrituras, designa não só a ablusão que faz parte do Sacramento, mas qualquer espécie de ablusão (Mc 7,4). Por vezes, aplica-se à Paixão de Cristo, em sentido figurado (Mc 10,30; Lc 12,50).
Os Santos Padres valiam-se também de outras expressões para designar o Batismo. Atesta Santo Agostinho que se chama "Sacramento da fé", porquanto a sua recepção nos leva a professar toda a doutrina da religião cristã.
Outros, porém, chamavam de "iluminação" a este Sacramento, porque a fé professada no Batismo ilumina os nossos corações. O Apóstolo também se expressou assim: "Relembrai os dias primeiros em que, após a vossa iluminação, aturastes o grande ardor das provações" (Hb 10,32). Referiam-se ao tempo em que foram batizados.
Entretanto, a mais justa e mais apropriada parece ser aquela que se deduz das palavras de Nosso
Senhor no Evangelho de São João, e do que disse o Apóstolo na epístola aos Efésios: "quem não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5).
Pelo sentido destas passagens, podemos definir, com acerto e brevidade, que o Batismo é um "Sacramento de regeneração pela palavra na água".
Por natureza, nascemos de Adão como filhos como filhos da ira (Ef 5,6), mas o Batismo nos faz renascer em Cristo como filhos da misericórdia. Pois Cristo deu aos homens "o poder de se tornarem filhos de Deus: aos que creem em seu nome; aos que não nasceram do sangue, nem do apetite da carne, nem no desejo do varão, mas que nasceram de Deus (Jo 1,12).
Devemos saber que este Sacramento se consuma por meio da ablusão, durante a qual é necessário pronunciar certas palavras sagradas, consoantes as determinações de Nosso Senhor e Salvador.
Deve-se também insistir em explicar para que as pessoas não cometam o erro de considerar como Sacramento a própria água que se conserva, na pia sagrada para a administração do Batismo.
Só então podemos afirmar que se opera o Sacramento do Batismo, quando realmente usamos a água para ablusão de alguém, e ao mesmo tempo acrescentamos as palavras instituídas por Nosso Senhor.
Matéria do batismo. Matéria ou elemento deste Sacramento é qualquer espécie de água natural seja de mar, de rio, de poço, ou de fonte, uma vez que possa simplesmente chamar-se "água" sem nenhuma restrição.
Com efeito Nosso Senhor doutrinou: "Se alguém não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus" (Ef 5,26).
Batismo no fogo e no espírito. Essa observação é muito útil, já que com o ecumenismo desenfreado gerado pelo trágico Concílio Vaticano II, muitos católicos, influenciados pelo pentencostalismo de seitas protestantes, atravéz da RCC, passaram a copiar as aberrações dourinárias praticadas nesses ambientes. Um desses abusos é a referência que fazem ao batismo no fogo e no espírito como algo separado do Batismo comum. São João Batista anunciou que o Senhor viria para batizar "no fogo do Espírito Santo" (Mt 3,11), suas palavras não se referem de modo algum à matéria do batismo nem como um outro Sacramento complementar como deixa a entender a RCC, mas, à operação interior do Espírito Santo ou antes, ao milagre que se manifestou no dia de Pentencostes, "quando o Espírito Santo desceu como uma bola de fogo" (At 2,1), sobre os Apóstolos. è um milagre que Cristo Nosso Senhor havia predito em outro lugar: "João batizou na água, mas dentro de poucos dias sereis vós batizados no Espírito Santo" (At 1,5).
A água simboliza o efeito do Batismo com a máxima fidelidade. Assim como leva as imundícies, a água também exprime, de maneira sugestiva, a virtude e a finalidade do Batismo, pelo qual serão lavadas as manchas do pecado.
A Forma do Batismo. Em termos claros e singelos, de fácil compreenção, devem os pastores ensinar que a forma exata do Batismo é a seguinte: "Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo".
Assim o ensinou Nosso Senhor e Salvador, quando escreveu aos Apóstolos no evangelho de São Mateus: "Ide, ensinai todos os povos, e batizai-o em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28,19).
Do verbo "batizai", a Igreja Católica, deduziu que se trata da ação do ministro. É o que sucede quando se diz: "Eu te batizo".
Além do ministro, era preciso designar também a pessoa que é batizada, assim como a causa principal que opera o batismo, por isso, o uso do pronome "te", e o nome de cada uma das pessoas divinas.
Ablusão como matéria. A ablusão, que é a prática comum para se ministrar o Batismo, se dá de um dos três modos seguintes: ou mergulhando na água os candidatos ao Batismo, ou derramando água sobre eles, ou borrifando-os com água, noutros termos: batismo por imersão, ablusão e aspersão.
Mas, o que vem muito ao caso é advertir que não se faz ablusão em qualquer parte do corpo, mas de preferência na cabeça, que é o centro onde convergem todos os sentidos interiores e exteriores.
Os Ministros do Batismo. Os fiéis devem, pois, saber que há três categorias de ministros. À primeira pertencem o Bispos e sacerdotes. Compete-lhes batizar, por direito inerente ao seu ministério, e não por faculdade extraordinária. Na pessoa dos Apóstolos, foi a eles que Nosso Senhor havia ordenado: "Ide... e batizai..."
A segunda categoria de ministros são os diáconos. Não podem batizar, todavia, sem autorização do bispo ou do sacerdote, segundo consta de muitas decisões dos tempos patrísticos.
À última categoria pertencem aqueles que, em caso de urgência, podem batizar sem as cerimônias solenes. Deste número são todas as pessoas, também os leigos e o povo qualquer que seja a Religião.
Em caso de necessidade, até os Judeus, os infiéis, e os hereges podem exercer este ministério, contanto que se proponha a fazer o que faz a Igreja Católica, quando confere o Batismo.
Os padrinhos. São eles os padrinhos, os patronos, abonadores, fiadores (Ef 4,13).
A criança precisa ter ama e mestra que se incubam de educá-la e instruí-la nas ciências e nas artes. Ora, os que pelo Batismo começam a viver uma nova vida espiritual, também precisam ser confiados a uma pessoa cheia de fé e prudência, em condições de ensinar-lhes a norma da vida cristã, e de guiá-los na prática de todas as virtudes, para que vão crescendo em Cristo, até se tornarem homens perfeitos (Ef 4,13) pela graça de Deus.
Ao contrário das seitas heréticas, a Igreja de Cristo continua fazendo o que os Apóstolos primeiros já faziam; desde cedo já batizar a criança e educa-la na fé, além disso, não é de crer que Cristo Nosso senhor quisesse negar o Sacramento e a graça do Batismo às crianças, das quais dizia: "Deixai vir a Mim os pequeninos, e não os embaraceis, porque deles é o reino dos céus" (Mt 19,14).
Ainda mais, São Paulo, pelo que lemos, havia batizado uma família inteira (1Cor 1,16). Nesse caso, é evidente que tenha batizado também as crianças dessas famílias.
Por ser figura do Batismo, a circuncisão encerra igualmente uma recomendação desse costume. Comos todos sabem, era de praxe circuncidar os meninos (Gn 17,12; Lv 12,3; Lc 1,59). ao oitavo dia do nascimento. Quem quiser explorar melhor o tema, deve ler um documento chamado Didaquê, feito pelos primeiros Apóstolos.
Prova-se a remota origem desta instituião através de uma formal declaração de São Dionísio: "Nossos guias divinos - assim chama ele os Apóstolos - entenderam e decidiram que as crianças fossem recebidas na Igreja, segundo aquele santo costume, que levava os pais carnais a confiarem a criança a alguém (padrinos), que fossem instruídos nas coisas de Deus, e assumisse junto dela papel de educador.
Todo padrinho deve lembrar-se que sua obrigação principal é velar sempre pelos filhos espirituais: orientá-los em tudo quanto se refere a vida cristã; empenhá-los em moldarem todos os seus atos na solene promessa que os padrinhos fizera por eles, durante a cerimônia do Batismo. Diante de tais normas, devemos ter em mente que não devemos confiar essa santa tutela a qualquer pessoa.
Por conseguinte, não podem os pais carnais assumir tal ofício, para que melhor se veja a diferença entra a criação natural e a formação sobrenatural. Além dos pais, devem ser absolutamente excluídos os hereges, os Judeus, infiéis, nem nenhum seguidor de falsas doutrinas, cujo empenho é sempre denegrir as verdades da fé, por meio de calúnias, e destruir a piedade cristã.
Época de batizar. Os cristãos devem levar seus filhinhos à igreja, logo que possam fazê-lo sem perigo, para ali receberem o batismo solene. Para as crianças, o único meio de salvação é a administração do Batismo. compreende-se, pois, que grave é a culpa de quem as deixa aem a graça deste Sacramento, por mais tempo que seja estritamente necessário. O motivo principal é que, nesse período precário, a vida da criança fica exposta a uma infinidade de perigos.
Em relação aos adultos a Igreja se procede de outra maneira, já em pleno uso da razão. É preciso explicar-lhes as verdades cristã. Devemos depois exortá-las e convida-las a abraçarem a fé.
Devemos, portanto, explicar-lhes que a perfeita conversão consiste na regenaração pelo Batismo, tanto mais tempo ficarão privados do uso e do efeito dos outros Sacramentos.
OBS: Não é lícito baldar o uso de alguma coisa, que tenha relação com Cristo e Sua Igreja. Ora, quanto à graça da justificação, é claro que o Batismo não terá nenhum valor para quem se propõe a "viver segundo a carne, e não segundo o espírito" (Rm 8,4).
Im porta dizer que, pela admirável virtude deste Sacramento, é remitido o pecado, quer original que herdamos de nossos primeiros pais, quer os pecados pessoais.
Nas palavras do Concílio de Trento, Deus nada aborrece naqueles que foram regenerados, porque não existe nenhum motivo de condenação (Rm 8,1), naqueles que, em virtude do Batismo, foram verdadeiramente sepultados com Cristo para a morte, e dessa maneira, se tornaram imaculados, inocentes, puros, irrepreensíveis e agradáveis a Deus (Ef 1,22).
OBS: No Batismo o pecado e as penas dele decorrida são perdoados, porém, remanesce a concupiscência ou arguilhão do pecado.
Essa, porém, não é pecado no rigor da palavra. Como Santo Agostinho também diz, "a culpa resultante da concupiscência, é perdoada às crianças, mas fica-lhes a própria concupiscência, para as exercer na luta".
Com efeito, a concupiscência, vem do pecado, mas em si não é senão um apetite da alma, que, por natureza, repugna a razão. Seus movimentos não envolvem nenhuma malícia de pecado, contanto que a vontade não consinta neles nem se deixe arrastar por qualquer negligência.
Extinção do pecado e remissão das penas. Na realidade, pelo Sacramento da fé fica a alma radicalmente livre do pecado, para só viver para Deus. Em confirmação dessa verdade, alega as palavras de Nosso Senhor, que diz no Evangelho de São João: " Quem tomou banho, não precisa senaão lavar os pés, e todo ele ja está limpo" (Jo 13,10). Para esse fim é que Nosso Senhor instituiu o Batismo, conforme declarou o Príncipe dos Apóstolos: " Convertei-vos e faça-se cada um de vós batizar em nome de Jesus Cristo, para remissão dos pecados" (At 2,38).
No Batismo, Deus não só remite os pecados mas, por efeito de Sua bondade perdoa também todas as penas de nossos pecados e iniquidades.
Ainda que todos os Sacramentos possuam o efeito comum de comunicar a virtude da Paixão de cristo Nosso Senhor, contudo só do Batismo morremos e somos sepultados com Cristo (Rm 6,3).
Dotação de bens: Graça santificante. Nossa alma se eche da graça divina, pela qual nos tornamos justos (1 Jo 3,7), filhos de Deus (Jo 1,2), e herdeiros da eterna salvação (Rm 8,17), pois está escrito: "Quem crer e for batizado, será salvo" (Mc 16,16).
O Concílio de Trento propões a crer, sob pena de excomunhão, que a graça não consiste apenas na remissão dos pecados, mas é uma qualidade divina que inere à alma que destroi as manchas e torna nossas almas mais formosas e brilhantes.
Virtudes infusas. A graça, porém, é acopanhada pelo cortejo de todas as virtudes que Deus, infunde na alma juntamente com a graça.
Por isso, naquela declaração do Apóstolo a Tito: "Ele nos salvou pelo banho da regeneração e pela renovação do Espírito Santo, que derramou sobre nós com abundância, por Jesus Cristo Nosso Salvador" ( Tt 3,5) - Santo Agostinho, explicaando as palavras "derramou com abundancia", acrescenta o comentário: "Isto quer dizer, para remissão dos pecados e abastança das virtudes".
Inserção no Corpo de Cristo. O Batismo une-nos estreitamente com Cristo, como membros que se unem à cabeça.
Da cabeça dimana a força, que impele várias partes do corpo a bem exercerem suas respectivas funções. De forma análoga, é da plenitude de Cristo Nosso Senhor (Jo 1,16) que também se difunde em todos os justificados uma força e graça divina, que os habilita para todas as obrigações da vida cristã.
Dada a natureza sacramental do Batismo a Igreja definiu como dogma, que este Sacramento,não deve de modo algum ser reiterado.
Esta também é a doutrina dos Apóstolo, que declarou: " Um é o Senhor, uma é a fé, um é o Batismo" (Ef 4,5). Depois, quando exortava os Romanos a que, estando mortos em Cristo pelo Batismo, não perdessem a vida que d'Ele haviam recebido (Rm 6,2), expressou-se da seguinte maneira: " Quanto à Sua morte, Cristo morreu pelo pecado, uma vez para sempre" (Rm 6,10).
Esta linguagem indica abertamente que, se Cristo não pode morrer pela segunda vez, nós tampouco tornar a morrer mediante o Batismo. Por essa razão, a Igreja professa de público a sua fé "num só Batismo".
Na dúvida, se uma pessoa ja foi batizada, não se deve julgar que a Igreja repita o Batismo, quando lho administra pela fórmula seguinte: "Se estás batizado, eu não te batizo de novo; mas, se não estás batizado, eu te batizo em no me do Pai, do Filho, do Espírito Santo".
É necessário o pároco , quando lhes apresentam uma criança, indagar se já foi batizada. Alguns acham supérfluo e logo a batizam sem mais nem menos.
E ainda pior. Batizam com todas as cerimônias na igreja comentendo sacrilégio e contraindo a mácula chamada irregularidade.
Além dos já mencionados, o derradeiro efeito que em nós produz o Batismo, e ao qual todos os mais parecem subordinar-se, é o abrir para cada um de nós as portas do céu que antes estavam fechadas.
Os céus abriram-se, o Espírito Santo apareceu em figura de pomba, e baixou em Cristo Nosso Senhor (Mt 3,15; 1Cor 14,2).
Catecismo Romano II Parte; II Batismo 214-240.
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